Sexo E Personalidade
A capacidade criadora do homem confere o senso da grandeza,
vastidão e profundidade. Daí o espírito de iniciativa, o dinamismo, o prazer de
viajar, a natureza combativa a avidez de conquista. A tudo isto vem juntar-se a
generosidade, a tendência a atingir o fundo das questões, dos acontecimentos da
natureza e da técnica. Ao contrário, a mulher tem mais compreensão do que está
próximo, recolhido, íntimo. Daí o sentimento inato de ardor, de intimidade de
casa agradável e ordenada. A mulher aceita os acontecimentos como são, sem
perguntar a si mesma a razão íntima, a causa motriz, a natureza e função. A
mulher é capaz de servir-se de uma máquina durante anos sem nunca interessar-se
pela lei de seu funcionamento, enquanto o menino desmonta a boneca da irmãzinha
para descobrir o segredo da fala. Com o sentido positivo, objetividade e
tendência ao universal do espírito do homem explicam-se a constância maior, e
nquanto o apego ao concreto, sensível, pessoal e subjetivo, unido à vida
afetiva mais intensa, produz o bem conhecido capricho feminino. Com as
supracitadas qualidades do homem explica-se também a maior sinceridade,
retidão, simplicidade, enquanto pelas peculiaridades psíquicas da mulher, o
inconsciente, a emotividade entende-se mais facilmente seus enigmas e
irresponsabilidade. Enquanto conseguimos conhecer e penetrar, após determinado
tempo, a vida psíquica de um homem, justamente pela primitividade relativa, com
a mulher, nesse sentido, não o conseguimos nem depois de muito tempo; antes,
mesmo depois de longos anos, podemos descobrir qualidades que não supúnhamos.
Em última análise, a alma da mulher permanece por toda a vida um tanto
misteriosa, enigmática, não só para os outros, mas também para si mesma. “A
obscuridade misteriosa que existe no fundo de cada alma de mulher, não se abre
completamente ao olhar do homem, nem mesmo depois de muitos anos de íntimo
intercâmbio espiritual, estende-se também à religiosidade específica do sexo
feminino” (Rademacher). Dada essa grande impenetrabilidade da vida psíquica da
mulher, ao olhar da própria consciência explica-se porque até hoje não há uma
exposição científica da vida psíquica feminina redigida por uma mulher. “A
mulher ainda nos é devedora da ciência, inteira relativa a o seu sexo; ela,
como representante do próprio sexo, é ainda hoje um livro com sete selos”
(Hedwig Dransfeid).
Neste sentido exprime-se também a doutora em filosofia e
medicina Frederica Sack, no excelente relatório por ocasião do Congresso dos
Catequistas Austríacos em Viena, a 18 de abril de 1951: “A psicologia da mulher
encontra-se ainda em estádio pré-científico”.
Da natureza psíquica do homem, orientada para o intelectual
e o objetivo, origina-se a tendência para o conhecimento da verdade, a
inclinação para os motivos racionais. A mulher, por outro lado, tende ao bom e
ao belo, a que aspira com todas as forças espirituais. O homem inclina-se mais
para a reflexão, à calma, ao pensamento sem preconceito, à coerência na ação. A
mentalidade da mulher, ao contrário, vê-se ameaçada pelo perigo de tornar-se o desejo
pai do pensamento, de que ela “raciocine com o coração” e que o sentimento e a
paixão se substituam à realidade objetiva e com ela entrem em conflito. Desde
que os sentimentos estão expostos a maiores oscilações, essa particularidade da
mulher gera muita vez a incongruência no pensamento e na ação, induzindo-a a
destruir hoje o que adorava ontem e vice-versa. Entra também nos traços
essenciais da alma feminina dependência em relação às influências do ambiente
em tão alto grau que se escraviza. Por isso se torna vítima da ação persuasiva
de qualquer pessoa com mais facilidade que o homem, e abandona as próprias
convicções em favor de idéias alheias. Mas, quando se apropria de determinada
convicção, por motivos sentimentais, será bem difícil dela arrancá-la.
Poder-se-ia, em certo sentido, afirmar que a mulher se deixa persuadir com
facilidade, mas dificilmente se deixa dissuadir.
Sexo E Vida Religiosa
A têmpera espiritual diferente do homem e da mulher
reflete-se naturalmente na tonalidade diversa da vida religiosa. Para o homem a
estrada que leva a Deus é mais longa e mais cheia de dificuldades. Procura
reconhecer e servir a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.23). O conceito que
tem de Deus é mais puro, mais espiritual. Para Ele Deus é o onipotente, o
infinito, o inatingível, o augusto, o poderoso. O homem com a sua inteligência
adere mais à idéia, por isso sua luta para captar a personalidade de Deus é
mais dura. “A falta da materialidade e a imensa distância do objeto dificultam
ao homem a idéia da personalidade, do ser em si, da natureza divina; atinge no
máximo, o impessoal, a que atribui existência e uma soma de qualidades”
(Zimmermann).
A essas dificuldades, acrescentam-se numerosas outras, que
derivam da praxe da vida religiosa. Em primeiro lugar: dificuldade na vida de
oração. A oração é essencialmente atitude espiritual de humildade diante de
Deus. Isto, porém, para o homem, que na vida social está habituado a dar, a o
rdenar, a agir, torna-se incomparavelmente mais difícil do que para a mulher.
Devemos acrescentar ainda a menor exuberância do sentimento e da fantasia
masculina. Além disso, sua auto-suficiência, afirmada freqüentemente no campo
natural, faz com que não sinta desejo tão ardente do Deus pessoal, como sente a
mulher. Nem podemos menosprezar a influência relevante, ao menos no campo
religioso, do respeito humano, do medo da zombaria e do desprezo pelo
cumprimento dos deveres religiosos. Se refletirmos enfim na escassa
possibilidade que o atual serviço litúrgico oferece ao homem para aplicar o
espírito de iniciativa, na maior dificuldade de arrepender-se dos pecados
cometidos, torna-se claro que o homem encontra maiores obstáculos que a mulher
na vida religiosa.
Mas não poucas vantagens compensam essas dificuldades. Se o
homem, por meio de suas lutas, consegue superar todos os obstáculos da índole
masculina, alcança conceito de Deus mais puro e mais espiritual do que o da
mulher e então presta a Deus veneração mais profunda; na estrada para Deus vai
direto à meta; é mais independente, mais consciente que a mulher, e então
também a convicção franca resiste melhor às provações e agitações; o ardor do
amor por Deus o impele impetuosamente ao apostolado, à cooperação na difusão do
reino de Deus. Tais homens, dignos de confiança, sabem ficar no seu posto mesmo
durante o furor da tempestade, como verdadeiras colunas da Igreja. Devendo o
homem, no campo religioso, superar dificuldades maiores, que derivam da própria
índole masculina, explica-se por que tantos homens sejam religiosamente tíbios
e indiferentes. Entre os representantes do sexo forte poucos merecem o adjetivo
de religioso e piedoso. Quando, porém, o homem capta a essência da vida
religiosa, supera a mulher, como em tantos outros campos. Completamente
diversos são os pressupostos naturais da mulher para a vida religiosa. A
estrada para atingir a Deus é mais curta, mais simples, sem tantos problemas,
porque seu conceito de Deus é mais primitivo, menos penetrado de
espiritualidade e mais antropomorfo. Ela não vê tanto em Deus o ser infinito,
augusto, mas o Pai cheio de bondade e misericórdia, a quem dirige o olhar
confiante, procurando proteção e auxílio. Sua necessidade natural de apoio lhe
vem em auxílio, como também o impulso de dedicação amorosa e o sentimento da
personalidade de Deus. Por esses motivos a mulher atinge com - maior facilidade
o mais alto grau de amor a Cristo. Naturalmente não e stá excluído o perigo de
que pare no lado puramente humano. Na, vida de oração, a fantasia viva, a
ternura, a atitude fundamentalmente humilde da psique, inclinada ao cuidado e à
obediência ajudam muito a mulher. Encontram-se mais almas místicas entre as
mulheres do que entre os homens o que se explica principalmente pela índole
espiritual passiva. A mulher demonstra maior perseverança nas instruções e
pregações longas, enquanto a paciência do homem se esgota mais depressa.
Os lados negativos da índole feminina no campo religioso
são: a tendência a humanizar o conceito de Deus, tratá-lo com muita
familiaridade, a inclinação à sugestão, ilusão e capricho, a exaltação
sentimental, a superficialidades fraqueza da vontade. Como as mulheres olham
mais para a pessoa do que para a ideia, é de concluir que uma mulher mesmo
excessivamente religiosa é capaz de abandonar completamente os deveres
religiosos quando entra em conflito pessoal com um sacerdote, o que demonstra
como é necessário ao pastor de almas preocupar-se com a irrepreensibilidade de
sua pessoa, para que os de pessoais não prejudiquem o respeito devido à
religião.
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