DIACONIA I
Introdução
Testemunha-se hoje um renovado
interesse pela Diaconia Cristã e suas implicações para a igreja e a sociedade.
A responsabilidade social está em voga nas diferentes áreas da sociedade,
inclusive na iniciativa privada. Empresas descobrem os aspectos sociais de sua
atuação junto a seus funcionários e à comunidade.
Cresce no meio cristão a consciência de
que a diaconia é crucial para a fé, a vida e a missão da igreja. Muitas vezes
um tema negligenciado e mal compreendido no pensamento e na prática cristã, o
serviço cristão cada vez mais tem sido entendido como inseparável da essência
da igreja, a continuação no mundo da vida de ADORAÇÃO da
comunidade.
Por esta razão, a diaconia deve ser
legitimada não somente como uma função cristã, mas como o MODO DE SER da
igreja.
Muitas igrejas, no entanto, não
consideram este tema como prioritário em sua agenda. Uma boa ilustração dessa
atitude pode ser vista no empobrecimento do ofício do diaconato em nossas
comunidades. Em muitas igrejas, os diáconos limitam-se a atividades tais como
auxiliar a manutenção da ordem durante os cultos e recolher as contribuições
dos fiéis sem qualquer reflexão bíblico-teológica sobre seu papel no culto.
Todavia, por ser um conceito central
nas Escrituras, na Ética e na Teologia, a Diaconia Cristã deve ter alta
prioridade na vida e no testemunho da igreja. Os diáconos, na igreja do
primeiro século, eram oficiais responsáveis pela assistência social aos pobres
além de versados na fé cristã.
Definições
A palavra diácono vem da palavra grega
diákonos, (δια´Κoνoς), que é encontrada cerca de 30 vezes no Novo Testamento.
Diákono significa: servo, serviçal, garçom, atendente ou servente. É uma
palavra composta que também significa “fazer a poeira subir”.
A imagem é de alguém que está se
movendo tão rapidamente para cumprir suas obrigações, que seus pés, quando
passa, fazem a poeira levantar e rodopiar. Havia tanto para os diáconos fazerem
que eles não podiam parar, nem conversar trivialidades, nem se demorar muito em
suas funções.
Palavras semelhantes são diakonia
(ministério ou diaconato) e diakoneo (servir ou ministrar). A mesma palavra
descreve empregados e obreiros voluntários. A ênfase bíblico-teológica, no
entanto, não está na posição ou cargo hierárquico da pessoa, mas em relação ao
seu TRABALHO. O sentido da palavra na Bíblia inclui: servos
domésticos (Jo 2:5-9), e governantes (Rm 13:4), além do uso mais comum
de servos de Cristo e da Igreja. Jesus usou a palavra para descrever seus
discípulos, um em relação ao outro (Mt 23:11). Paulo usou a mesma palavra
freqüentemente para descrever evangelistas ou pregadores da palavra (1
Co 3:5; Ef 6:21). Estes termos, no uso geral, descrevem tanto
homens como mulheres (Lc 10:40; Rm 16:1). Todos os cristãos devem
servir uns aos outros (1 Pe 4:10).
A palavra: servo, “doulos” (δoυλoς),
inclui o sentido de ESCRAVO. Conforme a afirmação de Paulo em
Romanos 1:1, é aquele que não tem direitos, não dispõe de sua pessoa, nem bens,
está obrigado a servir.
Jesus empreende nova compreensão às
relações de serviço no Reino de Deus: “Já não vos chamo servos, ‘doulos’
(δoυλoς), porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado
amigos, ‘fhilous’ (Φι´λoυς) porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a
conhecer.” (Jo 15:15)
Não é que Paulo tentasse revogar a
percepção de Cristo quanto ao assunto, mas trata-se do apóstolo dramatizar e
salientar ainda mais sua SUBMISSÃO a Cristo, o que deveria ser
nossa disposição voluntária à soberania e ao governo de Cristo.
A palavra : diácono empresta leveza ao
tema, pois se tem em mente o servir com prazer, zelosa e diligentemente; ajudar
seu superior na execução de trabalhos. Nesse sentido o servo considera-se
um INSTRUMENTO e dá toda a glória a seu Senhor.
Cada discípulo de Cristo foi feito para
servir!
O Novo Testamento apresenta o
ministério do serviço como uma marca de toda a igreja, isto é, como uma conduta
normal para todos os discípulos (Mt 20: 26-28; Lc 22: 26-27). Em um
sentido amplo, vemos no Novo Testamento a palavra “diakonos” e suas variantes
serem, mais de 100 vezes, aplicadas. Refere-se a quem serve os convidados (João
2:5-9), servos do rei (Mt 22:13), ministro de Satanás (II Co 11:15),
ministro de Deus (II Co 6:4), ministro de Cristo (II Co 11:23) e
à autoridade (Rm 13:4).
No sentido restrito e específico,
porém, vemos em Atos 6:1-6 a palavra “diakonos” aplicada a homens de boa
reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, que receberam o ofício de servir
à mesa como deliberação dos apóstolos após a discórdia entre helenistas e
hebreus quanto a distribuição diária de alimentos às VIÚVAS gregas
na comunidade cristã.
Bem, todo crente foi salvo para servir,
não para ser SERVIDO. Portanto, no sentido teológico, todo crente
deve ser um serviçal, “diakonos” de Deus, de sua igreja local e de cada um dos
seus irmãos individualmente.
Toda organização tem pessoas que
trabalham nos bastidores. Esta é a função do diácono na igreja. Ele trabalha
nos bastidores para servir e ministrar às necessidades das pessoas. A palavra
diaconato descreve o serviço do grupo de diáconos e diaconisas dentro de uma
igreja.
Um bom cristão é essencialmente antes
de tudo um bom diácono!
Qualidades do Diáconos
"Semelhantemente, quanto a
diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não
inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o
mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente
experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da
mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só
mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem
bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez
na fé em Cristo Jesus." I Tm 3:8-13
Caráter: I Tm 3:8.
Respeitável, de uma só palavra, não inclinado a muito vinho, não cobiçoso de
sórdida GANÂNCIA.
Fé: I Tm 3:9. Deve conservar o
MISTÉRIO da fé com a consciência limpa. Não necessariamente ser apto para o
ensino, mas deve entender e sustentar sua fé e a doutrina.
Relações Familiares: I Tm 3:12. As
mesmas expectativas que o presbítero deve satisfazer. Deve ser esposo de uma só
mulher e governar bem os filhos. Isso gera CONFIANÇA na
igreja, uma vez que o diácono cuida das coisas da igreja.
Reputação: At 6:3. Conhecido
como alguém cheio do Espírito Santo e de SABEDORIA.
Questão de Gênero
I Tm 3:11. As mulheres são
elegíveis para esse ofício. Elas devem ter qualificações inerentes. Não devem
ser maledicentes porque boa parte do seu serviço inclui VISITAÇÃO.
Por causa do grande número de mulheres
convertidas (At 5:14; 17:4), as mulheres atuavam na área de visitação,
discipulado e auxiliavam no batismo. Em Rm 16:1-2, lemos que Paulo elogiou
Febe por ser uma ajudadora no serviço da igreja de Cencréia. Outra abordagem
possível é a de que esta passagem refere-se às esposas dos diáconos.
Em Rm 12:8 e I Tm 3:4-5
encontramos outras qualidades desejadas ao diácono comuns aos demais ministros.
A
Instituição do Diaconato
Examinemos At 6:1-6:
"Ora, naqueles dias,
multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra
os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição
diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é
razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas,
irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e
de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos
consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a toda a
comunidade; e elegeram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe,
Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as
mãos."
Alguns estudiosos da Bíblia estabelecem
uma relação entre o “hazzan” da sinagoga judaica e o serviço cristão do diácono
na igreja nascente. O “hazzan” abria e fechava as portas da sinagoga,
mantinha-a limpa e distribuía os livros para leitura. Jesus provavelmente
passou o rolo do livro de Isaías para um diácono depois que acabou de lê-lo
(Lc 4:20).
Outros estudiosos do Novo Testamento
dão atenção considerável à escolha dos sete (At 6:1-6); vêem aquele ato como
um precursor histórico de uma estrutura mais desenvolvida (Fm 1:1; I
Tm 3:8-13 – duas referências específicas ao “ofício” de diácono).
Cada apóstolo já estava sobrecarregado
com várias responsabilidades. Por isso propuseram uma DIVISÃO do
trabalho para assegurar assistência às viúvas gregas que, na distribuição
diária que a igreja fazia de alimentos estavam sendo preteridas.
Sete homens de etnia grega, já que a
queixa partia das viúvas gregas, homens de boa REPUTAÇÃO, cheios do
Espírito de Deus e de sabedoria (At 6:3), se destacaram na congregação de
Jerusalém, para executar essa função. Alguns lembram que o diaconato não devia
ser relacionado somente a caridade, pois os diáconos escolhidos eram homens
de ESTATURA espiritual.
Estevão, por exemplo, “cheio de graça e
poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6:8), foi o
primeiro mártir da igreja. Epafras, gigante da oração, fiel guerreiro e
trabalhador (Cl 4:12).
Filipe, apontado como um dos sete, os
evangelizava a respeito do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo e os
batizava (At 8:12), vinte anos depois de escolhido, ainda é mencionado como o
evangelista e diácono (At 21:8).
Timóteo (I Tm 4:6), Tíquico
(Cl 4:7), Paulo (I Co 3:5) e o próprio Cristo (Rm 15:8)
são o exemplo de que a diaconia não se refere a uma posição hierárquica, mas a
uma CONDIÇÃO aquele que almeja ser digno de levar a Mensagem
do Reino de Deus.
O Novo Testamento enfatiza a compaixão
pelas necessidades físicas e espirituais dos indivíduos bem como o quanto
devemos nos doar para satisfazer essas necessidades. Deus nos capacita para o
serviço com vários dons espirituais. Quando realizamos esse serviço, em última
análise, ministramos ao próprio CRISTO (Mt 25:45).
Jesus equipara o ministério diaconal
como uma função suprema daqueles que servem ao Reino de Deus. Alimentar os
famintos, saciar os sedentos, acolher aos necessitados, vestir os que estão
despidos, visitar os enfermos e encarcerados (Mt 25: 31-46), são as
prerrogativas daqueles que ouvirão o “… vinde, benditos de meu Pai! Entrai na
posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. (Mt 25:34)
Em I Tm 3:8-13 são dadas
instruções sobre as qualificações da função de diácono, a maioria delas se
relaciona ao CARÁTER e comportamento pessoais. Um diácono deve
falar a verdade, ser marido de uma só mulher, não ser dado a muito vinho, e ser
um pai responsável. Ou seja, são pessoas profundamente comprometidas com
uma DISCIPLINA pessoal, são fiéis e frutíferas.
A diaconia bíblica não se caracteriza
por PODER e proeminência, mas por serviço ao próximo, por
cuidados pastorais. Não obstante, a conseqüência natural do trabalho diaconal
feito com zelo e dedicação é a admiração e, sobretudo, intrepidez na fé. (I
Tm 3:13)
O
Diácono e sua Atuação na Igreja
Eleição dos Diáconos – É necessário
um período de experiência (I Tm 3:10). A eleição formal é feita pela
igreja e sancionada pelo corpo de pastores ou presbíteros (At 6:1-6). Na
igreja do primeiro século sempre havia pluralidade de diáconos (At 6:1-6;
Fp 1:1).
O mandato dos Diáconos – A duração do
mandato não é especifica na Bíblia e pode ser regulamentada pela assembléia de
membros da igreja desde que autenticado pelo Espírito Santo. O diácono é um
cargo ministerial local e não vitalício, ou seja, em uma eventual mudança de
congregação o diácono pode ou não ser reconhecido como tal na outra igreja ou
poderá ser exonerado de sua função.
O Número de diáconos – O número de
diáconos em exercício na igreja deve ser proporcional ao número de membros. Uma
equivalência próxima a cinco por cento dos membros seria um número adequado,
isso claro depende da atuação social da igreja junto à comunidade. O
estabelecimento de um número proporcional evitaria as figuras DECORATIVAS no
diaconato.
A dignidade dos Diáconos – O próprio
titulo implica em grande honra. Serviço conferido a anjos (Mt 4:11), como
aquele do próprio Senhor (Mt 20:28). O candidato ao diaconato deve ser
provado antes da chancela de seu cargo na igreja. De forma prática ele deve ser
observado antes mesmo de sua indicação. Estão entre os requisitos para exercer
a função: a cordialidade, a presteza, a iniciativa, a organização, a prudência,
o discernimento espiritual e a alegria necessária a todo trabalho VOLUNTÁRIO.
As Funções dos Diáconos – Cabe ao
diácono, em geral, funções executivas e administrativas que cercam a vida e a
realidade da igreja. Não obstante, ele não está isento de sua missão primeira
que é o SACERDÓCIO universal de todo cristão.
- Auxiliar na introdução dos visitantes
ao templo e na ordem do ambiente;
- Guardar a porta e perceber o fluxo
externo à igreja durante os cultos para evitar a invasão por animais e pessoas
mal intencionadas;
- Aproximar-se de pessoas no interior
do templo em situação de vulnerabilidade, (emoção extrema, possessão,
desequilíbrio);
- Auxiliar na ministração e
distribuição dos elementos da ceia;
- Distribuir, a critério da junta
diaconal e do Conselho Gestor, a beneficência ou os auxílios aos necessitados
da igreja;
- Visitas juntamente com o pastor ou a
critério deste a hospitais, prisões e velórios; - Prestar relatórios ao pastor
a respeito das necessidades comunicadas pelos membros da igreja;
- Providenciar a manutenção de
equipamentos ou das dependências da igreja quando necessário
A recompensa dos Diáconos
– Pois os que desempenharem bem o
diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na FÉ
em Cristo Jesus. (I Tm 3:13)
QUALIFICAÇÕES
DO DIÁCONO
Em geral, as qualificações dos diáconos
para sua função incluem as exigências para as funções ministeriais dos demais
ministros, além de suas especificidades. A seguir apresenta-se um quadro com
estas referências.
(Em
relação a Deus)
- Apegados à palavra, fiel - I Tm 3:9; Tt 1:9
- Justos e piedosos - Tt 1:8
- Aptos para ensinar - I Tm 3:2;
5:17; Tt 1:9
- Irrepreensíveis - I Tm 3:2-9;
Tt 1:6
- Não sejam neófitos - I Tm 3:6
- Amigos do bem - Tt 1:8
- Experimentados I Tm 3:10
(Em
relação aos outros)
- De uma só palavra - I Tm 3:8
- Respeitáveis - I Tm 3:2-8
- Hospitaleiros - I Tm 3:2; Tito
1:8
- Inimigos de contendas - I Tm 3:3
- Não violentos, porém cordial I
Tm 3:3; Tt 1:7
- Tenham bom testemunho dos de fora - I
Tm 3:7
- Não arrogantes Tt 1:7
- Não cobiçosos de sórdida ganância - I
Tm 3:8; Tt 1:7
(Em
relação a si mesmo)
- Que tenham domínio de si - Tt 1:8
- Temperantes - I Tm 3:2,8; Tt 1:7
- Não avarentos - I Tm 3:3
- Sóbrios - I Tm 3:2; Tt 1:8
- Não irascíveis - Tt 1:7
- Não dados ao vinho I Tm 3:3,8;
Tt 1:7
(Em
relação à família)
- Esposos de uma só mulher - I Tm 3:2,12; Tt 1:6
- Que governem bem a sua própria casa -
I Tm 3:4,12; Tt 1:6
- Que tenham filhos obedientes - I
Tm 3:4,5,12; Tt 1:6
A
Diaconia de Cristo
"Tende em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não
julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido
em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e
morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos
céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é
Senhor, para glória de Deus Pai". Fp 2:5-11
Como foi dito no princípio, a diaconia
deve ser legitimada não somente como uma função cristã, mas como o modo de ser da
igreja. Deus foi o primeiro diácono ao se esvaziar de sua inteira completude
para que houvesse a CRIAÇÃO. Jesus Cristo se esvaziou de sua glória
para que houvesse SALVAÇÃO. O Espírito Santo se esvazia no
derramamento e plenitude de sua ação dentro de nós para que haja SANTIFICAÇÃO.
Qual, portanto, deve ser o papel do
cristão e da igreja diante do exemplo trinitário de esvaziamento e serviço?
Ninguém pode entrar inteiro em uma
relação. A vida cristã é baseada em comunhão e relacionamentos. Cabe a cada um
de nós crentes no Senhor Jesus a tarefa de nos esvaziar através do serviço, da
cumplicidade, do amor para que haja COMUNHÃO.
A comunhão e o amor dos crentes é o que
mostrará o amor de Deus à humanidade. A diaconia é o amor em ação. Um profundo
compromisso com as necessidades uns dos outros mostra um alto nível de
autenticidade do cristianismo vivido entre nós.
Sobretudo, a diaconia é um ato de
doação e partilha, de prazer e alegria. É um ato da Graça Divina a ser
refletido na vida dos cristãos. A diaconia como doação e partilha é o
ato/efeito de se esvaziar da necessidade do TER através do serviço para se
alcançar o SER. O ser cheio de graça “karis” (χα′ρις), alegria,
riso, gozo, satisfação, contentamento. É o transcender por meio do sentir-se
útil ao Reino de Deus.
A graça deve ser a tônica de todo
serviço cristão!
A diaconia de Jesus é um ato de grande
nobreza, ato sublime e singelo de submissão e serviço. É o Criador que cinge os
lombos com uma toalha e lava os pés de sua criação mesmo diante da iminente TRAIÇÃO.
(Jo 13:4,5) É ato de humildade, identificação, é a ENCARNAÇÃO levada às últimas conseqüências.
O nascimento, vida, morte e
ressurreição de Cristo representam a diaconia do próprio Deus que trabalha em
favor da REDENÇÃO da humanidade. Que dá o exemplo de
iniciativa diante do necessitado, do pobre, cego e nu. É ato de pura
misericórdia e amor.
Diante dessa perspectiva o Ministério
Resgate propõe um norte para a ação diaconal da igreja. CRESCER PARA
SERVIR deve ser nossa meta/alvo. Crescer na graça e no conhecimento do
Filho de Deus pra servir à nossa comunidade e às pessoas que necessitem de
nosso serviço.
Um serviço que não se dá somente dentro
da vida litúrgica ou do culto de nossa igreja, mas principalmente na história de
nossas relações de forma concreta, plausível, honesta e intensa.
Conclusão:
"Nada façais por partidarismo ou
vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si
mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada
qual o que é dos outros". Fp 2:3,4
O diácono, além de um ministro
espiritual, ministra também a respeito das questões materiais. Ele deve
lembrar-se de que Cristo é o Dono da Igreja, mas que deu o exemplo de ser o
primeiro e maior diácono de todos.
Há diferenças fundamentais entre as
funções do pastor e as funções do diácono, mas as exigências para o serviço são
as mesmas, assim também como a recompensa.
O diácono deve ser examinado e aprovado
pela igreja e seus líderes, é respeitado pela igreja como homem honesto, um bom
administrador, um bom crente.
É austero, sincero, amigo, prestativo,
serve com alegria porque sabe a quem está servindo. Está preocupado com a
glória de Cristo através do bom desempenho de seu serviço na igreja e na comunidade.
O diácono não pertence a uma hierarquia
funcional inferior, mas à luz da teologia bíblica pertence a mais excelente
classe diante de Deus: aqueles que servem. Ele não é empregado da igreja, mas a
serve com zelo, temor e gratidão.
Sejamos, portanto diáconos uns dos
outros!
DIACONIA
II
O MODELO DO CRISTO SERVO
A verdadeira vocação ministerial do
servir a Igreja à partir do modelo de Cristo.
INTRODUÇÃO:
A
VISÃO DE ISAÍAS - Is 6:1-8
1
- A visão ocorreu no ano em que morreu o Rei Uzias, (742 a.c.). Este Rei era
também conhecido por Azarias, 2 Rs 14.21, "E todo o povo de Judá tomou a
Azarias, que já era de dezesseis anos, e o fizeram rei em lugar de Amazias, seu
pai".
2.
O Reino próspero de Uzias (52 anos), produziu em Judá um espírito de segurança
e de estabilidade. Talvez a experiência da morte do Rei, produziu um senso de
vazio ao profeta Isaías, o que o levou ao Templo em Busca de consolo.
3.
No Templo, Isaías teve uma grande visão de Deus, que culminou com sua chamada
profética. Vamos percorrer as fases desta visão e aplicá-la aos nossos dias :
I
- A VISÃO DA SANTIDADE DE DEUS
"Serafins
estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus
rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns aos
outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra
está cheia da sua glória". Is 6:2,3
1.
Estes seres (Serafins) não aparecem em nenhum outro lugar nas Escrituras.
Parece que são uma classe especial de anjos, como o são os Querubins.
2.
Eles declaram que Deus é Santo por três vezes. Temos aqui uma grande revelação
do caráter de Deus, a sua santidade. A ideia básica de Santidade é
"separação", ou seja Deus está separado e acima de sua criação.
3.
Em várias outras ocasiões em sua profecia, Isaías chama Deus de "O Santo
de Israel":
"Ai,
nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores,
filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram
para trás". Is 1:4
"E
dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o
conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos". Is 5:19
4.
Tal aspecto do caráter de Deus, O coloca acima de sua criação, separado das
coisas criadas:
"Deus
falou na sua santidade; eu me regozijarei, repartirei a Siquém e medirei o vale
de Sucote". Sl 60:6
"O
teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso
Deus ?" Sl 77:13
5.
Quando Isaías viu a santidade de Deus, ele pode ver que precisava também
santificar-se para ser usado no ministério profético.
II - VISÃO DA GLÓRIA DE DEUS
"E
clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos;
toda a terra está cheia da sua glória". Is 6:3
1.
No texto são os Serafins que estão proclamando a "Glória de Deus".
Veja a expressão : "Toda a terra está cheia de sua glória". Isaías
podia perceber uma pequena demonstração desta glória ali dentro do Templo. O
termo "Glória de Deus", vem do termo hebraico "Shekiná".
Este termo descreve a "refulgente", a "magnitude" da
manifestação divina.
2.
A Glória de Deus, é manifestada:
a.
Na Criação, "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a
obra das suas mãos" Sl 19:1
b.
No seu Julgamento, "E eu porei a minha glória entre os gentios e todos os
gentios verão o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que sobre
elas tiver descarregado". Ez 39.21,
c.
Na Redenção, "E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos
exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo : Glória a Deus nas alturas,
Paz na terra, boa vontade para com os homens". Lc 2:13,14
3.
Deus manifestou sua glória a servos especiais:
a.
Moisés:
"E
apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o
rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o
anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a
sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me
virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E
vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e
disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para
cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra
santa". Êx 3:1-5
b.
Salomão:
"E
acabando Salomão de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os
sacrifícios; e a glória do Senhor encheu a casa. E os sacerdotes não podiam entrar
na casa do Senhor, porque a glória do Senhor tinha enchido a casa do Senhor. E
todos os filhos de Israel vendo descer o fogo, e a glória do Senhor sobre a
casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram e
louvaram ao Senhor, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura
para sempre". II Cr 7:1-3
c.
A João:
"Eu
fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande
voz, como de trombeta, Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro;
e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia:
a Éfeso, e a Esmírna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a
Laodicéia. E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete
castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do
homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um
cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a
neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão
reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a
voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca
saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua
força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre
mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último".
Ap 1:10-17
4.
Deus quer manifestar sua glória em nós, hoje!
III
- A VISÃO DO PECADO
"Então
disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros,
e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o
Senhor dos Exércitos". Is 6:5
1.
Quando alguém contempla a glória de Deus e tem uma percepção de sua santidade,
acaba vendo sua miserabilidade. Seu pecado aflora. Sua vida fica nua e patente
aos olhos de Deus
"E
disse mais : Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha
face, e viverá". Êx 33.20
2.
Abraão, quando estava diante do Senhor, reconheceu a si mesmo, como sendo pó e
cinza:
"E
respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que
sou pó e cinza". Gn 18:27
3.
Jó descreve a sua profunda consciência de culpa quando reconheceu a santidade e
majestade de Deus:
"Com
o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me
abomino e me arrependo no pó e na cinza". Jó 42:5
4.
Deus quer mostrar a você nesta noite a sua glória. Prepare-se, pois seu corpo
mortal não poderá resistir.
IV
- A VISÃO DA PURIFICAÇÃO
"Porém
um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara
do altar com uma tenaz; E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto
tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu
pecado". Is 6:6,7
1
- Isaías não foi expulso da presença do Senhor em função de sua natureza
pecaminosa. A mesma visão que lhe intensificou o sentido do seu estado
pecaminoso, lhe deu a certeza de sua iniquidade extirpada. Seu Pecado foi
purificado.
2.
Um daqueles Serafins tomou uma brasa viva do Altar e tocou nos seus lábios
impuros, purificando-os com o fogo. O fogo é descrito na Palavra de Deus, como
elemento purificador :
"Toda
a coisa que pode resistir ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique
limpa, todavia se purificará com a água da purificação; mas tudo que não pode
resistir ao fogo, fareis passar pela água". Nm 31:23
"Eis
que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de
repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da
aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. Mas
quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer?
Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E
assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de
Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em
justiça". Mt 3:1-3
3.
Para ser totalmente limpo, é preciso passar pelo batismo de fogo (por isso a
exigência do batismo para o ministro)
"E
eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem
após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele
vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo". Mt 3:11
V-
A VISÃO DO SERVIÇO
"Depois
disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim". Is 6:8
1.
Devemos notar que o preparo para o serviço do Senhor, passa por várias fases em
nossa vida cristã. Primeiro precisamos estar com o Senhor, contemplar sua
glória e santidade. Depois passamos pela fase do reconhecimento de que somos
pecadores e precisamos ser tratados ao nível de nossos pecados. Depois vem o
serviço.
2.
Deus não "empurra" ninguém para a sua obra. Ele Chama: "A quem
enviarei?". Sua chamada espera uma respostas: "Eis-me aqui, envia-me
a mim". Porém o Senhor exige que aqueles que se engajam em sua obra, o
façam com todo desprendimento possível:
"E
Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado
Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E
disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles,
deixando logo as redes, seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois
irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai,
Zebedeu, consertando as redes; E chamou-os; eles, deixando imediatamente o
barco e seu pai, seguiram-no". Mt 4:18-22
"E
Jesus, passando adiante dali, viu assentado na recebedoria um homem, chamado
Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu". Mt 9:
"E
aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para
onde quer que fores. E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu,
ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. E disse a outro:
Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu
pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém
tu vai e anuncia o reino de Deus. Disse também outro: Senhor, eu te seguirei,
mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse:
Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de
Deus". Lc 9:57-62
CONCLUSÃO
1.
Deus quer lhe usar no seu serviço. Porém Ele não lhe usará na posição em que
você está. É preciso que você:
a.
Tenha um encontro com Deus no seu Altar e contemple sua glória e majestade,
b.
Seu pecado precisa ser exposto diante dele, para ser purificado,
c.
Agora você está pronto.
2. Entregue-se a Deus e esteja disposto a trabalhar para o seu serviço.
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