TEONTOLOGIA - A EXISTÊNCIA DE DEUS / TEORIAS ERRADAS SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS
Vivemos
num universo cuja imensidão pressupõe um Criador poderoso, universo cuja
beleza, desenho e ordem apontam um sábio Legislador. Mas quem fez o Criador?
Podemos recuar no tempo, indo da causa para o efeito, mas não podemos continuar
nesse processo de recuo sem reconhecer um ser "Sempiterno". Aquele
ser eterno é Deus, o Eterno, a Causa e a Origem de todas as coisas boas que
existem.
As
Escrituras em parte alguma propõem uma série de provas da existência de Deus
como preliminar à fé; declaram o fato de Deus e chamam o homem a aventurar-se
na fé. "O que se chega a Deus, creia que há Deus", é o ponto inicial
na relação entre o homem e Deus.
DEFINIÇÕES
BÍBLICAS
As
expressões "Deus é Espírito" (João 4: 24) e "Deus é Luz " (
I João 1:5), são expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a
expressão "Deus é amor" ( I João 4:7) é expressão de Sua
personalidade. (I Timóteo 6:16).
DEFINIÇÃO
CRISTÃ DO BREVE CATECISMO
Deus
é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade.
DEFINIÇÃO
FILOSÓFICA DE PLATÃO
Deus
é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema;
a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente;
tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente
perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem
de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.
DEFINIÇÃO
COMBINADA
Deus
é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas têm sua origem,
sustentação e fim (João 4:24; Neemias 9:6; Apocalipse 1:8; Isaías 48:12;
Apocalipse 1:17).
A
EXISTÊNCIA DE DEUS
A
Bíblia, em verdade, fala de homens que dizem em seus corações que não há Deus,
mas esses são "tolos", isto é, os ímpios praticantes que expulsariam
a Deus dos seus pensamentos porque já o expulsaram das suas vidas. Esses
pertencem ao grande número de ateus praticantes, isto é, esses que procedem e
falam como se não existisse Deus. Seu número ultrapassa em muito o número de
ateus teóricos, isto é, esses que pretendem aderir à crença intelectual que
nega a existência de Deus. Note-se que a declaração "não há Deus" não
implica dizer que Deus não exista, mas sim que Deus não se ocupa com negócios
do mundo. Contando com a sua ausência, os homens corrompem-se e se comportam de
maneira abominável. (Sal. 14.)
E
Paulo lembra aos Efésios que eles tinham estado anteriormente “sem Deus no
mundo”, (Efésios 2.12)
Não
se pode duvidar da existência de ateus práticos, visto que tanto a Escritura
como a experiência a atestam.
Eles
não são necessariamente ímpios notórios aos olhos dos homens, mas podem
pertencer aos assim chamados “homens decentes do mundo”, embora
consideravelmente indiferentes para com as coisas espirituais. Tais pessoas
muitas vezes têm a consciência do fato de que estão em desarmonia com Deus,
tremem ao pensar em defrontá-lo e procuram esquecê-lo. Parecem ter um secreto
prazer em exibir o seu ateísmo quando tudo vai bem, mas é sabido que dobram os
seus joelhos em oração quando sua vida entra repentinamente em perigo.
A
ideia de que o homem chega ao conhecimento ou à comunhão com Deus por meio de
seus próprios esforços é totalmente estranha ao Antigo Testamento. Deus fala;
ele aparece; o homem ouve e vê. Deus aproxima-se dos homens; estabelece um
concerto ou relação especial com eles; e dá-lhes mandamentos. Eles o recebem
quando ele se aproxima: aceitam a sua vontade e obedecem aos seus preceitos.
Moisés e os profetas em parte alguma são representados como pensadores refletindo
sobre o Invisível, formando conclusões acerca dele, ou alcançando conceitos
elevados da Divindade. O Invisível manifesta-se-lhes, e eles o conhecem.
Se
as Escrituras não oferecem nenhuma demonstração racional da existência de Deus,
por que vamos nós fazer essa tentativa? Pelas seguintes razões:
Primeiramente,
para convencer os que genuinamente buscam a Deus, isto é, pessoas cuja fé tem
sido ofuscada por alguma dificuldade, e que dizem: "Eu quero crer em Deus;
mostra-me que seja razoável crer nele."
Mas
evidência nenhuma convencerá a pessoa, que, por desejar continuar no pecado e
no egoísmo, diz: "Desafio-te a provar que Deus existe." Afinal, a fé
é questão moral e não intelectual. Se a pessoa não está disposta a aceitar, ela
porá de lado todas e quaisquer evidências. (Luc. 6:31)
Segundo,
para fortalecer a fé daqueles que já creem. Eles estudam as provas, não para
crer, mas sim porque já creem. Esta fé lhes é tão preciosa que aceitarão com
alegria qualquer fato que a faça aumentar ou enriquecer.
Finalmente,
para poder enriquecer nosso conhecimento acerca da natureza de Deus. Que maior
objeto de pensamento e estudo existe do que ele?
PROVAS
RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
No
transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existência
de Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela influência de
Wolff. Alguns deles já tinham sido sugeridos, em essência, por Platão e
Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por estudiosos da
filosofia da religião. Somente os mais comuns podem ser apresentados aqui.
Onde
acharemos evidências da existência de Deus? Na criação, na natureza humana e na
história humana. Dessas três esferas deduzimos as cinco evidências da
existência de Deus:
1)
O universo deve ter uma Primeira Causa ou um Criador. (Argumento cosmológico,
da palavra grega "cosmos", que significa "mundo")
2)
O desígnio evidente no universo aponta para uma Mente Suprema. (Argumento
teleológico, de "Teleos", que significa "desígnio ou
propósito")
3)
A natureza do homem, com seus impulsos e aspirações, assinala a existência de
um Governador pessoal. (Argumento antropológico, da palavra grega
"anthropos", que significa "homem")
4)
A história humana dá evidências duma providência que governa sobre tudo.
(Argumento histórico)
5)
A crença é universal. (Argumento do consenso comum)
O
ARGUMENTO DA CRIAÇÃO. (Argumento cosmológico)
A
razão argumenta que o universo deve ter tido um princípio. Todo efeito deve ter
uma causa suficiente. O universo, sendo o efeito, por conseguinte deve ter uma
causa.
No
observatório de Harvard College há uma fotografia que inclui as imagens de mais
de 200 Vias Lácteas — todas registradas numa chapa fotográfica de 35 x 42 cm.
Calcula-se que o número de galáxias de que se compõe o universo é da ordem de
500 milhões de milhões."
Consideremos
nosso pequeno planeta e nele as várias formas de vida existentes, as quais
revelam inteligência e desígnio divinos.
Naturalmente
surge a questão: "Como se originou tudo isso?" A pergunta é natural,
pois as nossas mentes são constituídas de tal forma que esperam que todo efeito
tenha uma causa. Logo, concluímos que o universo deve ter tido uma Primeira
Causa, ou um Criador. "No princípio — Deus" (Gên. 1:1).
De
um modo singelo este argumento é exposto no seguinte incidente:
Disse
um jovem cético a uma idosa senhora: — Outrora eu cria em Deus, mas agora,
desde que estudei filosofia e matemática, estou convencido de que Deus não é
mais do que uma palavra oca.
—
Bem — disse a senhora — é verdade que eu não aprendi essas coisas, mas desde
que você já aprendeu, pode me dizer donde veio este ovo?
—
Naturalmente duma galinha — foi a resposta.
—
E donde veio a galinha?
—
Naturalmente dum ovo.
Então
indagou a senhora: — Permita-me perguntar: qual existiu primeiro, a galinha ou
o ovo?
—
A galinha, por certo — respondeu o jovem.
—
Oh, então, a galinha existia antes do ovo?
—
Oh, não, devia dizer que o ovo existia primeiro.
—
Então, eu suponho que você quer dizer que o ovo existia antes da galinha.
O
moço vacilou: — Bem, a senhora vê, isto é, naturalmente, bem, a galinha existiu
primeiro.
—
Muito bem — disse ela —, quem criou a primeira galinha de que vieram todos os
sucessivos ovos e galinhas?
—
Que é que a senhora quer dizer com tudo isto? — perguntou ele.
—
Simplesmente isto — replicou ela: — Digo que aquele que criou o primeiro ovo ou
a primeira galinha é aquele que criou o mundo. Você nem pode explicar, sem
Deus, a existência dum ovo ou duma galinha, e ainda quer que eu creia que você
pode explicar, sem Deus, a existência do mundo inteiro!
O
ARGUMENTO DO DESÍGNIO (Argumento teleológico, de "Teleos", que
significa "desígnio ou propósito")
O
desígnio e a formosura evidenciam-se no universo; mas o desígnio e a formosura
implicam um arquiteto; portanto, o universo é a obra dum Arquiteto dotado de
inteligência suficiente para explicar sua obra.
O
grande relógio de Estrasburgo tem, além das funções normais dum relógio, uma
combinação de luas e planetas que se movem, mostrando dias e meses com a
exatidão dos corpos celestes, com seus grupos de figuras que aparecem e
desaparecem com regularidade igual ao soarem as horas no grande cronômetro.
Declarar
não ter havido um engenheiro que construiu o relógio, e que este objeto
"aconteceu", seria insultar a inteligência e a razão humana. É
insensatez presumir que o universo "aconteceu", ou, em linguagem cientifica,
que procedeu "do concurso fortuito dos átomos"!
O
exame dum relógio revela que ele leva os sinais de desígnio porque as diversas
peças são reunidas com um propósito prévio. Elas são colocadas de tal modo que
produzem movimentos e esses movimentos são regulados de tal maneira que marcam
as horas. Disso inferimos duas coisas: primeiramente, que o relógio teve alguém
que o fez, e em segundo lugar, que o seu fabricante compreendeu a sua
construção, e o projetou com o propósito de marcar as horas. Da mesma maneira,
observamos o desígnio e a operação dum plano no mundo e, naturalmente,
concluímos que houve alguém que o fez e que sabiamente o preparou para o
propósito ao qual está servindo.
O
fato de nunca termos observado a fabricação dum relógio não afetaria essas
conclusões, mesmo que nunca conhecêssemos um relojoeiro, ou que jamais
tivéssemos ideia do processo desse trabalho. Igualmente, a nossa convicção de
que o universo teve um arquiteto, de forma nenhuma sofre alteração pelo fato de
nunca termos observado a sua construção, ou de nunca termos visto o arquiteto.
Do
mesmo modo a nossa conclusão não se alteraria se alguém nos informasse que
"o relógio é resultado da operação das leis da mecânica e explica-se pelas
propriedades da matéria". Ainda assim teremos que considerá-lo como obra
dum hábil relojoeiro que soube aproveitar essas leis da física e suas
propriedades para fazer funcionar o relógio. Da mesma forma, quando alguém nos
informa que o universo é simplesmente o resultado da operação das leis da natureza,
nós nos vemos constrangidos a perguntar: "Quem projetou, estabeleceu e
usou essas leis?" Isso, em razão de ser implícita a presença de um
legislador uma vez que existem leis.
O
ARGUMENTO DA NATUREZA DO HOMEM (Argumento
Moral)
O
homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do
bem e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de ação que deve seguir e um
caminho errado que deve evitar. Esse conhecimento chama-se
"consciência". Ao fazer ele o bem, a consciência o aprova; ao fazer
ele o mal, ela o condena. A consciência, seja obedecida ou não, fala com
autoridade.
Assim
disse Butier acerca da consciência: "Se ela tivesse poder na mesma
proporção de sua autoridade manifesta, governaria o mundo, isto é, se a
consciência tivesse a força de pôr em ação o que ordena, ela revolucionaria o
mundo."
Mas
acontece que o homem é dotado de livre arbítrio e, portanto, pode desobedecer
àquela voz íntima. Mesmo estando mal orientada, sem esclarecimento, a
consciência ainda fala com autoridade, e faz o homem sentir sua
responsabilidade.
Qual
a conclusão que se tira deste conhecimento universal do bem e do mal? Que há um
Legislador que idealizou uma norma de conduta para o homem e fez a natureza
humana capaz de compreender esse ideal. A consciência não cria o ideal; ela
simplesmente testifica acerca dele, registrando a sua conformidade ou
não-conformidade.
Quem
originalmente criou esses dois poderosos conceitos do bem e do mal? Deus, o
Justo Legislador! O pecado ofuscou a consciência e quase anulou a lei do ser
humano; mas no Monte Sinai Deus gravou essa lei em pedras para que o homem
tivesse a lei perfeita para dirigir a sua vida. O fato de que o homem
compreende esta lei, e sente a sua responsabilidade para com ela, manifesta a
existência dum Legislador que criou o homem com essa capacidade.
Qual
é a conclusão que podemos tirar desse sentimento de responsabilidade? Que o
Legislador é também um Juiz que recompensar os bons e castigar os maus. Aquele
que impôs a lei finalmente defenderá essa lei.
Não
somente a natureza moral do homem, como também todos os aspectos da sua
natureza testificam da existência de Deus. Até as religiões mais degradadas
demonstram o fato de que o homem, qual cego, tateando, procura algo que sua
alma anela. A fome física indica a existência de algo que a possa satisfazer.
Quando o homem tem fome, essa fome indica que há alguém ou algo que o possa
satisfazer. A exclamação, "a minha alma tem sede de Deus" (Sal.
42:2), é um argumento a favor da existência de Deus, pois a alma não enganaria
o homem com sede daquilo que não existisse. Assim disse certa vez um erudito da
igreja primitiva: "Para ti nos fizeste, e nosso coração estará inquieto
enquanto não encontrar descanso em ti."
O
ARGUMENTO DA HISTÓRIA (Argumento Histórico)
A
marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um poder e duma
providência dominantes. Toda a história bíblica foi escrita para revelar Deus
na história, isto é, para ilustrar a obra de Deus nos negócios humanos.
"Os princípios do divino governo moral encontram-se na história das nações
tanto quanto na experiência dos homens", escreve D. S. Clarke. (Sal. 75:7;
Dan. 2:21; 5:21)
"O
protestantismo inglês vê a derrota da Armada Espanhola como uma intervenção
divina. A colonização dos Estados Unidos por imigrantes protestantes salvou-os
da sorte da América do Sul, e desta maneira salvou a democracia. Quem negaria
que a mão de Deus estivesse nesses acontecimentos ?" A história da
humanidade, o surgimento e declínio de nações, como Babilônia e Roma, mostram
que o progresso acompanha o uso das faculdades dadas por Deus e a obediência à
sua lei, e que o declínio nacional e a podridão moral seguem a
desobediência" (D. L. Pierson).
O
ARGUMENTO DA CRENÇA UNIVERSAL (Argumento
do consenso comum)
A
crença na existência de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça
humana, embora muitas vezes se manifeste em forma pervertida ou grotesca e
revestida de idéias supersticiosas.
Todos
concordam que não existem raças, por mais primitivas que sejam, totalmente
destituídas de concepção religiosa! Embora alguém cite exceções, sabemos que a
exceção não inutiliza a regra. A presença de cegos no mundo não prova que todos
os homens são cegos. Como disse William Evans: "o fato de certas nações
não conhecerem a tabuada de multiplicação não afeta a aritmética."
Os
teólogos não inventaram Deus como também os astrônomos não inventaram as
estrelas, nem os botânicos as flores. É certo que os antigos mantinham idéias
erradas acerca dos corpos celestes, mas esse fato não nega a existência dos
corpos celestes. E visto que a humanidade já teve idéias defeituosas acerca de
Deus, isso implica que existe um Deus acerca do qual podiam ter noções
errôneas.
Este
conhecimento universal não se originou necessariamente pelo raciocínio, porque
há homens de grande capacidade de raciocínio que também negam a existência de
Deus.
É
evidente que o mesmo Deus que fez a natureza, com suas belezas e maravilhas,
fez também o homem dotado de capacidade para observar, através da natureza, o
seu Criador.
"Porquanto,
o que se pode conhecer de Deus, neles está manifesto; pois Deus lho manifestou.
As perfeições invisíveis dele, o seu poder eterno, e a sua divindade,
claramente se vêem desde a criação do mundo, sendo percebidas pelas suas
obras" (Rom. 1:19, 20).
Deus
não fez o mundo sem deixar certos sinais, sugestões e evidências claras, que
falam das obras das suas mãos.
"Mas
os homens conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem deram graças,
antes se enfatuaram nas suas especulações e ficou em trevas o seu coração
insensato" (Rom. 1:21).
O
pecado fez embaçar a sua visão; perderam de vista a Deus e, em vez de ver a
Deus através da criatura, desprezaram-no pela ignorância e adoraram a criatura.
Foi desta maneira que começou a idolatria. Mas até isto prova que o homem é
criatura adoradora e que forçosamente procura um objeto de culto.
Esta
crença universal em Deus é prova de que a natureza do homem é de tal maneira
constituída que é capaz de compreender e apreciar essa ideia, como o expressou
certo escritor: "O homem é incuravelmente religioso", que no sentido
mais amplo inclui:
(1)
A aceitação do fato da existência dum ser acima das forças da natureza.
(2)
Um sentimento de dependência de Deus como quem domina o destino do homem; este
sentimento é despertado pelo pensamento de sua própria debilidade e pequenez e
pela magnitude do universo.
(3)
A convicção de que se pode efetuar uma união amistosa e que nesta união ele, o
homem, achará segurança e felicidade. Desta maneira vemos que o homem, por
natureza, é constituído para crer na existência de Deus, para confiar na sua
bondade, e para adorar em sua presença.
Este
"sentimento religioso" não se encontra nas criaturas inferiores. Por
exemplo, perderia seu tempo quem procurasse ensinar religião ao mais elevado
dos tipos de símios. Mas o mais inferior dos homens pode ser instruído nas
coisas de Deus. Por quê? Falta ao animal a natureza religiosa — não é feito à
imagem de Deus; o homem possui natureza religiosa e procura um objeto de
adoração.
Ao
avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os
crentes não precisam deles. Sua convicção a respeito da existência de Deus não
depende deles, mas, sim, da confiante aceitação da auto-revelação de Deus na
Escritura.
Se
muitos em nossos dias estão querendo firmar sua fé na existência de Deus nesses
argumentos racionais, isto se deve em grande medida ao fato de que eles se
negam a aceitar o testemunho da palavra de Deus. Além disso, ao usar estes
argumentos na tentativa de convencer pessoas incrédulas, será bom ter em mente
que de nenhum deles se pode dizer que transmite convicção absoluta.
Ninguém
fez mais para desacreditá-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos filósofos e
teólogos os têm descartado como completamente inúteis, mas hoje os referidos
argumentos estão recuperando apoio e o seu número está crescendo.
E
o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicações satisfatórias da
existência de Deus, parece indicar que eles não são inteiramente vazios de
valor. Têm algum valor para os próprios crentes, mas devem ser denominados
testimonia, e não argumentos.
Eles
são importantes como interpretações da revelação geral de Deus e como elementos
que demonstram o caráter razoável da fé em um ser divino. Além disso, podem
prestar algum serviço na confrontação com os adversários. Embora não provem a
existência de Deus além da possibilidade de dúvida e a ponto de obrigar o
assentimento, podem ser elaborados de maneira que estabeleçam uma forte
probabilidade e, por isso, poderão silenciar muitos incrédulos.
ACEITAR
A EXISTÊNCIA DE DEUS PELA FÉ
O
Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma
fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na
Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de
Deus na natureza.
A
prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração
explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido a
Bíblia não prova a existência de Deus
O
que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6
“… é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que
se torna galardoador dos que o buscam”.
A
Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “No princípio
criou Deus os céus e a terra”
Ela
não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como
o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivíduos e
nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o
conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso
propósito de redenção.
O
preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel na
velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação inicial
na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do Novo
testamento.
Vê-se
Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em
palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na
existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável. Deve-se notar, que
é somente pela fé que aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão
do seu conteúdo.
Disse
Jesus, “Se alguém quiser fazer a vontade d’Ele, conhecerá a respeito da
doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”, João 7.17.
É
este conhecimento intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, que Oseias
tem em mente quando diz: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor”,
Oseias 6.3.
O
incrédulo não tem nenhuma real compreensão da palavra de Deus. As palavras de
Paulo são pertinentes nesta conexão:
“Onde
está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não
tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o
mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que
creem, pela loucura da pregação”, 1 Coríntios 1.20, 21.
Nada
podemos saber de Deus, se Ele mesmo não quiser revelar. Todo nosso conhecimento
de Deus é derivado de sua auto-revelação na natureza e nas escrituras sagradas,
precisamos de um relacionamento pessoal íntimo com ELE.
TEONTOLOGIA
- TEORIAS ERRADAS SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS
O AGNOSTICISMO
O
Agnosticismo (expressão originada de duas palavras gregas que significam
"não saber"); nega a capacidade humana de conhecer a Deus.
"A
mente finita não pode alcançar o infinito", declara o agnóstico. Mas o
agnóstico não vê que há grande diferença entre conhecer a Deus no sentido
absoluto e conhecer algumas coisas acerca de Deus.
Não
podemos compreender a Deus, isto é, conhecê-lo inteira e perfeitamente; mas
podemos aprender, isto é, ter uma concepção da sua Pessoa. "Podemos saber
quem é Deus, sem saber tudo o que ele é", escreve D. S. Clarke.
"Podemos tocar a terra embora não possamos envolvê-la com os braços. Um
menino pode conhecer a Deus enquanto o filósofo não pode descobrir todos os
segredos do Todo poderoso."
As
Escrituras baseiam-se no pensamento de que é possível conhecer a Deus; por
outra parte, elas nos avisam que por agora "conhecemos em parte".
(Vide Êxo. 33:20; Jo 11:17; Rom. 11:33, 34; l Cor. 13:9-12.)
O POLITEÍSMO
O
Politeísmo (Culto de muitos deuses) - era característico das religiões antigas
e pratica-se ainda hoje em muitas terras pagãs.
Baseia-se
ele na ideia de que o universo é governado, não por uma força só, mas sim por
muitas, de maneira que há um deus da água, um deus do fogo, um deus das
montanhas, um deus da guerra, etc.
Foi
esta a conseqüência natural do paganismo, que endeusou os objetos finitos e as
forças naturais e "adoraram e serviram à criatura antes que o
Criador" (Rom. 1:25).
Abraão
foi chamado a separar-se do paganismo e a tomar-se uma testemunha do único
verdadeiro Deus; sua chamada foi o começo da missão de Israel, a qual era
pregar o monoteísmo (o culto a um só Deus), o contrário do politeísmo das
nações vizinhas.
O PANTEÍSMO
O
panteísmo (proveniente de duas palavras gregas que significam "tudo é
Deus") é o sistema de pensamento que identifica Deus com o universo,
árvores e pedras, pássaros, terra e água, répteis e homens — todos são
declarados partes de Deus, e Deus vive e expressa-se a si mesmo através das
substâncias e forças como a alma se expressa através do corpo.
Como
se originou esse sistema?
O
que está escrito em Rom. 1:20-23 desvenda esse mistério. Pode ser que na
penumbra do passado os filósofos pagãos, havendo perdido de vista a Deus e
expulsando-o de seus corações, tenham observado que era necessário achar alguma
coisa que preenchesse o seu lugar, visto que o homem procura sempre um objeto
de culto. Para preencher o lugar de Deus, deve haver algo tão grande quanto o próprio
Deus. Havendo Deus se retirado do mundo, por que então não fazer do mundo Deus?
Desta
maneira arrazoaram os homens e assim se iniciou o culto às montanhas e às
árvores, aos homens e aos animais, e a todas as forças da natureza.
À
primeira vista essa adoração da natureza tem certa feição lógica, mas leva a
uma conclusão absurda. Pois se a árvore, a flor e a estrela são Deus, logo
também o devem ser o verme, o micróbio, o tigre e também o mais vil pecador —
uma conclusão absolutamente irrazoável.
O
panteísmo confunde Deus com a natureza. Mas a verdade é que o poema não é o
poeta, a arte não é o artista, a música não é o músico, e a criação não é o
Criador.
As
Escrituras corrigem as idéias pervertidas do panteísmo. Ao ensinar que Deus é
revelado mediante a natureza, fazem a distinção entre Deus e a natureza.
Os
panteístas dizem que Deus é o universo; a Bíblia diz que Deus criou o universo.
O MATERIALISMO
O
materialismo nega qualquer distinção entre a mente e a matéria; afirma que
todas as manifestações da vida e da mente e todas as forças são simplesmente
propriedades da matéria.
"O
pensamento é secreção do cérebro como a bílis é secreção do fígado";
"o homem é apenas uma máquina", são alguns dos pensamentos
prediletos dos materialistas.
"O
homem é simplesmente um animal", declaram eles, pensando que com isto
poderão extinguir o conceito generalizado acerca da superioridade do ser humano
e do seu destino divino.
Essa
teoria é tão absurda que quase não merece refutação. No entanto, em dezenas de
universidades, em centenas de novelas, e de muitos outros modos, discute-se e
aceita-se a ideia de que o homem é animal e máquina; que não tem
responsabilidade por seus atos e que não existe o bem nem o mal.
A
nossa consciência nos afirma que somos algo mais do que matéria e que somos
diferentes das árvores e das pedras. Um grama de bom senso neste caso vale mais
que uma tonelada de filosofia.
A
experiência e a observação demonstram que a vida procede unicamente de vida já
existente e, por conseguinte, a vida que existe neste mundo teve sua causa em
vida idêntica.
A
evidência de uma inteligência superior e desígnio no universo refutam o
materialismo cego.
Na
hipótese de que o homem seja apenas máquina, mesmo assim a máquina não se faz
por si mesma. A máquina não produziu o inventor, mas o inventor criou a
máquina.
O
mal do materialismo está no fato de que destrói os fundamentos da moralidade.
Pois se o homem fosse apenas máquina, então não seria responsável por seus
atos. Conseqüentemente, não podemos tratar de nobre ao herói, nem de mau ao
homem vil, pois não é capaz de agir de outra maneira. Portanto, um homem não
pode condenar outro, como a serra circular não pode dizer à guilhotina:
"Como pode você ser tão cruel?"
Qual
é o antídoto para o materialismo? O antídoto é o Evangelho pregado com demonstração
e poder do Espírito acompanhado dos sinais.
O
DEÍSMO
O
deísmo admite que haja um Deus pessoal, que criou o mundo; mas insiste em que,
depois da criação, Deus o entregou para ser governado pelas leis naturais. Em
outras palavras, ele deu corda ao mundo como quem dá corda a um relógio e o
deixou sem mais cuidado da sua parte. Dessa maneira não seria possível haver
nenhuma revelação e nenhum milagre.
Esse
sistema, às vezes, chama-se racionalismo, porque eleva a razão à posição de
supremo guia em assuntos de religião; também se descreve como religião natural,
como oposta à religião revelada.
Tal
sistema é refutado pelas evidências da inspiração da Bíblia e as evidências das
obras de Deus na história.
A
ideia acerca de Deus, propagada pelo deísta, é unilateral.
As
Escrituras ensinam duas importantes verdades concernentes à relação de Deus
para com o mundo:
Primeira,
sua transcendência, que significa sua separação do mundo e do homem e sua
exaltação sobre eles. (Isa. 6:1).
Segunda,
sua imanência, que significa sua presença no mundo e sua aproximação do homem (Atos
17:28; Efé. 4:6).
O
deísmo acentua demais a primeira verdade enquanto o panteísmo encarece demais a
segunda.
As Escrituras apresentam a ideia verdadeira e absoluta: Deus, de fato, está separado do mundo e acima do mundo; por outro lado, ele está no mundo. Ele enviou seu Filho para estar conosco, e o Filho enviou o Espírito Santo para estar em nós. Desta maneira a doutrina da Trindade evita os dois extremos. à pergunta, "Está Deus separado do mundo ou está no mundo ?" a Bíblia responde: "Ele está tanto separado do mundo como também está no mundo."
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