NOVO TESTAMENTO II

PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO - PERÍODOS GREGO E ROMANO / PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO - O AMBIENTE SECULAR E RELIGIOSO

PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO - PERÍODOS GREGO E ROMANO

INTRODUÇÃO

Abordando o Novo Testamento

O Novo Testamento forma a Parte II da Bíblia. É ele uma antologia de vinte e sete livros de várias dimensões, mas tem somente um terço do volume da Parte I, o Antigo Testamento.

(Antigo e Novo Testamento são designações cristãs, e não judaicas, pois os judeus só aceitam como Escritura os livros do Antigo Testamento.) Isso é compreensível, todavia, pois o Antigo Testamento cobre um período de milhares de anos de história, mas o Novo Testamento menos de um século.

A fração do século I D. C., coberta pelo Novo Testamento, foi o período crucial durante o qual, em conformidade com as crenças cristãs, começaram a ter cumprimento as profecias messiânicas, foi realizado o divino plano da redenção dos homens, por intermédio do encarnado Filho de Deus, Jesus Cristo, e o novel povo de Deus, a Igreja, se formou e tudo isso estribado sobre o novo pacto, segundo o qual Deus se ofereceu para perdoar os pecados daqueles que crêem em Jesus Cristo, em virtude de Sua morte vicária.

"Novo Testamento" quer dizer, de fato, "Novo Pacto", em contraste com a antiga aliança (de acordo com a qual Deus perdoava transgressões à vista de sacrifícios de animais, à guisa de antecipação provisória daquele verdadeiramente adequado sacrifício de Cristo).

O vocábulo "testamento" transmite-nos a idéia de uma última vontade, e um testamento que só passa a ter efeito na eventualidade da morte do testador. Assim é que o novo pacto entrou em vigor em face da morte de Jesus (ver Hebreus 9:15-17).

Escrita originalmente em grego, entre 45-95 D. C., a coleção dos livros do Novo Testamento é tradicionalmente atribuída aos apóstolos Pedro, João, Mateus e Paulo, bem como a outros antigos autores cristãos, João Marcos, Lucas, Tiago e Judas.

Em nossas Bíblias modernas, os livros do Novo Testamento não estão arranjados na ordem cronológica em que foram escritos.

Exemplificando, as primeiras epistolas de Paulo foram os primeiros livros do Novo Testamento a ser escritos (com a única exceção possível da epístola de Tiago), e não os evangelhos. E mesmo o arranjo das epístolas paulinas não segue a sua ordem cronológica, porquanto Gálatas (ou talvez I Tessalonicenses) foi a epístola escrita bem antes daquela dirigida aos Romanos, a qual figura em primeiro lugar em nossas Bíblias pelo fato de ser a mais longa das epístolas de Paulo; e entre os evangelhos, o de Marcos, não o de Mateus, parece ter sido aquele que primeiro foi escrito. A ordem em que esses livros aparecem, por conseqüência, é uma ordem lógica, derivada somente das tradições cristãs.

Os evangelhos estão postos em primeiro lugar porque descrevem os eventos cruciais da carreira de Jesus. Entre os evangelhos, o de Mateus vem apropriadamente antes de todos devido à sua extensão e ao seu íntimo relacionamento com o Antigo Testamento, que o precede imediatamente. (Mateus amiudadas vezes cita o Antigo Testamento e principia com uma genealogia que retrocede ao mesmo.)

Ato contínuo encontra-se a triunfal colheita da vida e do ministério de Jesus, no livro de Atos dos Apóstolos, uma envolvente narrativa do bem sucedido surgimento e expansão da Igreja na Palestina e daí por toda a Síria, Ásia Menor, Macedônia, Grécia e até lugares distantes como Roma, na Itália. (No ato mesmo de sua composição, o livro de Atos foi a segunda divisão de uma obra em dois volumes, Lucas-Atos.) Bastam-nos essas idéias quanto aos livros históricos do Novo Testamento.

As epístolas e, finalmente, o livro de Apocalipse, explanam a significação teológica da história da redenção, além de extraírem dai certas implicações éticas.

Entre as epístolas, as de Paulo ocupam o primeiro lugar - e entre elas, a ordem em que foram arranjadas segue primariamente a idéia da extensão decrescente, levando-se em conta a grande exceção formada pelas Epístolas Pastorais (I e II Timóteo e Tito), as quais antecedem a Filemom, a mais breve das epístolas paulinas que chegaram até nós. A mais longa das epístolas não-paulinas, aos Hebreus (cujo autor nos é desconhecido), aparece em seguida, depois da qual vêm as epístolas Católicas ou Gerais, escritas por Tiago, Pedro, Judas e João.

E por fim, temos o livro que lança os olhos para o futuro retorno de Cristo, o Apocalipse, livro esse que leva o Novo Testamento a um mui apropriado clímax.

Mas, por qual razão estudaríamos tão antigos documentos como esses contidos no Novo Testamento?

A razão histórica disso é que, no Novo Testamento, descobrimos a explicação do fenômeno que é o cristianismo. E a razão cultural é que a influência do Novo Testamento tem permeado a civilização ocidental de tal maneira que ninguém poderia ser tido por bem educado a menos que conheça o conteúdo do Novo Testamento.

E a razão teológica é que o Novo Testamento é aquela narrativa divinamente inspirada sobre a missão remidora de Jesus neste mundo, sendo ainda o padrão de crenças e de práticas da Igreja.

E, finalmente, a razão devocional é que o Espírito Santo utilizase do Novo Testamento a fim de conduzir pessoas a um vivo e crescente relacionamento com Deus, através de Seu Filho, Jesus Cristo. Todas essas são razões suficientes !

O PERÍODO GREGO

Alexandre o Grande

A história do Antigo Testamento se encerrou com o cativeiro que a Assíria impôs ao reino do norte, Israel, com o subseqüente cativeiro babilônico do reino do sul, Judá, e com o regresso, à Palestina, de parte dos exilados, quando da hegemonia persa, nos séculos VI e V A.C.

Os quatro séculos entre o final da história do Antigo Testamento e os primórdios da história do Novo Testamento compreendem o período intertestamentário. (ocasionalmente chamados "os quatrocentos anos de silêncio", devido ao hiato, nos registros bíblicos, e ao silenciamento da voz profética).

Durante esse hiato é que Alexandre o Grande se tornou senhor do antigo Oriente Médio, ao infligir sucessivas derrotas aos persas, quando das batalhas de Granico (334 A. C.), Isso (333 A. C.) e Arbela (331 A. C.).

Helenização

A cultura grega, intitulada helenismo, há tempos se vinha propagando mediante o comércio e a colonização gregos, mas as conquistas de Alexandre proveram um impulso muito maior do que havia antes. O idioma grego tornou-se a língua franca, a língua comumente usada no comércio e na diplomacia.

Ao aproximar-se a época do Novo Testamento, o grego era a língua comumente falada nas ruas até da própria Roma, onde o proletariado indígena falava o latim, mas onde a grande massa de escravos e de libertos falava o grego.

Alexandre fundou setenta cidades, moldando-as conforme o estilo grego. Ele e os seus soldados contraíram matrimônios com mulheres orientais. E assim foram misturadas as culturas grega e oriental.

Ante o falecimento de Alexandre, com a idade de trinta e três anos (323 A. C.), seus principais generais dividiram o império em quatro porções, duas das quais são importantes no pano-de-fundo do desenvolvimento histórico do Novo Testamento, a porção dos Ptolomeus e a dos Selêucidas.

O império dos Ptolomeus centralizava-se no Egito, tendo Alexandria por capital. A dinastia governante naquela fatia do império veio a ser conhecida como os Ptolomeus. Cleópatra, que morreu no ano 30 A. C., foi o último membro da dinastia dos Ptolomeus.

O império selêucida tinha por centro a Síria, e Antioquia era a sua capital. Alguns dentre a casa ali reinante receberam o apodo de Seleuco, mas diversos outros foram chamados Antíoco.

Quando Pompeu tornou a Síria em província romana, em 64 A. C., chegou ao fim o império selêuco

O PERÍODO ROMANO

O século VIII AC viu a fundação de Roma, e no século V A.C. houve a organização de uma forma republicana de governo ali sediada.

Dois séculos de guerras com a cidade rival de Cartago, na África do Norte, chegaram ao fim com a vitória romana (146 A.C.).

As conquistas feitas na extremidade oriental da bacia do Mediterrâneo, sob o comando de Pompeu, como também na Gália, por Júlio César. Expandiram o domínio romano.

Após o assassinato de Júlio César, Otávio, que mais tarde veio a ser conhecido como Augusto, derrotou as forças de Antônio e Cleópatra, na batalha naval de Ácio, na Grécia, em 31 A.C., tornando-se então o imperador de Roma.

Dessa maneira, pois, Roma passou de um período de expansão territorial para outro, de paz, o que se tornou conhecido como Pax Romana.

A província da Judéia interrompeu essa tranqüilidade mediante grandes revoltas, que os romanos esmagaram nos anos de 70 e 135 D.C. Contudo, a unidade prevalente e a estabilidade política do mundo civilizado sob a hegemonia de Roma facilitaram a propagação do cristianismo, quando de seu aparecimento

Imperadores romanos

Os imperadores romanos seguintes, alistados com as datas de seus respectivos governos, estão vinculados às narrações do Novo Testamento :

Augusto (27 A.C. - 14 D.C.), sob quem ocorreram o nascimento de Jesus, o recenseamento ligado ao Seu nascimento, e os primórdios do culto ao imperador;

Tibério (14-37 D.C.), sob quem Jesus efetuou o Seu ministério público e foi morto;

Calígula (37-41 D.C.), que exigiu que se lhe prestasse culto e ordenou que sua estátua fosse colocada no templo de Jerusalém, mas veio a falecer antes que sua ordem fosse cumprida;

Cláudio (41-54 D.C.), que expulsou de Roma os residentes judeus, entre os quais estavam Áqüila e Priscila, por motivo de distúrbios civis;

Nero (54 68 D.C.), que perseguiu os cristãos, embora provavelmente somente nas cercanias de Roma, e sob quem Pedro e Paulo foram martirizados;

Vespasiano (69-79 D.C.), o qual, quando ainda general romano começou a esmagar uma revolta dos judeus, tornou-se imperador e deixou o restante da tarefa ao encargo de seu filho, Tito, numa campanha que atingiu seu clímax com a destruição de Jerusalém e seu templo, em 70 D. C.;

Domiciano (81-96 D.C.), cuja perseguição contra a Igreja provavelmente serviu de pano-de-fundo para a escrita do Apocalipse, como encorajamento para os cristãos oprimidos.

Administração romana.

Augusto estabeleceu um sistema provincial de governo, cujo desígnio era impedir que os procônsules administrassem territórios estrangeiros visando ao seu engrandecimento pessoal. Havia dois tipos de províncias, as senatoriais e as imperiais. Os procônsules, nomeados pelo senado romano para governar as províncias senatoriais, usualmente pelo termo de apenas um ano, prestavam contas ao senado. Paralelamente aos procônsules havia os delegados, nomeados pelo imperador, os quais de modo geral se ocupavam de questões financeiras. Os procuradores governavam as províncias imperiais. Nomeados pelo imperador, os procuradores eram responsáveis perante ele, e exerciam a sua autoridade civil e militar por meio de exércitos permanentes.

Herodes O Grande.

Os romanos permitiam a existência de governantes nativos vassalos de Roma, na Palestina. Um desses foi Herodes o Grande, que governou o país, sob os romanos, de 37 a 4 A.C. Seu pai, Antípater, tendo subido ao poder contando com o favor dos romanos, lançara-o numa carreira militar e política.

O senado romano aprovou o ofício real de Herodes, mas ele foi forçado a obter o controle da Palestina mediante o poder das armas. Tendo por antepassados os idumeus (descendentes de Edom, ou Esaú), por isso mesmo não era visto com bons olhos pelos judeus.

Herodes era indivíduo astuto, invejoso e cruel; assassinou a duas de suas próprias esposas e pelo menos a três de seus próprios filhos. Foi ele quem ordenou a matança dos infantes de Belém, em consonância com a narrativa da natividade por Mateus.

De certa feita Augusto disse que era melhor ser um porco de Herodes que um filho seu (jogo de palavras, porquanto no grego as palavras que significam porco e filho são muito parecidas).

Mas Herodes era igualmente um governante eficiente e um consumado político, tendo conseguido sobreviver às lutas pelo poder nas camadas mais altas do governo romano. Por exemplo, ele trocou de lealdade a Marco Antônio e Cleópatra em prol de Augusto, e conseguiu convencer a este último de sua sinceridade.

A administração de Herodes se caracterizava por polícia secreta, toque de recolher e pesados impostos, apesar de também ser distribuído cereal gratuito em períodos de fome e vestes grátis quando de outras calamidades.

Entre seus muitos projetos de edificação, sua maior contribuição para os judeus foi o embelezamento do templo de Jerusalém. Isso não expressava sua participação na fé judaica (ele não acreditava nela), mas foi uma tentativa de conciliar seus súditos.

O templo de Jerusalém, decorado com mármore branco, ouro e pedras preciosas, tornou-se proverbial devido ao seu esplendor: "Quem jamais viu o templo de Herodes, nunca viu o que é belo."

Herodes o Grande morreu de hidropsia e câncer nos intestinos, em 4 A.C.

Ele baixara ordens para que fossem executados determinados líderes judeus por ocasião de seu falecimento, a fim de que, embora não houvesse lamentações por motivo de sua morte, pelo menos as houvesse quando de sua morte. Mas tal ordem pereceu juntamente com ele.

Dinastia de Herodes.

Destituídos das habilidades e ambições de seu pai, os filhos de Herodes passaram a governar porções separadas da Palestina. Arquelau tornou-se etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia; Herodes Filipe, tetrarca da Ituréia, Traconites, Gaulanites, Auranites e Batanéia; e Herodes Antipas tetrarca da Galiléia e Peréia.

João Batista repreendeu a Antipas por haver-se divorciado de sua esposa para casar-se com Herodias, esposa de seu meio-irmão. Quando Herodias induziu sua filha dançarina a que pedisse a cabeça de João Batista, Antipas acedeu à horrenda solicitação (vide Marcos 6:17-29 e Mateus 14:3-12). Jesus chamou a Herodes Antipas de "essa raposa" (Lucas 13:32), e mais tarde teve de enfrentar o juízo deste em tribunal (vide Lucas 23:7-12).

Herodes Agripa I, neto de Herodes o Grande, executou o apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, e também encarcerou Pedro (vide Atos 12).

Herodes Agripa II, bisneto de Herodes o Grande, ouviu Paulo em sua auto-defesa (vide Atos 25 e 26).

Governadores romanos.

Os desmandos de Arquelau na Judéia, em Samaria e na Iduméia provocaram sua remoção do ofício e seu banimento por ordens de Augusto, em 6 D.C. Esses mesmos desmandos tinham sido a causa pela qual José, Maria e Jesus, ao regressarem do Egito, tiveram de estabelecer-se em Nazaré da Galiléia, ao invés de fazê-lo em Belém da Judéia (vide Mateus 2:21-23).

Após a remoção de Arquelau, o território passou a ser dirigido por governadores romanos, exceto por breves períodos. Um desses governadores, Pôncio Pilatos, foi o juiz de Jesus.

Os governadores Félix e Festo ouviram a exposição do caso de Paulo (vide Atos 23-26). E quando o governador Floro pilhou o tesouro do templo, isso foi o estopim da revolta dos judeus, em 66-73 D.C.

Devemo-nos lembrar, entretanto, que a despeito dos Herodes e dos governadores romanos, o sacerdócio judaico e o Sinédrio (uma modalidade de Tribunal Superior dos Judeus) é que controlavam boa parte das questões locais que afetavam a vida diária.

REVISÃO DA HISTÓRIA POSTERIOR VETEROTESTAMENTÁRIA

Século - Poder Dominante - Eventos Importantes

A.C. VIII (700 s) - Assíria - Cativeiro do reino nortista de Israel, com destruição da capital, Samaria, em722

A.C. VII (600s) VI (500s) - Babilônia - Cativeiro do reino sulista de Judá, com destruição de Jerusalém em 586

A.C. VI (500s) - Pérsia - Retorno de alguns judeus à Palestina, para reconstruir a nação, o templo e Jerusalém, nos começos de 537

A.C. V (400s) IV (300s) – Grécia-Macedônia - Conquista por Alexandre o Grande e helenização intensa do Oriente Médio

IV (300s) - Morte de Alexandre o Grande, em 323 A.C. e divisão do seu império.

IV (300s) - Egito - Hegemonia dos Ptolomeus sobre a Palestina, 320-198 AC.

III (200s) - Primórdios da Setuaginta, com tradução do Pentateuco do hebraico para o grego

II (100s) - Síria - Hegemonia dos Selêucidas sobre a Palestina, 198 - 167 A.C.

II (100s) - Desenvolvimento dos partidos helenista e hasidim, dentro do judaísmo

II (100s) - Antíoco Epifânio fracassa em anexar o Egito.

II (100s) - Tentativa violento de Antíoco Epifânio por forçar a completa helenização ou paganização dos judeus, em 168 A.C.

II (100s) - Irrompimento da revolta dos Macabeus, em 167 A.C., e obtenção da independência judaica, sob a liderança sucessiva de Matatias, Judas Macabeu, Jônatas e Simão.

I (100s) - Independência judaica - Dinastia Hasmoneana, 142 - 17 A.C.

I (99-1) - Inquietações intestinas I (99-1) - Desenvolvimento das seitas judaicas Saduceus, Fariseus e Essênios.

I (99-1) - Roma - Subjugação da Palestina pelo general romano Pompeu, em 63 A.C.

I (99-1) - Antipater e seu filho, Herodes o Grande, ascendem ao poder na Palestina,

INTER-TESTAMENTÁRIA E NEOTESTAMENTÁRIA

Século - Poder Dominante - Eventos Importantes

I (99-1) – Roma - Assassinato de Júlio César

I (99-1) – Roma - Augusto torna-se imperador romano (27 A.C. - 14 D.C.), às expensas de Marco Antônio e Cleópatra

I (99-1) – Belém - Nascimento de Jesus, cerca de 6 A.C.

I (99-1) – Judéia - Morte de Herodes, o Grande, em 4 A.C. DC

I (1-99) - Roma - Imperador Tibério (14 - 37 D.C.); Pilatos, governador da Judéia. DC

I (1-99) - Ministério público, morte e ressurreição de Jesus (cerca de 27 - 30 D.C.) DC

I (1-99) - Primórdios da Igreja Cristã, sob a liderança de Pedro, Paulo e outros. DC

I (1-99) - Imperadores Calígula e Cláudio (37 - 41 e 41 - 54 D. C., respectivamente) DC

I (1-99) - Expansão da Igreja Cristã DC

I (1-99) - Primórdios da literatura do Novo Testamento DC

I (1-99) - Imperador Nero (54 - 68 D.C.) DC

I (1-99) - Perseguição aos cristãos, em escala limitada DC

I (1-99) - Martírio de Pedro e Paulo (64 - 68 D.C.) DC

I (1-99) - Galba, Oto e Vitélio, imperadores por breve tempo (68 - 69 D.C.) DC

I (1-99) - Imperador Vespasiano (69 - 79 D.C.) DC

I (1-99) - Primeira Guerra dos Judeus (66 - 73 D.C.) DC

I (1-99) - Destruição de Jerusalém e seu Templo por Tito, em 70 D.C. DC

I (1-99) - Imperador Tito (79 - 81 D.C.) DC

I (1-99) - Imperador Domiciano (81 - 96 D.C.)

PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO - O AMBIENTE SECULAR E RELIGIOSO

O Ambiente Secular Do Novo Testamento

A POPULAÇÃO JUDAICA

Tem-se calculado que mais de quatro milhões de judeus viviam no Império Romano durante os dias do Novo Testamento, talvez 7% da população total do mundo romano. Mas dificilmente o número de Judeus que viviam na Palestina atingia a setecentos mil. Havia mais judeus em Alexandria, no Egito, do que em Jerusalém; e mais na Síria do que na Palestina ! E mesmo em certas porções da Palestina (na Galiléia, onde Jesus se criou, e em Decápolis) os gentios eram mais numerosos do que os judeus.

IDIOMAS

O latim era a língua oficial do império romano, mas era o idioma usado principalmente no ocidente. No oriente, a língua franca (idioma comum) era o grego. Além do grego, os habitantes da Palestina falavam o aramaico e o hebraico, pelo que também Jesus e os primeiros discípulos provavelmente eram trilingües. (Uma opinião comum, mas provavelmente errada é que Jesus falava quase exclusivamente o aramaico. As evidências arqueológicas e literárias apontam para o trilingüismo. Ver R. H. Gundry, "The Language Milieu of First-Century Palestine", Journal of Biblical Literature. 83 (1964), ps. 404-408.)

O Ambiente Religioso do Novo Testamento

O PAGANISMO

Mitologia - De acordo com a mitologia, Zeus era forçado a abafar ocasionais rebeliões da parte dos deuses, os quais exibiam pendores perfeitamente humanos de paixões e concupiscências, de amor e ciúmes, de ira e ódio. De fato, os deuses seriam superiores aos homens somente quanto ao poder, à inteligência e à imortalidade - mas por certo não quanto à moralidade.

Religião oficial.

A religião oficial de Roma adotou grande parte do panteão e da mitologia gregos. As divindades romanas vieram a ser identificadas com os deuses gregos (Júpiter com Zeus, Vênus com Afrodite, e assim por diante). Os romanos também adicionaram certas características, como a de um sacerdócio sobre o qual o próprio imperador atuava como pontifex maximus (sumo sacerdote).

Adoração ao Imperador.

Seguindo a prática desde há muito firmada de atribuir atributos divinos aos governantes, o senado romano lançou a idéia do culto ao imperador, ao deificar, após a morte, a Augusto e a subseqüentes imperadores que porventura tivessem servido bem como tais. Elementos leais e entusiastas das províncias orientais algumas vezes antecipavam essa deificação pós-morte. Os imperadores do primeiro século que reivindicaram a divindade para si mesmos, enquanto ainda viviam - Calígula, Nero e Domiciano - não foram honrados com tal distinção ao morrerem. O insano Calígula (37-41 D.C.) ordenara que uma estátua sua fosse levantada no templo de Jerusalém, a fim de ser adorada. Afortunadamente, tal medida foi adiada pelo mais sensato embaixador sírio, porquanto os judeus sem dúvida ter-se-iam revoltado. Nesse ínterim, Calígula foi assassinado. Domiciano (81-96 D.C.) foi o primeiro a tomar providências sérias e generalizadas para forçar a adoração de sua pessoa. A recusa dos cristãos em participarem do que passou a ser tido como um dever patriótico, como uma medida tendente a unificar o preito de lealdade ao imperador, como uma divindade, provocou uma perseguição que foi crescendo de intensidade.

Gnosticismo.

O contraste dualista concebido por Platão entre o mundo invisível das idéias e o mundo visível da matéria, formava o substrato do gnosticismo do primeiro século de nossa era, e segundo o qual a matéria era equiparada ao mal, ao passo que o espírito seria eqüivalente ao bem. Daí resultavam dois modos opostos de conduta :

(1) a supressão dos desejos do corpo, devido à sua conexão com a matéria má (ascetismo) e

(2) a indulgência quanto às paixões físicas, por causa da irrealidade e inconseqüência da matéria (libertinagem ou sensualismo).

Em ambos esses casos as noções religiosas orientais haviam corrompido as idéias originais de Platão. O conceito da ressurreição física era abominável, devido ao fato da matéria ser tida por inerentemente má. Todavia, a imortalidade do espírito seria desejável, podendo-se chegar a ela por meio do conhecimento de doutrinas secretas e de senhas, através das quais coisas a alma, por ocasião da morte, conseguiria escapar da vigilância de guardiães demoníacos dos planetas e das estrelas, em seu vôo da terra para o céu.

Segundo esse ponto de vista, o problema religioso não consistia da culpa humana, para a qual é preciso que se proveja perdão, mas consistia muito mais da ignorância humana, para a qual era mister prover conhecimento.

De fato, o vocábulo gnosticismo vem de gnosis, termo grego que significa conhecimento.

A fim de assegurar-se a pureza do Deus supremo, era este separado do universo material, e, portanto mau, mediante uma série de seres progressivamente menos divinos, chamados "aeons", que se teriam emanado dele. Dessa forma, uma elaborada angelologia se desenvolveu paralelamente à demonologia.

O JUDAÍSMO

A Sinagoga.

Mais importante que o meio ambiente pagão religioso e filosófico era o judaísmo, do qual se originou o cristianismo.

O judaísmo, tal qual era no primeiro século, teve seu começo perto do final do período do Antigo Testamento, durante o exílio assírio-babilônico.

Os profetas haviam predito o desterro como uma punição pela idolatria praticada pela nação israelita. O cumprimento dessa predição curou permanentemente a nação de sua idolatria.

A perda temporária do templo, durante o exílio deu azo a um crescente estudo e observância da lei (a Torá - O termo hebraico torah tinha sentido mais lato que "lei". Também indicava instrução, ensino e a revelação divina in toto, aludindo ora aos dez mandamentos, ora ao Pentateuco, ora ao Antigo Testamento inteiro, e também à lei oral, ou seja, as interpretações tradicionais dos rabinos.) do Antigo Testamento, e, pelo menos, afinal de contas, ao estabelecimento das sinagogas como uma instituição.

É motivo de debate se as sinagogas tiveram origem justamente durante o exílio ou mais tarde, já no período intertestamentário. Uma conjectura razoável, entretanto, é que em face de Nabucodonosor haver destruído o primeiro templo (o de Salomão) e haver deportado da Palestina a maioria de seus habitantes, os judeus estabeleceram centros locais de adoração intitulados sinagogas ("assembléias"), onde quer que pudessem ser encontrados dez judeus adultos do sexo masculino.

Uma vez instituída como uma instituição, as sinagogas prosseguiram em existência até à reconstrução do templo, sob a liderança de Zorobabel. (Vide Esdras 3 - 6; Ageu: Zacarias 1 - 8 quanto à reedificarão do templo.)

O templo

Os sacrifícios prescritos pela lei mosaica só podiam ser legitimamente oferecidos no santuário central. O segundo templo continuou a ser importante, por conseguinte, até à sua destruição por Tito, em 70 D. C. As exortações dos profetas Ageu e Zacarias haviam impulsionado a reconstrução do templo durante o período de restauração do Velho Testamento, depois do desterro. Saqueado e aviltado por Antíoco Epifânio, em 168 A. C., o templo fora reparado, purificado e reconsagrado por Judas Macabeu três anos mais tarde. Herodes o Grande iniciou grandioso programa de embelezamento, mas nem bem esse projeto se completou, muito depois de sua morte, e o templo foi novamente destruído.

O calendário religioso.

Intimamente relacionadas à adoração no templo havia as festividades religiosas e dias santos dos judeus. O ano civil judaico começava aproximadamente em setembro-outubro, e o ano religioso aproximadamente em março-abril. Abaixo apresentamos o calendário religioso dos judeus:

CALENDÁRIO RELIGIOSO DOS JUDEUS 

(Por motivo de diferenças entre os dois sistemas de calendários os equivalentes em nossos meses são apenas aproximações.)



A lei mosaica prescrevia os seis primeiros itens do calendário (Páscoa - Tabernáculos). (Vide Levítico 23:4-43 quanto aos detalhes.) Os dois restantes (Hanukkah e Purim) surgiram posteriormente, e à parte de mandamento bíblico. Peregrinos enchiam as ruas de Jerusalém vindos de toda parte da Palestina e também de países estrangeiros, quando das três principais festividades religiosas: Páscoa-Pães Asmos, Pentecoste e Tabernáculos.



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