LIDERANÇA - Como Dirigir Um Grupo De Pessoas - A Necessidade Da Direção - Que É Um Líder?
Muitos ainda pensam que basta ter o título de Diretor, de Chefe, ou de Mestre para que isto dê um prestígio tal, que todo o grupo vai obedecer, automaticamente, à pessoa que dirige, simplesmente por ter sido investida de “autoridade”.
Para se ter realmente autoridade, é necessário, para pessoa que dirige, não ter somente uma série de qualidades, mas ainda ter aprendido o ofício da direção. Muitas pessoas levam dezenas de anos para tomar consciência de que certas atitudes não as levam ao êxito na direção, enquanto que outras conseguem dirigir bem quando estão perto de sua aposentadoria. Ora, é justamente isto que queremos evitar ao leitor. Não será melhor aproveitar os erros dos outros do que esperar ser velho para saber dirigir, assimilando logo na mocidade os princípios elementares que presidem a boa direção? São estes conhecimentos que iremos abordar agora.
A Necessidade Da Direção
É fato observável por todos que qualquer grupo social precisa ser dirigido por pessoa que o guie para atingir os objetivos comuns ou satisfazer os interesses dos seus membros. A procura de um líder por grupo recém-formado é quase ato reflexivo, o qual tem raízes muito profundas. Desde os tempos mais remotos da tribo primitiva, os homens tiveram chefes; além disto, desde o nascimento, a criança está acostumada a obedecer aos pais e aos professores, até acabar os estudos, efetuando-se uma simples transferência da autoridade pedagógica à autoridade de grupo; as pessoas, na sua grande maioria, estão, aliás, tão acostumadas a ser dirigidas, que se sentem desajustadas quando têm de tomar decisão, apesar de se considerarem independentes, por serem adultas; elas são apenas pseudo-autônomas; as pessoas que têm autonomia real são, relativamente, poucas; e são mais freqüentes entre os dirigentes que entre os dirigidos.
A procura de maior autonomia, de maior liberdade, é a motivação profunda do homem e da sociedade. A sua dependência às autoridades chamadas também de Alienação ou Heteronomia é o que constitui a maior doença social dos nossos tempos.
Fazer evoluir o homem, para fazê-lo passar de autômato a homem consciente de suas responsabilidades e da sua posição no mundo, é tarefa primordial do dirigente.
Além da necessidade psicológica que os indivíduos e os grupos sentem de ser dirigidos, existe também uma razão propriamente administrativa e racional: na consecução dos objetivos comuns aos grupos, são necessárias, dentro da divisão de trabalho, pessoas que distribuam as responsabilidades em função das características individuais; que coordenem os esforços dos indivíduos e determinem o melhor caminho a seguir. Dentro de qualquer grupo social, o líder é a peça mestra, catalisadora das energias individuais. Deve-se, por imediato, dar atenção toda especial aos dirigentes, quando se quer criar, modificar ou aperfeiçoar uma coletividade, seja nação, empresa, associação ou turma de alunos. Deve-se tomar cuidado, não somente na sua escolha, mas também à sua formação e no seu aperfeiçoamento.
Em caso de emergência, é mais interessante e racional ter um Estado-Maior bem preparado que todos os soldados bem treinados. Com efeito, o Estado-Maior prepara - soldados em pouco tempo, mas os soldados não treinarão um Estado-Maior.
Mas, para poder formar os futuros dirigentes, é preciso descobri-los o mais cedo possível, para o que é necessário organizar um sistema de seleção que permita, dentro de um grupo qualquer, reconhecer os futuros líderes. A psicotécnica presta grande auxílio neste sentido.
Que É Um Líder?
Depois de termos estudados as definições de diferentes autores sobre as expressões “líder” e “liderança”, chegamos à conclusão de que: “Líder é todo o indivíduo que, graças à sua personalidade, dirige um grupo social, com a participação espontânea dos seus membros”.
Qualquer Indivíduo Só Poderá Ser Considerado Como Líder Se Pela Sua Personalidade:
a) dirige um grupo social;
b) tem a participação espontânea do grupo.
Exemplificando
Numerosos ministros ou chefes de Estado foram líderes porque no início de suas chefias, dirigiram com o consentimento dos grupos. Deixaram de ser líderes, à medida que crescia a oposição. Os chefes, diretores, presidentes, supervisores, professores, gerentes, dirigem, mas não são líderes enquanto não obtêm a participação espontânea do grupo.
Vice-versa, indivíduos que pela sua personalidade podem obter a participação espontânea do grupo são apenas líderes virtuais e só se tornam líderes reais quando dirigem.
Muitas vezes, um indivíduo torna-se líder porque tem a personalidade necessária para uma situação particular de liderança; é o homem da situação muito freqüente na política. Além da “situação”, são as características do grupo e o meio ambiente que determinam o tipo de líder desejado.
O líder pode ser estímulo, para o grupo ou pode ser “reação” ao grupo, e, na maioria dos casos, os dois.
Os estudos de psicologia da aprendizagem mostram que os indivíduos rendem muito mais quando interessados. E o líder sabe fazer interessar os membros do seu grupo. A produtividade de um grupo nessas condições é sempre maior que a de um grupo dirigido por um chefe ou diretor, mas não líder
Eis A Diferença
O chefe se contenta com tarefas; o líder consegue entusiasmo, interesse pelo trabalho cooperação.
O Triângulo Da Direção
Todo o mundo sabe que há várias maneiras de dirigir, sendo que se podem distinguir três tipos principais de direção, que são os seguintes:
a) A direção autocrática ou ditatorial;
b) A direção laissez-faire ou deixa como está para ver como é que fica;
c) A direção-liderada ou liderança.
Podemos representar estes três tipos de direção num triângulo, em cujos ângulos se situam estas três maneiras de agir na direção. Estão muito bem colocados nas três extremidades do triângulo, pois são atitudes completamente opostas, como veremos a seguir:
A Direção Autocrática
O ditador não se importa em saber o que seus subordinados pensam. Ele os trata como simples capacho, dando ordens que devem ser cumpridas sem discussão; faça isto, faça aquilo; é o lema do diretor. É em geral uma pessoa irritável, brutal, colérica, egoísta e incapaz de compreender os outros. Não tem, aliás, nenhum interesse para isto. Muitas vezes trata os outros assim, porque ele mesmo foi criado de maneira ditatorial e reproduz, inconscientemente, a atitude de seus próprios educadores, ou, pelo contrário, foi criado com mimo excessivo e acostumado desde cedo a mandar em todos, inclusive em seus próprios pais.
O dirigente autocrático provoca, em geral, revolta nas pessoas que ele dirige, ou, então, uma passividade completa que se pode resumir da seguinte maneira: “É melhor fazer o que ele quer, mesmo se eu achar que ele vai levar o empreendimento ao fracasso; não adianta discutir; a culpa será dele e não minha; também não vou fazer um pingo a mais do que ele me ordenar”.
A Direção Laissez-Faire
Laissez-faire em português quer dizer deixar fazer. O lema deste grupo de dirigentes é: “deixar como está para ver como é que fica”. Em geral o dirigente desse tipo é uma pessoa muito insegura, que tem receio de assumir responsabilidades. Ao contrário do outro que dava ordens, este não dá instrução nenhuma, cada um de seus auxiliares faz o que quer e como bem entende. Na divisão do trabalho, na repartição das responsabilidades, a confusão é completa. A sua direção gera atritos e desorganização entre seus funcionários.
A Direção Liderada Ou Liderança
A liderança é a direção na qual se procura concentrar toda a atenção sobre as atitudes e interesses dos subordinados que não são tratados como simples auxiliares, mas, sim, como colaboradores. O líder é a pessoa que procura dirigir com a cooperação, a participação espontânea e a boa vontade das pessoas que ele dirige. O líder não diz: “faça isto, faça aquilo”, mas, sim, “é preciso fazer isto, quer-me fazer um favor, nós temos necessidade de levar este trabalho para frente”, etc.
O líder considera o grupo mais capacitado em resolver os problemas do que ele sozinho. Respeita o homem e crê nele. Consegue a cooperação do grupo, pela sua competência, paciência, tolerância e honestidade de propósito. Não dá ordens; dá o exemplo, estimulando, em vez de ameaçar.
Toda a sua atenção está concentrada sobre o que o pessoal pensa; ele sabe obter o máximo de produtividade através do máximo de boa vontade. O líder consegue, graças a dois fatores principais, que são: a sua personalidade e a sua técnica de liderar.
Outros Tipos De Chefes
Existem outros tipos de chefes. Podemos caracterizá-los da seguinte forma:
O Chefe Maquiavélico
Utiliza-se de intrigas; nunca reúne os membros do grupo para trocar idéias: mas em particular com cada um deles. É mestre em cochichar. Utiliza-se dos seus subordinados como bonecos.
Muitas vezes, propositadamente, organiza ódios entre os componentes do grupo, aplicando a fórmula: “Dividir para reinar”. Em geral, os membros da coletividade que dirige acabam por descobrir-lhe o jogo.
O Chefe Vaidoso E Ambicioso
Torna-se chefe por causa do título e do prestígio que lhe dá a sua profissão; não consegue ser imparcial, pois tem tendência a favorecer os que o bajulam.
O Chefe Instável
Seus subordinados não conseguem seguir as suas instruções, pois ele muda de ideia e dá instruções diferentes ou contrárias, enquanto ainda estão executando as primeiras ordens. Mostra-se interessado por tantos assuntos ao mesmo tempo, que não consegue aprofundar-se em nenhum.
O Chefe Paternalista
Como o nome indica, é o chefe que tem com o seu pessoal um relacionamento de pai para filho; é o homem que usa a bondade para obter o que quer dos seus subordinados. Dá presentes de Natal, de aniversário, cuida especialmente do conforto do seu pessoal, esperando mais trabalho em retribuição. O raciocínio dele é: “Eu fui bom para você, então espero que você seja bom para mim”.
LIDERANÇA - Equilíbrio Face Ao Ambiente De Trabalho E Como Obter A Cooperação Dos Dirigidos
Enquanto o ditador provoca medo, revolta ou passividade, o líder consegue comunicar aos seus colaboradores equilíbrio, alegria em trabalhar e em cooperar, enfim, produtividade máxima. Grande parte disto provém de suas qualidades pessoais, as quais descrevemos da seguinte forma:
Autocontrole
O líder é uma pessoa que controla as suas reações, que vira a língua dez vezes na boca antes de emitir uma opinião de grande responsabilidade. Ele não se deixa levar pelos seus impulsos; quando alguém fica malcriado com ele, procura, antes de tudo, compreender porque a pessoa, mesmo se for seu subordinado se mostra irritada.
Empatia Ou Compreensão De Outrem
O líder procura estar sempre a par dos problemas de cada um sabe fechar os olhos, quando alguém, que costuma trabalhar com calma e alta produção, fica durante uma semana com baixa produção e denota irritação, simplesmente por que a sua esposa está doente ou porque tem dificuldades financeiras. Enfim, o líder procura antes de tudo compreender o ser humano, aproveitando as suas qualidades em benefício próprio e em beneficio da coletividade.
Procura Da Unanimidade
Além disto, o líder procura sempre obter o acordo de todos, evitando apoiar-se só na maioria, pois sabe que às vezes a minoria tem razão. Ele deixa a minoria ter sua oportunidade para conquistar a maioria; é o que acontece, por exemplo, quando se reúnem 20 engenheiros e 2 contadores para resolverem problema orçamentário. Se os 20 engenheiros chegam a uma conclusão errada, cabe ao líder dar aos contadores bastante força para convencer os engenheiros de que a realidade é diferente.
Por isto o líder reúne periodicamente os membros do grupo, discutindo francamente os assuntos, fazendo com que cada um se sinta responsável pelo seu setor e esteja convencido da sua utilidade e importância dentro da companhia.
Assim, eles sentem que fazem parte da direção e por isto cooperam ativamente.
Dar O Exemplo
Entre as características pessoais do líder convém, ainda, lembrar que ele deve ter qualidades superiores à média do seu grupo, a fim de ser um exemplo. Para isto, o mestre que quer ser líder de mecânica, tem de ser, de preferência, o melhor dos mecânicos. O que quer dirigir químicos, e ao mesmo tempo liderá-los, tem de entender muito mais de química do que o grupo; isto é necessário inclusive para poder transmitir novos conhecimentos aos colaboradores; neste sentido o líder é também educador.
Atitude De Respeito Humano
O líder respeita profundamente o ser humano. Trata-o com cortesia e delicadeza. É interessante notar que a atitude do líder tem uma importância fundamental no ambiente de trabalho e uma influência muito maior do que se pensa sobre as próprias atitudes de seus auxiliares, isto por várias razões. A primeira está no fato de as pessoas imitarem, inconscientemente, os seus superiores. Dizem os Psicanalistas que eles se identificam com os superiores. Outra razão se encontra no fenômeno que foi descoberto há uns dez anos pelos psicólogos sociais. Estes notaram que quando uma pessoa diz um desaforo à outra, e esta pessoa, por razões diversas, não retruca com desa foro idêntico, ela fica guardando isto dentro de si, quer dizer, fica num estado de tensão tal que, na primeira oportunidade, terá de desabafar, de descarregar esta mesma tensão contra outra pessoa. Esta pessoa poderá ser um colega de trabalho, a esposa, o marido, os filhos, o jornaleiro da esquina, o motorneiro do bonde, o motorista do ônibus, etc. Este estado de tensão se transmite, então, de pessoa a pessoa como se fosse o vírus da gripe.
O leitor já deve estar entendendo onde queremos chegar. Se o dirigente estiver em estado de tensão e descarregá-la sob a forma de cólera, por exemplo, contra um de seus auxiliares, esta descarga será transmitida a toda a sua equipe de trabalho, por uma espécie de ressonância do desrespeito à pessoa humana. Se, pelo contrário, o dirigente souber manter a calma, sua atitude de respeito humano se transmitirá da mesma forma a toda a equipe que dirige.
Enfrentar As Tensões E Conflitos
Relações Humanas muitas vezes são confundidas com “panos quentes”. Liderar, muito pelo contrário, consiste em criar tensões e não evitá-las. Cada vez que uma pessoa ou um grupo tem objetivos para alcançar, nasce, com este objetivo, uma tensão. Liderar pessoas consiste ao mesmo tempo em liderar tensões.
Quando surge um conflito entre pessoas, o líder costuma reunir estas pessoas para analisar as causas do conflito, e resolvê-lo, com a participação de todos os interessados; criou para isto um clima de franqueza e de compreensão mútua.
Como Obter A Cooperação Dos Dirigidos
Já vimos que o líder procura, antes de tudo, comprender as pessoas. Para isto ele tem de sentir dois pontos essenciais que os empregados costumam esperar de seus chefes. São pontos que descreveremos a seguir:
Recompensa Do Esforço
A maioria das pessoas foi acostumada durante a infância a receber castigo e, só às vezes, a ver seu esforço recompensado. Falamos “às vezes” porque, infelizmente, todo o mundo procura os erros dos outros e castiga-os, mas muito mais raramente se procura as qualidades de cada um e se toma providência para que o esforço pessoal seja recompensado. Podemos, sem exagero, afirmar que estamos vivendo na civilização do castigo. Quem fala em castigo, fala em medo, culpabilidade e angústia; é esse o ambiente que encontramos, geralmente, nas empresas. Ora, a pedagogia e a psicologia modernas ensinam que se castigo dá, “às vezes”, resultado, o prêmio, a recompensa do esforço de cada um dá muito mais ainda. Não custa nada chamar um operário e dizer-lhe “estou satisfeito com o seu trabalho!” Isto terá um grande significado para o trabalhador, que passa a perceber que seu esforço está sendo reconhecido. Com isto ele cooperará melhor.
Salário Justo
Não adianta querer ser líder senão existe sistema de salário justo, e se há, por exemplo, operários com cinco anos de casa que percebem menos que os que entraram recentemente, ou se um trabalhador que produz 800 peças por hora ganha a mesma coisa que um trabalhador que só produz 200 no mesmo tempo.
Promoção
O trabalhador tem de sentir que há possibilidades de progredir dentro da empresa e de ser promovido. Se ele sente que tem aptidões para ser promovido a um cargo de mestria e, sem mesmo tentar experimentá-lo neste cargo, em caso de vaga, se contrata alguém de fora da empresa, este trabalhador sentir-se-á profundamente magoado e por isto mesmo baixará a sua produção.
Compreensão
O trabalhador quer ser tratado com paciência quando está por algum motivo impossibilitado de render como de costume. Ele quer que seu chefe compreenda que ele também é um ser humano que tem as suas preocupações, as suas dificuldades e as suas doenças. Ele será profundamente grato se o seu chefe ouvir suas razões e renderá o dobro no período sucessivo à melhora de saúde.
Tratamento Cortês
Qualquer pessoa quer ser tratada com cortesia e corresponde muito mais ao que se espera dela se o seu dirigente observar as normas elementares de boas maneiras e de delicadeza, as quais, aliás, serão imitadas por todos.
Sentimento De Sua Importância
Sem o varredor, os escritórios e as oficinas ficariam uma imundícia. É preciso que o varredor sinta que seus chefes estão reconhecendo a importância de seu trabalho. Os que lerem esse trabalho poderão fazer a experiência; digam a um varredor que ele é importante, “que sem você isso ficaria uma sujeira”, e vão ver através dos seus olhos, de um sorriso, a sua satisfação e o seu agradecimento por se lhe reconhecer o valor do trabalho.
Respeito À Posição De Cada Um
Um gerente que dá ordens diretas a um subordinado de um chefe de sua equipe de direção, está com isto desprestigiando a autoridade do mesmo, enfraquecendo a sua posição e arriscando-se a magoar um de seus colaboradores. Qualquer pessoa que, por motivo de emergência, tomar uma iniciativa, afetar a outra, deve dar-lhe satisfação.
Participação Consciente Nos Objetivos
Fixando claramente os objetivos a alcançar, convidando os subordinados a estudarem juntos, periodicamente, como estes objetivos estão sendo alcançados, se desperta nas pessoas uma das maiores motivações: o sentimento de ser útil.
LIDERANÇA NO CRISTIANISMO
Discussão Preliminar
Observamos na primeira parte deste trabalho que, a maioria dos estudiosos do assunto, concordam que o atributo básico da liderança é a capacidade de influenciar seus liderados. Esse talvez seja o fator que determina o sucesso ou o fracasso de um líder. A partir daí começam as divergências de opiniões sobre como liderar e que tipo de influência deve ser exercida. No caso do cristianismo tem-se um objetivo distinto e um método próprio para se exercer a liderança, o que será estudado a seguir.
Na liderança cristã é preciso definir qual é o objetivo e o método a ser seguido pelos líderes cristãos, e este padrão se encontra na própria Bíblia.
No texto de Ef 4.11-16, o apóstolo Paulo fala acerca de Jesus afirma que: “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos... para a edificação ... até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus... à medida da plenitude de Cristo”, ou seja, afirma que o ministério cristão foi concedido para que a igreja tivesse gradual crescimento espiritual até que se alcançasse a imagem de Cristo que uma vez foi implantada em nós por ocasião do novo nascimento. Uma das finalidades desse crescimento é “... para que não sejamos mais como meninos agitados de um lado para outro e levados por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens e pela astúcia com quem induzem ao erro”, e o resultado disso é que “... todo corpo bem ajustado e consolidado... efetua o seu próprio aumento para edificação de si mesmo em amor”.
Aprovação
Na maioria das vezes pensamos que, pelo fato de termos nascido de novo, possuirmos o Espírito Santo, e conhecermos a base da doutrina cristã, já estamos capacitados a exercer funções mais complexas no reino de Deus. Porém a Bíblia mostra de uma maneira muito sutil que os grandes líderes tiveram que passar por um período ou por algum evento pelo qual foram provados e aprovados para determinadas obras. É o que sugere 2 Tm 2.15. O exemplo de Davi também é muito significativo. Todos nós conhecemos o grande feito de Davi ao derrotar o gigante Golias e que se tornou um marco na sua vida como ungido de Deus, porém o próprio Davi tinha confiança nessa vitória, pois como ele mesmo conta em 1 Sm 17.34-36: “... Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; e vinha um leão ou um urso e tomava uma ovelha do rebanho, e eu saía após ele, e o feria, e a livrava da sua boca; e, levantando-se ele contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria, e o matava. Assim, feria o teu servo o leão como o urso...”.
O que não entendemos muitas vezes é que Deus vai nos provar até que nos tornemos suficientemente preparados para determinada obra. Em 2 Tm 2.20-21 o apóstolo diz que “... numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata, há também de madeira e de barro. Alguns para honra, outros, porém, para desonra. Assim se alguém a si mesmo se purificar... será utensílio para honra... estando reparado para toda boa obra”. Em Rm 9.21 o apóstolo também diz que “... não tem o oleiro direito sobre a massa para do mesmo barro fazer um vaso de honra e outro para desonra.” O problema é que o Oleiro, para transformar alguém em vasos de honra precisa quebrá-lo para retirar dele as impurezas contidas no barro e refazê-lo para que esteja pronto para ser cozido no fogo sem quebrar, ou seja, o Senhor precisa constantemente quebrar-nos para retirar de nós as coisas que não o agrada e que futuramente seriam determinantes para o nosso fracasso. Só assim poderemos suportar o fogo da provação.
Tipos De Liderança
Não obstante, sabermos que, existem diferentes tipos de igrejas, diferentes tipos de líderes e diferentes tipos de liderados, contudo, a Bíblia não determina qual deve ser nosso estilo pessoal de liderança, apesar de indicar requisitos básicos para espiritualidade e moral do líder. Portanto o estilo do líder é forjado de acordo com as circunstâncias do momento, sua personalidade, as necessidades do povo e do plano de Deus para determinada igreja. Partindo disso encontramos diversas maneiras de encarar o ministério ao mesmo tempo em que podem ser cumpridos os requisitos bíblicos.
No tópico “triângulo da direção”, abordado na primeira parte deste trabalho, apresentamos ali, três tipos de direção, como segue: a direção autocrática ou ditatorial; a direção laissez-faire ou deixa como está para ver como é que fica; a direção-liderada ou liderança. A estas, acrescentaremos o modelo cristão de liderança. Vamos, então, transferir estes tipos de direção para o campo eclesiástico, apresentando suas vantagens e desvantagens:
A Direção Autocrática Ou Ditatorial
É um tipo de líder que geralmente conta com a eclesiologia local para tomar todas as decisões necessárias para o andamento da obra, sem consultar os liderados.
a) Vantagens: É mais fácil o Senhor falar com um homem do que com vários. Exige mais responsabilidade por parte de quem toma decisões. Impede que falsos cristãos infiltrados na obra tenham voz ativa.
b) Desvantagens: Existe a possibilidade de um falso líder tirar proveito do povo. Nem sempre um homem só tem uma visão geral dos assuntos a serem decididos. Não dá oportunidade para que outros líderes despontem. Dá oportunidade para se perpetuar determinados erros.
A Direção-Liderada Ou Liderança
É o tipo de líder que procura participação dos liderados.
A) Vantagens:
Mais gente pode realizar determinado trabalho tornando-o mais frutífero. Dá oportunidade para os crentes crescerem ao realizar os trabalhos. O líder não é responsabilizado quando as decisões não surtem efeito.
B) Desvantagens:
Propicia a formação de grupos com interesses próprios (panelas). O líder pode contar com um grupo pouco espiritual e que tenha dificuldades para tomar decisões corretas.
Laissez-Faire
É o tipo de líder que não interfere diretamente no andamento da obra. Deixa que os outros tomem decisões sem sua participação e apenas exerce uma função de mediador de interesses diversos.
A) Vantagens:
Quase nenhuma.
B) Desvantagens:
O líder acaba perdendo sua autoridade, tornando-se desnecessário. O povo fica sem direção e sem crescimento.
Modelo Cristão
É o tipo de líder que se espelha em Cristo e em seus ministros procurando um padrão de conduta para exercer o ministério. É o líder que procura ganhar a confiança de seus liderados atendendo aos requisitos bíblicos sem desmerecer sua responsabilidade, sabendo aproveitar a capacidade dos outros e acima de tudo se entrega com amor ao seu ministério. O líder cristão não segue os padrões e estilos de liderança do mundo. São humildes, mas não enfraquecidos; dependentes de Deus, mas não sem iniciativa; ousados, mas em moderação; confiantes, sem perder a perspectiva; se precaver de seus liderados, mas sem perder a confiança neles; enfim, não se baseia em suas experiências de liderança, mas tem a direção do Senhor.
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