TEONTOLOGIA - OS ATRIBUTOS DE DEUS - PARTE I E II
TEONTOLOGIA - OS ATRIBUTOS DE DEUS PARTE I
ESSÊNCIA, NATUREZA DE DEUS
Quando
falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que é essencial ao Seu
Ser como Deus, isto é, substância e atributos.
SUBSTÂNCIA
DE DEUS
Há
duas substâncias: matéria e espírito.
Deus
é uma substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem mistura com
a matéria (João 4:24).
ATRIBUTOS
DE DEUS
Sua
substância é Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades dessa
substância. Atributos é a manifestação do Ser de Deus.
Deus
não pode ser totalmente compreendido pela mente humana. Portanto, a teologia o
faz de forma limitada, canalizando as qualidades de Deus, ou seus atributos.
Baseia-se no que ele revelou a seu respeito nas Escrituras. Tais descrições
apontam igualmente para o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Compreender
a Deus em sua plenitude seria tão difícil como encerrar o Oceano Atlântico numa
xícara; mas ele se tem revelado a si mesmo o suficiente para esgotar a nossa
capacidade. A classificação seguinte talvez nos facilite a compreensão:
CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS: NATURAIS E
MORAIS
São
assim chamados os que envolvem sua essência (ex.: eternidade, imutabilidade) e
seus atributos morais (ex.: santidade, justiça).
Os
atributos de Deus também são chamados Também de "intransitivos e
transitivos", "incomunicáveis e comunicáveis", "absolutos e
relativos", "negativos e positivos" ou "imanentes e
emanentes".
ATRIBUTOS
INCOMUNICÁVEIS E COMUNICÁVEIS
Os
atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus. Apenas Ele tem essas
qualidades e elas não podem ser transmitidas (comunicadas) a nenhum ser criado.
Deus não compartilha tais atributos com o homem. Por sua vez, os atributos
comunicáveis foram impressos na humanidade na criação.
ATRIBUTOS NATURAIS
SIMPLICIDADE
Significa
que Deus não é um ser composto nem tem partes distintas. Está relacionada à
essência de Deus e não é contrária à doutrina da Trindade. Apesar de ser
triúno, Deus não é composto de muitas partes ou substâncias.
Um
aspecto da simplicidade de Deus é "Deus é espírito" (Jo 4.24). Em
contraste, os seres humanos são tanto espírito como matéria. Na encarnação,
Jesus se tornou carne, mas o Deus-homem sempre foi espírito. Isso nos garante
que Deus sempre será Espírito e nos capacita a adorá-lo em espírito, isto é,
não de maneiras materiais.
VIDA
Deus
tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (João 10:10; Salmos
94:9,10; II Crônicas 16:9; Atos 14:15; I Tessalonicenses 1:9).
Quando
a Bíblia fala do olho, do ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A
isto se dá o nome de antropomorfismo. Deus é vida (João 5:26; 14:26) e o
princípio de vida (Atos 17:25,28).
ESPIRITUALIDADE
Deus,
sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem partes ou
paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais (João
4:24; Deuteronômio 4:15-19,23; Hebreus 12:9; Isaías 40:25; Lucas 24:39; Colossenses
1:15; I Timóteo .1:17; II Coríntios .3:17).
PERSONALIDADE
Existência
dotada de auto-consciência e auto-determinação (Êxodo 3:14; Isaías 46:11).
a)
Volição ou vontade = querer (Isaías 46:10; Apocalipse 4:11).
b)
Razão ou intelecto = pensar (Isaías 14:24; Salmos 92:5; Isaías 55:8).
c) Emoção ou sensibilidade = sentir
(Gêneses 6:6, I Reis 11:9, Deuteronômio 6:15; Provérbios 6:16; Tiago 4:5).
UNIDADE
Significa
que só existe um Deus e que ele é indivisível.
Essa
qualidade foi especialmente enfatizada no AT (Dt 6.4). O NT, mesmo trazendo uma
clara revelação da Trindade, afirma a unidade de Deus (Ef 4.6; 1Co 8.6; 1 Tm
2.5).
Isso
quer dizer que as pessoas da Trindade não são essências separadas.
TRI-UNIDADE:
UNIDADE DE SER
Há
no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua natureza
constitucional.
A
palavra hebraica que significa um no sentido absoluto é yacheed (Gêneses 22:2),
isto é, uma unidade numérica simples. Essa palavra não é empregada para
expressar a unidade da divindade.
A
unidade da divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um.
(João 10:30).
Jesus
está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito. (João
17:11,21-23, I João 5:7).
TRINDADE
DE PERSONALIDADE
Há
três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A
palavra hebraica que significa um no sentido de único é (echad) que se refere a
uma unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a unidade da
divindade. Esta palavra é usada em Deuteronômio 6:4; Gêneses 2:24 e Zacarias
14:9 Veja também (Deuteronômio 4:35;32:39; I Crônicas 29:1; Isaías
43:10;44:6;45:5; I Reis 8:60; Marcos 10:9;12:29; I Coríntios 8:5,6; I Timóteo
.2:5; Tiago 2:19; João 17:3; Gálatas 3:20;Ef. 4:6).
ELOHIM - Este nome está no plural e não concorda com
o verbo no singular quando designativo de Deus (Gêneses 1:26;3:22;
11:6,7;20:13;48:15; Isaías 6:8)
HÁ
DISTINÇÃO DE PESSOAS NA DIVINDADE -
Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se referindo à outra (Gêneses
19:24; Oséias.1:7; Zacarias 3:1,2; II Timóteo .1:18; Salmos 110:1; Hebreus
1:9).
AUTO
EXISTÊNCIA
Um
grande teólogo por nome Eusébio Sofrônio Jerônimo disse: Deus é a origem de Si
mesmo e a causa de Sua própria substância. Jerônimo estava errado, pois Deus
não tem causa de existência, pois não criou a Si mesmo e não foi causado por
outra coisa ou por Si mesmo; Ele nunca teve início.
Ele
é o Eterno EU SOU (Êxodo 3:14), portanto Deus é absolutamente
independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu
Ser. Deus é a razão de sua própria existência (João 5:26; Atos 17:24-28; I
Timóteo .6:15,16).
INFINIDADE
OU PERFEIÇÃO
É
o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e em
seus atributos (Jó.11:7-10; Mateus 5:48). A infinidade de Deus se contrasta com
o mundo finito em sua relação tempo-espaço.
Significa
que Deus não tem limites ou limitações. Não é limitado nem pelo tempo, nem pelo
espaço. As Escrituras descrevem essa qualidade divina (1 Rs 8.27; At 17.24-28).
Infinitude não é o mesmo que onipresença. A infinitude aponta mais para a
transcendência de Deus (já que não está limitado pelo espaço) e a onisciência
aponta para a imanência de Deus (já que está presente em todos os lugares).
ETERNIDADE
A
infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno (
Salmos 90:2; 102:12,24-27; Salmos 93:2; Apocalipse 1:8; Deuteronômio 33:27;
Hebreus 1:12). A eternidade de Deus não significa apenas duração prolongada,
para frente e para traz, mas sim que Deus transcende a todas as limitações
temporais (II Pedro 3:8) existentes em sucessões de tempo.
Deus
preenche o tempo. Nossa vida se divide em passado, presente e futuro. Mas não
há essa divisão na vida de Deus. Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima de
todos os limites temporais e de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade
de sua existência num único presente indivisível (Isaías 57:15).
O
atributo da eternidade significa que Deus não tem começo nem fim. Sua
existência é eterna, tanto no passado como no futuro, sem interrupções ou
limitações causadas por uma sucessão de eventos. A auto-existência de Deus está
intimamente ligada com sua eternidade, pois, por não ter começo, ele não foi
criado por outro, existindo por si só. A Bíblia fala da eternidade de Deus (Sl
90.2; Gn 21.33).
Uma
das implicações da eternidade de Deus é que ela nos dá muito conforto, visto
que ele nunca deixará de existir e que seu controle sustentador e providencial
de todas as coisas e eventos está assegurado.
IMENSIDÃO
A
infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou imensidade.
Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó 36:5,26; Jó.37:22,23; Jeremias 22:18;
Salmos 145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende
(ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente em todos os
pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é panteísmo).
A
imensidão de Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão
ilimitada no espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente no
espaço (intra-mundano ou imanente = dentro do mundo – Salmos 139:7-12; Jeremias
23:23,24) e fora do espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano = além
do mundo; emanente = fora do mundo - I Reis 8:27; Isaías 57:15).
TEONTOLOGIA
- OS ATRIBUTOS DE DEUS – PARTE II
ONIPRESENÇA
Significa
que Deus está presente em todos os lugares. O texto mais usado para falar sobre
a onipresença de Deus é (Sl 139.7-10). Onipresença não é o mesmo que panteísmo,
que iguala o universo a Deus. Há distinção entre Deus e a criação, apesar de a
sua presença estar em toda parte. Ele não se torna difuso ou transposto pelo
universo. Aprendemos com a onipresença que ninguém pode fugir de Deus e que ele
está presente em todas as circunstâncias da nossa vida.
É
quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no espaço
enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é imanente em
todas as Suas criaturas e em toda a criação.
A
imanência não deve ser confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo
que ensina que Deus está presente no mundo apenas com seu poder (per
portentiam) e não com a essência e natureza de ser Ser (per essentiam et
naturam) e que age sobre o mundo à distância.
Deus
ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o espaço e não está ausente
em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa parte que noutra
(Salmos 139:11,12).
Deus
ocupa o espaço variavelmente porque Ele não habita na terra do mesmo modo que
habita no céu, nem nos animais como habita nos homens, nem nos ímpios como
habita nos piedosos, nem na Igreja como habita em Cristo (Isaías 66:1; Atos
17:27,28; Compare Efésios 1:23 com Colossenses 2:9).
IMUTABILIDADE
Significa
que Deus não muda. Não quer dizer que ele esteja imóvel ou inativo, mas que não
se altera,cresce ou se desenvolve. A Bíblia ensina sobre a imutabilidade de
Deus (Ml 3.6; Tg 1.17). Um problema levantado dentro desse assunto é: Deus se
arrepende? (Gn 6.6). Na verdade, tal linguagem não corresponde ao que, como
homens, vivenciamos no arrependimento.
Tanto
a imutabilidade como a sabedoria e onisciência de Deus tornam vazias as ideias
de que ele muda seus planos eternos ou que se arrepende de algo que fez. Nesse
caso, o arrependimento é mais uma linguagem antropomórfica (ver Gn 6.6 no que
fala do coração de Deus).
Há
também o problema de vermos Deus tratando fatos iguais de maneiras diferentes
durante a história. Isso também não quer dizer que Deus mude, mas que ele
executa seu plano para com o homem durante a história conforme seus eternos
propósitos.
A
imutabilidade de Deus também nos conforta e encoraja, pois sabemos que suas
promessas não falharão (Ml 3.16; 2 Tm 2.13). Deus também mantém sempre a mesma
atitude contra o pecado.
É
o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua natureza,
em seus atributos e em seu conselho.
A
"BASE" PARA A IMUTABILIDADE DE DEUS:
É Sua simplicidade, eternidade, auto-existência e perfeição.
1-
Simplicidade porque sendo Deus uma substância simples, indivisível, sem
mistura, não está sujeito a variação (Tiago 1:17).
2-
Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e circunstâncias do tempo,
por isso Ele não muda (Salmos 102:26,27; Hebreus 1:12 e 13:8).
3-
Auto-existência porque uma vez que Deus não é causado, mas existe em Si mesmo,
então Ele tem que existir da forma como existe, portanto sempre o mesmo (Êxodo
3:14).
4-
E perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo Deus absolutamente
perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais
misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável como a rocha
(Deuteronômio 32:4).
IMUTABILIDADE
NÃO SIGNIFICA IMOBILIDADE: Nosso Deus é um
Deus de ação e muito dinâmico (Isaías 43:13).
IMUTABILIDADE IMPLICA EM NÃO
ARREPENDIMENTO: Alguns versículos
falam de Deus como se Ele
se arrependesse (Êxodo 32:14, II Samuel
24:16, Jeremias 18:8; Joel 2:13), trata-se
de antropomorfismo (Números 23:19; Romanos 11:29; I Samuel
15:29; Salmos 110:4).
IMUTABILIDADE
DE DEUS EM SUA NATUREZA: Deus é perfeito em
sua natureza por isso não muda nem para melhor nem para pior (Malaquias
3:6).
IMUTABILIDADE
DE DEUS EM SEUS ATRIBUTOS: Deus é imutável em
suas promessas (I Reis 8:56; II Coríntios .1:20); em sua misericórdia (Salmos
103:17; Isaías 54:10); em sua justiça (Ezequiel 8:18); em seu amor (Gêneses
18:25,26).
ONISCIÊNCIA
Deus
sabe todas as coisas de modo pleno sem esforço algum. Não há coisas ou assuntos
que ele não conheça melhor que outros. Ele conhece tudo igualmente bem. Deus
nunca tem dúvidas, nem busca respostas (a não ser quando, de modo didático,
inquire os homens para o próprio bem deles). As Escrituras enaltecem o
conhecimento ilimitado de Deus (Sl 139.16; 147.4). O fato de sabermos sobre a
onisciência de Deus deve nos trazer segurança, conforto e sobriedade (Hb 4.13).
Atributo
pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio e a
todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples.
O
conhecimento de Deus tem suas características:
É ARQUÉTIPO:
Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria ideia anterior à sua
existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não
é obtido de fora, como o nosso (Romanos 11:33,34).
É INATO E IMEDIATO:
Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó 37:16)
É SIMULTÂNEO:
Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e
não de forma fragmentada uma após outra (Isaías 40:28).
É COMPLETO:
Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Salmos 147:5).
CONHECIMENTO
NECESSÁRIO: Conhecimento que Deus tem de Si mesmo
e de todas as coisas possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de
sua onipotência. É chamado necessário porque não é determinado por uma ação da
vontade divina.
Por
exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque não é da
vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Habacuque 1:13) Deus não pode nem
quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma ação de Sua
vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto divino
(observa II Coríntios 5:21 onde o termo grego "ginosko" é usado).
CONHECIMENTO
LIVRE: É aquele que Deus tem de todas as
coisas reais, isto é, das coisas que existiram no passado, que existem no
presente e existirão no futuro. É também chamado "visionis", isto é,
conhecimento de vista.
PRESCIÊNCIA: Significa conhecimento prévio; conhecimento de
antemão. Como Deus pode conhecer previamente as ações livres dos homens ? Deus
decretou todas as coisas, e as decretou com suas causas e condições na exata
ordem em que ocorrem, portanto sua presciência de coisas contingentes (I Samuel
23:12; II Reis 13:19; Jeremias 38:17-20; Ezequiel 3:6 e Mateus 11:21) apoia-se
em seu decreto.
Deus
não originou o mal, mas o conheceu nas ações livres do homem (conhecimento
necessário), o decretou e pré conheceu os homens. Portanto a ordem é:
conhecimento necessário, decreto, presciência.
A
presciência de Deus é muito mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e
seu uso no Novo Testamento é empregado como na LXX que inclui Sua escolha
efetiva (Números 16:5; Juízes 9:6; Amós 3:2).
Veja
Romanos 8:29; I Pedro 1:2; Gálatas 4:9. Como se processou o conhecimento
necessário de Deus nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as
decretasse?
A
liberdade humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que
pende numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias
considerações intelectuais e caráter
(lubentiarationalis
= auto-determinação racional). Liberdade não é arbitrariedade e em toda ação
racional há um porquê, uma razão que decide a ação.
Portanto
o homem verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível, mas o homem
seguro.
A
liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente Onisciente sabem quais
são (João 2:24,25).
Em
resumo, a presciência é um conhecimento livre (scientia libera) e, logicamente procede
do decreto, "... segundo o decreto sua vontade" (Efésios 1:11).
SABEDORIA
A
sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de meios e
fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios possíveis para a
consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o
Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados possível com os
melhores meios possíveis
Uma
definição ainda melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a
perfeição de Deus pela qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos seus
fins de um modo que o glorifica o máximo (Romanos 11:33-36; Efésios 1:11,12;
Colossenses 1:16).
Encontramos
a sabedoria de Deus na criação (Salmos 19:1-7; Salmos 104), na redenção ( I
Coríntios 2:7; Efésios 3:10).
A
sabedoria é personificada na Pessoa do Senhor Jesus (Provérbios 8 e I Coríntios
1:30; Jó.9:4; veja também Jó 12:13,16).
ONIPOTÊNCIA
Deus
pode fazer qualquer coisa compatível com sua própria natureza. Mesmo podendo
tudo, o que ele escolhe fazer ou não tem motivos que só ele conhece. A Bíblia
está repleta de textos que falam sobre a onipotência de Deus (Gn 17.1; Ex 6.3;
2Co 6.18; Ap 1.8).
A
onipotência de Deus tem limites, a saber:
-
Limitações naturais (Tt 1.2; Tg 1.13, 2Tm 2.13).]
-
Limitações autoimpostas (Gn 9.11; At 12.2).
-
Limitações por definição (ex.: 2+2=6 ou um triângulo de 4 pontas).
Essas
limitações não tornam Deus imperfeito. Sua perfeição tem a coerência como fator
integrante. A perfeição de Deus não permite que ele se torne imperfeito no uso
da sua onipotência. O mais importante é que Deus não pode fazer coisas erradas.
Em relação ao cristão, o poder de Deus é principalmente relevante quanto ao
Evangelho (Rm 1.16), à segurança (1Pe 1.5) e à ressurreição (1Co 6.14).
É
o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer
coisa que Ele queira.
A
onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é
incoerente com a natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do
passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta
do que uma reta. Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição
infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno d’Ele.
O
poder de Deus é distinguido de duas maneiras:
1- Potentia
Dei absoluta = absoluto poder de Deus
2- Potentia
Dei ordinata = poder ordenado de Deus.
HODGE
E SHEDD - Definem o poder absoluto de
Deus como a eficiência divina, exercida sem a intervenção de causas
secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de Deus, exercida pela
ordenada operação de causas secundárias.
CHANOCK - Define o poder absoluto como aquele pelo
qual Deus é capaz de fazer o que Ele não fará, mas que tem possibilidade de ser
feito, e o poder ordenado como o poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer,
isto é, o que Ele ordenou ou marcou para ser posto em exercício; os quais não
são poderes distintos, mas um e o mesmo poder.
O
seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse poder
para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo o que Ele
deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como a perfeição
pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode realizar tudo
quanto está presente em Sua vontade ou conselho.
E'
óbvio, porém, que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou
realizar (Gêneses 18:14; Jeremias 32:27; Zacarias 8:6; Mateus 3:9; Mateus
26:53).
Entretanto
há muitas coisas que Deus não pode realizar: Ele não pode mentir, pecar, mudar
ou negar-se a Si mesmo (Números 23:19; I Samuel 15:29; II Timóteo 2:13; Hebreus
6:18; Tiago 1:13,17; Hebreus 1:13; Tito 1:3), isto porque não há poder absoluto
em Deus, divorciado de Sua perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer
todo tipo de coisas contraditórias entre Si (Jó 11:7).
Deus
faz somente aquilo que quer fazer (Salmos 115:3; Salmos 135:6).
EL-SHADDAI - A onipotência de Deus se expressa no nome
hebraico El-Shaddai traduzido por Todo-Poderoso (Gêneses 17:1; Êxodo 6:3;
Jó.37:23 etc.)
EM
TODAS AS COISAS: A onipotência de Deus abrange todas
as coisas (I Crônicas 29:12), o domínio sobre a natureza (Salmos 107:25-29;
Naum 1:5,6; Salmos 33:6-9; Isaías 40:26; Mateus 8:27; Jeremias 32:17;Romanos
1:20), o domínio sobre a experiência humana (Salmos 91:1; Daniel 4:19-37; Êxodo
7:1-5; Tiago 4:12-15; Provérbios .21:1; Jó 9:12; Mateus 19:26; Lucas 1:37), o
domínio sobre as regiões celestiais (Daniel 4:35; Hebreus 1:13,14; Jó 1:12; Jó
2:6)
NA
CRIAÇÃO, NA PROVIDÊNCIA E NA REDENÇÃO:
Deus manifestou o seu poder na criação (Romanos 4:17; Isaías 44:24), nas obras
da providência (I Crônicas 29:11,12) e na redenção (Romanos 1:16; I Coríntios
1:24).
SOBERANIA
OU SUPREMACIA
Significa,
em primeiro lugar, que Deus é o ser supremo do universo e, em segundo lugar,
que ele é o poder supremo do universo.
Deus
exerce o poder total sobre todas as coisas, mesmo que possa escolher deixar que
tudo aconteça seguindo leis naturais que ele mesmo estabeleceu.
A
Bíblia revela que Deus tem um plano abrangente (Ef 1.11), que tudo está sob o
controle dele (Sl 135.6), mesmo o mal, ainda que o Senhor não se envolva com
ele (Pv 16.4) e que seu principal objetivo é o louvor da sua glória (Ef 1.14).
Atributo
pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as coisas criadas,
determinando-lhe o fim que desejar (Gêneses 14:19; Neemias 9:6; Êxodo 18:11;
Deuteronômio 10:14,17; I Crônicas 29:11; II Crônicas 20:6; Jeremias 27:5; Atos
17:24-26; Judas 4; Salmos 22:28; 47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13;
Apocalipse 19:6).
VONTADE
OU AUTO-DETERMINAÇÃO
A
perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente simples, dirige-se à Si
mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às Suas criaturas por
amor do Seu nome (Isaías 48:9,11,14; Ezequiel 20:9,14,22,44; Ezequiel
36:21-23).
A
vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas
diferentes palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule,
thelema).
VONTADE
PRECEPTIVA - Na qual Deus estabeleceu
preceitos morais para reger a vida de Suas criaturas racionais. Esta vontade
pode ser desobedecida com freqüência (Atos 13:22; I João 2:17; Deuteronômio
8:20).
VONTADE
DECRETÓRIA - Pela qual Deus projeta ou
decreta tudo o que virá a acontecer, quer pretenda realizá-lo causativamente,
quer permita que venha a ocorrer por meio da livre ação de suas criaturas (Atos
2:23; Isaías 46:9-11).
A
vontade decretória é sempre obedecida.
A
vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao propósito em
realizar algo.
VONTADE
DE EUDOKIA - Na qual Deus deleita-se com
prazer em realizar um fato e com desejo de ver alguma coisa feita. Esta
vontade, embora não se relacione com o propósito de fazer algo, mas sim com o
prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo que será realizado com
certeza, tal como acontece com a vontade decretória (Salmos 115:3; Isaías
44:28; Isaías 55:11).
VONTADE
DE EURESTIA - Na qual Deus deleita-se com
prazer ao vê-la cumprida por Suas criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a
Deus apraz que Suas criaturas façam, mas que pode ser desobedecido, tal como
acontece com a vontade preceptiva (Isaías 65:12).
A
Vontade de Eudokia não se refere somente ao bem, e nela não está sempre
presente o elemento de deleite (Mateus 11:26). A vontade de Eudokia e a vontade
de Eurestia relacionam-se ao prazer em realizar algo.
VONTADE
DE BENEPLACITUM - Também chamada Vontade Secreta.
Abrange todo o conselho secreto e oculto de Deus. Quando esta vontade nos é
revelada, ela torna-se na Vontade do Signum ou Vontade Revelada. A
distinção entre a vontade de beneplacitum e a vontade de signum encontra-se em
Deuteronômio.29:29.
A
VONTADE SECRETA - É mencionada em Salmos 115:3;
Daniel 4:17,25,32,35; Romanos 9:18,19; Romanos 11:33,34; Efésios 1:5,9,11,
enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mateus 7:21; Mateus 12:50; João
4:34; João 7:17; Romanos 12:2. Esta vontade está mui perto de nós (Deuteronômio
30:14; Romanos 10:8).
A
vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que Ele quer efetuar ou
permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo portanto,
absolutamente fixa e irrevogável.
LIBERDADE
A
perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e
livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há
também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera =
vontade livre.
Na
vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão, mas age de acordo com a
lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si próprio e quer a Sua
natureza santa.
Deus
necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições.
Deus
independe das suas criaturas e da sua criação. Não há qualquer criatura que
impeça Deus ou que o obrigue a algo. Isaías expõe a liberdade e a independência
de Deus com uma pergunta retórica (Is 40.13,14). Jesus mostrou que Deus exerce
sua liberdade ao executar livremente sua vontade (Mt 11.26). Isso significa que
Deus é livre para tudo ? Na verdade, ele é limitado apenas pela sua própria
natureza.
Assim,
a santidade dele o impede de pecar e a eternidade dele o impede de morrer. A
perfeição de Deus não é afetada por esse tipo de limitação e sim mantida.
A
liberdade de Deus nos mostra que ele não tem quaisquer obrigações para conosco
a menos que ele mesmo queira se comprometer. Desse modo, não temos qualquer
direito de fazer cobranças a Deus.
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