BIBLIOLOGIA - A COMPOSIÇÃO DA BÍBLIA
A
Composição Da Bíblia
A
mensagem da Bíblia é completa. Ela incorpora cada capítulo e cada versículo em
sua perfeita unidade, e todas as suas partes são interdependentes. O domínio de
qualquer parte exige o domínio do todo. Se houver tolerância de ênfase
desproporcional ou indulgência para com modismos nas doutrinas, pouco progresso
se obterá na sua exata compreensão. Os sessenta e seis livros, que por
disposição divina formam este todo incomparável, estão divididos em duas partes
principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento, e estes Testamentos se
prestam ao esclarecimento de dois propósitos divinos supremos: aquilo que é
terreno e aquilo que é celestial. Os livros do Antigo Testamento estão
classificados em históricos: de Gênesis a Ester; poéticos: de Jó aos Cantares
de Salomão; e proféticos: de Isaías a Malaquias. Os livros do Novo Testamento
se classificam em históricos: de Mateus a Atos; epistolares: de Romanos a
Judas; e proféticos: o Apocalipse. No que se refere à Pessoa de Cristo (que é o
tema central de toda a Escritura), o Antigo Testamento é classificado como
preparação; os quatro Evangelhos como manifestação; os Atos como propagação; as
Epístolas como explanação; e o Apocalipse como consumação. A análise essencial
de cada livro, cada capítulo e cada versículo, pertence a outras disciplinas do
treinamento do estudante e não à Teologia Sistemática.
Composição
Do Antigo Testamento
A
palavra testamento vem do termo grego "diatheke", e significa:
a) Aliança
ou concerto, e
b) Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de
alguém quanto à distribuição de seus bens, após sua morte.
Esta
é a palavra empregada no Novo Testamento, como por exemplo, em Lucas 22.20. No
Antigo Testamento, a palavra usada é "berith" que significa apenas
concerto. O duplo sentido do termo grego nos mostra que a morte do testador
(Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantindo-nos toda a herança com
Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17).
Tem,
portanto, 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de
pequenos trechos que o foram em aramaico. O aramaico foi a língua que Israel
trouxe do seu exílio babilônico. Há também algumas palavras persas. Seus 39
livros estão classificados em 4 grupos, conforme os assuntos a que pertencem:
Lei, História, Poesia, Profecia. O grupo ou classe poesia também é conhecido
por devocional.
a) LEI.
São
5 livros: Gênesis a Deuteronômio. São comumente chamados de Pentateuco.
b) HISTÓRIA.
São
12 livros: de Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel nos seus vários
períodos:
a) Teocracia, sob os juízes.
b) Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão.
c)
Divisão do reino e cativeiro,
contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este levado em cativeiro para a
Assíria, e aquele para Babilônia.
d)
Pós-cativeiro, sob Zorobabel, Esdras e Neemias, em
conjunto com os profetas contemporâneos.
c) POESIA.
São
5 livros: de Jó a Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque sejam
cheios de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. São
também chamados devocionais.
d) PROFECIA.
São
17 livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em: Profetas Maiores:
Isaías a Daniel (5 livros) e Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12 livros).
Os
nomes maiores e menores não se referem ao mérito ou notoriedade do profeta mais
ao tamanho dos livros e à extensão do respectivo ministério profético.
A
classificação dos livros do Antigo Testamento, por assunto, vem da versão
Septuaginta, através da Vulgata, e não leva em conta a ordem cronológica dos
livros, o que, para o leitor menos avisado, dá lugar a não pouca confusão,
quando procura agrupar os assuntos cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é
o nosso Antigo Testamento), a divisão dos livros é bem diferente.
Nas
Bíblias de edição católico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados
1, 2, 3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2
Paralipômenos. Esdras e Neemias são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas edições
católicas de Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde em Almeida aos
Salmos 9 e 10. O de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 a
147, que nas nossas Bíblias são o de número 147. Deste modo, os três salmos
finais são idênticos em qualquer das versões acima mencionadas. Essas
diferenças de numeração em nada afetam o texto em si, e não poderia ser doutra
forma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor!
O
Texto E Estrutura Da Bíblia
Particularidades
Do Texto
Apesar
da grande diversidade de traduções, edições e publicações existentes hoje não
só na língua portuguesa, mas como em muitos outros idiomas, relacionamos abaixo
algumas particularidades interessantes, a saber, para melhor interpretação e
estudo da Bíblia :
a)
As palavras em Itálico
Não
constam do original. Foram introduzidas na tradução para completar o sentido do
texto ou facilitar sua interpretação. Muitas vezes acabam permitindo duplo
sentido exegético.
b)
O uso da margem
Muitas
Bíblias têm na margem de determinados trechos, a tradução literal do hebraico
ou do grego. Às vezes, têm uma tradução diferente quando o caso é duvidoso. São
muito úteis essas notas marginais.
c)
O sumário dos capítulos
São
preparados pelos editores, e nada têm com a inspiração e o texto original. As
exceções são algumas frases introdutórias de certos Salmos, como o 4, 5, 6, 7,
8, 9, 22, 32, 45, 46, 53, 56, 69, 75 etc. Tais sumários nem sempre correspondem
aos capítulos aos quais se referem. Há casos até negativos, como a parábola dos
Dez Talentos", quando não são dez; a "Parábola do Rico e
Lázaro", quando não se trata de parábola, e assim por diante.
d)
A divisão do texto bíblico em capítulos e versículos.
Não
vem do original. A primeira Bíblia que trouxe essa divisão foi a Vulgata, em
1555. Em muitos casos, a divisão tanto em capítulos como em versículos, quebra
o sentido, parte o texto e altera toda a linha de pensamento. Exemplo de
capítulos: Isaías 53, que devia começar em Isaías 52.13, João 8, devia começar
em João 7.53; 2 Reis 7 devia começar em 2 Reis 6.24; o capítulo 3 de
Colossenses devia terminar em Colossenses 4.1; Atos 5 devia começar em 4.36. Com
a divisão em versículos, acontece a mesma coisa, por exemplo: Efésios 1.5 devia
começar com as duas últimas palavras de Efésios 1.4; 1 Coríntios 2.9 e 2.10
deviam formar um só versículo. Na Epístola aos Romanos, bem como em Efésios, há
diversos casos desses. Também a divisão em versículos não é a mesma em todas as
versões: Dn 3.24-30 da ARC, corresponde à Dn 3.91-97 na Matos Soares; Lc 20.30
na ARC, corresponde à Lc 20.30,31 na “Brasileira".
e)
A divisão do texto em parágrafos é muito útil para a sua compreensão.
O Salmo 2, por exemplo, contém 5 parágrafos, tendo cada um aplicação diferente (vv. 1-3, 4-6, 7-9, 10-12a; 12b). Uma versão em português que indica os parágrafos é a ARA, com um tipo negrito cada vez que isso ocorre. Há versões em outras línguas que dão tanta importância à essa divisão, que, para maior comodidade do leitor, imprimem o próprio sinal gráfico para parágrafo.
BIBLIOLOGIA - PENTATEUCO E HISTÓRICOS -
ESTRUTURA E ENSAIO
Introdução
São cinco os Livros do Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Esses primeiros cinco livros da Bíblia são chamados "a Lei". Podemos considerá-los como um único livro, embora incluam toda sorte de escritos: narrativas, leis, instruções sobre o culto e as cerimônias religiosas, sermões e genealogias. Mas, de qualquer modo, estes livros possuem tema comum. Depois das narrativas sobre os primórdios do mundo em Gn 1-11, contam a história do povo de Deus desde a vocação de Abraão até a morte de Moisés, compreendendo um período de cerca de 600 anos, ou seja, de aproximadamente 1800 até 1250 a.C. O Gênesis contém a história dos fundadores de Israel : Abraão, Isaac, Jacó e José. Os outros livros da Lei são dominados pela figura de Moisés, o grande líder dos israelitas. A idéia de uma comunidade que obedece à vontade de Deus é o centro destes livros, e por isso lhes deu o nome hebraico de Torá, isto é, "ensinamento" por excelência. Estes cinco livros também são conhecidos pelo nome grego de Pentateuco ou "cinco rolos" (literalmente "cinco estojos" nos quais estavam os rolos).
O Livro De Gênesis
O Gênesis, primeiro livro da Bíblia, é o livro dos inícios, como diz o seu nome (grego) que significa "origem". Trata da criação de uma maneira geral. Fala da origem do homem e da mulher. Explica como as coisas começaram a ir mal e apresenta as boas intenções de Deus em relação à sua criação. O livro está dividido em duas grandes partes.
Os caps. 1 - 11 narram a história da criação do mundo e da raça humana. Lemos sobre Adão e Eva, Caim e Abel, Noé e o dilúvio, e a torre de Babel. A criação de Deus foi progressivamente deteriorada pelo egoísmo, o orgulho e a maldade humana. O livro fala das origens do pecado e do sofrimento, bem como da promessa de esperança feita por Deus.
Os caps. 12 - 50 passam da história geral da humanidade para a de uma pessoa, Abraão, e sua família. Abraão acreditou e obedeceu a Deus, que o escolheu para fundar a nação de Israel. Seguem-se as histórias de Isaac, seu filho, de Jacó (também conhecido como Israel), seu neto, e dos doze filhos deste, que são os fundadores das doze tribos de Israel. Depois da narrativa concentra-se num dos filhos de Jacó: José, que é feito prisioneiro no Egito, para onde mais tarde emigra toda a sua família. O livro termina com a promessa de Deus de cuidar do seu povo. Todos os capítulos mostram um Deus ativo, que julga e pune as pessoas que fazem o mal, que guia e conserva o seu povo, moldando a sua história. O Gênesis narra a história de alguns grandes homens de fé.
O Livro De Êxodo
A palavra êxodo vem do grego e significa "saída". O livro do Êxodo narra como o povo de Israel saiu do Egito, onde era escravo, e emergiu como nação livre, com uma esperança para o futuro. A figura central é Moisés, o grande líder de Israel, chamado por Deus para conduzir o povo para fora do Egito. O Êxodo divide-se em três partes :
Caps. 1-18: o povo hebreu é libertado da escravidão no Egito. Moisés conduz os israelitas através do deserto até o monte Sinai.
Caps. 19 - 24: Deus faz um pacto com o seu povo no Sinal. Dá-lhe normas segundo as quais deve viver, tan-to no deserto como depois que tiver entrado na Terra Prometida. Estas normas estão resumidas nos dez mandamentos, no capítulo 20. As leis de Deus abrangem a totalidade da vida : o comportamento particular de uns para com os outros, o comportamento na vida pública e o comportamento para com Deus.
Caps. 25 - 40: Deus dá ao povo de Israel instruções sobre a construção de uma tenda móvel (o tabernáculo) para adorá-lo.
O Livro De Levítico
O Levítico é substancialmente um livro de leis. São leis sobre as cerimônias religiosas, o culto e a vida cotidiana, com o objetivo de manter o povo de Israel num relacionamento justo com Deus. O nome deriva dos sacerdotes (membros da tribo ou clã de Levi) aos quais cabia cuidar das leis do culto. O livro volta constantemente ao tema da santidade de Deus e da sua extraordinária bondade, tão diferente do ho-mem. Quando Jesus resumiu a lei, citou o Levítico: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19, 18). Contém as seguintes seções :
Caps. 1-7: leis sobre sacrifícios e ofertas e seu significado.
Caps. 8-10: leis referentes aos homens que podiam ser sacerdotes e sua destinação para o exercício de suas funções.
Caps. 11-15: leis referentes à vida cotidiana, concentradas sobre as coisas "puras" e "impuras" que impediam as pessoas de participar do culto divino por certo tempo.
Caps. 16: o dia da expiação, ocasião anual em que se faziam ofertas para "purificar" o povo do pecado.
Caps. 17-27: leis sobre a santidade de vida e o culto, com promessas para os que obedecerem e advertências para os que desobedecerem.
O Livro De Números
O livro dos Números conta a história de Israel em sua peregrinação de quase quarenta anos pelo deserto do Sinal. Começa no terceiro ano depois da fuga do Egito e termina um pouco antes da entrada em Canaã, a terra que Deus tinha prometido ao seu povo. O título Números provém das duas "enumerações" (recenseamento) dos israelitas no monte Sinai e nas estepes de Moab, perto do rio Jordão e de Jericó. Entre os dois recenseamentos os israelitas estabeleceram-se por algum tempo no oásis de Cades Barnéia e depois seguiram para uma região a leste do Jordão. O livro dos Números é a longa e triste história das queixas e do descontentamento de Israel. Freqüentemente os israelitas deixaram-se dominar pelo medo e pelo desânimo diante das dificuldades. Rebelaram-se contra Deus e seu líder Moisés. Apesar disso, Deus continuou a preocupar-se com o seu povo. Mas só dois homens dos que tinham saído do Egito, Calebe e Josué, entraram na Terra Prometida.
O Livro De Deuteronômio
Consiste de uma série de discursos de Moisés aos israelitas nas estepes de Moab, pouco antes da entrada na Terra Prometida. O nome do livro significa "segunda outorga da lei". Mas na verdade trata-se de nova confirmação das leis dadas por Deus no Sinai (registradas no Êxodo, Levítico e Números) e sua aplicação à vida sedentária na terra de Canaã. No decorrer de seus discursos Moisés repete os grandes eventos dos últimos quarenta anos. Reitera e destaca os dez mandamentos e nomeia Josué seu sucessor para conduzir os israelitas. O grande tema do Deuteronômio é que Deus salvou e abençoou seu povo, e este deve sempre lembrar-se disso, amá-lo e obedecer-lhe. As palavras que Jesus classificou de o maior mandamento: "Amarás a Yahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força", são do Deuteronômio (Dt 6.4-5; Mt 22.37).
HISTÓRICOS - ESTRUTURA E ENSAIO
Introdução
São 12 livros os livros históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Esta seção, que na Bíblia hebraica vai de Josué a Ester, abrange o tempo da conquista, o tempo dos reis, o exílio e o retorno. Está dividida em duas partes. A primeira, isto é, Josué, Juízes, Samuel e Reis, têm o título de "Primeiros Profetas" da Bíblia hebraica. A segunda parte, ou seja, Crônicas, Esdras e Neemias, estavam incluídos nos chamados “Escritos". As duas partes juntas cobrem cerca de 800 anos da história de Israel, do século XIII ao século V a.C. Estes livros foram escritos não simplesmente como história da nação, mas para mostrar como o plano e a mensagem de Deus foram cumpridos na vida de Israel.
O Livro De Josué
O livro de Josué conta como Israel invadiu Canaã sob o comando de Josué, sucessor de Moisés.
Os caps. 1-12 falam da conquista de Canaã, ocorrida provavelmente após 1240 a.C. Estas narrativas poderão ter sido escritas pela primeira vez na época de Samuel, embora o livro como um todo seja parte da grande "história deuteronômica", que vai de Josué a 2 Reis. Não sabemos quem escreveu o livro. A narrativa compreende a travessia do Jordão, a queda da cidade de Jericó e a batalha de Ai.
Os caps. 13-22 contam como os israelitas dividiram entre si e ocuparam as terras conquistadas. Os últimos dois capítulos (23-24) trazem o discurso de despedida de Josué e a renovação da aliança com Deus e da sua promessa ao povo em Siquém.
O Livro De Juízes
O livro dos Juízes é uma coletânea de narrativas referentes aos dois séculos turbulentos, que vão desde o tempo da conquista de Canaã até pouco antes da coroação do rei Saul, isto é, aproximadamente de 1200 a 1050 a.C. Os "Juízes" eram heróis locais das tribos de Israel, geralmente chefes militares, cujos feitos são narrados no livro. Incluem figuras como Débora, Gideão e Sansão. Neste período só a fé comum em Deus manteve de certo modo unidas as tribos de Israel. Quando seguiam os deuses locais, caíam em divisão, tornavam-se fracas e acabavam sendo presas dos cananeus.
O Livro De Rute
A maravilhosa história de Rute contrasta com os tempos violentos do livro dos Juízes em que se situa. Rute, mulher moabita, desposara um israelita. Quando o marido morreu, ela demonstrou inesperada lealdade para com a sogra israelita e confiou no Deus de Israel. Por fim encontrou novo marido entre os parentes do falecido esposo e através deste casamento tornou-se bisavó do rei Davi e antepassada do próprio Jesus. Embora a religião passasse por crise generalizada naquela época, o livro de Rute exalta a fé de pessoa comum, uma estrangeira que se convertera ao Deus de Israel.
Primeiro E Segundo Samuel
Estes dois livros narram a história de Israel desde Samuel até os últimos anos de Davi. Tomam o nome do último grande Juiz, Samuel, não porque este os escreveu, mas porque a sua figura domina os primeiros capítulos. Originalmente era um único livro na Bíblia hebraica. Samuel ungiu os dois primeiros reis de Israel - Saul e Davi - como escolhidos de Deus. Os dois cobrem aproximadamente o período de 1075-975 a.C. O autor várias vezes se refere ao reino separado de Judá. Isso indica que a redação final da obra deve ter ocorrido depois de 900 a.C. Mas contém muito material contemporâneo dos eventos descritos, especialmente a história das intrigas da corte de Davi em 2 Sm 9-20, que muitos estudiosos acreditam ser obra de secretários profissionais da corte, que foram testemunhas do que escreveram. Os livros de Samuel tratam principalmente da história da ação de Deus em relação à nação de Israel. 1 Samuel conta como Israel passou do governo dos juízes para o regime dos reis.
Caps. 1-8: os anos de Samuel como Juiz de Israel.
Caps. 9–15: história de Saul, primeiro rei de Israel.
Caps. 16-30: As relações entre Davi e Saul.
O livro termina (cap.31) com a morte de Saul e de seus filhos. Ainda que agora o povo tivesse um rei, tanto este como o povo são vistos sob a condução e o juízo de Deus.
2 Samuel narra a história de Davi rei, primeiro de Judá ao sul (caps. 1 - 4), depois de todo o país, inclusive da parte que posteriormente será o reino setentrional de Israel. Lemos como o rei Davi expandiu o seu reino e se tornou soberano poderoso. Davi era homem de profunda fé em Deus e muito popular. Mas às vezes era cruel e impiedoso para conseguir o que queria, por exemplo, no caso da sua determinação de ter para si Bate-Seba, mulher de um dos seus oficiais.
Primeiro E Segundo Reis
Os dois livros dos Reis abrangem cerca de 400 anos da história de Israel, desde a morte de Davi até a destruição de Jerusalém em 587 a.C. Não sabemos quem foi o Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância autor deles, mas à semelhança de 2 Samuel, é certo que contêm informações tiradas de documentos da corte, contemporâneos aos fatos descritos. Provavelmente passaram por várias edições e revisões até receberem sua forma final durante o exílio em Babilônia (587-539 a.C.). 1 Reis pode ser dividido em duas partes:
Caps. 1-11: Salomão sucede ao seu pai Davi como rei de Israel e Judá. O período áureo do seu reinado viu a construção do templo de Jerusalém.
Caps. 12 - 22: a nação divide-se, dando origem ao reino de Israel (norte) e ao reino de Judá (sul). O livro narra a história dos reis dos dois reinos, entre os quais Jeroboão (Israel), Roboão (Judá), Acabe (Israel), Josafá (Judá) e Acazias (Israel). Os profetas de Deus anunciam com coragem a sua palavra numa época em que as pessoas se voltam para outros deuses. O maior dentre eles é Elias, cuja disputa com os profetas de Baal no monte Carmelo é narrada em 1 Rs 18.
2 Reis continua a história dos dois reinos no ponto em que termina 1 Reis, e igualmente se divide em duas partes.
Caps. 1-17: a história dos dois reinos desde a metade do século IX a.C. até a derrota do reino setentrional pela Assíria e a queda de Samaria em 722 a.C. Neste período destaca-se o profeta Eliseu, sucessor de Elias, como mensageiro de Deus.
Caps. 18 - 25: a história do reino de Judá desde a queda do reino de Israel até a destruição de Jerusalém pelo rei de Babilônia, Nabucodonosor, em 587 a.C. São destacados os reinados de dois grandes reis: Ezequias e Josias. Nos dois livros dos Reis, os soberanos de Israel são julgados com base na sua fidelidade a Deus. O país prospera quando o rei é leal, e entra em decadência quando o rei presta culto a outros deuses. Segundo este modelo, todos os reis do reino do norte representam um fracasso.
Primeiro E Segundo Crônicas
À primeira vista os livros das Crônicas parecem uma repetição simplificada dos livros de Samuel e dos Reis. Na verdade, o autor reescreve a história para leitores que já conheciam esses livros. Mas tinha dois motivos principais para dar sua própria versão da história dos reis de Israel. Queria mostrar que, apesar dos desastres que atingiram Israel, Deus mantém a sua promessa de cuidar do seu povo. Para isso, concentrou a atenção nos reinados gloriosos de Davi e Salomão e nos bons governos dos reis Josafá, Ezequias e Josias. Queria descrever como começou o culto do templo em Jerusalém, explicar os deveres dos sacerdotes e dos levitas, e mostrar que Davi foi o verdadeiro fundador do templo (ainda que de fato tivesse sido Salomão quem o construiu). O autor, o “Cronista”, provavelmente escreveu para os israelitas que tinham voltado do exílio a fim de reconstruir Jerusalém. Estes precisam entender o seu passado, e o autor lhes recordou que o sucesso da nação dependia da sua lealdade para com Deus.
1 Crônicas começa com uma genealogia, que vai de Adão ao rei Saul (caps. 1-9) e entra propriamente no tema com o reinado de Davi e os preparativos deste para a construção do templo (caps. 10-29).
2 Crônicas começa com o reinado de Salomão e a construção do templo (caps. 1-9). Depois de lembrar a revolta das tribos setentrionais sob Jeroboão, continua nos caps. 11-36 com a história dos reis de Judá até a destruição de Jerusalém em 587 a.C.
O Livro De Esdras
O livro de Esdras continua diretamente as Crônicas e descreve a volta de parte dos judeus exilados de Babilônia. Estes trouxeram um pouco de vida e a restauração do culto em Jerusalém. A narração cobre aproximadamente os anos 583-433 a.C. Partes da obra reproduzem talvez trechos escritos pelo próprio Esdras. A volta a Jerusalém é apresentada nas suas três fases:
Caps. 1-2: volta do primeiro grupo com Zorobabel, por ordem do rei persa Ciro.
Caps. 3-6: reconstrução do templo e retomada do culto em Jerusalém, apesar das oposições locais.
Caps. 7-10: Esdras volta a Jerusalém com outro grupo e contribui para restaurar a religião e o modo de vida de Israel.
Livro De Neemias
Neemias, um exilado judeu, teve permissão do rei persa Artaxerxes de voltar com um grupo de judeus a Jerusalém em 445 a.C. O livro que tem seu nome, escrito como memória pessoal, apresenta-o como líder nato, e pessoa que confiava plenamente em Deus e para quem orar era coisa tão natural como respirar. Também este livro pode ser dividido em três partes:
Caps. 1-7: Neemias retoma a Jerusalém, encoraja o povo a reconstruir os muros da cidade para defender-se de feroz oposição e introduz reformas religiosas que se faziam urgentes.
Caps. 8-10: Esdras proclama a lei de Deus diante do povo que, profundamente comovido, confessa sua infidelidade e volta novamente a Deus.
Caps. 11-13: atividades de Neemias como governador de Judá, nomeado pelo rei da Pérsia.
Livro De Ester
A história enquadra-se na época de Esdras e Neemias, ou seja, no período persa. Fala de conspiração urdida no reinado de Assuero (Xerxes) para destruir a raça judaica. Uma heroína judia de nome Ester torna-se rainha dos persas e com a sua coragem consegue salvar o seu povo. O livro mostra como a nação judaica, mais uma vez, foi salva da destruição e explica a origem e a significação da festa judaica do Purim (que celebra esta salvação). Em alguns pontos, o texto grego é mais longo que o hebraico.
BIBLIOLOGIA -
POÉTICOS - ESTRUTURA E ENSAIO
Introdução
São 5 livros: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque sejam cheios de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. Alguns também os chamam de “Livros Devocionais”. No Antigo Testamento os livros dos Provérbios, Jó, Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria são comumente conhecidos como livros sapienciais.
Escritos deste tipo encontram-se também em outras partes do Antigo Testamento, sob formas diversas, como fábulas, ditados populares e regras gerais de vida. De maneira geral, tratam da vida cotidiana, da boa conduta, das virtudes que se devem cultivar e dos vícios que se deve evitar. A maior parte dos conselhos é fruto do bom senso baseado na experiência. Mas alguns tratam de temas importantes. Os livros de Jó e Eclesiastes tratam de problemas muito sérios (como o sofrimento) e discutem-no a fundo. Entre os livros sapienciais incluem-se também os Salmos e o Cântico dos Cânticos.
O Livro De Jó
O padrão claramente desenvolvido do livro de Jó, prólogo, discursos e epílogo, além dos ciclos dentro dos próprios discursos, mostra que se trata de uma interpretação teológica sobre certos acontecimentos da vida de Jó. Do início ao fim, o autor tem a intenção de responder a uma pergunta básica: Qual é o significado da fé? Jó era um chefe de clãs (famílias) de notável piedade, integridade e sabedoria, foi abençoado por Deus com uma prosperidade terrena tal, que se tornara o maior e mais rico de todos no Oriente. Subitamente, porém Jó experimentou uma reversão completa da fortuna, foi vitimado por uma série de grandes calamidades, tendo sido privado de todas as suas possessões e dos seus filhos. Seu corpo foi tomado por uma enfermidade repulsiva, três amigos que vieram ostensivamente para consolar Jó, insistiam que o seu sofrimento tinha como causa o pecado. Mas Jó rejeita veementemente esta afirmação, reafirmando em todo tempo que ele era um homem justo, mas confessou que não tinha capacidade para explicar porque estava lhe sucedendo tudo aquilo. Finalmente Deus responde as repetidas solicitações de Jó, e lhe dá uma explicação direta sobre os seus sofrimentos, não por uma justificação de suas ações, nem por qualquer solução intermediária, mas sim pela vontade de Deus. E isso foi o suficiente para Jó, ele percebeu que Deus, sendo poderoso, misericordioso, justo e amoroso, não o deixaria sofrer mais. Esse livro serve de um propósito muito alto para as nossas vidas: mostrar que a certeza da fé não descansam nas circunstâncias exteriores, nem em explicações especulativas, mas na certeza da fé em Deus, onisciente e onipotente.
O Livro Dos Salmos
O título hebraico dos Salmos é Tehillim, que significa “louvores”; o título na Septuaginta (tradução do Antigo Testamento para o grego, feita em c. 200 a.C.) é Psalmoi, que significa “cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas”. O título em português, “Salmos”, deriva da Septuaginta. A música desempenhava papel de importância no culto do antigo Israel (confronte Sl 149; 150; 1Cr 15.16-22); os salmos eram os hinos do povo de Israel. Bem diferente de boa parte da poesia e do cântico do mundo ocidental, compostos com rima ou metrificação, a poesia e o cântico do Antigo Testamento tem por base o paralelismo de pensamento, em que a segunda linha (ou linhas sucessivas) da estrofe praticamente faz uma reiteração (paralelismo sinônimo), ou apresenta um contraste (paralelismo antitético), ou, de modo progressivo, completa (paralelismo sintético) a primeira linha. Todas as três formas de paralelismo caracterizam o Saltério.
O salmo mais antigo conhecido vem de Moisés, no século XV a.C. (Sl 90); os mais recentes provêm dos séculos VI e V a.C. (por exemplo, Sl 137). A maioria dos salmos, no entanto, foi escrita no século X a.C., durante a era áurea da poesia em Israel. Os títulos descritivos que precedem a maioria dos salmos, embora não pertençam ao texto original, logo não inspirados, são muito antigos (anteriores à Septuaginta) e importantes.
O Livro De Provérbios
O Antigo Testamento hebraico era em regra dividido em três partes: a Lei, os Profetas e os Escritos (confronte Lc 24.44). Na terceira parte estavam os livros poéticos e sapienciais, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes etc. Semelhantemente, o Israel antigo tinha três categorias de ministros: os sacerdotes, os profetas e os sábios. Estes últimos eram especialmente dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito de princípios e práticas da vida.
O livro de Provérbios representa a sabedoria inspirada dos sábios. A palavra hebraica mashal, traduzida por “provérbio”, tem os sentidos de “oráculo”, “parábola”, ou “máxima sábia”. Por isso, há declarações longas no livro de Provérbios (por exemplo, 1.20-33; 2.1-22; 5.1-14), mas há também as concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se viver de modo prudente e justo. O conteúdo de Provérbios representa uma forma de ensino comum no Oriente Próximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria é diferente porque veio da parte de Deus, com seus padrões justos para o povo do seu concerto.
O ensino mediante provérbios era popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua grande clareza e facilidade de memorização e transmissão de geração em geração. Assim como Davi é o manancial da tradição sal módica em Israel, Salomão é o manancial da tradição sapiencial em Israel (ver Pv 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1Rs 4.32, Salomão produziu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos.
Outros autores mencionados por nome em Provérbios são Agora (Pv 30.1-33) e o rei Limou (Pv 31.1-9), ambos desconhecidos.
Autores outros estão subentendidos em Pv 22.17 e em Pv 24.23. A maioria
dos provérbios teve origem no século X a.C., porém a provável data mais antiga
para a conclusão deste livro seria o período de reinado de Ezequias (isto é c. 700
a.C.). A participação dos homens de Ezequias na compilação dos provérbios de
Salomão (25.1- 29.27) talvez remonte a 715-686 a.C., durante o avivamento
espiritual liderado por esse rei temente a Deus. É possível que os provérbios
de Agora, de Limou e os outros “sábios” também tenham sido compilados nesse
período
O Livro De Eclesiastes
O livro sintetiza a “sabedoria”, ou seja, observações, pensamentos e sentenças, de um “filósofo” que se oculta sob o pseudônimo de Coélet, “presidente da assembléia” (Eclesiastes em Grego). Tal gênero de escrito era popular nos países antigos do Oriente Médio. O autor examina a vida humana, julga-a breve e absurda, concluindo que ela não tem sentido. Não consegue entender para que serve. Contudo, termina recomendando a aplicação ao trabalho e o gozo do prazer enquanto a vida dura. Grande parte do livro parece deprimente e destrutiva, porque considera a “vida debaixo do sol” exclusivamente do ponto de vista humano. A vida sem Deus não tem objetivo nem sentido, mas a sabedoria e a justiça conferem pelo menos um pouco de nobreza à existência humana.
O Livro De Cantares De Salomão
É uma coleção de poesias amorosas, que cantam o amor de um homem e de uma mulher. Às vezes é chamado de cântico de Salomão, porque na Bíblia hebraica é atribuído a esse rei. As poesias, cujo cenário é o campo na primavera, exaltam com paixão e entusiasmo o amor e exprimem com franqueza o prazer da atração física.
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