ANTIGO TESTAMENTO III

LIVROS HISTÓRICOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Os Livros Históricos do Antigo Testamento são: 

Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.

Todos esses livros fazem parte do Antigo Testamento.

Os Livros Históricos do Antigo Testamento registram a história do povo de Israel desde a conquista da Terra Prometida sob a liderança de Josué, até a restauração de Jerusalém após o cativeiro babilônico.

Isso significa que a narrativa dos Livros Históricos compreende um período de centenas de anos. Nesse espaço de tempo, os Livros Históricos também relatam o início da monarquia em Israel com o reino unificado, depois o reino dividido, e as quedas do Reino do Norte e do Reino do Sul diante dos impérios assírio e babilônico respectivamente.

Diferenças no grupo dos Livros Históricos

Quando comparadas as Bíblias hebraica, protestante, católica e ortodoxa, o grupo denominado como “Livros Históricos” é diferente em cada uma delas. A Bíblia Católica, por exemplo, inclui na categoria dos Livros Históricos os livros de Tobias, Judite e 1 e 2 Macabeus. Esses livros, porém, não são considerados como inspirados pela tradição judaica e pela Igreja Reformada.

Já na Bíblia Hebraica, os Livros Históricos são organizados numa ordem bem diferente em relação às Bíblias cristãs. Além disso, os livros de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, e Esdras e Neemias, formam, cada par, um único livro.

Então os livros classificados como Livros Históricos nas Bíblias cristãs são organizados da seguinte forma na Bíblia Hebraica:

Os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis fazem parte de um grupo denominado como “Profetas Anteriores”; que por sua vez é uma subcategoria da divisão “Profetas” da Bíblia Hebraica.

Os livros de Crônicas e Esdras-Neemias fazem parte de um grupo denominado como “Escritos”.

Os livros de Rute e Ester também pertencem aos Escritos no cânon judaico; mas são incluídos dentro de uma subdivisão chamada de “Rolos Festivos”.

Apesar das diferenças na organização dos Livros Históricos entre as Bíblias cristãs e a Bíblia Hebraica, o conteúdo deles é exatamente o mesmo. 

Na verdade a cronologia dos livros do Antigo Testamento conforme apresentada nas Bíblias cristãs, e que dá origem à organização dos livros por assunto e característica, é algo mais recente. Inclusive, ela deriva dos códices da tradução grega do Antigo Testamento hebraico, a Septuaginta. Aqui vale lembrar que a Septuaginta era a versão mais usada pelos cristãos nos primeiros séculos depois de Cristo.

Quem escreveu os Livros Históricos?

Os Livros Históricos foram escritos por diversos autores de diferentes épocas, sob a inspiração do Espírito de Deus. A maioria desses autores é desconhecida. Os estudiosos acreditam que a composição individual de cada um dos Livros Históricos talvez tenha começado muito antes da data de conclusão desses livros. Isso quer dizer que existe a possibilidade de vários autores terem participado da composição de um único livro.

Por exemplo : muitos eruditos consideram que os livros de Josué, Juízes, Samuel, Reis e Rute foram finalizados durante o período do cativeiro babilônico; embora tenham sido iniciados muito antes desse tempo. Os estudiosos também acreditam que os livros de Crônicas, Esdras-Neemias e Ester, foram finalizados após a restauração de Judá do cativeiro na Babilônia.

Alguns nomes são sugeridos como possíveis autores de parte dos Livros Históricos. 

A tradição judaica, por exemplo, credita a autoria dos livros de Rute, Juízes e Samuel ao profeta Samuel – pelo menos a maior parte do conteúdo desses livros. 

Da mesma forma, o sacerdote Esdras aparece como possível autor dos livros de Esdras-Neemias e Crônicas. Apesar de serem possibilidades plausíveis, já que estamos falando de dois dos mais notáveis personagens bíblicos, faltam evidências que comprovem essa informação.

Qual é a mensagem dos Livros Históricos?

Como já foi explicado, os Livros Históricos contam a história do antigo Israel. Então naturalmente cada livro trata de assuntos e expressa ênfases teológicas que refletem cada período dessa longa história.

Josué, Juízes, Samuel e Reis

Os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis, registram a história dos israelitas a partir da conquista de Canaã sob o comando de Josué (Josué 1); e termina nos tempos do exílio babilônico falando sobre a libertação do rei Jeoaquim da prisão (2 Reis 25:27-30). Como a sequência desses livros parte do conteúdo histórico e teológico de Deuteronômio, ela é chamada pelos eruditos de “História Deuteronomística”.

Então esses livros falam sobre a conquista da Terra Prometida; o período dos juízes de Israel; o estabelecimento da monarquia; a divisão do reino; e os freqüentes pecados de Israel (Reino do Norte) e Judá (Reino do Sul). Esses pecados resultaram no exílio do povo daquela terra; apesar da constante exortação do Senhor ao arrependimento através do ministério profético.

Crônicas, Esdras e Neemias

Os livros de Crônicas, Esdras e Neemias, falam da história do povo de Deus especialmente focando a restauração de Judá. Os livros de Crônicas repetem boa parte do conteúdo dos livros de Samuel e Reis, e destacam o reinado da Casa de Davi. O segundo livro de Crônicas termina registrando a proclamação de Ciro que permitiu o retorno do primeiro grupo de judeus exilados à Terra Prometida.

Os livros de Esdras e Neemias falam da restauração do exílio que é brevemente introduzida em 2 Crônicas. Por isso esses livros avançam até a restauração de Jerusalém em aproximadamente 400 a.C. Assim, eles falam da reconstrução do Templo liderada por Zorobabel; da restauração dos muros de Jerusalém sob a liderança de Neemias; e do trabalho de Esdras na reforma da vida religiosa do remanescente judeu.

Rute e Ester

Os livros de Rute e Ester registram dois eventos particulares, mas não menos importantes. Rute conta a história da família de Noemi, e explica a linhagem do rei Davi através de seus ancestrais Rute e Boaz. O livro de Ester conta a história do grande livramento do povo de Deus enquanto esteve sob o domínio persa.

Mas no geral, cada um dos Livros Históricos registra acontecimentos importantes para a unidade da narrativa bíblica. Os Livros Históricos são fundamentais para o correto entendimento acerca do relacionamento de Deus com o povo da aliança. Além disso, a mensagem dos Livros Históricos aponta diretamente para a vinda do Messias como o verdadeiro Filho de Davi no qual se cumprem todas as esperanças acerca de um reino perfeito, eterno e glorioso.

Quanto aos livros que foram posteriormente contados entre os Livros Históricos pela Igreja Católica, eles se concentram no período intertestamentário, principalmente no século 2 a.C. com a resistência dos judeus aos Selêucidas.


TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO - CONCEITO GERAL - INTRODUÇÃO - OS PERÍODOS HISTÓRICOS

Teologia é a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus, e das coisas divinas. A teologia abrange vários ramos, vejamos:

Teologia Exegética

Exegética vem da palavra grega que significa extrair. Esta teologia procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras.

Teologia Histórica

Envolve o Estudo da História da Igreja e o desenvolvimento da interpretação doutrinária.

Teologia Dogmática

É o estudo das verdades fundamentais da fé como se nos apresentam nos credos da igreja.

Teologia Bíblica

Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia e descreve a maneira de cada escritor em apresentar as doutrinas mais importantes.

Teologia Sistemática

Neste ramo de estudo os ensinamentos concernentes a Deus e aos homens são agrupados em tópicos.

INTRODUÇÃO

O Antigo Testamento é a parte preparatória de Deus para revelações maiores e mais profundas ao homem. Por isso é especial. Deus providenciou uma revelação e mostrou seus diferentes métodos:

Sonhos - Joel 2:28 E háde ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.

Jeremias 23:32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o SENHOR.

Visões - Atos 7:31 Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão; e, aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor, ( Uma Visão espiritual)

Aparições - Isaías 6:1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo.

Histórico - A Melhor forma de revelação de Deus ao homem sem dúvida é através da história. Através da convivência com Deus, através das experiências com Ele.

OS PERÍODOS HISTÓRICOS DA TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO

Assim como os apóstolos do NT com suas epístolas, eram de muitas maneiras, os intérpretes dos Atos e dos Evangelhos, assim também a teologia do AT poderia semelhantemente começar com os profetas por um motivo bem semelhante. No entanto, mesmo para o fenômeno da profecia bíblica, havia a realidade sempre presente da história de Israel. Toda a atividade salvífica de Deus em tempos anteriores tinha que ser reconhecida e confessada antes de alguém poder ver mais firme a revelação adicional de Deus. Devemos, portanto, começar onde começou: na história — história verdadeira e real.

A Era Pré-Patriarcal

Sem dúvida, Abraão ocupou um lugar de destaque no auge da revelação. O texto avança da extensão desde a criação e descreve a tríplice tragédia do homem como resultado da queda, do Dilúvio e da fundação de Babel para a universalidade da nova provisão da salvação da parte de Deus para todos os homens, através da descendência de Abraão.

A palavra principal é "Benção" repetida da parte Deus — que existia apenas no estado embrionário. No inicio, trata-se da "Bênção" da ordem criada. Depois, é a "Bênção" da família e da Nação, em Adão e Noé. O auge veio na quíntupla "Bênção" para Abraão em Gênesis 12:1-3, que incluía bênçãos materiais e espirituais.

A Era Patriarcal

Esta era foi tão significativa que Deus Se anunciava como "Deus dos patriarcas", ou "Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó". Além disto, os patriarcas eram considerados "profetas" (Gn 20:7; SI 105:15). Aparentemente era porque pessoalmente recebiam a palavra de Deus. Freqüentemente, a palavra do Senhor "veio" a eles de modo direto (Gn 12:1; 13:14; 21:12; 22:1) ou o Senhor "apareceu" a eles numa visão (12:7; 15:1; 17:1; 18:1) ou em aparição de Anjos (22:11,15).

Os períodos de vida de Abraão, Isaque e Jacó formam outro tempo distintivo no fluxo da história. Estes três privilegiados da revelação viram, experimentaram e ouviram tanto, ou mais, durante o conjunto de dois séculos representado pelas vidas combinadas deles, do que todos aqueles que viveram durante os milênios anteriores! Como conseqüência, podemos, com toda a segurança, delinear Gênesis 12-20 como nosso segundo período histórico no desdobrar da teologia do AT, exatamente como foi feito por gerações posteriores que tinham o registro escrito das Escrituras.

A Era Mosaica

Israel foi então chamado "reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:6). Deus, com todo o amor, delineava os meios morais, cerimoniais e civis de se cumprir tão alta vocação. Viria no ato primário do Êxodo, com a graciosa libertação de Israel do Egito, operada por Deus, a subseqüente obediência de Israel, em fé, aos Dez mandamentos, a teologia do tabernáculo e dos sacrifícios, e semelhantes detalhes do código da aliança (Êxodo 24-7:8) para o governo civil.

Toda a discussão quanto a ser um novo povo de Deus se derivava de Êxodo Capítulos 1 à 40;

Levítico 27-2; e Números 1-54. Durante esta era inteira, o profeta de Deus foi Moisés — um profeta sem igual entre os homens (Deuteronômio 34-10).De fato, Moisés foi o padrão para aquele grande Profeta que estava para vir, o Messias. (Deuteronômio 16:15-18)

A Era Pré-Monárquica

Uma das partes da promessa de Deus que recebeu uma descrição detalhada foi a conquista da terra de Canaã.

Esta história se estende ao longo do período dos juízes para incluir a teologia das narrativas da arca da aliança em 1 Samuel 4-7 os tempos se tornaram tão distorcidos e tudo parecia estar em tantas mudanças subsequentes devido ao declínio moral do homem e à falta da revelação da parte de Deus. De fato, a palavra de Deus se tornara "rara" naqueles dias em que Deus falou a Samuel (1 Samuel 3:1). Conseqüentemente, as linhas de demarcação não se escrevem tão nitidamente, embora os temas centrais da teologia e os eventos-chave sejam bem registrados historicamente.

A história de Josué, Juízes e até Samuel e Reis, são momentos significantes na história da revelação deste período, são usualmente reconhecidos pela maioria dos teólogos bíblicos de hoje.

O melhor que se pode dizer do período pré-monárquico é que era um tempo de transição. o surgimento de exigência de um rei para reinar sobre uma nação que se cansou da sua experiência em teocracia conforme ela era praticada por uma nação rebelde.

Depois da Lei até Davi não há avanço teológico. Neste período, Deus é revelado como Santo, como Espírito Santo, como Eterno. A vida de Cristo é mais precisamente predita, nos sacrifícios, e ofertas e no propiciatório.

A Era Monárquica

O pedido do povo no sentido de lhe ser dado um rei, quando Samuel era juiz (1 Sm 8- 10). e até o reinado de Saul nos preparam negativamente para o grandioso reinado de Davi (1 Sm 11 —2 Sm 24:1 Reis l-2.)

A história e a teologia se combinavam para enfatizar os temas de uma dinastia real continuada, e um reino perpétuo com um domínio e alcance que se tornaria universal na sua extensão e influência. Mesmo assim, cada um destes motivos régios foi cuidadosamente vinculado com idéias e palavras de tempos anteriores: uma "descendência"" um "nome" que "habitava" num lugar de "descanso", uma "bênção" para toda a humanidade, e um "rei" que agora reinava sobre um reino que duraria para sempre.

Este período é caracterizado historicamente pela prática desenfreada do pecado e declínio de Israel.

Os quarenta anos de Salomão foram marcados pela edificação do templo e por outro derramamento de revelação divina. A Sabedoria. Assim, a lei mosaica pressupunha a promessa patriarcal e edificava sobre ela, assim também a sabedoria de Salomão pressupunha a promessa Abraão-Daví como a lei de Moisés. O conceito-chave era "o temor do Senhor" — uma idéia que já começou na era patriarcal (Gn 22:12; 42:18; Dt.10:12; Josué.24:14).

Agora que a "casa" de Davi e o templo de Salomão tinham sido estabelecidos, sendo assim, os profetas poderiam agora focalizar sua atenção sobre o plano e reino de Deus no seu alcance mundial. Infelizmente, porém, o pecado de Israel também exigiu boa parte da atenção dos profetas.

Com essas revelações o mundo deveria esperar até que chegasse a " Plenitude dos Tempos " , Gálatas 4:4; Pedro 1:10-12.

Questões Importantes Sobre Revelação

1) Distinção entre revelação e apreensão: A compreensão vinha a medida que o homem ponderava a revelação feita.

2) Revelação Parcial: Algumas coisas foram reveladas, mas não foram explicadas. A explicação pode vir mais tarde, ou não vir jamais, Deut. 29:29. Também no Novo Testamento há coisas reveladas mas não explicadas: Nascimento de Jesus através da Virgem Maria, Trindade, Dupla Natureza de nosso Senhor.

3) Revelação Universal: A revelação foi feita com o objetivo de se estender a humanidade toda : "Em ti serão bendita todas as nações", Deus disse a Abraão. (Gênesis 12:3)

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