MISSIOLOGIA I

 

MISSIOLOGIA / INTRODUÇÃO

A Missiologia estuda a teologia da missão baseada nos fundamentos bíblicos, abordando elementos de espiritualidade e vocação missionária. Este é um curso eclesiástico, direcionado aos missionários, pastores, presbíteros, evangelistas, diáconos, líderes de escola bíblica e membros de igrejas evangélicas em geral, que desejam adquirir conhecimento da missão de Deus e seu povo, na busca da pregação da obra salvífica.

OBJETIVOS DO CURSO

Este curso tem como objetivo principal fornecer ao aluno os princípios e informações necessárias para a construção de uma perspectiva cristã coerente e sólida a respeito do mais eficaz mecanismo de alcance dos povos para o Reino de Deus: Missões.

Missiologia:

É a ciência que tem por objetivo o estudo da grande comissão dada por Cristo Jesus a sua Igreja. A missiologia dedica-se, principalmente, ao caráter transcultural da tarefa evangelizadora. É o estudo da obra missionária ordenada por Jesus Cristo aos seus discípulos, no sentido nacional e transcultural (MT. 28. 19 / MC 16. 15 / AT 1. 8).

E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. Mateus 28: 18-20

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas;

Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.

Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.

E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém. Marcos 16: 15-20

E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.

Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.

Aqueles, pois, que se haviam reunido, perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?

E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.

Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. Atos 1:4-8

A palavra “Missiologia” vem de duas outras, do latim “missione” que significa função ou poder conferido a alguém para um propósito especial em outra nação, terra, território, grupo ou domínio, e Logia, do grego logos que significa estudo, tratado, doutrina, teoria ou ciência.

O estudo de missiologia é de fundamental importância, por se tratar da tarefa suprema da igreja, que é a evangelização dos povos. Durante muitos anos, ouvimos falar a conhecida frase: “Missão esta no coração de Deus”. Nós sabemos que o interesse de Deus sempre foi, e sempre será, alcançar a todos os povos, raças, nações e tribos de todas as línguas. Entretanto, nesses últimos dias, Deus está interessado em saber se missões está também em nossos corações.

O ponto fundamental da missiologia é definir as estratégias e os parâmetros da grande comissão dada por Jesus, tais como: Quem envia e quem é enviado; quais são os obstáculos das missões contemporâneas; como será o alcance dos povos não alcançados e a evangelização de todos os povos, de uma maneira geral, assim como também o sustento do missionário e sua família.

Deus fez o papel do primeiro missionário, quando desceu até o Jardim do Éden e proclamou o evangelho aos pais de toda raça humana, escondido nos lombos de Adão (Gn. 3.15), depois disso, Jesus fez o papel de enviado, quando completou a missão daquele que o lhe confiou, e hoje Espírito Santo é o agente das missões contemporâneas.

“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Gênesis 3: 15

A inimizade [hb. ‘eybah, ódio] aqui aludida entre a mulher e a serpente não se limita às cobras; tem a ver com o inimigo de nossa alma, Satanás — daí a expressão entre a tua semente [a da serpente] e a sua semente [a da mulher], A linguagem parece ambígua, mas ainda assim contém a promessa de um descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente.

O termo semente [hb. zera] é extremamente importante. Pode ser traduzido como descendente ou prole. A palavra pode ser tomada no sentido de um indivíduo (Gn. 13.15) ou de um grupo de pessoas. 

[“Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.” Gênesis 13: 15]

Isso significa, entre outras coisas, que Eva viveria ao menos por algum tempo e que teria filhos. Contudo, a semente da mulher a que Deus se refere especificamente aqui é o prometido e vindouro Messias [que seria gerado pelo Espírito Santo em uma virgem (Os 7.14; Lc 1.28-35)].

“Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.” Isaías 7: 14.

“E, entrando o anjo a onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.

E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras, e considerava que saudação seria esta.

Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.

E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.

Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai;

E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.

E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?

E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus. Lucas 1: 28-35

Em Gênesis 3: 15 vemos que haveria luta entre duas descendências: a do Messias e a da serpente.

[Em João 8.37-47, Jesus também faz menção à discórdia entre os filhos do diabo e os filhos de Abraão, o pai da fé, a quem fora prometido um Descendente em quem seriam benditas todas as famílias da terra (Gn. 12.3).].

“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gênesis 12: 3

Génesis 3.15 é chamado por alguns teólogos de proto evangelho, porque neste texto, mesmo de forma indireta, Deus promete o vindouro Salvador, o nosso Senhor Jesus Cristo, que destituiria Satanás de seu poder e desfaria sua má obra, assim como um homem ao esmagar a cabeça de uma serpente debaixo de seus pés.

O Senhor estava mostrando misericórdia mesmo quando Ele julgava (Gn. 4.15).

O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse. Gênesis 4: 15

Contudo, em sua tentativa de não se ver esmagada pelos pés do prometido descendente da mulher, a serpente ia ferir o calcanhar deste.

Seria um ferimento grave, mas algo secundário se comparado ao ferimento que a serpente sofreria na cabeça - que simboliza a derrota total de Satanás e de sua descendência pelo Messias.

Ao ser crucificado e morrer, Jesus foi ferido em Seu “calcanhar”, em Sua humanidade. Ele sofreu uma terrível, mas temporária injúria (Jo 12—31; Cl 2.15).

Contudo, foi fiel ao Pai até o fim, ressuscitou em glória e derrotou nosso inimigo.

Desde então, Satanás foi oficialmente derrotado por Aquele que é o primogénito da nova criação; um prenúncio da vitória que todos os cristãos terão (Rm 16.20).

E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém. Romanos 16: 20

Relação entre a Teologia e a Missiologia

Como resultado da Teologia, temos o relacionamento e a comunicação continuada entre o homem e Deus. Foi aí que surgiu a Missiologia, pois, Deus deu uma tarefa ao homem para continuar o processo de despertamento teológico do mundo perdido. A Missiologia é o meio pelo qual a teologia alcança seus objetivos. Podemos afirmar que a Missiologia é um produto da Teologia, e que uma sem a outra perde seu significado. Somente as duas juntas são capazes de levar avante o plano da salvação.

Portanto, podemos afirmar que Teologia sem Missiologia não tem sentido, já que o alvo final da verdadeira Teologia é justamente o propósito único da Missiologia.

Teologia sincera move-nos sem dúvida para a missiologia pratica, como um meio efetivo de alcançar o alvo final da própria Teologia, a saber, o homem redimido levando ao homem perdido as boas novas de que Deus enviou seu único Filho para salvá-lo da destruição eterna.

DEUS, O PRIMEIRO MISSIONÁRIO.

Toda criação de Deus é importante. Porém, Deus escolheu o homem de um modo especial, formando-o à sua imagem e semelhança (Gn. 1. 26 - 28).

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.

E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1: 26,27

Deus criou os seres angelicais, com graus distintos de responsabilidades e autoridades. Deu a um querubim uma formosura jamais vista em outros anjos e sabedoria esplêndida (Ez. 28. 12-17).

Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.

Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti.

Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.

Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Ezequiel 28: 12-17

Esse anjo atuava como primeiro ministro de Deus, tendo além das qualidades citadas, grande poder e livre arbítrio. Mas, com tanto poder e formosura, Lúcifer, conforme ficou conhecido ficou tão deslumbrado com o que Deus lhe dera que desejou “ser semelhante ao altíssimo” (Is. 14. 14).

Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.

Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.

E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.

Isaías 14: 12-15

Com isso encabeçou uma rebelião jamais vista em toda história, com o propósito de estabelecer um reino espúrio, juntamente com os anjos que lhe acompanharam nesta rebelião (Ap.12:4-9).

E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas.

E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.

E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.

E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.

E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;

Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.

E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. Apocalipse 12:3-9

Por ter incitado a rebeldia, Lúcifer, agora chamado de Satanás, recebeu o juízo de Deus e a expulsão dos céus. Tempos depois da rebelião, Deus fez outra criação, a qual também concedeu livre arbítrio: o homem. Ao criá-lo, Deus mostrou o seu cuidado especial: fez um jardim de delícias para a sua nova criação habitar. Satanás, observando isso, encheu-se de ira e ciúme, e partiu para perturbar e atacar o homem, a nova criação de Deus.

Deus estabeleceu um relacionamento de companheirismo, e comunhão com Adão e Eva, no Jardim do Éden, mediante o amor. Para que eles continuassem esse relacionamento com Deus, teriam apenas que passar na prova de obediência total à vontade divina, mas eles falharam. Deus em sua onisciência já havia previsto a possibilidade do homem pecar e idealizou um meio para resgatá-lo. E foi assim que Deus desceu ao Jardim do Éden, naquela tarde sombria, e proclamou, como autêntico missionário, a primeira mensagem evangelística, registrada em Gênesis 3.15

“... porei inimizade entre ti e a mulher, entre a sua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar”.

Esta é a primeira referência a Cristo na Bíblia, relacionando a derrota de satanás, a sua sentença e as boas novas da vitória sobre o fracasso do homem em servir a Deus.

Naquele momento, Deus estava anunciando Cristo a todos os descendentes de Adão, que iriam nascer no decorrer dos séculos.

JESUS, O MISSIONÁRIO ENVIADO POR DEUS.

Em João 3. 16 encontramos o plano de Deus se caracterizando, ao enviar o seu único Filho ao mundo, para construir a história da redenção, numa inexplicável expressão de amor, a ponto, do apóstolo João, que soube tão bem descrever a cena apoteótica do amor de Deus, ter usado a expressão “de tal maneira”, como uma forma de tentar explicar a profundidade do amor de Deus ao mundo. Amor este que ultrapassa as fronteiras culturais, racionais e lingüísticas, não se restringindo a uma raça, nação ou grupo cultural especifica. Ele ama a todos os povos e deseja que todos os homens se arrependam e sejam salvos, mediante a obra realizada por Jesus Cristo.

Conforme o texto de (2 Pd. 3. 9)

“... Ele é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se".

A GRANDE COMISSÃO FEITA POR JESUS CRISTO

Após a ressurreição, o Senhor Jesus Cristo priorizou três ordens aos discípulos, a saber:

"Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16. 15).

"Ide, portanto fazei discípulos de todas as nações" (MT. 28. 19).

"E sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém..., até aos confins da terra". (At. 1. 8).

Estas três passagens bíblicas são suficientes para descrever as prioridades do Senhor Jesus, que é a evangelização do mundo. Antes mesmo da ressurreição, o Senhor Jesus Cristo já havia dito que primeiro, o evangelho seria pregado a todas as nações e depois viria o fim (MT. 24. 14).

E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. Mateus 24: 14

Já naqueles dias, o Senhor Jesus sentia tanto a necessidade da obra missionária que certa vez, ao olhar para seara, e ainda faltando quatro meses para a colheita! Já via os campos brancos para a ceifa:

“Não dizeis: Ainda há quatro meses até a ceifa? Eu vos digo : Erguei os vossos olhos e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa” (João 4. 35).

ESPÍRITO SANTO, O PROPAGADOR DAS MISSÕES.

O livro de Atos dos apóstolos menciona os grandes feitos dos apóstolos no início do cristianismo, em Jerusalém. Nós sabemos, entretanto, que os discípulos nada fariam se não fosse o preceito dado pelo Senhor Jesus, antes da sua ascensão aos céus:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vos o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judéia, Samaria, e até os confins da terra" (At. 1. 8).

Após terem sido cheios do Espírito Santo, o mundo foi alcançado pela pregação do evangelho, e isso se deve ao grande propagador de missões, o Espírito Santo. É ele o maior incentivador da obra missionária, pois impulsiona, encoraja e chama os missionários, nós percebemos tal afirmação no livro de Atos, capítulo 13, quando a Igreja de Antioquia estava reunida :

"Disse o Espírito Santo: Separai-me agora, Saulo e Barnabé, para obra que os tenho chamado” (At. 13. 2).

A missão do Espírito Santo é chamar os missionários, como também é convencer o mundo do pecado da justiça e do juízo (Jo. 16. 8).

Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.

E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.

Do pecado, porque não crêem em mim;

Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;

E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.

João 16:7-11

Os missionários são enviados para pregar ao pecador, mas é o Espírito Santo quem os convence a aceitar a mensagem pregada pelos missionários.

BÍBLIA, O LIVRO MISSIONÁRIO.

Sem a Bíblia, a evangelização do mundo seria não só impossível, mas também inconcebível. Ela nos dá o mandato, o modelo e o poder para evangelização do mundo, a Bíblia não apenas contém o evangelho, como ela é o próprio evangelho (boas novas).

Através dela, Deus está evangelizando, isto é, comunicando as boas novas ao mundo. Jesus mesmo ordenou aos seus discípulos, dizendo:

“Ide por todo mundo pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16. 15).

A Bíblia é o manual do missionário, sem ela não há salvação:

“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus" (Rm. 10. 17).

”E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo. 8. 32),

Portanto, a Bíblia é a ferramenta inseparável do bom soldado (Js. 1. 8).

E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que o SENHOR falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo:

Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel.

Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés.

Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo.

Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.

Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria.

Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares.

Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.

Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares. Josué 1:1-9


INTRODUÇÃO A MISSIOLOGIA / MISSÃO DIVINA

INTRODUÇÃO

A visão panorâmica atual é de um mundo que vive sem Deus, sem paz e sem salvação, a espera da esperança libertadora e salvadora do Evangelho de Cristo Jesus. Não podemos nos conformar, nem encarar tal fato de maneira natural, este fato é inquietante, para os que amam a Cristo Jesus e querem ver cumprido o escrito em Ap 7.9 “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão a qual ninguém podia contar, de todas as nações e tribos, e povos, e línguas que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos”.

MISSÃO DIVINA

Enviado Em Cumprimento À Promessa Divina

Após a queda do homem Deus toma a iniciativa de ajudar o homem. Tendo infringido a ordem divina que proibia o homem de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Apesar da gravidade desse ato de desobediência, Deus se inclinou por ajudá-lo, prometendo um Redentor vindouro (Gn 3.15).

A humanização de Jesus se constitui num grande milagre na Bíblia, Jesus, o verdadeiro e eterno Deus (1 Jo 5.20). “Aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7). Era o verbo eterno assumindo carne humana (Jo 1.14; 1 Tm 3.16). Este milagre foi possível devido à ação soberana do Espírito Santo no ventre de Maria (Lc 3.15).

“Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei” (Gl 4.4,5)

A vitória de Cristo sobre o Diabo na cruz do calvário, erroneamente ensinada como derrota de Deus, foi o momento que Deus despojou Satanás (Cl 2.15) “maniatando assim o valente”(Mt 12.29). “Visto que os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é o diabo, e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hb 2.14,15).

A Obra Do Calvário É De Alcance Universal

Não obstante “o mundo está no maligno” (1 Jo 5.19). Apesar da inconteste manifestação do diabo no mundo, a Bíblia registra, de forma inequívoca, o interesse do Espírito Santo em aplicar a obra de Jesus realizada no Gólgota, como remédio divino para os males espirituais dos homens em todas as nações. Na cruz do Calvário, Deus estava reconciliando o mundo consigo mesmo (2 Co 5.19).

Apesar da salvação ganha por Jesus ser de alcance universal, a maior parte do mundo, ainda não conhece o benefício do qual tem direito de gozar. Lembremo-nos de que a mesma Bíblia que diz que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), também diz: “IDE por todo o MUNDO, pregai o evangelho a toda a criatura”(Mc 16.15).

A ORDEM MISSIONÁRIA DE JESUS

A Quem Foi Dada A Ordem Missionária?

A Grande Comissão de Jesus não foi dada aos líderes religiosos de Israel, tampouco aos membros do Sinédrio de Jerusalém, etc. A ordem missionária foi dada aos discípulos. No momento da ascensão de Jesus, os discípulos com Ele reunidos, representavam a Igreja na sua vocação e missão no mundo.

A ordem missionária foi dada a Igreja hodierna. A Igreja de hoje está ligada à Igreja primitiva, não apenas por suas raízes históricas. Esta se identifica com aquela na responsabilidade de evangelizar os povos em todas as nações. Por isto, os seus membros devem ser treinados para serem testemunhas de Jesus até aos confins da terra (At 1.8).

Obediência Inquestionável

A primeira palavra da ordem missionária de Jesus é “ide”. Esta palavra é um verbo no modo imperativo, exigindo uma ação decisiva. Apesar disto, muitas vezes o trabalho de evangelização não vai além de projetos e de planejamento. Ainda se repete em nossos dias aquilo que Débora, no seu cântico sobre os reis de Canaã, falou sobre a tribo de Rubem. Ela disse: “Nas correntes de Rubem foram grandes as resoluções do coração... Porque ficaste tu entre os currais?... Nas divisões de Rubem tiveram grandes esquadrinhações do coração” (Jz 5.15,16). Rubem não fez como a tribo de Zebulom, que “expôs a sua vida à morte” (Jz 5.18). Ela ficou no meio dos currais com grandes planos e projetos. Jesus não convidou os discípulos para somente fazerem planos e projetos. Ele os mandou ir ao campo, que é o mundo.

“Ensinando As Nações”

A palavra “ensinando” vem da palavra grega “matheteuo” o que significa “fazer discípulos”. Neste sentido ele só aparece, aqui e em Atos 14.21. Jesus disse, conforme Marcos 16.15 – “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho”.

É pelo poder do evangelho que os homens são transformados em discípulos de Jesus (Rm 1.16). A Palavra da cruz tem poder (1 Co 1.23,24; 2.1-4).

“Batizando-As Em Nome Do Pai, E Do Filho E Do Espírito Santo”

Como se vê, o batismo em água fazia parte da ordem missionária de Jesus. Os salvos devem, pelo batismo, unir-se à Igreja. Os apóstolos praticavam esta ordem. Deste modo “foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (At 2.41-47).

“Ensinando-As A Guardar Todas As Coisas Que Eu Vos Tenho Mandado”

A palavra “ensinando” aqui usada vem da palavra grega “didasko” e significa dar instrução. Ensinar aos crentes é uma ordem de Jesus. Isto nos mostra a grande importância do ensino (Ef 4.11), mas todos os que evangelizam devem dar também a sua cooperação neste sentido, como o fez o casal Áquila e Priscila (At 18.26).

Estes Sinais Seguirão Aos Que Crerem

O evangelista Marcos na Ordem Missionária, (Mc 16.15-18), se refere aos maravilhosos sinais que acompanhariam o batismo com o Espírito Santo, e acerca do qual Jesus havia orientado os seus discípulos a buscarem (Lc 24:49; At 1.4,5,6). Podemos então, observar que estes sinais realmente acompanharam a evangelização levada a efeito pelos apóstolos. Vede At 3.7-16; 5.12-16; 9.32-35,37-42 etc.

Estes sinais não se restringiam àqueles tempos, pois estão em vigor hoje também (At 2.39). Jesus disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21). Portanto, é desta maneira que Jesus, deseja enviar a cada um de nós para a sua seara. Isto é, ele quer que os sinais sigam o nosso trabalho na evangelização (Mc 16.20).

Missão abrange três estágios:

Visto que o significado da palavra missões é enviar, mandar, remeter, o enviado vai com a finalidade de anunciar Cristo e o plano de Deus para a salvação de todos os homens. Sendo assim missões abrange três estágios bem definidos que são :

A. Missão local: Abrange a comunidade local e circo-vizinhanças. Ex: bairros e cidades vizinhas.

B. Missão nacional: Abrange todos os limites da nação de origem do missionário (a).

C. Missão transcultural: Abrange até os confins da terra.

ABRANGÊNCIA DA ORDEM MISSIONÁRIA

Até Aos Confins Da Terra

Jesus disse: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc16.15). Conforme Lucas, Ele também disse que eles pregassem a todas as nações, começando por Jerusalém (Lc 24.47; At 1.8). Para Deus o mais importante é que todos os homens venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.4), estejam eles perto ou longe. Se cada crente hoje obedecesse à ordem missionária de Jesus, e se cada Igreja estivesse disposta a ouvir Deus falar e a obedecer-lhe (Mt 13.1-4), enviando aqueles que Deus chamou para anunciar a sua Palavra, então o mundo inteiro receberia a Palavra salvadora.

A Nossa Própria Comunidade

De acordo com Atos 1.8 a obediência à ordem missionária de testemunhar de Jesus, deveria começar em Jerusalém, neste caso, onde estava a Igreja local. Isto não quer dizer que os membros da Igreja local só devam começar a pregar o evangelho noutras paragens quando já tiverem saturado a sua cidade da mensagem do evangelho. Pelo contrário, diz que a Igreja deve ter uma visão global da necessidade de toda a humanidade, pois segundo palavras de Jesus, “o campo é o mundo” (Mt 13.38). Deste modo, o mundo, nosso campo de atividades evangelísticas, começa onde habitamos.

Conceituação De Evangelização E Missão

Estas duas expressões são muito usadas entre nós e muitos gostariam de saber se existe alguma diferença entre elas quanto ao significado. Vejamos.

Ambas as expressões têm, conforme o Novo Dicionário da Língua Portuguesa (Aurélio), uma só significação;

É uso generalizado nas nossas Igrejas falar de evangelização quando a pregação da Palavra é feita dentro das fronteiras do país, e falar de missão quando é feita fora delas. Desta maneira, evangelização não é mais importante que missão e vice-versa. Se alguém pensa que missão é algo superior à evangelização deve corrigir a sua ideia.

A Duração Da Ordem Missionária

Quando Jesus deu a ordem missionária Ele terminou dizendo: Eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos (Mt 28.20). Portanto a ordem missionária continuaria até à consumação dos séculos. Por isso a ordem missionária tem hoje a mesma atualidade e vigência como no dia em que Jesus subiu ao céu.

Jesus deu a ordem missionária para que todos os homens conheçam o seu convite à salvação (1Tm 2.4). Fica portanto bem claro que enquanto existirem pessoas ou nações que ainda não ouviram o evangelho da graça, esta ordem continua a ter vital importância. A Bíblia diz: “Uma geração vai, e outra geração vem” (Ec 1.4). Está assim bem claro que ainda que a geração que foi tenha sido evangelizada, a outra geração que vem também precisará do evangelho.

A Ordem Missionária Deve Ser Obedecida

A palavra de Deus nos ensina que devemos estar “sujeitos às potestades” (Rm 13.1), e isto “pela consciência” (Rm 13.5). Se é necessário obedecer a ordens dadas pelas autoridades humanas, quanto mais necessário não é a obediência a uma ordem dada pelo Salvador de todo o mundo que é o Senhor dos senhores e Rei dos reis? (1 Tm 6.15).

A não obediência a esta ordem significa que os homens que não foram alcançados pelo evangelho, por causa da nossa desobediência, estão indo para as trevas, sem saber que Jesus está esperando por eles, para lhes perdoar todos os seus pecados.

A Bíblia fala do crente como um atalaia e diz: “Não o avisando tu, não falando para avisar ao ímpio acerca do seu caminho ímpio para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue de tua mão o requererei (Ez 3.18). Vemos assim que é importante obedecer.

Jesus conta também com a SUA cooperação na evangelização. Assim como o pai, conforme a parábola, disse ao seu filho: “Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha!” (Mt 21.28), assim também Jesus te convida para uma voluntária cooperação no maior empreendimento do universo – levar a mensagem do perdão a todos !

Cronologia Histórica das Igrejas Evangélicas no Brasil.

Veremos agora, um panorama histórico simples das principais Igrejas no Brasil, somente para percebermos o que é o fruto de missões estrangeiras e a dívida que temos com as nações que outrora investiram em missões, em nossa pátria.

1855 - Roberto Kalley - médico escocês, chega ao Brasil e funda no Rio de Janeiro a Igreja Evangélica Fluminense, segundo a ordem Congregacional. Roberto Kalley é o exemplo do missionário "fabricante de tendas".

1859 - A. G. Simonton - chega ao Rio de Janeiro e inicia a Igreja Presbiteriana no Brasil.

1881 - W. B. Bagby - chega em terra brasileira e inicia o trabalho Batista.

1876 - J. S. Newmam e Jonh J. Ranson - conseguiram estabelecer a Igreja Metodista em nossa nação depois de muitas tentativas frustradas.

1911 - Funda-se a maior Igreja Pentecostal de todos os tempos, Assembléia de Deus, pelos missionários Daniel Berg e Gunnan Vigren. Hoje a referida Igreja, já passa de 16 milhões de membros, isso só no Brasil.

1946 - Harold Edwin - chega ao Brasil, funda a Igreja do Evangelho Quadrangular.

Poderíamos citar muitas outras Igrejas aqui, porém foi dada prioridade às Igrejas que foram fundadas através de missionários estrangeiros. Igrejas como: O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é amor, Igreja Internacional da Graça de Deus, etc. Foram Igrejas fundadas por missionários nacionais que, inegavelmente, foram chamados para desenvolver o seu trabalho, movidos por uma visão de missões nacionais e, posteriormente transculturais. Já temos notícia do que essas Igrejas estão fazendo além das fronteiras.

O nosso objetivo é conscientizar todos os cristãos brasileiros da dívida que temos com missão transcultural. Por exemplo, se A. G. Simonton, não fosse enviado para o Brasil, existiriam os presbiterianos em terras brasileiras? E se Daniel Berg e seu companheiro Gunnan Vigren não fossem enviados a nossa nação, existiria, hoje, este movimento pentecostal no Brasil, chamado Assembléia de Deus? E assim vale também aos demais missionários enviados de lá para cá, e fincaram aqui no Brasil, a bandeira do evangelho de Cristo e representaram suas respectivas Igrejas. Fica isso para nossa reflexão.

O que Eles Disseram Sobre Missões.

Willam Carey - "Eu vou descer, mas vocês não se esqueçam de que devem segurar bem as cordas".

Adoniran Judson - "Muitos crentes consagrados jamais atingirão os campos missionários com seus próprios pés, mas poderão alcançá-los com os joelhos".

Dick Hills - "Cada coração com Cristo é um missionário, e cada coração sem Cristo, é um campo missionário".

Willam Carey - "Na mente Divina não há distinção entre missões estrangeiras ou missões nacionais. Onde houver uma alma perdida, ai está um campo missionário".

Conde Zinderdorf - "A região do mundo que mais precisa do evangelho passa a ser, doravante, o meu país".

Johannes Blaun - "Enquanto houver neste mundo homens em trevas, sem Deus e sem misericórdia, há de prevalecer a tarefa missionária da Igreja Cristã".

Osvald Smith - Oramos sempre; "Venha o teu Reino". Mas nunca dizemos: "Envia-me a mim".

Hendrick Kraemer - ”O momento do nascimento da Igreja, no pentecostes, foi também o instante em que tarefa missionária nasceu. A descida do Espírito Santo fez dois discípulos apóstolos, isto é missionários".

Adams Brown – “O único, entre os doze apóstolos que não se tornou missionário, veio a ser o traidor".

Walter Knkght - "Quando Jesus disse: "Vinde", Ele vem nos encontrar. Quando Ele diz: "Ide", Ele vai conosco".

Here - "O melhor remédio para uma Igreja enferma, é colocá-la em uma dieta missionária".

Hudson Taylor - "Se Deus o deseja trabalhando nos campos missionários, nem seu dinheiro, nem suas orações, jamais poderão ser substitutos aceitáveis".


MISSÕES NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

Missões no Antigo Testamento.

Já aprendemos no primeiro capítulo desta apostila que o Deus vivo, é um Deus missionário. E o maior exemplo de missões no Antigo Testamento, começa com o chamado de Abrão, cerca de quatro mil anos atrás.

Em Gn 12, começa a grande promessa feita a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12. 1-4). A promessa de Deus, feita a Abraão se divide em três aspectos principais:

- A promessa de uma terra.

- A promessa de uma benção.

- A promessa de uma posteridade.

Após Ló ter se separado de Abraão, Deus disse a esse: "Ergue os olhos e olha desde onde estás para norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente, porque toda essa terra que vês, Eu darei a ti, e a tua descendência, para sempre" (Gn 13. 14 - 15), ali foi confirmada a promessa de uma terra a Abraão e sua descendência.

Em Gn 12. 1 - 4, aparecem cinco vezes as palavras: bênçãos e abençoar. A bênção que Deus prometeu a Abraão transbordaria sobre toda humanidade.

Um pouco mais tarde, Deus confirma a Abraão a promessa de sua posteridade, simbolizada como o pó da terra e como as estrelas do céu de tão inumerável que seria.

Deus cumpriu esta promessa, porque o pó da terra simbolizava a descendência natural de Abraão, os filhos de Israel, que nasceram através de seu neto Jacó (Gn. 32. 12).

As estrelas do céu simbolizavam a descendência espiritual, que são todos os que aceitam a Jesus Cristo, que é descendente de Abraão na carne (Gl. 3. 29), portanto a promessa de Deus feita a Abraão, dizendo: "Em ti serão bendita todas as famílias da terra" (Gn. 12. 3), se cumpre perfeitamente porque o Novo Testamento inicia-se dizendo:”Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão" (Mt. 1. 1). Todas as famílias da terra que aceitam Jesus se tornam também filhos de Abraão e herdeiros da mesma promessa dada a ele (Gl. 3:7-29 / Rm. 4. 16 - 17).

Jesus Cristo é esta promessa missionária, feita por Deus no Antigo Testamento, ao afirmar: "Digo-vos que muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no reino dos céus” (Mt. 8. 11-12).

O chamado missionário de Israel.

Muitos acham que a visão missionária não soa tanto no Antigo Testamento. Isso se dá pelo fato de muitos não compreenderem que Deus estava preparando a nação de Israel como luz do mundo em meio aquele mundo pagão. Notemos isso em Êx 19. 4 - 6 / Sl 67 e, principalmente em Gn 12. 1 - 3. Depois disso percebemos a história de Jonas, que foi enviado por Deus à cidade de Nínive, como autêntico missionário judeu, para pregar aos ninivitas. Ainda vemos a história de Isaías (Is. 6. 8), de Jeremias (Jr. 1. 5) e outros profetas.

O plano missionário de Deus para Israel, se dividia em três pontos :

- Proclamar seu plano de abençoar as nações (Gn. 12.1 - 3).

- Participar do seu sacerdócio como agente dessa bênção (Ex. 19. 4 - 6).

- Provar seu propósito de abençoar todas as Nações (Sl. 67).

O primeiro ponto mostrado acima contradiz as pessoas que defendem a teoria de que, no Antigo Testamento, a visão Missionária era extremamente nacionalista, pelo fato de Deus tratar de forma peculiar a nação de Israel.

Se observarmos a Bíblia, descobriremos que em seu primeiro capítulo, antes mesmo do homem pecar, a palavra dada a Adão e Eva foi esta: "E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundo, multiplicai-vos". Após o pecado essa benção foi quebrada pela maldição (veja o contraste entre Gn 1. 28 e Gn 3. 17), mas em Gn. 12. 3, com a chamada Abraão, Deus promete abençoar novamente todas as famílias da terra, através da descendência de Abraão (Israel): "Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”.

O segundo ponto mostra o plano de Deus de usar Israel como intercessor das demais nações diante de Deus.

O terceiro ponto é o significado do Sl 67, aplicado a todos os povos, por intermédio do que Deus havia dado a Israel, mostrado através dos sinais e das maravilhas. Isso é percebido, principalmente, quando Deus abriu o Mar Vermelho e o rio Jordão, estes fatos, fizeram com que todas as demais nações temessem ao Deus de Israel, fato que é comprovado pelo testemunho de Raabe:

"...porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saístes do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Seor e a Ogue que estavam além do Jordão, os quais destruístes. Ouvindo isso, desmaiou o nosso coração e em ninguém há mais ânimo algum, por causa da vossa presença, porque o Senhor vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo da terra".

Atividades de Apoio:

Faça uma redação sobre um personagem do Antigo Testamento, que tenha exercido missões.

Na pesquisa deve ter :

Tempo em que ele viveu.

De quem ele foi contemporâneo.

E porque, você o considera como um missionário.

Missões no Novo Testamento.

Já aprendemos que o Antigo Testamento é uma base indispensável e insubstituível na tarefa missionária da Igreja, entre as nações e povos deste mundo. O Deus que no Antigo Testamento se identifica como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, e que revela a Moisés o seu nome pessoal Yahweh, é o Deus de todo o mundo. No Novo Testamento, nos é apresentado Jesus, o Salvador do mundo. Do inicio ao fim, o Novo Testamento é um livro de Missões.

Os Evangelhos anunciam a chegada definitiva do reino dos céus, o livro de Atos dos Apóstolos anuncia a propagação deste reino e as Epístolas são instrumentos reais e autênticos do trabalho missionário dos apóstolos às Igrejas recém-inauguradas. Com base na própria pregação de Jesus pode-se afirmar que a obra missionária da Igreja, por todo o mundo, é a exata razão do intervalo entre a ascensão de Jesus e seu retorno como o Filho do Homem.

O mandado missionário do Evangelho de Mateus é a grande Comissão (Mt. 28. 19 - 20). O de Marcos é uma ordem imperativa: "Ide" (Mc. 16. 15). O de João é de que, se alguém não nascer de novo, não poderá ver o reino do céu (Jo. 3. 3).

A Grande Comissão.

Em Mt. 28. 19 - 20, temos o registro da grande comissão dada por Jesus aos seus discípulos.

Dentre os vários aspectos dados por Jesus a essa Grande Comissão, queremos destacar dois pontos principais: 

Primeiro - Uma Ordem. 

Segundo - Uma promessa.

Uma ordem. "Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações” Este “Ide”, ordenado por Jesus é uma confirmação de Mc 16. 15, “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”. Isso é uma ordem imperativa. Jesus, após ressuscitar disse: “É me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mt. 28. 18). Nesse momento, Ele, como General vitorioso, não pediu aos seus discípulos para evangelizar, Ele deu uma ordem expressa: “IDE”.

Uma Promessa: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt. 28. 20). Ao mesmo tempo em que Jesus nos deu uma ordem, Ele nos consolou, dizendo que estaria conosco na execução de sua grande comissão. Não estamos sozinhos nesta missão, por isso devemos realizar o mais rápido possível o que o Senhor nos confiou, pois Ele está conosco em qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer dia que sairmos para fazer a sua obra, cumprindo a suprema tarefa da Igreja, que é a evangelização do mundo.

A Igreja Primitiva Cumpriu a Grande Comissão?

No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos a resposta para a pergunta feita acima. Milhões de cristãos julgam que o livro de Atos dos Apóstolos e o de Lucas registram a obediência dos doze Apóstolos à grande comissão. Mas, na verdade relatam a relutância dos mesmos em obedecê-la. Sabemos que os judeus sempre foram exclusivistas e este foi o grande obstáculo para a realização da grande comissão. Parece-nos que os doze apóstolos não entenderam a missão outorgada por Jesus a eles. Percebemos isso quando Cornélio mandou mensageiros buscarem a Pedro. Se não fosse a advertência que o Senhor havia feito a Pedro, através da visão do lençol (Leia At. 10. 9 - 16), ele não teria aceitado ir anunciar o evangelho, pela primeira vez, aos gentios.

O próprio Espírito de Deus advertiu a Pedro, dizendo: “Levanta-te, pois e desce e vai com eles, nada duvidando, porque eu os enviei” (At. 10. 20).

Quando chegou ao conhecimento dos apóstolos, em Jerusalém, e dos crentes, na Judéia, que Pedro havia pregado aos gentios, começaram a criticá-lo por sua atitude. Agora pergunto: será que eles já haviam esquecido que Jesus disse: "Ide até os confins da terra"? Na verdade queriam que o evangelho ficasse restrito somente aos judeus. Vejamos o que diz Gl 3. 26 -28: "Portanto os judeus e os gentios são unidos por Deus pelo sacrifício da morte de Cristo na cruz do calvário".

O Primeiro Concílio Missionário, em Jerusalém.

Nós aprendemos pela história do Cristianismo que, a princípio, os apóstolos achavam que esse seria apenas uma continuação do Judaísmo, só que de uma forma mais ampliada. Mas não foi isso que o Senhor Jesus passou para eles. Quando a notícia de que Pedro havia pregado para a casa de Cornélio chegou em Jerusalém, os apóstolos se reuniram para dar o seguinte parecer: "Ou o cristianismo ficaria restrito à região da Palestina, ou avançaria por ela até os confins da Terra". Após haver grande debate entre os apóstolos, Pedro tomou a palavra, fazendo uma exposição do que Deus havia feito por intermédio dele aos gentios, na casa de Cornélio, e como Deus o havia escolhido para levar o evangelho aos gentios.

Depois da exposição feita pelo apóstolo Pedro, a multidão silenciou para ouvir a exposição feita por Barnabé e Paulo, acerca do que Deus fizera por intermédio deles, na primeira viagem missionária. Ao terminarem, Tiago, que presidia a reunião, tomou a palavra e fez uma exposição, mostrando referências bíblicas em que os profetas prediziam que o nome de Jesus seria invocado entre os gentios. Com isso, o Concilio de Jerusalém, por volta do ano 50 d.C., registrado em At 15, deu seu parecer favorável à expansão do cristianismo entre os gentios e até os confins da terra.

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