FUNÇÕES PRECÍPUAS DOS ADMINISTRADORES
II
O dia de descanso é santificado ao Senhor quando
os homens... ocupam o tempo
em... deveres de necessidade e de
misericórdia.
As boas obras, feitas em obediência aos
mandamentos de Deus, são os frutos e a evidência de uma fé verdadeira e viva.
• Mt 12.12-13 – "Ora, quanto mais
vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito fazer bem aos sábados. Então disse
ao homem: Estende a tua mão. Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra."
• Tg 1.27 – "A religião pura e sem
mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas
suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo."
• Mt 25.35-36 – "Porque tive fome,
e me destes d e comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me
hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e
fostes ver-me."
• Mt 6.2-4 – "Quando, pois, deres
esmola... Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a
tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará."
• At 10.2, 4 – "... piedoso e
temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de
contínuo orava a Deus... E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas
subiram para memória diante de Deus."
• Ef 4.28 – "Aquele que furtava,
não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para
que tenha com que acudir ao necessitado."
O que você tem feito no sentido de
cumprir seus deveres “de necessidade e de misericórdia”? Isto se constitui algo
regular, um estilo de vida? Você crê que tem responsabilidades pessoais com
isto? Você crê que deveria canalizar este esforço, tanto quanto possível, por
meio do Corpo de Cristo, que é a Igreja? E sua igreja, o que tem feito? Como
você tem se colocado na igreja diante deste dever?
Quando nos referirmos a crentes e
igrejas confessionais, devemos nos lembrar que a questão, em rigor, não é:
Cremos que temos tais deveres? Tais deveres já estão pressupostos quando
fizemos a confissão pública de nossa fé naqueles termos, tanto como membros
individualmente, quanto também na comunhão do Corpo. Mas uma questão é
certamente pertinente: Quão importantes tais deveres têm sido para você e sua
igreja? Você tem dado de si mesmo, na proporção do dom de Deus, ou ainda acima
das suas posses, a fim de que, para a glória de Deus, tais propósitos sejam
atingidos? Em termos práticos, o quanto lhe tem custado regularmente, de tudo
quanto Deus lhe tem colocado para administrar? Ao recolher os frutos do
sustento que Deus lhe tem dado regularmente, você se reconhece despenseiro da
graça de Deus?
No que diz respeito à contribuição
financeira, o princípio bíblico de uma participação regular, sistemática,
deveria ser assumido. Por que deveríamos pressupor que podemos receber o
sustento do Senhor e não contribuir regularmente, na mesma frequência e
regularidade, para a obra do Senhor? Precisamos patentear o compromisso do
discípulo com seu Mestre, do membro com o Corpo, das ovelhas com os pastores,
da comunidade pactual com os pobres (especialmente os da família da fé), da
igreja local diante do mundo sem Cristo... Não deveríamos simplesmente
negligenciar nossos compromissos. E o seu compromisso com a Casa de Deus também
passa pelo fator financeiro. E neste caso, o desafio básico tem sido o mesmo em
toda a Bíblia: a sua renúncia e generosidade, e a priorização do reino de Deus
e sua justiça. E a expressão deste compromisso do crente, individualmente, e de
nossas famílias, coletivamente, deveria ser tão regular quanto o dom recebido,
e tanto quanto a medida de graça e generosidade que Deus coloca em nosso
coração. Esse nos parece um bom princípio. O Senhor e Mestre disse:
“Porque onde está o teu tesouro, aí
estará também o teu coração” (Mt 6.21).
Onde está o seu tesouro?
Devemos reconhecer a suprema verdade de
que somos despenseiros, e procurar exercer sabiamente a nossa administração,
com o auxílio do Pai.
No reconhecimento desta verdade o
crente deve entregar-se ao Mestre e pôr tudo à sua disposição para o
crescimento do seu Reino. Assuma um compromisso de ser um melhor despenseiro,
achado fiel e prudente pelo Senhor.
FUNÇÕES PRECÍPUAS DA ADMINISTRAÇÃO
Como já afirmamos anteriormente, Stoner e Feeman, ensinam que Administração é o "processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros da organização, e de usar todos os recursos disponíveis da organização para alcançar os objetivos definidos”.
Veremos agora, quatro aspectos do
processo da administração secular e que são também importantes na vida da
igreja :
1) Planejar:
Significa estabelecer os objetivos da
igreja, especificando a forma como eles serão alcançados. Parte de uma sondagem
do presente, passado e futuro, desenvolvendo um plano de ações para atingir os
objetivos traçados. É a primeira das funções, já que servirá de base diretora à
operacionalização das outras funções. Ao fazer o planejamento perguntamos : o
que queremos, quais são os nossos objetivos, qual nossa missão; que recursos
dispomos e quais deveremos buscar; quem nos irá ajudar nesta tarefa, etc.
2) Organizar:
É a forma de coordenar todos os
recursos da igreja, sejam humanos, financeiros ou materiais, alocando-os da
melhor forma segundo o planejamento estabelecido.
3) Dirigir ou liderar:
Contrate e forme líderes que
administrem a igreja. Guardada as devidas proporções, é como um jogo de
futebol, que em cada jogo (obstáculo) tenha que ser vencido para que se ganhe o
campeonato (planejamento). Motivar e incentivar a equipe.
Delegue autoridade e responsabilidade e
cobre resultados. Elogie, premie, e comemore. Lidere a equipe motivada e
satisfeita para que o time alcance os objetivos. O trabalho em equipe é que
leva a igreja a ter sucesso, pois acabou a era do “eu sozinho”. Não acredito na
administração democrática, mas sim na participativa, onde as equipes envolvidas
nos processos eleitos para se atingir os objetivos do planejamento buscam
juntas as soluções.
4) Controle ou Coordenação:
O que não é medido é difícil de ser
avaliado. O que não é cobrado não é feito. Esta atividade é que nos permite
dirigir e corrigir os trabalhos que não estão sendo feitos dentro do nosso
planejamento. Com o controle o líder pode premiar as equipes que atingem os
objetivos.
A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO
“Ponha as primeiras coisas em primeiro
lugar e teremos as segundas a seguir; ponha as segundas coisas em primeiro
lugar e perderemos ambas” C.S. Lewis
“Que insensatez temer o pensamento de
desperdiçar a vida de uma só vez, mas por outro lado, não ter nenhuma
preocupação em jogá-la fora aos poucos” John Howe
Nada caracteriza melhor a vida moderna
do que o lamento, “Se eu tivesse tempo...”
Esta é uma frase muito comum em nosso
dia a dia. Aqueles que estão sempre reclamando de falta de tempo geral mente
não têm métodos para utilizá-lo e, somente, comprovam que a problemática do
tempo é não saber o que fazer com ele.
Uma análise das tarefas realizadas pelo
pastor nos leva a fazermos a seguinte lista : as inúmeras e cobradas visitas
pastorais nos lares, reuniões com os presbíteros, reuniões para discussões
sobre os planos de trabalho, 4 ou cinco sermões semanais, estudos bíblicos,
cada um com uma média de duas a três horas de preparação, o boletim semanal,
compromissos para falar em outras igrejas, casamentos, funerais, colocar em dia
a leitura, visitas aos hospitais, algumas prioritárias (especialmente os
idosos) etc.
Normalmente, o resultado desta correria
para atender a tantos compromissos da agenda é a constante tirania do urgente.
Uma coisa é planejar nosso trabalho; outra é trabalhar nosso plano.
Perguntas Para Reflexão:
1) Quais tarefas inacabadas são motivo
de grande preocupação para você neste instante?
2) Faça uma lista de dois ou três
objetivos mais importantes em sua vida para as duas próximas semanas.
3) Quando foi a última vez que você
separou ao menos uma hora para analisar a direção em que você está indo?
Há uma grande diferença entre estar
muito ocupado e ser produtivo. Claramente, podemos observar que existem pessoas
que se esgotam trabalhando e não conseguem progresso algum, enquanto outras,
com menor esforço, atingem objetivos e são bem sucedidas. Não podemos esquecer
também aqueles que vencem na vida trabalhando tanto que chegam a sacrificar
alguns valores extremamente importantes como o lazer, a família e, às vezes,
até a saúde. Há também aqueles que estão sempre girando em torno de tudo, como
verdadeiros furacões, em grande movimento. Contudo, quando analisados com
profundidade, pouca coisa apresentam de produtivo.
É provável que você já tenha ouvido o
termo "workaholic".É uma expressão americana que teve origem na
palavra alcoholic (alcoólatra). Serve para denotar uma pessoa viciada, não em
álcool, mas em trabalho. As pessoas viciadas em trabalho sempre existiram, no
entanto, esta última década acentuou sua existência motivada pela alta
competição, necessidade (talvez mais adequado seria dizer obsessão) por
dinheiro, vaidade, sobrevivência ou ainda alguma necessidade pessoal de provar
algo a alguém ou a si mesmo. Podemos encontrar esta figura também no Ministério
pastoral.
Veja como podemos caracterizar o
"workaholic":
1. Trabalha mais que onze horas
2. Almoça trabalhando
3. Não tira férias de vinte dias há
três anos
4. Eternamente insatisfeito
5. Acha que trabalha mais que os outros
6. Fala ao telefone mais de uma hora
por dia (13% do dia)
7. Avalia as pessoas pelo seu aspecto
profissional e, depois, pelo pessoal
Em corolário das características acima,
podemos antever alguns sintomas geralmente diagnosticados:
1. Ambiente tenso no lar;
2. Sensação de fracasso pessoal;
3. Dificuldades financeiras;
4. Exigência de um padrão de vida
sempre superior, ou melhor.
Para não recebermos o rótulo de
"workaholic", primeiramente, necessitamos nos organizar melhor em
relação ao tempo e, dessa forma, conhecer os tipos de "ladrões ou
desperdiçadores de tempo", e como podemos resolvê-los. Mas antes,
precisamos entender que o tempo é:
ADMINISTRAÇÃO
ECLESIÁSTICA - ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO
Tempo: Uma Estrutura Teológica
O Sl 118:24 não deveria ser apenas um
fato, mas nosso alvo em nosso uso do tempo : este é o dia que o Senhor fez.
Nosso alvo é que nosso uso do tempo deste dia reflita uma genuína autoria de
Deus.
O puritano Jeremiah Burroughs
estabeleceu um excelente princípio:
Esteja certo de seu chamado para todo
empreendimento que você tiver à frente. Mesmo que seja o menor empreendimento,
esteja certo de seu chamado para o mesmo. Então, com o que for que se
encontrar, você pode aquietar seu coração com isto: eu sei que estou onde Deus
gostaria que eu estivesse. Nada no mundo aquietará o coração tanto quanto isto
: quando me encontro com alguma cruz, eu sei que estou onde Deus gostaria que
eu estivesse em meu lugar e em meu chamado : estou no trabalho que Deus
estabeleceu para mim.
Claramente isto envolve considerar
antecipadamente o que Deus nos tem chamado a fazer, confiante de que este será
o mais feliz e satisfatório uso de nosso tempo.
Um princípio semelhante chega até nós
através de Ef 5:16, traduzido como ‘remindo o tempo’ e ‘fazendo o melhor de
cada oportunidade’. O verbo é exagorazo. O ágora era o mercado onde se comprava
mercadorias e escravos. Exagorazo é fazer sua seleção a partir das opções
disponíveis. Em Ef 5:16 o que está disponível é ton kairon: o tempo, mas tempo
de um certo tipo (pois existem duas palavras para tempo em grego): o tempo de
hoje visto como oportunidade, cheio de possibilidades de realizações ou perdas
ressentidas.
Se combinarmos as palavras chegamos a
este pensamento. Procuramos assegurar, como visto tão extraordinariamente na
vida de nosso Senhor, a autoria de Deus de nosso tempo de tal forma que
possamos dizer com confiança, ‘Este dia, o modo como está rendendo, é o dia que
o Senhor fez; alegro-me e regozijo-me nele.’ É para esta tarefa que nos
voltamos.
O gerenciamento do tempo é tanto uma
arte quanto uma ciência, e tem uma literatura profusa. Uma grande quantidade de
cursos sobre isto está disponível tanto nas organizações seculares como nas
cristãs.
Nas páginas a seguir daremos algumas dicas
que serão úteis para que possamos gerenciar melhor o nosso tempo:
1. Mitos sobre a administração do tempo
2. Razões para administrar o tempo:
3. Desperdiçadores e economizadores de
tempo;
4. Dicas para se economizar tempo;
5. Soluções práticas para economizar
tempo;
6. Como fazer reuniões criativas.
Mitos Sobre Administração Do Tempo
Comecemos por analisar alguns mitos
acerca da administração do tempo.
1) O Primeiro É Que Quem Administra O
Tempo Torna-Se Escravo Do Relógio.
A verdade é bem o contrário. Quem
administra o tempo coloca-o sob controle, torna-se senhor dele. Quem não o
administra é por ele dominado, pois acaba fazendo as coisas ao sabor das
pressões do momento, não na ordem e no momento em que desejaria.
A verdade é que administrar o tempo não
é programara vida nos mínimos detalhes: é adquirir controle sobre ela. É
necessário planejar, sem dúvida. Mas é preciso ser flexível, saber fazer
correções de curso. Se você está fazendo algum trabalho e está inspirado, produzindo
bem, não há razão para parar, simplesmente porque o tempo alocado àquela tarefa
expirou. Se a tarefa que viria a seguir, em seu planejamento, puder ser
reagendada, sem maiores problemas, não interrompa o que você vem fazendo bem.
Administrar o tempo é fazer o que você considera importante e prioritário, é
ser senhor do próprio tempo, não é programá-lo nos mínimos detalhes e depois
tornar-se escravo dele.
2) O Segundo Mito É Que A Gente Só
Produz Mesmo, Ou Então Só Trabalha Melhor, Sob Pressão.
Esse é um mito criado para racionalizar
a preguiça, a indecisão, a tendência à procrastinação. Não há evidência que o
justifique, até porque os que assim agem poucas vezes tentam trabalhar sem
pressão para comparar os resultados sobre si mesmos e sobre os que os circundam.
A evidência, na verdade, justifica o contrário daquilo que expressa o mito. Em
contextos escolares, por exemplo, quem estuda ao longo do ano, com calma e sem
pressões, sai-se, geralmente, muito melhor do que quem deixa para estudar nas
vésperas das provas e, por isso, vê-se obrigado a passar noites em claro para
fazer aquilo que deveria vir fazendo durante o tempo todo. Nada nos permite
concluir que o que vale no contexto escolar, a esse respeito, não valha em
outros contextos.
3) O Terceiro Mito É Que Administrar O
Tempo É Algo Que Se Aplica Apenas À Vida Profissional.
Falso. Certamente há muitas coisas em
sua vida pessoal e familiar que você reconhece que deve e deseja fazer, mas não
faz -"por falta de tempo". Você pode estar querendo, há anos, reformar
algumas coisas em sua casa, escrever um livro ou um artigo, aprender uma outra
língua, desenvolver algum hobby, tirar duas semanas sem perturbações para
descansar, curtir os filhos que estão crescendo, tudo isso sem conseguir. A
culpa vai sempre na falta de tempo. A administração do tempo poderá permitir
que você faça essas coisas em sua vida pessoal e familiar.
4) O Quarto Mito É Que Ter Tempo É
Questão De Querer Ter Tempo.
Você certamente já ouviu muita gente
dizer isso. De certo modo essa afirmação é verdadeira - até onde ela vai.
Normalmente damos um jeito de arrumar tempo para fazer aquilo que realmente
queremos fazer. Mas a afirmação não diz tudo. Não basta simplesmente querer ter
tempo. É preciso também querer o meio indispensável de obter mais tempo – e
esse meio é a administração do tempo.
Contrária a esses mitos, a verdade é
que administrar o tempo é saber usá-lo para fazer aquelas coisas que você
considera importantes e prioritárias, tanto no ministério pastoral, quanto na
vida pessoal. Administrar o tempo é organizar a sua vida de tal maneira que
você obtenha tempo para fazer as coisas que realmente gostaria de estar
fazendo, e que possivelmente não vem fazendo porque anda tão ocupado com
tarefas urgentes e de rotina (muitas delas não tão urgentes nem tão
prioritárias) que não sobra tempo.
Quem tem tempo não é quem não faz nada:
é quem consegue administrar o tempo que tem. Todos nós conhecemos pessoas (um
tio idoso, uma prima) que (pelos nossos padrões) não fazem nada o dia inteiro
e, no entanto, constantemente se dizem sem tempo.
Por outro lado, quem administra o tempo
não é quem está todo o tempo ocupadíssimo. Pelo contrário. Se você vir algum
que trabalha o tempo todo, fica até mais tarde no serviço, traz trabalho para
casa à noite e no fim de semana, pode concluir, com certeza, que essa pessoa
não sabe administrar o tempo. Quem administra o tempo geralmente não vive numa
corrida perpétua contra o tempo, não precisa trabalhar horas extras - e,
geralmente, produz muito mais!
Mas não se engane: o processo de
administrar o tempo não é fácil. É preciso realmente querer tornar-se senhor de
seu tempo para conseguir administrá-lo.
Razões Para Administrar O Tempo
1) Tempo É Vida:
O tempo é o recurso fundamental da
nossa vida, a matéria prima básica de nossa atividade.
Quando o nosso tempo termina, acaba a
nossa vida. Não há maneiras de obter mais. Por isso, tempo é vida. Quem
administra o tempo ganha vida, mesmo vivendo o mesmo tempo. Prolongar a duração
de nossa vida não é algo sobre o qual tenhamos muito controle.
Aumentar a nossa vida ganhando tempo
dentro da duração que ela tem é algo, porém, que está ao alcance de todos.
O tempo é um recurso não renovável e
perecível. Quando o tempo acaba, ele acaba mesmo. E o tempo não usado não pode
ser estocado para ser usado no futuro. O tempo não é como riquezas, que podem
ser acumuladas para uso posterior. Quem não administra o seu tempo joga sua
vida fora, porque um dia só pode ser vivido uma vez. Se o tempo de um dia não
for usado sabiamente, não há como aproveitá-lo no dia seguinte. Amanhã será
sempre um novo dia e o hoje perdido terá sido perdido para sempre.
Mas o tempo, embora não renovável e
perecível, é um recurso democraticamente distribuído. A capacidade mental, a
habilidade, a inteligência, as características físicas são desigualmente
distribuídas entre as pessoas. O tempo, porém, enquanto estamos vivos, é
distribuído igualmente para todos. O dia tem 24 horas tanto para o mais alto
executivo como para o mais pobre desempregado.
Todos receberam 24 horas de tempo por
dia. Na verdade, temos todo o tempo que existe: não existe tempo que alguém
possa guardar para si, em detrimento dos outros. Alguém pode roubar meu
dinheiro, os objetos que possuo. Mas ninguém consegue roubar meu tempo: outra
pessoa só consegue determinar como eu vou usar meu tempo se eu o consentir.
Se for assim, devemos nos perguntar por
que alguns produzem tanto com o tempo de que dispõem e outros não conseguem
produzir nada - no mesmo tempo. Não é que os últimos não façam nada (não são
daqueles que se levantam mais cedo apenas para ter mais tempo para não fazer
nada): às vezes são ocupadíssimos, e, no entanto, pouco ou mesmo nada produzem.
A explicação está no seguinte: o importante é o que fazemos com nosso tempo.
2) Tempo É Dinheiro
É importante se compenetrar do fato de
que nosso tempo é valioso. Há pessoas e instituições que estão dispostas a
pagar dinheiro pelo nosso tempo. Por isso é que se diz que tempo é dinheiro.
Quem administra o tempo, na verdade, ganha não apenas vida: pode também
transformar esse ganho de vida em ganho de dinheiro.
Para alcançar um determinado resultado
ou produzir alguma coisa, com determinado nível de qualidade, precisamos
investir fundamentalmente tempo e/ou dinheiro. Imaginemos exemplos
corriqueiros. Seu carro está precisando de uma limpeza. Ou é preciso consertar
a instalação elétrica de sua casa.
Suponhamos que você saiba lavar um
carro e fazer um conserto elétrico com um nível de qualidade aceitável, e que
em ambos os casos o serviço vai levar cerca de uma hora de seu tempo.
Independentemente de quanto valha a
hora de seu tempo, se você não tem mais nada que realmente queira fazer (como
dormir, assistir a um jogo de futebol na TV, etc.), provavelmente vai concluir
que vale mais a pena você mesmo lavar o carro, ou consertar a instalação
elétrica, do que pagar um lava-carro ou um eletricista para fazer o serviço. O
uso de seu tempo economiza dinheiro, nesse caso. Se, porém, você pode empregar
seu tempo ganhando mais dinheiro do que você vai economizar, ou, então, se há
coisas que você queira fazer que são mais importantes, para você, do que o
dinheiro que irá gastar, provavelmente vai concluir que vale mais a pena pagar
um lava-carro ou um eletricista para fazer o serviço.
Por outro lado, mesmo que você tenha
tempo, se você deseja um trabalho de melhor nível de qualidade do que aquele
que é capaz de produzir pode valer mais a pena pagar um bom profissional para
fazer o serviço.
A questão a manter em mente é que o
tempo tem um valor monetário para quem tem objetivos: a decisão de empregá-lo
ou não em determinada tarefa deve levar em consideração esse valor. Se lavar o
carro leva uma hora e você economiza dez reais fazendo, você mesmo, a tarefa,
então seu tempo, naquela situação, vale dez reais por hora. Por outro lado, se
você não tem nada mais a fazer, além da tarefa que está contemplando realizar,
então o fator tempo deixa de ser uma variável relevante.
Um outro exemplo pode ajudar.
Suponhamos que você não possua nem bicicleta, nem carro, nem helicóptero e
queira ir a uma certa cidade. Você pode ir a pé (e levar três dias), alugar uma
bicicleta (e levar várias horas), ir de ônibus (e levar cerca de três horas,
ponto a ponto), tomar um taxi (e levar um hora), ou fretar um helicóptero (e
levar quinze minutos). Cada uma dessas opções envolve um certo uso de tempo e
um de terminado dispêndio de dinheiro. Se você tem pouco tempo e bastante
dinheiro, pode decidir gastar mais dinheiro e fretar o helicóptero. Se você tem
pouco dinheiro e bastante tempo, pode decidir ir a pé. Dependendo da
"mistura", você pode escolher uma das opções intermediárias.
A qualidade do resultado, porém, também
precisa ser levada em consideração. Indo a pé, você vai chegar à cidade
cansado, sujo, estropiado. Indo de helicóptero, você vai chegar como saiu. Isso
pode eventualmente pesar na decisão.
Digamos, portanto, que um investimento
de tempo T e de dinheiro $ produz um resultado com um determinado nível de
qualidade Q. Se continuarmos a investir a mesma quantidade de tempo e de
dinheiro, é de esperar que a qualidade vai se manter a mesma. Se aumentarmos o
investimento de tempo, podemos manter a qualidade diminuindo o investimento de
dinheiro, ou vice versa.
Se aumentarmos o investimento de tempo,
mantendo o investimento de dinheiro estacionário, ou vice-versa, podemos
melhorar a qualidade, que pode ser mais melhorada ainda se aumentarmos ambos os
investimentos. Se diminuirmos o investimento de tempo, mantendo o investimento
de dinheiro estacionário, ou vice-versa, iremos piorar a qualidade, que pode
ser pior ainda se reduzirmos ambos os investimentos.
Por aí você vê que pode trocar seu
tempo por dinheiro. Na verdade, o trabalho é uma permuta de tempo por dinheiro:
alguém me paga pelo meu tempo (isto é, pelo meu tempo produtivo). E isso nos
traz à questão da produtividade.
3) Administração Do Tempo E
Produtividade
Quem administra o tempo, aumenta sua
produtividade. Produtividade é o produto da eficácia pela eficiência.
Ser eficaz é fazer as coisas certas,
isto é, fazer aquilo que consideramos importante e prioritário. Ser eficiente é
fazer as coisas certas, isto é, com a menor quantidade de recursos possível.
Ser produtivo é fazer certo as coisas
certas, isto é, fazer aquilo que consideramos importante e prioritário com a
menor quantidade de recursos possível. E tempo é um recurso fundamental: nada
pode ser feito sem tempo. Por isso ele é frequentemente escasso e caro.
É possível ser eficaz, isto é, fazer o
que precisa ser feito, sem ser eficiente. Todos conhecemos pessoas que fazem o
que devem fazer, mas levam tempo demasiado, ou gastam muito dinheiro, para
fazê-lo. Essas pessoas são eficazes, mas ineficientes.
Por outro lado, todos conhecemos
pessoas que fazem, de maneira extremamente eficiente, coisas que não são
essenciais, que não têm a menor importância. Quem consegue colocar cem mil
pedras de dominó em pé‚ sem derrubar nenhuma, possivelmente seja muito eficiente
nessa tarefa, mas extremamente ineficaz.
Vemos, talvez até mais frequentemente,
pessoas que são ineficazes e ineficientes. Todos já vimos o balconista de loja
ou o caixa de banco que tenta atender a mais de um freguês ou cliente ao mesmo
tempo, que simultaneamente tenta responder às perguntas de outro, conversar com
colegas que vêm pedir informações ou jogar conversa fora, etc. Esse indivíduo
parece ocupado, na verdade está ocupado, mas é improdutivo: no mais das vezes
não consegue fazer as coisas que devem ser feitas nem fazer o que faz de
maneira correta.
Tornar mais eficiente quem é ineficaz
(por exemplo, dando-lhe um computador) às vezes até piora a situação. Um
exemplo exagerado pode ajudar. Um bêbado a pé é ineficaz e (felizmente)
ineficiente. Se o colocarmos ao volante de um automóvel, poderá tornar-se muito
mais eficiente em sua ineficácia (isto é, fazer muito mais rapidamente o que
não deveria fazer, causando um dano muito maior).
Ser produtivo, portanto, não é a mesma coisa que ser ocupado. Está errado o ditado americano que diz: "Se você quer algo feito, dê isso para uma pessoa ocupada". A pessoa pode ser ocupada e não produtiva, em cujo caso não fará a tarefa adicional que lhe está sendo pedida.
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