NOVO TESTAMENTO III

LITERATURA JUDAICA, SINAGOGA, SINÉDRIO E PUBLICANOS / GRUPOS RELIGIOSOS DO NOVO TESTAMENTO

LITERATURA JUDAICA, SINAGOGA, SINÉDRIO E PUBLICANOS

Literatura judaica:

O Antigo Testamento.

O Antigo Testamento existia sob três formas lingüísticas, para proveito dos judeus do primeiro século: o hebraico original, a Setuaginta (uma tradução para o grego) e os Targuns (traduções orais, para o aramaico, que estavam começando a ser postas em forma escrita. Os Targuns também continham material tradicional que não figura no texto bíblico.

Os apópcrifos.

Escritos em hebraico, aramaico e grego, e datados dos períodos inter e neotestamentário, os livros apócrifos do Antigo Testamento contêm história, ficção e literatura de sabedoria.

Os judeus, e, posteriormente, os primitivos cristãos, de modo geral não reputavam esses livros como Escritura Sagrada, razão por que o termo apócrifos, que originalmente significava "oculto, secreto", e, por conseguinte, "profundo'", terminou por significar "não-canônico".

Os livros apócrifos incluem os seguintes : I Esdras, II Esdras (ou IV Esdras, de conteúdo apocalíptico; ver o parágrafo seguinte sobre a natureza da literatura apocalíptica), Tobias, Judite, Adições ao livro de Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico ou Sabedoria de Jesus filho de Siraque, Baruque, Epístola de Jeremias, Oração de Azarias, Cântico dos Três Jovens, Susana, Bel e o Dragão, Oração de Manassés, I Macabeus, II Macabeus.

Pseudepígrafos e Apocalípticos.

Outros livros judaicos que datam da mesma era geral são intitulados pseudepígrafos ("falsamente escritos"), porquanto alguns deles foram escritos sob a alegação de que seus autores foram figuras do Antigo Testamento desde há muito falecidas, a fim de assumirem foros de autoridade.

Alguns desses escritos pseudepígrafos também cabem dentro da categoria de literatura apocalíptica, (Derivado o termo do grego apokalypsys, que significa "desvendamento, revelação", no caso, sobre eventos futuros.) descrições vasadas em linguagem altamente simbólica e visionária, que fala sobre o fim da era presente, ante o estabelecimento do reino de Deus à face da terra. O propósito dos autores dos apocalipses era o de encorajar o povo judeu a suportar as perseguições, até que se inaugurasse o reino messiânico, em futuro próximo. Quando essa esperança não chegou a materializasse, cessou a publicação de obras de natureza apocalíptica.

A literatura pseudepígrafa, que não possui limites bem conhecidos, também contém livros anônimos (Os católicos romanos designam os livros pseudepígrafos como apócrifos, e os apócrifos como livros deutero-canônicos. Outros chamam os pseudepígrafos de "livros externos", pois só alguns deles são pseudônimos, e quase ninguém os considern canônicos. (O cânon etíope inclui os livros de 1 Enoque e Jubileus.)) cujo conteúdo é história lendária, salmos e observações de sabedoria.

Abaixo oferecemos uma lista dos livros pseudepígrafos:

I Enoque, II Enoque, II Baruque ou Apocalipse de Baruque, III Baruque, Oráculos Sibilinos, Testamentos dos Doze Patriarcas, Testamento de Jó, Vidas dos Profetas, Assunção de Moisés, Martírio de Isaías, Paralipômenos de Jeremias, Jubileus, Vida de Adão e Eva, Salmos de Salomão, Epístola de Aristéias, III Macabeus, IV Macabeus.

Evangelhos Apócrifos

Lucas 1:1 menciona numerosos registros evangélicos, escritos que antedatam ao terceiro evangelho, mas nenhum desses, excetuando o de Marcos, e talvez o de Mateus, conseguiu sobreviver. Os evangelhos apócrifos pós-apostólicos, entretanto, não perduraram, e apresentam um quadro misto de crenças heréticas e imaginações piedosas, especialmente ao preencherem detalhes da infância de Jesus e do intervalo e O Antigo Testamento.

Algumas Instituições e Grupos Importantes dos Dias do Senhor Jesus

Nos dia de Jesus a Palestina estava:

1. Confusa religiosamente,

2. Subjugada pelos romanos,

3. Dividida pelos partidos políticos e religiosos,

4. Em pobreza e sob injustiça Social.

SINAGOGA

- Surgiu com os Judeus da dispersão durante o Exílio Babilônico

- Onde quer que houvesse 10 famílias judias, estas deveriam unir-se e fundar uma sinagoga!).

- Tornou-se local de reunião para oração e estudo da Escritura e centro da vida dos judeus, após a destruição do Templo em 586 a.C.

Nos dias do Senhor Jesus, a sinagoga tinha quatro funções básicas :

1. Escola para crianças, onde eram ensinadas a Lei e as tradições religiosas dos judeus;

1.2 – local de ensino e instrução, onde as Escrituras eram lidas, expostas, e se faziam orações;

1.3 – conselho comunitário, onde questões civis e religiosas eram decididas;

1.4 – local de interação social, onde eram realizados diversos tipos de reuniões.

2. SINÉDRIO/ Assembléia:

Era a suprema corte dos judeus.

- É de origem incerta. A primeira referência documentada, vem do Período dos Selêucidas.

- Só podiam fazer parte dele judeus de nascimento.

- Seus 71 membros exerciam mandato vitalício.

- Era presidido pelo sumo sacerdote, que, nos dias de Jesus, era nomeado pelo governador romano.

- A jurisdição do Sinédrio limitava-se à Judéia.

- Dava a palavra final nos assuntos de interpretação da Lei.

- Tomava decisões em questões criminais, sujeitando-as à aprovação do governo romano.

- O Senhor Jesus foi levado perante o Sinédrio (Mc 14. 53-55), assim como também os apóstolos (At 4.15-18; 22.30).

 - Publicanos:

Coletores de impostos nas províncias do Império Romano. João Batista, quando foi indagado pelos publicanos sobre como deveriam proceder, recomendou-lhes que não tomassem das pessoas além do que lhes estava ordenado recolher (Lc 3:12-13)

GRUPOS RELIGIOSOS DO NOVO TESTAMENTO

FARISEUS – A classe pobre e média de Israel.

Estes judeus são mencionados pela primeira vez durante o Período Macabeu.

- Procuravam separar-se da influência helênica.

- Buscavam zelar pela prática da Lei.

- Sustentavam a doutrina da imortalidade da alma, na ressurreição do corpo e na existência do espírito, bem como de anjos.

- Esperavam a vinda de um Messias.

- Também criam nas recompensas e castigos da vida futura.

- Sustentavam que a graça divina era derramada somente sobre aqueles que faziam o que a Lei manda.

- Sua religião enfatizava a observância de atos externos, em detrimento das disposições do coração

- Recebiam Todo o Antigo Testamento.

- Consideravam [na prática] a tradição oral superior às Escrituras (Cf. Marcos 7).

- Paulo teve origem no Farisaísmo (At 23:6).

- A sinagoga era seu grande palco.

- Criam na predestinação, imortalidade da alma, na ressurreição, e a vinda de um Messias libertador político.

- Dos Fariseus vieram os Escribas.

- “Fariseu” virou sinônimo de hipocrisia religiosa hoje em dia.

Eis alguns pontos de conflito entre o Mestre e os fariseus:

1 - sua tradição (lei oral), com a qual invalidavam a Lei - Mc 7.9;

2 - sua falta de compreensão quanto à guarda do sábado - Mt 12.1-14;

3 - a questão das impurezas - Mc 7.18-23;

4 - a questão da hipocrisia - Mt 23.13;

5 - a falta de humildade - Lc 18.9-14.

6 – a questão da não aceitação dos samaritanos, dos gentios e dos “pecadores”

SADUCEUS – Era formada pela classe alta de Israel.

Sua origem foi na época da invasão grega.

- O partido dos saduceus mostrou-se aberto às influências estrangeiras, procurando conciliar o judaísmo com o helenismo, a teologia hebraica com a filosofia grega.

- Este partido, composto por gente abastada, teve grande aceitação entre os sacerdotes.

Nos dias do Senhor Jesus, formavam o partido da aristocracia de Jerusalém, vivendo separados das massas e dos sacerdotes mais pobres (muitos destes, eram fariseus). Eram impopulares.

- Viviam de bem com os governantes e ocupavam posições de destaque na sociedade.

- Controlavam a administração do Templo (At 4.1).

Apesar de serem numericamente poucos, tinham maioria no Sinédrio.

- Eram os liberais da época. Não criam na ressurreição do corpo, em anjos, em espírito (At 23.8. Ver também Lc 20.27- 33).

- Eram defensores do "livre arbítrio", não aceitando a soberania de Deus.

- Quase não tinham esperanças messiânicas.

- Negavam autoridade à “Tradição” e olhavam com suspeita para qualquer revelação que fosse posterior à Lei de Moisés.

Desprezavam as paixões nacionalistas e o entusiasmo religioso. A única coisa que tinham em comum com os escribas e fariseus foi seu antagonismo à Pessoa do Senhor Jesus.

- Desempenharam papel importante na política até a revolta judaica do ano 66.

- Desapareceram da História a partir da destruição de Jerusalém, no ano 70.

- Limitados ao Templo.

- Religiosidade pouco formal.

- Aceitavam apenas o Pentateuco.

- Negavam a imortalidade da alma.

- Negavam a existência de espíritos (anjos ou demônios).

- Será que podemos compará-los aos teólogos liberais ?

OS ESCRIBAS

Não constituíam um partido político, mas eram membros de uma “corporação de profissionais”.

- Eram, antes de mais nada, os copistas da Lei.

- Inicialmente, os escribas eram sacerdotes (Esdras foi sacerdote e escriba). - Considerados autoridades quanto às Escrituras Sagradas, exerciam função de ensino.

Sua linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com quem aparecem associados frequentemente nas páginas do Novo Testamento.

- O valor do seu trabalho está na preservação dos escritos divinos, bem como na defesa dos princípios da Lei.

Os escribas atribuíam a si mesmos uma tríplice missão :

a) definir e aperfeiçoar os princípios legais decorrentes da Torah. - Os A interperpretes da Lei.

b) ensinar não somente a lei escrita mas, também, a lei oral, ou “tradição dos anciãos”. Por meio da memorização e repetição. A redação final de todo esse código de jurisprudência recebeu o nome de Mishnah.

c) realizar a aplicação da justiça aplicando os princípios da lei oral.

ZELOTES – Grupo sociopolítico.

- Continuação dos Macabeus.

- Um movimento de libertação política-religiosa.

Militantes patriotas judeus, que criam ser justificável a violência, se esta libertasse a nação dos opressores estrangeiros.

- Surgiram durante o governo de Quirino (próximo, ou na mesma época do nascimento do Senhor Jesus) como um partido clandestino, que fazia oposição a Roma.

- Eram também conhecidos como sicários, pelo fato de levarem um punhal escondido, com o qual atacavam os inimigos.

- Inicialmente, atuaram mais na Galiléia, porém na Guerra Judaica (66 a 70 d.C.) tiveram atuação destacada na Judéia. 

-Respeitavam o Templo e a Lei. Opunham-se ao pagamento de impostos a Roma e ao uso da língua grega.

Acreditavam no Messias que, segundo eles, deveria ser um líder político que libertasse Israel da ocupação romana. - Seu desejo intenso por uma nação livre e independente poderá ter atraído alguns de seus militantes ao Senhor Jesus.

- Pelo menos um deles tornou-se discípulo (Lc 6.15; At 1.13).

-Em seu extremismo, acabaram por provocar e encabeçar a guerra contra Roma no ano 66, que culminou com a destruição completa de Jerusalém no ano 70, a dissolução do “estado” judeu e a dispersão de seu povo.

“Simão o Zelote” (Mt 10.4) :

1 – O nome Simão é derivado de Simeão, cujo significado é “Ouvido de Deus”.

2- Interessante observarmos alguns prováveis contrastes entre ele e o Senhor :

2.1 - Simão defendia a rebeldia contra Roma; Jesus, longe de estimular a rebeldia, ordenava : “Daí a César o que é de César” (Mt 22.21).

2.2 – Simão confiava na espada; o Senhor Jesus afirmava que “todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão” (Mt 26.52).

3 – Sendo um zelote, podemos deduzir que Simão fosse zeloso no que fazia, fervoroso em suas convicções, devotado aos seus objetivos, ardoroso em seu amor pela causa que defendia. O Senhor Jesus te-lo-ía chamado também porque desejava esse zelo ardente em Seu grupo, e o transformaria num “revolucionário” espiritual !

ESSÊNIOS – Não aparecem no NT, mas, são da mesma época.

- Separatistas, viviam longe da comunidade judaica.

Assim como os fariseus, devem ter surgido no Período Macabeu. Também eram contrários à helenização dos judeus.

- Foram, mui provavelmente, uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e também ao mundanismo dos saduceus.

- Os essênios (nome que, provavelmente significa “os santos”) se retiravam da sociedade, e viviam em ascetismo e celibato. Em geral, viviam em mosteiros do tipo de Qumram, ao norte do Mar Morto. Viviam em extrema simplicidade e sob severa disciplina.

Estudavam as Escrituras e outros livros religiosos, e davam atenção à oração e às lavagens cerimoniais.

-Possuíam o seu próprio calendário religioso e regras rituais de purificação.

- Eram conhecidos por sua laboriosidade e piedade. Repudiavam a guerra e a escravidão.

- Aguardavam ansiosamente a vinda do Messias, e se consideravam o único Israel verdadeiro, para o qual Ele viria.

Estavam convencidos de que todas as profecias do Velho Testamento estavam sendo cumpridas em seus dias, de modo que aguardavam o fim iminente dos tempos.

-Apesar de o ascetismo e o monasticismo terem conquistado adeptos dentre os cristãos desde cedo, o Cristianismo não é um movimento asceta.

- O Senhor Jesus ministrou à gente comum, na maior parte do tempo. À gente que era rejeitada tanto pelos fariseus, quanto pelos saduceus, quanto pelos essênios : gente que vivia o dia a dia].

- Os essênios foram aniquilados em 68 d.C. pelos romanos.

• Criam em espíritos.

• Tinham uma vaga concepção de ressurreição individual.

• Criam numa iminência messiânica e afirmavam que viviam nos últimos dias.

• Certa vez Paulo pôs os Fariseus contra os Saduceus por questões doutrinárias (Atos 22:30-23:11).

OS HERODIANOS

-Partido político formado por judeus (funcionários e soldados da corte herodiana, alguns proprietários de terras e também por alguns comerciantes) que criam que os melhores interesses do Judaísmo estavam na cooperação com os romanos.

-Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que, em sua época, tentou romanizar a Palestina.

- Mostraram forte hostilidade para com o Senhor Jesus (Mt 22.16; Mc 3.6). Como os saduceus, não criam na ressurreição.

OS SAMARITANOS

Descendentes da união de colonos trazidos para a Palestina por Sargão, com judeus pobres que permaneceram após a queda do Reino do Norte.

- A Samaria era parte da região que constituía o Reino do Norte, também chamado de Israel, após a divisão da nação, nos dias de Roboão, e que foi tomado pelos assírios em 722 a.C.

Por algum tempo, cultuaram num templo erguido no Monte Gerizim, baseando sua religião numa tradução própria do Pentateuco (2 Rs 17).

- Os samaritanos eram monoteístas, observavam a Lei, guardavam as festas judaicas, e esperavam um Messias. Os judeus não se davam com os samaritanos (Ne 4.1,2; Jo 4.8).

-Os samaritanos eram monoteístas, observavam a Lei, guardavam as festas judaicas, e esperavam um Messias. Os judeus não se davam com os samaritanos (Ne 4.1,2; Jo 4.8).

“O povo da Terra”.

Entre os judeus palestinos, as massas do povo ordinário, chamadas "o povo da terra", permaneciam desvinculadas das seitas e dos partidos políticos. Por causa de sua ignorância acerca da lei do Antigo Testamento e indiferença para com a mesma, juntamente com as disposições rabínicas, os fariseus menosprezavam-nas, tendo criticado a Jesus por misturar-se socialmente com o vulgo.

A Diáspora.

Fora da Palestina, os judeus da diáspora ("dispersão") se dividiam em duas categorias :

(I) os hebraístas, que retinham não só sua fé judaica, mas também seu idioma judaico e seus costumes palestinos, razão pela qual incorriam no ódio dos gentios, por se manterem distantes

(2) os helenistas, que haviam adotado o idioma, o estilo de vestes e os costumes gregos, ao mesmo tempo que se apegavam à fé judaica em vários níveis de intensidade.

Não há que duvidar que o judaísmo de fora da Palestina tendia por ser menos estrito e mais influenciado pelas maneiras gentílicas de pensar do que o judaísmo da Palestina. Contudo, não devemos exagerar as diferenças; pois influências helenistas haviam permeado a Palestina, pelo que ali o judaísmo era muito mais variado do que se vê no Talmude, o qual representa um estágio posterior e mais monolítico do judaísmo, segundo aquele quer fazer-nos entender.

Após os fracassos das revoltas contra Roma, em 70 e 135 D. C., o judaísmo da Palestina foi-se consolidando crescentemente na direção da uniformidade, seguindo as linhas de um farisaísmo que buscava eliminar elementos apocalípticos; porquanto os saduceus haviam perdido a sua base de influência, que era o templo, e os romanos haviam destruído as esperanças de seitas menores de tendências apocalípticas, como eram, por exemplo, os essênios.

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