DIACONIA I
Introdução
Testemunha-se
hoje um renovado interesse pela Diaconia Cristã e suas implicações para a
igreja e a sociedade. A responsabilidade social está em voga nas diferentes
áreas da sociedade, inclusive na iniciativa privada. Empresas descobrem os
aspectos sociais de sua atuação junto a seus funcionários e à comunidade.
Cresce
no meio cristão a consciência de que a diaconia é crucial para a fé, a vida e a
missão da igreja. Muitas vezes um tema negligenciado e mal compreendido no
pensamento e na prática cristã, o serviço cristão cada vez mais tem sido
entendido como inseparável da essência da igreja, a continuação no mundo da
vida de ADORAÇÃO da comunidade.
Por
esta razão, a diaconia deve ser legitimada não somente como uma função cristã,
mas como o MODO DE SER da igreja.
Muitas
igrejas, no entanto, não consideram este tema como prioritário em sua agenda.
Uma boa ilustração dessa atitude pode ser vista no empobrecimento do ofício do
diaconato em nossas comunidades. Em muitas igrejas, os diáconos limitam-se a
atividades tais como auxiliar a manutenção da ordem durante os cultos e
recolher as contribuições dos fiéis sem qualquer reflexão bíblico-teológica
sobre seu papel no culto.
Todavia,
por ser um conceito central nas Escrituras, na Ética e na Teologia, a Diaconia
Cristã deve ter alta prioridade na vida e no testemunho da igreja. Os diáconos,
na igreja do primeiro século, eram oficiais responsáveis pela assistência
social aos pobres além de versados na fé cristã.
Definições
A
palavra diácono vem da palavra grega diákonos, (δια´Κoνoς), que é encontrada
cerca de 30 vezes no Novo Testamento. Diákono significa: servo, serviçal,
garçom, atendente ou servente. É uma palavra composta que também significa
“fazer a poeira subir”.
A
imagem é de alguém que está se movendo tão rapidamente para cumprir suas
obrigações, que seus pés, quando passa, fazem a poeira levantar e rodopiar. Havia
tanto para os diáconos fazerem que eles não podiam parar, nem conversar
trivialidades, nem se demorar muito em suas funções.
Palavras
semelhantes são diakonia (ministério ou diaconato) e diakoneo (servir ou
ministrar). A mesma palavra descreve empregados e obreiros voluntários. A
ênfase bíblico-teológica, no entanto, não está na posição ou cargo hierárquico
da pessoa, mas em relação ao seu TRABALHO. O sentido da palavra na
Bíblia inclui: servos domésticos (João 2:5-9), e governantes (Romanos 13:4),
além do uso mais comum de servos de Cristo e da Igreja. Jesus usou a palavra
para descrever seus discípulos, um em relação ao outro (Mateus 23:11). Paulo
usou a mesma palavra freqüentemente para descrever evangelistas ou pregadores
da palavra (1 Corintios 3:5; Efésios 6:21). Estes termos, no uso geral,
descrevem tanto homens como mulheres (Lucas 10:40; Romanos 16:1). Todos os
cristãos devem servir uns aos outros (1 Pedro 4:10).
A
palavra: servo, “doulos” (δoυλoς), inclui o sentido de ESCRAVO.
Conforme a afirmação de Paulo em Romanos 1:1, é aquele que não tem direitos,
não dispõe de sua pessoa, nem bens, está obrigado a servir.
Jesus
empreende nova compreensão às relações de serviço no Reino de Deus: “Já não vos
chamo servos, ‘doulos’ (δoυλoς), porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor; mas tenho-vos chamado amigos, ‘fhilous’ (Φι´λoυς) porque tudo quanto
ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15:15)
Não
é que Paulo tentasse revogar a percepção de Cristo quanto ao assunto, mas trata-se
do apóstolo dramatizar e salientar ainda mais sua SUBMISSÃO a
Cristo, o que deveria ser nossa disposição voluntária à soberania e ao governo
de Cristo.
A
palavra : diácono empresta leveza ao tema, pois se tem em mente o servir com
prazer, zelosa e diligentemente; ajudar seu superior na execução de trabalhos.
Nesse sentido o servo considera-se um INSTRUMENTO e dá toda a
glória a seu Senhor.
Cada discípulo de Cristo foi feito para servir!
O
Novo Testamento apresenta o ministério do serviço como uma marca de toda a
igreja, isto é, como uma conduta normal para todos os discípulos (Mateus 20:
26-28; Lucas 22: 26-27). Em um sentido amplo, vemos no Novo Testamento a
palavra “diakonos” e suas variantes serem, mais de 100 vezes, aplicadas.
Refere-se a quem serve os convidados (João 2:5-9), servos do rei (Mateus
22:13), ministro de Satanás (II Corintios 11:15), ministro de Deus (II
Corintios 6:4), ministro de Cristo (II Corintios 11:23) e à autoridade (Romanos
13:4).
No
sentido restrito e específico, porém, vemos em Atos 6:1-6 a palavra “diakonos”
aplicada a homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, que
receberam o ofício de servir à mesa como deliberação dos apóstolos após a
discórdia entre helenistas e hebreus quanto a distribuição diária de alimentos
às VIÚVAS gregas na comunidade cristã.
Bem,
todo crente foi salvo para servir, não para ser SERVIDO. Portanto,
no sentido teológico, todo crente deve ser um serviçal, “diakonos” de Deus, de
sua igreja local e de cada um dos seus irmãos individualmente.
Toda
organização tem pessoas que trabalham nos bastidores. Esta é a função do
diácono na igreja. Ele trabalha nos bastidores para servir e ministrar às
necessidades das pessoas. A palavra diaconato descreve o serviço do grupo de
diáconos e diaconisas dentro de uma igreja.
Um
bom cristão é essencialmente antes de tudo um bom diácono!
Qualidades do Diáconos
"Semelhantemente,
quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não
inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o
mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados;
e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto
a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes,
temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe
bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato
alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo
Jesus." I Timóteo 3:8-13
Caráter: I Timóteo 3:8. Respeitável, de uma só palavra,
não inclinado a muito vinho, não cobiçoso de sórdida GANÂNCIA.
Fé: I Timóteo 3:9. Deve conservar o MISTÉRIO da fé
com a consciência limpa. Não necessariamente ser apto para o ensino, mas deve
entender e sustentar sua fé e a doutrina.
Relações
Familiares: I Timóteo 3:12. As mesmas
expectativas que o presbítero deve satisfazer. Deve ser esposo de uma só mulher
e governar bem os filhos. Isso gera CONFIANÇA na igreja, uma
vez que o diácono cuida das coisas da igreja.
Reputação: Atos 6:3. Conhecido como alguém cheio do Espírito
Santo e de SABEDORIA.
Questão
de Gênero
I
Timóteo 3:11. As mulheres são elegíveis para esse ofício. Elas devem ter
qualificações inerentes. Não devem ser maledicentes porque boa parte do seu
serviço inclui VISITAÇÃO.
Por
causa do grande número de mulheres convertidas (Atos 5:14; 17:4), as mulheres
atuavam na área de visitação, discipulado e auxiliavam no batismo. Em Romanos
16:1-2, lemos que Paulo elogiou Febe por ser uma ajudadora no serviço da igreja
de Cencréia. Outra abordagem possível é a de que esta passagem refere-se às esposas
dos diáconos.
Em
Romanos 12:8 e I Timóteo 3:4-5 encontramos outras qualidades desejadas ao
diácono comuns aos demais ministros.
A Instituição do Diaconato
Examinemos
Atos 6:1-6:
"Ora,
naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos
helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas
na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e
disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às
mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a
nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a
toda a comunidade; e elegeram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo,
Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as
mãos."
Alguns
estudiosos da Bíblia estabelecem uma relação entre o “hazzan” da sinagoga
judaica e o serviço cristão do diácono na igreja nascente. O “hazzan” abria e
fechava as portas da sinagoga, mantinha-a limpa e distribuía os livros para
leitura. Jesus provavelmente passou o rolo do livro de Isaías para um diácono
depois que acabou de lê-lo (Lucas 4:20).
Outros
estudiosos do Novo Testamento dão atenção considerável à escolha dos sete (Atos
6:1-6); vêem aquele ato como um precursor histórico de uma estrutura mais
desenvolvida (Filemon 1:1; I Timóteo 3:8-13 – duas referências específicas ao
“ofício” de diácono).
Cada
apóstolo já estava sobrecarregado com várias responsabilidades. Por isso
propuseram uma DIVISÃO do trabalho para assegurar assistência
às viúvas gregas que, na distribuição diária que a igreja fazia de alimentos
estavam sendo preteridas.
Sete
homens de etnia grega, já que a queixa partia das viúvas gregas, homens de
boa REPUTAÇÃO, cheios do Espírito de Deus e de sabedoria (Atos
6:3), se destacaram na congregação de Jerusalém, para executar essa função.
Alguns lembram que o diaconato não devia ser relacionado somente a caridade,
pois os diáconos escolhidos eram homens de ESTATURA espiritual.
Estevão,
por exemplo, “cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o
povo” (Atos 6:8), foi o primeiro mártir da igreja. Epafras, gigante da oração,
fiel guerreiro e trabalhador (Colossenses 4:12).
Filipe,
apontado como um dos sete, os evangelizava a respeito do Reino de Deus e do
nome de Jesus Cristo e os batizava (Atos 8:12), vinte anos depois de escolhido,
ainda é mencionado como o evangelista e diácono (Atos 21:8).
Timóteo
(I Timóteo 4:6), Tíquico (Colossenses 4:7), Paulo (I Corintios 3:5) e o próprio
Cristo (Romanos 15:8) são o exemplo de que a diaconia não se refere a uma
posição hierárquica, mas a uma CONDIÇÃO aquele que almeja ser
digno de levar a Mensagem do Reino de Deus.
O
Novo Testamento enfatiza a compaixão pelas necessidades físicas e espirituais
dos indivíduos bem como o quanto devemos nos doar para satisfazer essas
necessidades. Deus nos capacita para o serviço com vários dons espirituais.
Quando realizamos esse serviço, em última análise, ministramos ao próprio CRISTO (Mateus
25:45).
Jesus
equipara o ministério diaconal como uma função suprema daqueles que servem ao
Reino de Deus. Alimentar os famintos, saciar os sedentos, acolher aos
necessitados, vestir os que estão despidos, visitar os enfermos e encarcerados
(Mateus 25: 31-46), são as prerrogativas daqueles que ouvirão o “… vinde, benditos
de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do
mundo”. (Mateus 25:34)
Em
I Timóteo 3:8-13 são dadas instruções sobre as qualificações da função de
diácono, a maioria delas se relaciona ao CARÁTER e
comportamento pessoais. Um diácono deve falar a verdade, ser marido de uma só
mulher, não ser dado a muito vinho, e ser um pai responsável. Ou seja, são
pessoas profundamente comprometidas com uma DISCIPLINA pessoal,
são fiéis e frutíferas.
A
diaconia bíblica não se caracteriza por PODER e proeminência,
mas por serviço ao próximo, por cuidados pastorais. Não obstante, a
conseqüência natural do trabalho diaconal feito com zelo e dedicação é a
admiração e, sobretudo, intrepidez na fé. (I Timóteo 3:13)
O Diácono e sua Atuação na Igreja
Eleição
dos Diáconos – É necessário um período de
experiência (I Timóteo 3:10). A eleição formal é feita pela igreja e sancionada
pelo corpo de pastores ou presbíteros (Atos 6:1-6). Na igreja do primeiro
século sempre havia pluralidade de diáconos (Atos 6:1-6; Filipenses 1:1).
O
mandato dos Diáconos – A duração do mandato não é
especifica na Bíblia e pode ser regulamentada pela assembléia de membros da
igreja desde que autenticado pelo Espírito Santo. O diácono é um cargo
ministerial local e não vitalício, ou seja, em uma eventual mudança de
congregação o diácono pode ou não ser reconhecido como tal na outra igreja ou
poderá ser exonerado de sua função.
O
Número de diáconos – O número de diáconos em
exercício na igreja deve ser proporcional ao número de membros. Uma
equivalência próxima a cinco por cento dos membros seria um número adequado,
isso claro depende da atuação social da igreja junto à comunidade. O
estabelecimento de um número proporcional evitaria as figuras DECORATIVAS no
diaconato.
A
dignidade dos Diáconos – O próprio
titulo implica em grande honra. Serviço conferido a anjos (Mateus 4:11), como
aquele do próprio Senhor (Mateus. 20:28). O candidato ao diaconato deve ser
provado antes da chancela de seu cargo na igreja. De forma prática ele deve ser
observado antes mesmo de sua indicação. Estão entre os requisitos para exercer
a função: a cordialidade, a presteza, a iniciativa, a organização, a prudência,
o discernimento espiritual e a alegria necessária a todo trabalho VOLUNTÁRIO.
As
Funções dos Diáconos – Cabe ao diácono, em geral,
funções executivas e administrativas que cercam a vida e a realidade da igreja.
Não obstante, ele não está isento de sua missão primeira que é o SACERDÓCIO universal
de todo cristão.
-
Auxiliar na introdução dos visitantes ao templo e na ordem do ambiente;
-
Guardar a porta e perceber o fluxo externo à igreja durante os cultos para
evitar a invasão por animais e pessoas mal intencionadas;
-
Aproximar-se de pessoas no interior do templo em situação de vulnerabilidade,
(emoção extrema, possessão, desequilíbrio);
-
Auxiliar na ministração e distribuição dos elementos da ceia;
-
Distribuir, a critério da junta diaconal e do Conselho Gestor, a beneficência
ou os auxílios aos necessitados da igreja;
-
Visitas juntamente com o pastor ou a critério deste a hospitais, prisões e
velórios; - Prestar relatórios ao pastor a respeito das necessidades
comunicadas pelos membros da igreja;
-
Providenciar a manutenção de equipamentos ou das dependências da igreja quando
necessário
A
recompensa dos Diáconos
–
Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa
preeminência e muita intrepidez na FÉ em Cristo Jesus. (I Timóteo 3:13)
QUALIFICAÇÕES DO DIÁCONO
Em
geral, as qualificações dos diáconos para sua função incluem as exigências para
as funções ministeriais dos demais ministros, além de suas especificidades. A
seguir apresenta-se um quadro com estas referências.
(Em relação a Deus)
-
Apegados à palavra, fiel - I Timóteo 3:9; Tito 1:9
-
Justos e piedosos - Tito 1:8
-
Aptos para ensinar - I Timóteo 3:2; 5:17; Tito 1:9
-
Irrepreensíveis - I Timóteo 3:2-9; Tito 1:6
-
Não sejam neófitos - I Timóteo 3:6
-
Amigos do bem - Tito 1:8
-
Experimentados I Timóteo 3:10
(Em relação aos outros)
-
De uma só palavra - I Timóteo 3:8
-
Respeitáveis - I Timóteo 3:2-8
-
Hospitaleiros - I Timóteo 3:2; Tito 1:8
-
Inimigos de contendas - I Timóteo 3:3
-
Não violentos, porém cordial I Timóteo 3:3; Tito 1:7
-
Tenham bom testemunho dos de fora - I Timóteo 3:7
-
Não arrogantes Tito 1:7
-
Não cobiçosos de sórdida ganância - I Timóteo 3:8; Tito 1:7
(Em relação a si mesmo)
-
Que tenham domínio de si - Tito 1:8
-
Temperantes - I Timóteo 3:2,8; Tito 1:7
-
Não avarentos - I Timóteo 3:3
-
Sóbrios - I Timóteo 3:2; Tito 1:8
-
Não irascíveis - Tito 1:7
-
Não dados ao vinho I Timóteo 3:3,8; Tito 1:7
(Em relação à família)
-
Esposos de uma só mulher - I Timóteo 3:2,12; Tito 1:6
-
Que governem bem a sua própria casa - I Timóteo 3:4,12; Tito 1:6
-
Que tenham filhos obedientes - I Timóteo 3:4,5,12; Tito 1:6
A Diaconia de Cristo
"Tende
em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele,
subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o
exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai".
Filipenses. 2:5-11
Como
foi dito no princípio, a diaconia deve ser legitimada não somente como uma
função cristã, mas como o modo de ser da igreja. Deus foi o primeiro diácono ao
se esvaziar de sua inteira completude para que houvesse a CRIAÇÃO.
Jesus Cristo se esvaziou de sua glória para que houvesse SALVAÇÃO.
O Espírito Santo se esvazia no derramamento e plenitude de sua ação dentro de
nós para que haja SANTIFICAÇÃO.
Qual,
portanto, deve ser o papel do cristão e da igreja diante do exemplo trinitário
de esvaziamento e serviço ?
Ninguém
pode entrar inteiro em uma relação. A vida cristã é baseada em comunhão e
relacionamentos. Cabe a cada um de nós crentes no Senhor Jesus a tarefa de nos
esvaziar através do serviço, da cumplicidade, do amor para que haja COMUNHÃO.
A
comunhão e o amor dos crentes é o que mostrará o amor de Deus à humanidade. A
diaconia é o amor em ação. Um profundo compromisso com as necessidades uns dos
outros mostra um alto nível de autenticidade do cristianismo vivido entre nós.
Sobretudo,
a diaconia é um ato de doação e partilha, de prazer e alegria. É um ato
da Graça Divina a ser refletido na vida dos cristãos. A diaconia como doação e
partilha é o ato/efeito de se esvaziar da necessidade do TER através do serviço
para se alcançar o SER. O ser cheio de graça “karis” (χα′ρις),
alegria, riso, gozo, satisfação, contentamento. É o transcender por meio do
sentir-se útil ao Reino de Deus.
A
graça deve ser a tônica de todo serviço cristão!
A
diaconia de Jesus é um ato de grande nobreza, ato sublime e singelo de
submissão e serviço. É o Criador que cinge os lombos com uma toalha e lava os
pés de sua criação mesmo diante da iminente TRAIÇÃO. (João 13:4,5)
É ato de humildade, identificação, é a ENCARNAÇÃO levada às últimas
conseqüências.
O
nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo representam a diaconia do
próprio Deus que trabalha em favor da REDENÇÃO da humanidade.
Que dá o exemplo de iniciativa diante do necessitado, do pobre, cego e nu. É
ato de pura misericórdia e amor.
Diante
dessa perspectiva o Ministério Resgate propõe um norte para a ação diaconal da
igreja. CRESCER PARA SERVIR deve ser nossa meta/alvo. Crescer
na graça e no conhecimento do Filho de Deus pra servir à nossa comunidade e às
pessoas que necessitem de nosso serviço.
Um
serviço que não se dá somente dentro da vida litúrgica ou do culto de nossa
igreja, mas principalmente na história de nossas relações de forma concreta,
plausível, honesta e intensa.
Conclusão:
"Nada
façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um
os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente
seu, senão também cada qual o que é dos outros". Filipenses. 2:3,4
O
diácono, além de um ministro espiritual, ministra também a respeito das
questões materiais. Ele deve lembrar-se de que Cristo é o Dono da Igreja, mas
que deu o exemplo de ser o primeiro e maior diácono de todos.
Há
diferenças fundamentais entre as funções do pastor e as funções do diácono, mas
as exigências para o serviço são as mesmas, assim também como a recompensa.
O
diácono deve ser examinado e aprovado pela igreja e seus líderes, é respeitado
pela igreja como homem honesto, um bom administrador, um bom crente.
É
austero, sincero, amigo, prestativo, serve com alegria porque sabe a quem está
servindo. Está preocupado com a glória de Cristo através do bom desempenho de
seu serviço na igreja e na comunidade.
O
diácono não pertence a uma hierarquia funcional inferior, mas à luz da teologia
bíblica pertence a mais excelente classe diante de Deus: aqueles que servem.
Ele não é empregado da igreja, mas a serve com zelo, temor e gratidão.
Sejamos,
portanto diáconos uns dos outros !
DIACONIA II
O MODELO DO CRISTO SERVO
A verdadeira vocação ministerial do
servir a Igreja à partir do modelo de Cristo.
INTRODUÇÃO:
A VISÃO DE ISAÍAS - Isaías 6:1-8
1 - A visão ocorreu no ano em que
morreu o Rei Uzias, (742 a.c.). Este Rei era também conhecido por Azarias, 2
Reis 14.21, "E todo o povo de Judá tomou a Azarias, que já era de
dezesseis anos, e o fizeram rei em lugar de Amazias, seu pai".
2. O Reino próspero de Uzias (52 anos),
produziu em Judá um espírito de segurança e de estabilidade. Talvez a
experiência da morte do Rei, produziu um senso de vazio ao profeta Isaías, o
que o levou ao Templo em Busca de consolo.
3. No Templo, Isaías teve uma grande visão
de Deus, que culminou com sua chamada profética. Vamos percorrer as fases desta
visão e aplicá-la aos nossos dias :
I - A VISÃO DA SANTIDADE DE DEUS
"Serafins estavam por cima dele;
cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os
seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo,
Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória".
Isaías 6:2,3
1. Estes seres (Serafins) não aparecem
em nenhum outro lugar nas Escrituras. Parece que são uma classe especial de
anjos, como o são os Querubins.
2. Eles declaram que Deus é Santo por
três vezes. Temos aqui uma grande revelação do caráter de Deus, a sua
santidade. A ideia básica de Santidade é "separação", ou seja Deus
está separado e acima de sua criação.
3. Em várias outras ocasiões em sua
profecia, Isaías chama Deus de "O Santo de Israel":
"Ai, nação pecadora, povo
carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores;
deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás".
Isaías 1:4
"E dizem: Avie-se, e acabe a sua
obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel,
para que o conheçamos". Isaías 5:19
4. Tal aspecto do caráter de Deus, O
coloca acima de sua criação, separado das coisas criadas:
"Deus falou na sua santidade; eu
me regozijarei, repartirei a Siquém e medirei o vale de Sucote". Salmos
60:6
"O teu caminho, ó Deus, está no
santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus ?" Salmos 77:13
5. Quando Isaías viu a santidade de
Deus, ele pode ver que precisava também santificar-se para ser usado no
ministério profético.
II - VISÃO DA GLÓRIA DE DEUS
"E clamavam uns aos outros,
dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia
da sua glória". Isaías 6:3
1. No texto são os Serafins que estão
proclamando a "Glória de Deus". Veja a expressão : "Toda a terra
está cheia de sua glória". Isaías podia perceber uma pequena demonstração
desta glória ali dentro do Templo. O termo "Glória de Deus", vem do
termo hebraico "Shekiná". Este termo descreve a
"refulgente", a "magnitude" da manifestação divina.
2. A Glória de Deus, é manifestada:
a. Na Criação, "Os céus declaram a
glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" Salmos 19:1
b. No seu Julgamento, "E eu porei
a minha glória entre os gentios e todos os gentios verão o meu juízo, que eu
tiver executado, e a minha mão, que sobre elas tiver descarregado".
Ezequiel 39.21,
c. Na Redenção, "E, no mesmo
instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a
Deus, e dizendo : Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com
os homens". Lucas 2:13,14
3. Deus manifestou sua glória a servos
especiais:
a. Moisés:
"E apascentava Moisés o rebanho de
Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e
chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama
de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça
não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande
visão, porque a sarça não se queima. E vendo o Senhor que se virava para ver,
bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele:
Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés;
porque o lugar em que tu estás é terra santa". Êxodo 3:1-5
b. Salomão:
"E acabando Salomão de orar,
desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do
Senhor encheu a casa. E os sacerdotes não podiam entrar na casa do Senhor,
porque a glória do Senhor tinha enchido a casa do Senhor. E todos os filhos de
Israel vendo descer o fogo, e a glória do Senhor sobre a casa, encurvaram-se
com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram e louvaram ao Senhor, dizendo:
Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre". II Crônicas
7:1-3
c. A João:
"Eu fui arrebatado no Espírito no
dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, Que
dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês,
escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a
Esmírna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. E
virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;
E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos
pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua
cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como
chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem
sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele
tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois
fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu,
quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra,
dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último". Apocalipse 1:10-17
4. Deus quer manifestar sua glória em
nós, hoje!
III - A VISÃO DO PECADO
"Então disse eu: Ai de mim! Pois
estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um
povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos
Exércitos". Isaías 6:5
1. Quando alguém contempla a glória de
Deus e tem uma percepção de sua santidade, acaba vendo sua miserabilidade. Seu
pecado aflora. Sua vida fica nua e patente aos olhos de Deus
"E disse mais : Não poderás ver a
minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá". Êxodo
33.20
2. Abraão, quando estava diante do
Senhor, reconheceu a si mesmo, como sendo pó e cinza:
"E respondeu Abraão dizendo: Eis
que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza". Gênesis
18:27
3. Jó descreve a sua profunda
consciência de culpa quando reconheceu a santidade e majestade de Deus:
"Com o ouvir dos meus ouvidos
ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. 6 Por isso me abomino e me arrependo no
pó e na cinza". Jó 42:5
4. Deus quer mostrar a você nesta noite
a sua glória. Prepare-se, pois seu corpo mortal não poderá resistir.
IV - A VISÃO DA PURIFICAÇÃO
"Porém um dos serafins voou para
mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; E
com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a
tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado". Isaías 6:6,7
1 - Isaías não foi expulso da presença
do Senhor em função de sua natureza pecaminosa. A mesma visão que lhe
intensificou o sentido do seu estado pecaminoso, lhe deu a certeza de sua
iniquidade extirpada. Seu Pecado foi purificado.
2. Um daqueles Serafins tomou uma brasa
viva do Altar e tocou nos seus lábios impuros, purificando-os com o fogo. O
fogo é descrito na Palavra de Deus, como elemento purificador :
"Toda a coisa que pode resistir ao
fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa, todavia se purificará com
a água da purificação; mas tudo que não pode resistir ao fogo, fareis passar
pela água". Números 31:23
"Eis que eu envio o meu
mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu
templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós
desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. Mas quem suportará o dia
da sua vinda ? E quem subsistirá, quando ele aparecer ? Porque ele será como o
fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-se-á como fundidor e
purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e
como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça". Mateus 3:1-3
3. Para ser totalmente limpo, é preciso
passar pelo batismo de fogo (por isso a exigência do batismo para o ministro)
"E eu, em verdade, vos batizo com
água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que
eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito
Santo, e com fogo". Mateus 3:11
V- A VISÃO DO SERVIÇO
"Depois disto ouvi a voz do
Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós ? Então disse eu:
Eis-me aqui, envia-me a mim". Isaías 6:8
1. Devemos notar que o preparo para o
serviço do Senhor, passa por várias fases em nossa vida cristã. Primeiro
precisamos estar com o Senhor, contemplar sua glória e santidade. Depois
passamos pela fase do reconhecimento de que somos pecadores e precisamos ser
tratados ao nível de nossos pecados. Depois vem o serviço.
2. Deus não "empurra" ninguém
para a sua obra. Ele Chama: "A quem enviarei?". Sua chamada espera
uma respostas: "Eis-me aqui, envia-me a mim". Porém o Senhor exige
que aqueles que se engajam em sua obra, o façam com todo desprendimento
possível:
"E Jesus, andando junto ao mar da
Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam
as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos
farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. E,
adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João,
seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; E chamou-os;
eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no". Mateus
4:18-22
"E Jesus, passando adiante dali,
viu assentado na recebedoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E
ele, levantando-se, o seguiu". Mateus 9:
"E aconteceu que, indo eles pelo
caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E
disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do
homem não tem onde reclinar a cabeça. E disse a outro: Segue-me. Mas ele
respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai. Mas Jesus lhe
observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o
reino de Deus. Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me
despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém, que
lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus". Lucas
9:57-62
CONCLUSÃO
1. Deus quer lhe usar no seu serviço.
Porém Ele não lhe usará na posição em que você está. É preciso que você :
a. Tenha um encontro com Deus no seu
Altar e contemple sua glória e majestade,
b. Seu pecado precisa ser exposto
diante dele, para ser purificado,
c. Agora você está pronto.
2. Entregue-se a Deus e esteja disposto
a trabalhar para o seu serviço.
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