HAMARTIOLOGIA - A ORIGEM DO PECADO
O
PECADO
Está
escrito que Deus, ao completar a obra da criação, declarou que tudo era
"muito bom".
Observando,
mesmo ligeiramente, chegamos à convicção de que muitas coisas que agora
existem não são boas
—
O mal, a impiedade, a opressão, a luta, a guerra, a morte, e o sofrimento.
E
naturalmente surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo?
—
Pergunta que tem deixado perplexos muitos pensadores.
A
Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda mais, informa-nos o que o pecado
realmente é; melhor ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado.
I.
O FATO DO PECADO
Não
há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a história e o
próprio conhecimento intimo do homem oferecem abundante testemunho do fato.
Muitas teorias, porém, apareceram para negar, desculpar, ou diminuir a natureza
do pecado.
1.
O ATEÍSMO
-
Ao negar a Deus, nega também o pecado, porque, estritamente falando, todo
pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há pecado.
O
homem pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar contra si
mesmo, porém estas coisas constituem pecado unicamente em relação a Deus.
Enfim,
todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma violação do
direito, e o direito é a lei de Deus.
"Pequei
contra o céu e perante ti", exclamou o pródigo.
Portanto,
o homem necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.
2.
O DETERMINISMO
-
É a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e não uma realidade. Nós
imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas
opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escaparam ao
nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém se esvai
por leis inexoráveis. Sendo assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode
deixar de atuar da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser
louvada por ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo
das circunstâncias.
Mas
as Escrituras afirmam terminantemente que o homem é livre para escolher entre o
bem e o mal — uma liberdade implícita em todos os mandamentos e exortações.
Longe
de ser vítima da fatalidade e casualidade, declara-se que o homem é o árbitro
do seu próprio destino. Durante uma discussão sobre a questão do livre
arbítrio, o Dr. Johnson, notável autor e erudito inglês, declarou:
"Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é livre, e isto é tudo que há no
assunto!" Cada grama de bom senso excede em peso a uma tonelada de
filosofia! Uma conseqüência prática do determinismo é tratar o pecado como se
fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado.
Porém, a voz da consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria.
3.
O HEDONISMO (da palavra grega que significa
"prazer")
-
É a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida é
a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se
faz não é: "Isto e correto?" Mas: "Traz prazer?"
Nem
todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista
é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais
como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno
desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da juventude".
Eles
desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano";
"o que é natural é belo e o que é belo é direito."
É
sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "auto-expressão".
Em
linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em
linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à
saúde".
Naturalmente,
isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas
esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas
inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência
similar.
No
fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a
linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado.
Representa
uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás."
E
muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com
a suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum."
O
bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém alguns querem
misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra.
A
admoestação divina àqueles que procuram confundir as distinções morais, é :
"Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem mal"
4.
CIÊNCIA CRISTÃ
-
Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado não é algo
positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o pecado tenha
existência real e afirmam que é apenas um "erro da mente moral".
O
homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de
correção.
Mas,
depois de examinar o pecado e a ruína que são mais do que reais no mundo,
parece que esse tal "erro da mente mortal" é tão terrível como aquilo
que toda gente conhece por "pecado"!
As
Escrituras denunciam o pecado como uma violação positiva da lei de Deus, como
uma verdadeira ofensa que merece castigo real num inferno real.
5.
A EVOLUÇÃO
-
Considera o pecado como herança do animalismo primitivo do homem.
Desse
modo em lugar de exortar a gente a deixar o "homem velho", ou o
"antigo Adão", os proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que
deixassem o "velho macaco" ou o "velho tigre"!
Como
já vimos, a teoria da evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam;
eles vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por
seu comportamento.
O
Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e sangrenta pela existência
no reino animal for o método de progresso que trouxe o homem à existência, por
que deverá ser um mal que o homem continue nessa rota sangrenta?"
É
certo que o homem tem uma natureza física, porém essa parte inferior de seu ser
foi criação de Deus, e é plano de Deus que esteja sujeita a uma inteligência
divinamente iluminada.
ORIGEM
DO MAL
O
problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais profundos problemas
da filosofia e da Teologia. É um problema que se impõe naturalmente à atenção
do homem, visto que o poder do mal é forte e universal, é uma doença sempre
presente na vida em todas as manifestações desta, e é matéria da experiência
diária na vida de todos os homens.
Como
podemos então explicar o relacionamento entre Deus e o mal? Alguns afirmam o
mal e negam a realidade de Deus (Ateísmo). Outros afirmam a Deus e negam a
realidade do mal Panteísmo). Outros, no entanto, procuram afirmar um em oposição
eterna com o outro (Dualismo).
Já
o Teísmo explica o relacionamento entre Deus e o mal com um Deus infinitamente
bom e poderoso que permitiu o mal para produzir um bem maior. Ou seja, esse
mundo livre é a melhor maneira de produzir o melhor mundo.
Deus
não é o autor do mal. Ele livremente criou o mundo, não porque precisava
fazê-lo, mas sim, porque desejava criar. Deus criou criaturas semelhantes a Ele
mesmo, que poderiam amá-lo livremente. No entanto, essas criaturas poderiam
também odiá-lo. Ele deseja que todos os homens o amem, mas não forçará nenhum
deles a amá-lo contra sua vontade.
Deus
persuadirá os homens a amá-lo tanto quanto for possível. Ele outorgará àqueles
que não querem amá-lo a escolha livre deles eternamente (ou seja, o inferno).
Finalmente, o amor de Deus é engrandecido quando retribuímos seu amor (visto
que primeiramente nos amou), bem como quando não o retribuímos. Ele demonstra
assim quão grandioso Ele é amando até mesmo aqueles que O odeiam.
No
final, Deus terá compartilhado Seu amor com todos os homens. Ele terá salvo
tantos quanto podia salvar sem violar o livre arbítrio dos homens.
John
W. Wenham afirma: “A devoção de um ser livre é de um nível mais elevado... A
outorga de liberdade de escolha ao homem envolve a possibilidade (na
presciência de Deus envolve certeza) de pecar, com todas suas horríveis
consequências.
Todavia,
parece que esta liberdade foi um pré-requisito para um conhecimento profundo de
Deus. A devoção de um ser livre e racional é de um nível mais elevado e mais bela
do que a de um animal, muito embora o amor entre os seres humanos e os animais
possa ser notável.
Entretanto, esta liberdade humana envolve a possibilidade de crueldade, imoralidade, ódio, e guerra... todavia, apesar de todas essas coisas, nenhum homem convertido desejaria mudar sua situação para a de um animal ou de uma máquina.
DADOS BÍBLICOS A RESPEITO DA ORIGEM DO
PECADO
Na
escritura, o mal moral existente no mundo, transparece claramente no pecado,
isto é, como transgressão da lei de Deus.
NÃO SE PODE CONSIDERAR DEUS COMO O SEU
AUTOR.
O
decreto eterno de Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado no
mundo, mas não se pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa do
pecado no sentido de ser Ele o seu autor responsável. Esta ideia é claramente
excluída pela Escritura.
Longe
de Deus o praticar ele a perversidade e do Todo-poderoso o cometer injustiça...
(Jó 34:10). Ele é o Santo Deus... (Isaías 6:3). Ele não pode ser tentado pelo
mal e ele próprio não tenta a ninguém... (Tiago 1:13). Quando criou o homem,
criou-o bom e à sua imagem. Ele positivamente odeia o pecado, (Deuteronômio
25:16, Salmos 5:4 , 11:5, Zacarias 8:17, Lucas 16:15) e em Cristo fez provisão
para libertar do pecado do homem.
O PECADO SE ORIGINOU NO MUNDO ANGÉLI
CORÍNTIOS
A
Bíblia nos ensina que na tentativa de investigar a origem do pecado devemos
retornar à queda do homem, na descrição de Gênesis 3 e fixar a atenção em algo
que sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes
eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador, (Gênesis 1:31).
Mas
ocorreu uma queda no mundo angélico, queda na qual legiões de anjos se
apartaram de Deus (Ezequiel 28:15; Ezequiel 23:13 – 17; Isaías 14:12 – 15). A
ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em (João 8:44) Jesus fala do
diabo como assassino desde o princípio e em (I João 3:8) diz: o Diabo peca
desde o princípio.
A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA
Com
respeito à origem do pecado na história da humanidade, a
Bíblia ensina que ele teve início com a transgressão
de Adão no paraíso e, portanto, com um ato
perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos
espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus,
poderia tornar-se semelhante a Deus.
Adão
se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido.
Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que dada a
solidariedade da raça humana, teria efeitos não somente sobre Adão, mas também
sobre todos os seus descendentes.
Como
resultado da queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza depravada aos
pósteros. Dessa fonte não Santa o pecado fluí numa corrente impura passando
para todas as gerações de homens corrompendo tudo e todos com que entra em
contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta
de Jó: “Quem da imundície poderá tirar cousa pura? Ninguém” (Jó 14:4). Adão
pecou não somente como pai da raça humana, mas também como chefe representativo
de todos os seus descendentes, e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na
conta deles, pelo que todos são possíveis de punição e morte. É primariamente
nesse sentido que o Pecado de Adão é o pecado de todos. É o que Paulo ensina em
Romanos 5:12). “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e
pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram.”
Adão
era o representante de toda a raça. Adão pecou, e como representante transmitiu
seu pecado a toda raça (Oseias 6:7). Adão continha nele toda a posteridade da
raça, por isso, o seu pecado foi imputado a todos, porque todos estavam em
Adão.
Por
causa do pecado de Adão a culpa foi imputada imediatamente à raça humana, e por
sermos da mesma raça de Adão a natureza pecaminosa é transmitida por
“hereditariedade”.
Deus
atribui a todos os homens a condição de pecadores, culpados em Adão, exatamente
como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que
Paulo quer dizer, quando afirma: “Pois assim como por uma só ofensa veio o
juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de
justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
Porque,
como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores; assim
também por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.” Romanos 5:18,19).
O
primeiro homem desobedeceu à vontade de Deus, e trouxe sobre si e sobre todos
os seus descendentes as consequências da sua desobediência. Aquele estado de
comunhão perfeita entre Deus e o homem foi quebrado, formando uma barreira
(pecado) entre a criatura e o criador.
O
terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a
história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a
redenção.
1. A TENTAÇÃO: Sua possibilidade,
origem e sutileza.
(a) A possibilidade da tentação.
O
segundo capítulo de Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca
do primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as
duas árvores, e o primeiro matrimônio.
Menciona
especialmente as duas árvores do destino
—
a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida.
Essas
duas árvores constituem um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a
nossos primeiros pais:
"Se
seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida."
E
não é esta realmente a essência do Caminho da Vida encontrada através das
Escrituras? (Vide Deut. 30:15)
Notemos
a árvore proibida. Por que foi colocada ali?
Para
prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher
servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o
homem teria sido meramente uma máquina.
(b) A
origem da tentação.
"Ora,
a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus
tinha feito."
É
razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma
criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido
lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa. 14:12-15)
Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o
diabo" (Apoc. 12:9).
Geralmente
Satanás trabalha por meio de agentes.
Quando
Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu Mestre da senda do dever,
Jesus olhou além de Pedro, e disse, "Para trás de mim, Satanás" (Mat.
16:22,23). Neste caso Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus; no
Éden empregou a serpente, uma criatura da qual Eva não desconfiava.
(c) A
sutileza da tentação.
A
sutileza é mencionada como característica distintiva da serpente. (Vide Mat.
10:16)
Com
grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem
caminho a desejos e atos pecaminosos.
Ela
começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância,
não tinha ouvido diretamente a proibição divina. (Gên. 2:16, 17)
E
ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na aproximação.
Ela
torce as palavras de Deus (Vide Gén. 3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por
estarem assim torcidas; dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e
suspeitas no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem
qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição.
Por
meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de Deus.
1)
Dúvida sobre a bondade de Deus.
Ela
diz, com efeito: "Deus está retendo alguma bênção de ti."
2)
Dúvida sobre a retidão de Deus.
"Certamente
não morrereis." Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".
3)
Dúvida sobre a santidade de Deus.
No
versículo 5 a serpente diz, com efeito:
"Deus
vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de vos. Não quer que chegueis a
ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em ignorância. Não é porque
ele se interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse dele,
para impedir que chegueis a ser semelhantes a ele."
2.
A CULPA
Notemos
as evidências de uma consciência culpada:
1)
"Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam
nus."
Expressão
usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis.
6:17)
As
palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento
adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a
Deus, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de
Deus.
Notemos
que a nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada.
Os
distúrbios emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições.
Alguns
comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma
auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do domínio do
espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo
venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rom.
7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.
2)
"E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais."
Assim
como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o
procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir
sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas,
somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).
3)
"E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do
dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus entre as
árvores do jardim."
O
instinto do homem culpado é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram
esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram
esconder-se nos prazeres e em outras atividades.
3.
O JUÍZO
(a) Sobre
a serpente.
"Porquanto
fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais
do campo; sobre o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua
vida."
Essas
palavras implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa e honrada.
Depois,
porque veio a ser o instrumento para a queda do homem, tomou-se maldita e
degradada na escala da criação animal.
Uma
vez que a serpente foi simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser
punida?
Porque
é a vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da
maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal.
O
homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de Deus ferirá
todo pecado e maldade.
Arrastando-se
no pó recordaria ao homem o dia em que Deus derribará até ao pó, o poder do
diabo.
Isso
é um estimulo para o homem: Ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto a
serpente está sob a maldição.
Pela
graça de Deus o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o mal. (Vide Luc.
10:18; Rom. 16:20; Apoc. 12:9; 20:1-3, 10)
(b) Sobre
a mulher.
"E
à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor
terás filhos; e o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará"
(Gên. 3:16).
Assim
disse certo escritor: A presença do pecado tem sido a causa de muito
sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz
filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de
faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade
e loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso e perigoso
para a mulher do que para os animais.
O
pecado tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a
relação matrimonial. Em muitos países a mulher é praticamente escrava do homem;
a posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm
sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição.
(c) Sobre
o homem. (Versos 17-19)
O
trabalho para o homem já tinha sido designado (2:15).
O
castigo consiste no afã, nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o
trabalho.
A
agricultura é especificada em particular, porque sempre tem sido um dos
empregos humanos mais necessários.
De
alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm participado da
maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão destinadas a participar
da sua redenção. Este é o pensamento de Rom. 8:19-23. Em Isaías 11:1-9 e
65:17-25, temos exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da
terra durante o Milênio.
Além
da maldição física que se apossou da terra, também é certo que o capricho e o
pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras o labor e provocado as
condições de trabalho mais difíceis e mais duras para o homem.
Notemos
a pena de morte. "Porquanto és pó, e em pó te tornarás."
O
homem foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física
indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse a comer da
árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com Deus (e dessa maneira vença a
morte espiritual) por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve
voltar ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da pena do
pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo, (1 Cor.
15:54-57) não obstante, certas pessoas, como Enoque, terão o privilégio de
escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1 Cor. 15:51)
4.
A REDENÇÃO
Os
três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de Deus, que por
toda a Bíblia figuram em todas as relações de Deus com o homem.
O
Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1)
O
Deus do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2).
O
Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).
(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15)
(1)
A serpente procurou fazer aliança com Eva contra Deus, mas Deus pois fim a essa
aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente
(descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta
constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda.
(2)
Qual será o resultado desse conflito?
Primeiro,
vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente da
mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." Cristo, a
Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25;
Luc. 1:31-35,76; Isa. 7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1
João 3:8; 5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10)
(3)
Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o
calcanhar."
No
Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento
trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa. 53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10;
Luc. 22:39-14,53; João 12:31- 33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10)
(b) Prefigurada. (Verso 21)
Deus
matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se
sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado.
Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário