1 - O Governo da Igreja.
É evidente que o propósito do Senhor
era que houvesse uma sociedade de seus seguidores que comunicasse seu Evangelho
aos homens e o representasse no mundo. Mas ele não moldou nenhuma organização
ou plano de governo; não estabeleceu nenhuma regra detalhada de fé e
prática. Entretanto, ele ordenou os dois singelos ritos de batismo e comunhão.
Ao mesmo tempo, ele não desprezou a organização, pois sua promessa concernente
ao Consolador vindouro deu a entender que os apóstolos seriam guiados em toda a
verdade concernente a esses assuntos. O que ele fez para a igreja foi algo mais
elevado do que organização:
Ele
lhe concedeu sua própria vida, tornando-a em organismo vivo. Assim como o corpo
vivo se adapta ao meio ambiente, semelhantemente, ao corpo vivo de Cristo foi
dada liberdade para selecionar suas próprias formas de organização, segundo
suas necessidades e circunstâncias.
Naturalmente,
a igreja não era livre para seguir nenhuma manifestação contrária aos ensinos
de Cristo ou à doutrina apostólica.
Qualquer
manifestação contrária aos princípios das Escrituras é corrupção.
Durante
os dias que se seguiram ao Pentecoste, os crentes praticamente não tinham
nenhuma organização, e por algum tempo faziam os cultos em suas casas e
observavam as horas de oração no templo. (Atos 2:46.) Isso foi completado pelo
ensino e comunhão apostólicos.
Ao
crescer numericamente a igreja, a organização originou-se das seguintes causas
:
Primeira,
oficiais da igreja foram escolhidos para resolver as emergências que surgiam,
como, por exemplo, em Atos 6:1-5
Segunda,
a possessão de dons espirituais separava certos indivíduos para a obra do
ministério.
As
primeiras igrejas eram democráticas em seu governo, circunstância natural em
uma comunidade onde o dom do Espírito Santo estava disponível a todos, e onde
toda e qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial.
É
verdade que os apóstolos e anciãos presidiam às reuniões de negócios e à
seleção dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a igreja. (Atos 6:3-6;
15:22; 1 Cor. 16:3; 2 Cor. 8:19; Fil. 2:25.)
Pelo
que se lê em Atos 14:23 e Tito 1:5, poderá entender-se que Paulo e Barnabé
nomearam anciãos sem consultar a igreja; mas historiadores eclesiásticos de
responsabilidade afirmam que eles os "nomearam" da maneira usual,
pelo voto dos membros da igreja.
Vemos
claramente que no Novo Testamento não há apoio para uma fusão das igrejas em
uma "máquina eclesiástica" governada por uma hierarquia.
Nos
dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a igreja.
Cada igreja local era autônoma e administrava seus próprios negócios com
liberdade. Naturalmente os "Doze Apóstolos" eram muito respeitados
por causa de suas relações com Cristo, e exerciam certa autoridade. (Vide Atos
15.)
Paulo
exercia certa supervisão sobre as igrejas gentílicas; entretanto, essa
autoridade era puramente espiritual, e não uma autoridade oficial tal como se
outorga numa organização.
Embora
que cada igreja fosse independente da outra, quanto à jurisdição, as igrejas do
Novo Testamento mantinham relações cooperativas umas com as outras. (Rom.
15:26, 27; 2 Cor. 8:19; Gál. 2:10; Rom. 15:1; 3 João 8.)
Nos
séculos primitivos as igrejas locais, embora nunca lhes faltasse o sentimento
de pertencerem a um só corpo, eram comunidades independentes e com governo
próprio, que mantinham relações umas com as outras, não por uma organização
política que as reunisse todas elas, mas por uma comunhão fraternal mediante
visitas de delegados, intercâmbio de cartas, e alguma assistência recíproca
indefinida na escolha e consagração de pastores.
2. O Ministério da igreja.
No
Novo Testamento são reconhecidas duas classes de ministério:
1)
O ministério geral e profético geral, porque era exercido com relação às
igrejas de modo geral mais do que em relação a uma igreja particular, e
profético, por ser criado pela possessão de dons espirituais.
2)
O ministério local e prático local porque era limitado a uma igreja, e prático,
porque tratava da administração da igreja.
(a) O ministério geral e profético.
1) Apóstolos.
Eram
homens que receberam sua comissão do próprio Cristo em pessoa (Mat. 10:5; Gál.
1:1), que haviam visto a Cristo depois de sua ressurreição (Atos 1:22; 1 Cor.
9:1); haviam gozado duma inspiração especial (Gál. 1:11,12; 1 Tess. 2:13);
exerciam um poder administrativo sobre as igrejas (1 Cor. 5:3-6; 2 Cor. 10:8;
João 20:22, 23); levavam credenciais sobrenaturais (2 Cor. 12:12), e cujo
trabalho principal era estabelecer igrejas em campos novos. (2 Cor. 10:16.)
Eram
administradores da igreja e organizadores missionários, chamados por Cristo e
cheios do Espírito.
Os
"doze" apóstolos de Jesus, e Paulo (que por sua chamada especial
constituía uma classificação à parte), eram apóstolos por preeminência;
entretanto, o título de apóstolo também foi outorgado a outros que se ocupavam
na obra missionária.
A
palavra "apóstolo" significa simplesmente "missionário".
(Atos 14:14; Rom. 16:7.)
Tem
havido apóstolos desde então?
A
relação dos doze para com Cristo foi uma relação única que ninguém desde então
pôde ocupar. Sem dúvida, a obra de homens tais como João Wesley, com toda
razão, pode ser considerada como apostólica.
2. Profetas.
Eram
os dotados do dom de expressão inspirada.
Desde
os primeiros dias até ao fim do século constantemente apareceram, nas igrejas
cristãs profetas e profetisas.
Enquanto
o apóstolo e o evangelista levavam sua mensagem aos incrédulos (? 2:7,8), o
ministério do profeta, era particularmente entre os cristãos.
Os
profetas viajavam de igreja em igreja, tanto como os evangelistas o fazem na
atualidade; não obstante, cada igreja tinha profetas que eram membros ativos
dela.
3. Mestres.
Eram
os dotados de dons para a exposição da Palavra. Tal qual os profetas, muitos
deles viajavam de igreja em igreja.
(b) O
ministério local e prático.
O
ministério local, que era nomeado pela igreja, com base de certas qualidades (1
Tim. 3), incluía os seguintes:
1.
Presbíteros, ou anciãos, aos quais foi dado o título de "bispo", que
significa supervisor, ou que serve de superintendente.
Exerciam
a superintendência geral sobre a igreja local, especialmente em relação ao
cuidado pastoral e à disciplina.
Seus
deveres eram, geralmente de natureza espiritual. Às vezes se chamam
"pastores". (Efésios. 4:11, Vide Atos 20:28.)
Durante
o primeiro século cada comunidade cristã era governada por um grupo de anciãos
ou bispos, de modo que não havia um obreiro só fazendo para a igreja o que um
pastor faz no dia de hoje.
No
princípio do terceiro século colocava-se um homem à frente de cada comunidade
com o título de pastor ou bispo.
2. Associados com os presbíteros havia um número de obreiros ajudantes chamados diáconos (Atos 6:1-4; 1 Tim. 3:8-13; Fil. 1:1) e diaconisas (Rom. 16:1; Fil. 4:3), cujo trabalho parece, geralmente, ter sido o de visitar de casa em casa e exercer um ministério prático entre os pobres e necessitados (1 Tim. 5:8- 11). Os diáconos também ajudavam os anciãos na celebração da Ceia do Senhor.
ECLESIOLOGIA
A estrutura da Igreja e a participação
do obreiro em sua história.
O melhor conceito para Ekklesia
traduzido como igreja no Novo Testamento é:
Um grupo de pessoas que foram chamadas
à parte, ou para fora de outro grupo de pessoas, com um propósito específico.
No caso dos cristãos, um grupo de pessoas que foram chamadas para Jesus, em
comunidade, que reconhecem Seu senhorio como legislador da igreja.
IGREJA UNIVERSAL (INVISÍVEL):
O primeiro conceito encontrado no Novo
Testamento é o que define como igreja, de uma forma geral, todos os salvos, não
só os do presente, mas do passado e também do futuro. Ou seja, faz parte da
igreja universal de Jesus ou igreja invisível todos os verdadeiros salvos de
todos os tempos, de Adão até nos finais dos tempos, observe a seguinte
referência bíblica:... à universal assembleia e igreja dos primogênitos
inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos
aperfeiçoados (Hebreus 12:23), Mateus 16. 18; Atos 20. 28; Efésios 2. 21, 22
IGREJA LOCAL (VISÍVEL):
É possível fazer parte de uma igreja
local, e não se estar incluído na igreja universal (invisível) de Jesus. Sendo
assim, podemos conceituar a igreja local da seguinte maneira:
Um grupo de pessoas chamadas à Cristo
que se reúnem em um determinado local (em sua maioria um local fixo), com a
finalidade de viver em comunidade, tendo plena certeza do senhorio de Jesus
Cristo sobre eles. (Mateus 16. 18; Atos 15.4)
A ORIGEM DA IGREJA:
Para se identificar qualquer
instituição, é imprescindível que se conheça sua origem, mesmo que basicamente.
A igreja universal de Jesus teve sua origem juntamente com o plano de salvação,
ao formar o homem. (I Pedro 1. 18-20; Apo 13. 8) Porém a igreja cristã,
propriamente dita, teve uma origem bem depois disto. Atos 2. 1
TÍTULOS DA IGREJA:
1. POVO DE DEUS (I
Pedro 2. 9-10)
2. CORPO DE CRISTO (I
Cor 12. 27)
3. A NOIVA DE CRISTO (Apo
9. 7)
4. A FAMÍLIA DE DEUS (Efésios
2. 19)
5. O REBANHO DE DEUS (I
Pedro 5. 4)
6. COLUNA, EDIFÍCIO, TEMPLO,
VINHA, ETC...
ESTRUTURA ECLESIAL
No século I
A Cabeça da Igreja: Cristo é a Cabeça
da Igreja, o único que tem autoridade absoluta e pleno poder. Qualquer outra
autoridade está subordinada a autoridade de Cristo e a sua palavra como
autoridade delegada.
Os Doze
Cristo escolheu dentre seus discípulos
doze homens a quem chamou APÓSTOLOS (Lucas 6.12-16) e lhes deu poder para :
-Pregar, curar e expulsar demônios
(Mateus 3.13-15)
-Batizar e ensinar (Mateus 28.18-20)
-Perdoar pecados (Mateus 20. 21-23)
-Excomungar (desligar) os que não se
arrependem (Mateus 18.15-18)
-Deu-lhes a tarefa de pregar o
evangelho a toda criatura e fazer discípulos de todas as nações (Marcos
16.15-16 Mateus 28.18-20)
-Em duas ocasiões fez menção especial a
Pedro:
a) Prometeu dar-lhes as chaves o Reino
(Mateus 16.18-20)
b) Pediu-lhes que pastoreassem as
ovelhas do Senhor (João 21.15-20)
Na nascente comunidade de Jerusalém, o
governo estava centralizado nos doze apóstolos. Eles eram a única autoridade
aqui na terra. Pedro era o primeiro entre os iguais. Todos eles pregavam o
evangelho, ensinavam a sã doutrina, batizavam, faziam milagres, administravam
as finanças, disciplinavam, convocavam a Igreja, etc. (Atos 2-5)
Os Sete Diáconos
Diante do crescimento da Igreja foram
eleitos sete colaboradores dos Apóstolos, a quem foi delegada a
responsabilidade de administrar a distribuição diária para as viúvas (At
6:1-7). Nasceu assim um segundo nível de ministério. (o termo diácono não
aparece nesta passagem para designá-los, apesar de serem usadas as palavras
"diakonia" e "diakonein" (verbo) nos versos 1 e 2
respectivamente).
Profetas
Em Atos 11.27-28 se menciona
"alguns profetas" que desceram de Jerusalém a Antioquía, entre eles
Ágabo.
Em Atos 13.1 relata-se que na Igreja de
Antioquía havia "profetas e mestres".
Em Atos 15.32 encontramos Judas e Silas
como profetas.
Presbíteros
Em Atos 11.30 usa-se pela primeira vez
o termo "presbíteros" (anciãos).
Em Atos 15 se fala definidamente de
Apóstolos e Presbíteros de Jerusalém.
Outros Apóstolos
A partir de Atos cap 14 vemos surgir
outros apóstolos como Paulo e Barnabé, os que ao formar novas comunidades em
diferentes cidades se tornavam autoridade sobre elas. Porém logo começaram a
estabelecer "presbíteros" (plural) sobre a Igreja em cada cidade, a
quem encarregavam de pastorear, ensinar e cuidar do rebanho, sob a autoridade
dos apóstolos. (Atos 14.23; 20.28 I Tim 5.17; Tito 1.5,9)
Presbíteros
O governo da Igreja local era
estabelecido por um presbitério (pluralidade) estabelecido pelos apóstolos,
cujos integrantes chamavam indistintamente "anciãos" (presbíteros) ou
"bispos" (episkopos), que tinham a função de ensinar (mestres) e
pastorear (pastores). (Atos 20.17,28 I Tim 3.2 Tito 1.5,7 Atos 13.1 Efésios
4.11)
Diáconos
Conforme cresciam as comunidades fez-se
necessário um segundo nível de ministério na Igreja local : os diáconos. (a
palavra grega significa "servidores") Filemon 1. I Tim 3.8-12.
Os diáconos eram os colaboradores dos
presbíteros nas diferentes tarefas pastorais, administrativas, ajuda aos
necessitados, liturgias, etc.
Havia também diaconisas Romanos 16.1.
Colaboradores dos Apóstolos
Quando a obra se estendeu para novas
regiões e para evangelizar novas áreas, os apóstolos enviavam os seus
colaboradores, que iam a caráter de delegados apostólicos e evangelizavam,
fundavam comunidades, estabeleciam presbíteros, corrigiam o que estava errado,
transmitiam os ensinamentos apostólicos e velavam pelo bom funcionamento das
Igrejas. Exemplos disso foram Timóteo e Tito (II Tim 4.10-13 Tito 1.4-5)
Epafras (Colossenses1.17) e vários mais (II Tim 4.9-12, 20).
O primeiro entre os iguais
Ao final do primeiro século, quando
foram desaparecendo os apóstolos fundadores e possivelmente para que os
presbíteros das Igrejas locais não ficassem acéfalos (sem cabeça ou sem
direção), encomendavam a um dos presbíteros a responsabilidade de presidir, era
o "primeiro entre os iguais". Provavelmente, depois de algum tempo,
logo se começou a distinguir como o presbítero principal ou o mensageiro
principal da Igreja. ("escreve ao anjo da Igreja de..." Apo
2.1,8,12,18 e 3.1,7,14 ). Anjo significa mensageiro. Muitos vêem nestes textos
de Apocalipse 2 e 3 o primeiro indício de reconhecimento de um só ministro a
frente de cada comunidade local e a base que pouco tempo depois se desenrolaria
como o bispado monárquico sobre a Igreja de cada cidade.
O Bispo
No início do segundo século o termo
"bispo" começou a ser usado especificamente para designar aquele que
presidia o presbitério da Igreja local. Isto se pode perceber nos escritos de
Ignácio de Antioquía e de outros. Com o tempo foram estabelecidos na Igreja de cada
cidade três níveis de ministros: O Bispo, os Presbíteros e os Diáconos.
OS OFICIAIS DA IGREJA
Para os propósitos deste capítulo, usaremos a seguinte definição: um oficial da igreja é alguém publicamente reconhecido como detentor do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o benefício de toda a igreja.
Segundo essa definição, presbíteros e diáconos seriam considerados oficiais na igreja, bem como o pastor (se esse for um ofício distinto). O tesoureiro e o moderador também seriam oficiais (esses títulos podem variar de igreja para igreja). Todas essas pessoas tiveram reconhecimento público, geralmente em um culto no qual foram "empossados" ou "ordenados" em um ofício.
1. Apóstolos.
Os apóstolos do Novo Testamento tinham um tipo singular de autoridade na igreja primitiva: A autoridade para falar e escrever palavras que eram "palavras de Deus" em sentido absoluto. Não acreditar neles ou desobedecer a eles era o mesmo que não crer em Deus e desobedecer a Deus.
a. As qualificações de um apóstolo.
As duas qualificações de um apóstolo eram:
(1) ter visto Jesus Cristo após a ressurreição (ser testemunha ocular da ressurreição) e
(2) ter sido especificamente comissionado por Cristo como seu apóstolo.
O fato de que um apóstolo tinha de ter visto o Senhor ressurreto é indicado em Atos 1.22, onde Pedro diz que o substituto de Judas deve "se tornar testemunha conosco de sua ressurreição". Além disso, foi "aos apóstolos que escolhera" que "depois de ter padecido se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias" (At 1.2-3; cf. 4.33).
b. Quem eram os apóstolos ?
O grupo inicial contava com doze; os onze discípulos originais que continuaram após a morte de Judas, e Matias, que o substituiu: "E os lançaram em sortes, vindo a sorte a recair sobre Matias, sendo-lhe então votado lugar com os onze apóstolos" (At 1.26). Tão importante era esse grupo original de doze apóstolos, os membros fundadores do ofício apostólico, que lemos que seus nomes estão escritos nos fundamentos da cidade celestial, a nova Jerusalém: "A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro" (Ap 21.14).
c. Resumo.
A palavra apóstolo pode ser usada em um sentido amplo ou restrito. Em sentido amplo ela significa "mensageiro" ou "missionário pioneiro". Mas em sentido restrito, que é o mais comum no Novo Testamento, refere-se a um ofício específico, "apóstolo de Jesus Cristo". Esses apóstolos tinham autoridade única para fundar e liderar a igreja primitiva e podiam falar e escrever a palavra de Deus. Muitas de suas palavras escritas tornaram-se as Escrituras do Novo Testamento.
2. Presbíteros (pastores / bispos)
a. Pluralidade de presbíteros, padrão em todas as igrejas do Novo Testamento.
O próximo ofício a ser considerado é o de "presbítero". Embora se argumente que havia diferentes formas de governo eclesiástico no Novo Testamento, um panorama dos textos pertinentes mostra que o oposto é verdadeiro: há um padrão bastante coerente de vários presbíteros como o principal grupo de liderança das igrejas neotestamentárias. Por exemplo, em Atos 14.23 lemos: "E promovendo-lhes em cada igreja a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido". Isso aconteceu na primeira viagem missionária de Paulo, quando retornava pelas cidades de Listra, Icônio e Antioquia, e indica que o procedimento normal de Paulo desde sua primeira viagem missionária era estabelecer um grupo de presbíteros em cada igreja que fundava. Sabemos que Paulo também estabeleceu presbíteros na igreja de Éfeso, porque lemos: "De Mileto mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja" (At 20.17).
b. Outros títulos dos presbíteros : pastores ou bispos.
Presbíteros também são chamados "pastores" ou "bispos" no Novo Testamento. A palavra menos usada (pelo menos na forma substantiva) é pastor (gr. poimÂn). Pode surpreender-nos descobrir que essa palavra, que se tornou tão comum, só ocorra, referindo-se a um oficial da igreja, uma vez no Novo Testamento. Em Efésios 4.11, Paulo escreve: "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres". O versículo provavelmente seria mais bem traduzido por "pastores-mestres" (um grupo) e não "pastores e mestres" (sugerindo dois grupos) por causa da construção grega (embora nem todo estudioso da área de Novo Testamento concorde com a tradução). A associação com o ensino sugere que esses pastores eram alguns presbíteros (ou talvez todos) que se encarregavam do ensino, porque um dos requisitos do presbítero era ser "apto para ensinar" (1 Tm 3.12).
c. As funções dos presbíteros.
Uma das principais funções dos presbíteros é dirigir as igrejas do Novo Testamento. Em 1 Timóteo 5.17 lemos : "Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem". Antes, na mesma epístola, Paulo diz que o bispo (ou presbítero) "deve governar bem a sua própria casa [...] pois, como cuidará da igreja de Deus ?" (1 Tm 3.4-5).
d. Qualificações dos presbíteros.
Quando Paulo alista as qualificações dos presbíteros, é importante o fato de ele juntar requisitos concernentes a traços do caráter e atitudes íntimas com requisitos que não podem ser preenchidos em curto espaço de tempo, senão em um período de muitos anos de vida cristã fiel :
"É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo" (1 Tm 3.2-7).
f. A ordenação pública de presbíteros.
Em relação com a discussão acerca dos presbíteros, Paulo diz : A ninguém imponhas precipitadamente as mãos" (1 Tm 5.22). Embora o contexto não especifique um processo de seleção de presbíteros, todo o contexto imediatamente anterior (1 Tm 5.17-21) trata de presbíteros; e a imposição de mãos seria uma cerimônia para separar alguém para o ofício de presbítero (observe a imposição de mãos para ordenar ou estabelecer pessoas em certos ofícios e tarefas em At 6.6; 13.3; 1 Tm 4.14). Portanto, a consagração de presbítero parece a possibilidade mais provável para a ação que Paulo tem em mente. Nesse caso ele estaria dizendo : "A ninguém consagre precipitadamente como presbítero". Isso seria coerente com um processo por onde os diáconos devem ser "primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato" (1 Tm 3.10).
3. Diáconos.
A palavra diácono é tradução da palavra grega diakonos, que é o termo comum que se traduz por "servo", quando usado em contextos não eclesiásticos.
Os diáconos são claramente mencionados em Filipenses 1.1: "... a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos". Mas não há especificação de sua função, só a indicação de que são diferentes dos bispos (presbíteros). Os diáconos também são mencionados em 1 Timóteo 3.8-13 em uma passagem mais extensa :
"Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres [ou "esposas"; a palavra grega pode ter um desses significado], é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher, e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus" (1 Tm 3.8-13).
4. Outros cargos?
Em algumas igrejas hoje, há outros cargos, tais como tesoureiro, moderador (alguém com responsabilidade de presidir as reuniões administrativas da igreja), ou curador (em algumas formas de governo da igreja, alguém legalmente responsável pelas propriedades da igreja). Além disso, igrejas com uma equipe de direção com mais de um membro assalariado podem ter nessa equipe membros (tais como ministro de música, diretor de educação, conselheiro de jovens, etc.) "publicamente reconhecidos como detentores do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções na igreja" e que assim se encaixam em nossa definição de oficial da igreja, podendo até serem pagos para desempenhar tais funções em tempo integral, mas que podem não ser presbíteros nem diáconos na igreja.
B. COMO DEVEM SER ESCOLHIDOS OS OFICIAIS DA IGREJA?
Existem duas práticas principais no processo de seleção dos oficiais da
igreja : a escolha feita por uma autoridade superior e a que se faz pela
congregação local. A Igreja Católica Romana tem seus oficiais indicados por uma
autoridade superior: o papa indica cardeais e bispos, e os bispos indicam
sacerdotes para as paróquias locais. Essa é uma "hierarquia", ou sistema
de governo por sacerdócio, distinto dos leigos na igreja. Esse sistema indica
uma linha ininterrupta de descendência que começa com Cristo e os apóstolos e
alega que o sacerdócio atual é o representante de Cristo na igreja. Embora a
Igreja Anglicana (Igreja Episcopal, nos Estados Unidos) não se submeta ao
domínio de um papa nem tenha cardeais, ela possui algumas semelhanças com o
sistema hierárquico da Igreja Católica Romana, já que é dirigida por bispos e
arcebispos, e os membros de seu clero são considerados sacerdotes. Ela também
alega estar na linha de sucessão direta a partir dos apóstolos, e os sacerdotes
e bispos
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