Traduções da Bíblia
ANTIGUIDADE
A Bíblia tem sido traduzida em muitos idiomas a partir do hebraico e do grego.
TARGUNS
Algumas das primeiras traduções da Torá judaica começaram durante o primeiro exílio na Babilônia, quando o aramaico passou a ser a língua dos judeus. Com a maioria das pessoas falando aramaico e não compreendendo hebraico, os Targumim foram criados para permitir que a pessoa comum compreendesse a Torá quando era lida nas antigas sinagogas.
(Targum (do Hebraico תרגום , no plural targumim) é o nome dado às traduções, paráfrases e comentários em aramaico da Bíblia hebraica (Tanakh) escritas e compiladas em Israel e Babilônia, da época do Segundo Templo até o início da Idade Média, utilizadas para facilitar o entendimento aos judeus que não falavam o hebraico como língua mãe, e sim o aramaico) aramaico, escrito conforme o Texto Massorético da Bíblia Hebraica, e todas as traduções medievais e modernas judaicas são baseados nos mesmos.
Textos Massoréticos
O termo massoreta significa “guardiões da tradição”. Os massoretas foram um grupo de rabinos (mestres da lei judaica) que tiveram o cuidado de pegar os textos hebraicos do Antigo Testamento das Escrituras e inserir vogais. Iniciaram este trabalho em 500 d.C. e continuaram por cerca de 1.000 anos. Já no ano 900 d.C., o termo “massorético” passou a ser usado para designar o texto do Antigo Testamento produzido por este grupo.
No alfabeto hebraico não havia vogais. E, ao ler um texto, a interpretação das palavras ficava confusa, principalmente para quem não tinha grande habilidade no hebraico. Os massoretas fizeram este árduo trabalho, lendo e interpretando o texto, e inserindo vogais nos mesmos, para que a leitura se fizesse mais prática e fácil para as pessoas.
Após o cativeiro babilônico os judeus perderam a habilidade de falar o hebraico. Passaram a falar o aramaico. E, com o tempo, o hebraico foi se tornando um idioma morto. Com isso, houve um receio dos judeus de que a língua morresse e os escritos passassem a serem lidos de forma errada. Este também foi um dos motivos que levou os massoretas a fazerem este trabalho importante e conversarem a leitura correta dos textos do Antigo Testamento.
O movimento mais conhecido de tradução dos livros da Bíblia apareceu no século III a.C.
A maioria dos Tanaques ( Bíblia Hebraica que é a Coleção canônica dos textos Israelita, que é a fonte do cânone Cristão do Antigo Testamento. Esta coleção é composta de textos no Hebraico Bíblico, com exceção de dois livros, o de Daniel e o de Esdras, que contêm trechos no Aramaico Bíblico. O texto tradicional usado é chamado de texto Massorético.) existia em hebraico, mas muitos reuniram-se no Egito onde Alexandre O Grande tinha fundado a cidade de Alexandria que ostenta o seu nome.
De uma vez, um terço da população da cidade era judeu. No entanto, não foram encontradas grandes traduções gregas (como a maioria dos judeus continua a falar o aramaico uns aos outros) até Ptolomeu II Filadelfo contratar um grande grupo de judeus (entre 15 e 72 de acordo com diferentes fontes) que tivesse uma capacidade fluente tanto em Koiné quanto em hebraico. Estas pessoas produziram a tradução agora conhecida como a Septuaginta
A Septuaginta
Septuaginta é o nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego koiné (é a forma popular do grego que emergiu na pós- Antiguidade Clássica (c.300 a.C - AD 300) , entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria. Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, língua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre O Grande.
A Septuaginta tem seu nome vindo do latim Interpretatio septuaginta virorum (em grego: ἡ μετάφρασις τῶν ἑβδομήκοντα, transl. hē metáphrasis tōn hebdomēkonta), "tradução dos setenta intérpretes".
A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos (seis de cada uma das doze tribos) trabalharam nela e, segundo a tradição, teriam completado a tradução em setenta e dois dias.
A Septuaginta, desde o século I, é a versão clássica da Bíblia hebraica para os cristãos de língua grega e foi usada como base para diversas traduções da Bíblia.
A Septuaginta inclui alguns livros não encontrados na bíblia hebraica. Muitas bíblias da Reforma Protestante seguem o cânone judaico e excluem estes livros adicionais. Entretanto, católicos romanos incluem alguns destes livros em seu cânon e as Igrejas ortodoxas usam todos os livros conforme a Septuaginta.
A Septuaginta foi tida em alta conta nos tempos antigos. Fílon de Alexandria considerava-a divinamente inspirada. Além das traduções latinas antigas, a Septuaginta também foi a base para as versões em eslavo eclesiástico, para a Héxapla de Orígenes (parte) e para as versões armênia, georgiana e copta do Antigo testamento. De grande significado para muitos cristãos e estudiosos da Bíblia, é citada no Novo Testamento e pelos Padres da Igreja. Muito embora judeus não usassem a Septuaginta desde o século II, recentes estudos acadêmicos trouxeram um novo interesse sobre o tema nos estudos judaicos. Alguns dos pergaminhos do Mar Morto sugerem que o texto hebraico pode ter tido outras fontes que não apenas aquelas que formaram o texto massorético. Em vários casos, estes novos textos encontrados estão de acordo com a LXX. Os mais antigos códices da LXX (Vaticanus e Sinaiticus) datam do século IV.
Outras traduções
A Vulgata Latina
Vulgata é a forma latina abreviada de vulgata editio ou vulgata versio ou vulgata lectio, respectivamente "edição, tradução ou leitura de divulgação popular" - a versão mais difundida (ou mais aceita como autêntica) de um texto.
No sentido corrente, Vulgata é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV início do século V, por São Jerônimo (Jerônimo de Estridão, foi um sacerdote cristão, destacado como teólogo e historiador e considerado confessor e Doutor da Igreja pela Igreja Católica.), a pedido do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Cristã e ainda é muito respeitada.
Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Cartas aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes.
No século IV, a situação já havia mudado, e é então que o importante biblista São Jerônimo traduz pelo menos o Antigo Testamento para o latim e revê a Vetus Latina (Vetus Latina foi o nome comumente dado aos textos bíblicos traduzidos para o latim antes da tradução de São Jerônimo, conhecida como Vulgata. Vetus Latina é uma expressão em latim que significa "Latim Antigo").
A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta.
No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou textos.
Chama-se, pois, Vulgata a esta versão latina da Bíblia que foi usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e ainda hoje é fonte para diversas traduções.
PESHITA
A Peshita é a versão siríaca do Antigo Testamento hebraico e também do Novo Testamento. O termo Peshita significa simples, comum. Foi feita por eruditos do hebraico, que provavelmente eram cristãos, e fizeram esta tradução para os cristãos da Síria. No Novo Testamento, são excluídos desta tradução os seguintes livros: II Pedro, II e III João, Judas e Apocalipse. Alguns acreditam que a tradução foi feita por Jerônimo.
É tida como uma versão importante e como um trabalho muito bem feito. Hoje existem mais de 300 manuscritos desta versão, um número bem significativo.
Traduções cristãs também tendem a ser desenvolvidas com base no
hebraico, embora algumas denominações prefiram a Septuaginta (ou citem escritos
variantes de ambos).
Traduções bíblicas incorporando a crítica textual moderna geralmente começam com o Texto Massorético (Texto massorético ou masorético é o texto hebraico da Bíblia utilizado com a versão universal da Tanakh para o judaísmo moderno, e também como fonte de tradução para o Antigo Testamento da Bíblia cristã, inicialmente pelos protestantes e, modernamente, também por tradutores católicos), mas também levam em conta todas variáveis de todas as versões antigas. O texto original do Novo Testamento cristão está em grego koiné e quase todas as traduções são baseadas mediante o texto grego.
IDADE MÉDIA
Durante a Idade Média, a tradução, sobretudo do Antigo Testamento foi desencorajada. No entanto, existem alguns fragmentos de antigas traduções inglesas.
O Papa Inocêncio III, em 1199 proibiu versões da Bíblia sem autorização como uma reação para as heresias do Catarismo e Valdenses. Os sínodos de Toulouse e de Tarragona (1234) baniu a posse de tais escritos.
A mais notável tradução da Bíblia para o inglês médio é a Bíblia de Wycliffe (1383), baseada na Vulgata, foi proibida pelo Sínodo de Oxford em 1408. Uma Bíblia hussita húngara surgiu em meados do século XV e, em 1478, uma tradução catalã no dialeto da Comunidade Valenciana.
Período das reformas e pré-moderno
TRADUÇÃO DE LUTERO
Em 1521, Martinho Lutero foi posto sob o banimento do Império, e ele retirou-se para o de Castelo Wartburg. Durante o seu tempo ali, traduziu o Novo Testamento do grego para o alemão. Ele foi impresso em setembro de 1522. A primeira Bíblia completa neerlandesa, foi parcialmente baseada em porções das traduções de Lutero existentes, foi impressa na Antuérpia em 1526 por Jacob Van Liesvelt.
Martinho Lutero é considerado o principal dos reformadores. Ele estava no lugar certo e na hora certa. Se tivesse vivido nos séculos XIII ou XIV, provavelmente teria morrido como mártir. Tendo vivido, porém, no século XVI, usufruiu da imprensa recém inventada por Guttemberg e aproveitou-se dos diversos movimentos de “pré-reforma” feitos por grupos anteriores. Foi um grande teólogo e escritor. Lutou contra a corrupção da igreja e não negou a sua fé. É um dos responsáveis pela nossa liberdade de expressão religiosa, conquistada em grande parte pelos reformadores.
O nosso hábito de consultar a Bíblia e lê-la em nossos cultos é um costume herdado da reforma, o qual Lutero tem grande parte.
Uma das grandes obras de Lutero é a sua tradução da Bíblia para o idioma alemão. Lutero não foi a primeira pessoa a traduzir a Bíblia para o alemão, pois já existiam versões baseadas na Vulgata. Ele, porém, buscou uma tradução de melhor qualidade, mais adequada a língua do povo e também baseada no grego e no hebraico, não no latim. Lutero primeiro traduziu o Novo Testamento, terminando-o em 1522, e em 1532 publica o Antigo Testamento. Além disso, ele ficou por cerca de 12 anos trabalhando no aperfeiçoamento da tradução, mesmo após o término do trabalho.
A tradução de Lutero, além de dar acesso ao povo às Escrituras, contribuiu para o desenvolvimento do idioma alemão e se tornou base para as seguintes traduções: sueca, holandesa, finlandesa, dinamarquesa e outras.
Além da tradução da Bíblia para o alemão, Lutero escreveu livros teológicos e compôs algumas músicas, sendo a mais conhecida delas “Castelo Forte”.
A tradução do novo testamento de Tyndale (1526, revista em 1534, 1535 e 1536) e sua tradução do Pentateuco (1530, 1534) e do Livro de Jonas foram respondidas com pesadas sanções dada a convicção generalizada que Tyndale tinha "mudado" a Bíblia enquanto tentava traduzi-la.
A primeira Bíblia francesa completa foi uma tradução por Jacques Lefévre d'Étaples, publicada em 1530 na Antuérpia. A Bíblia Froschauer de 1531 e a Bíblia Luther de 1534 (ambas aparecendo em partes durante a Década de 1520) foram parte importante da Reforma Protestante.
As primeiras traduções em inglês do Livro dos Salmos (1530), Livro de Isaías (1531), Livro dos Provérbios (1533), Eclesiastes (1533), Livro de Jeremias (1534) e Lamentações (1534), foram executados pelo tradutor protestante George Joye na Antuérpia. Em 1535 Myles Coverdale publicou a primeira Bíblia em Inglês completa também na Antuérpia;
Em 1584, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento foram traduzidos para o esloveno pelo escritor protestante e teólogo Jurij Dalmatin. Os eslovenos, assim, passaram a ser a 12ª nação no mundo, com uma Bíblia completa em sua língua.
A atividade missionária da ordem jesuíta levou a um grande número de traduções no século XVII para as línguas do Novo Mundo.
THE KING JAMES VERSION
A versão do Rei Tiago (The King James Version) foi feita no ano de 1611, por influência dos puritanos (grupo de protestantes ingleses radicais) e patrocinada pelo Rei Tiago, que subiu ao trono da Inglaterra em 1603. Esta versão é baseada na tradução de William Tyndale, esta feita a partir dos originais hebraicos e gregos. Foi proposta por um homem chamado John Reynolds, da universidade de Oxford, que deseja ver uma tradução da Bíblia bem feita para o inglês.
A reforma protestante, com sua pregação de que o povo deveria ter acesso às Escrituras, criou uma demanda por bíblias muito grande. Homens como Lutero, Calvino, John Huss, Savonarola, Knox e outros acenderam uma chama nos corações do povo europeu que a corrupção do clero havia apagado. Desde o século XII grupos protestantes como os petrobrussianos, os valdenses e os albigenses vinham se opondo à atitude da igreja de omitir as Escrituras do povo e pregar doutrinas que eram (e ainda são) baseadas na tradição.
A Versão do Rei Tiago (assim chamada por nós) foi feita por um grupo de 47 pessoas, as quais foram divididas em 6 grupos, sendo 3 responsáveis pela tradução do Velho Testamento, dois pelo Novo Testamento e um pelos livros apócrifos. O trabalho foi terminado depois de 4 anos e dedicado ao Rei Tiago. Com o passar dos anos, esta versão se tornou a mais popular tradução de língua inglesa. Alguns séculos depois a King Version sofreu revisões, o que no começo não foi aceito, mas acabou sendo feito devido à necessidade de atualização pelo desenvolvimento e mudança do idioma e da descoberta de manuscritos mais antigos. A publicação da revisão se deu na metade do século XX.
VERSÃO DE ANTÔNIO PEREIRA DE FIGUEIREDO
Antônio Pereira de Figueiredo foi um padre nascido em Portugal, no ano de 1725. Neste momento, a igreja católica queria mais uma tradução de Bíblia para o seu povo, sentimento bem diferente ao da Idade Média. Antes de sua tradução, D. Diniz, rei de Portugal (127-1325 d.C.) traduziu os 20 primeiros capítulos de Gênesis para o Português, utilizando a Vulgata como base. D. João I (1385-1433 d.C.), mandou traduziu os evangelhos, atos e as epístolas paulinas, utilizando também a Vulgata.
O padre Figueiredo não tinha conhecimento das línguas originais da Bíblia, o hebraico, o aramaico e o grego. Por isso, não poderia fazer uma tradução baseada nas línguas originais. Este fato levou-lhe a basear sua tradução de Bíblia para o português na Vulgata Latina (tradução feita por Jerônimo no século IV). O trabalho de tradução e revisão levou cerca de 18 anos. O Novo Testamento foi publicado no ano de 1778 e o Antigo Testamento nos anos de 1783 e 1790.
Alguns eruditos apresentam falhas na tradução de Figueiredo que são comuns em traduções de tradução. Se em uma tradução já ocorrem vários erros, imaginem em uma tradução de outra tradução ! Além disso, a versão de Figueiredo é tida como tendenciosa em certas partes. Em I Pe 5:5, que na versão de Almeida diz “Sede sujeitos aos mais velhos”, Figueiredo traduziu por “apoiando honra aos padres”. Ele também traduz a expressão “sacerdotes”, em Jo 11:57, por pontífice. Embora para alguns isto tenha a intenção de facilitar a leitura, para quem tem um certo conhecimento da Teologia isto soa como algo tendencioso. Jamais pode-se traduzir o termo grego “presbyteros” por padres, como ele o fez. Anula a idéia dos textos originais e traz engano ao leitor.
VERSÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA
João Ferreira de Almeida nasceu na cidade de Torres de Tavares, em Portugal, em cerca do ano 1628. Se converteu do Catolicismo ao Protestantismo aos 14 anos de idade, quando saiu de Portugal e foi viver na Malásia.
Aos 16 anos, em 1644, iniciou o processo de tradução da Bíblia para a língua portuguesa. Porém, não se baseou em manuscritos gregos e hebraicos, mas sim em uma versão espanhola e traduções latina, francesa e italiana. Nesta época Almeida não conhecia o grego e o hebraico. Esta tradução não foi da Bíblia inteira, mas dos evangelhos e das epístolas do Novo Testamento. Este trabalho levou aproximadamente 1 ano. Almeida também trabalhou na tradução de outros livros para a língua portuguesa e se opôs a algumas idéias do romanismo.
Tendo terminado o Novo Testamento, foram feitas revisões e correções, o que levou cerca de 10 anos. A tradução do Novo Testamento foi concluída em 1676, continuação daquilo que fez em sua juventude. O Novo Testamento foi revisado por ele após ter aprendido o grego, tendo como base o Textus Receptus, produzido por Erasmo no século XVI. A partir de 1681 começou a trabalhar na tradução do Antigo Testamento. Almeida faleceu entre 8 e 10 de outubro de 1691, tendo traduzido o Antigo Testamento até Ezequiel 48:21.
Para enriquecer o nosso texto, a Sociedade Bíblica do Brasil, em seu site, diz sobre esta tradução : “Os princípios que regem a tradução de Almeida são os da equivalência formal, que procura seguir a ordem das palavras que pertencem à mesma categoria gramatical do original. A linguagem utilizada é clássica e erudita. Em outras palavras, Almeida procurou reproduzir no texto traduzido os aspectos formais do texto bíblico em suas línguas originais – hebraico, aramaico e grego – tanto no que se refere ao vocabulário quanto à estrutura e aos demais aspectos gramaticais”.
OUTRAS TRADUÇÕES EM PORTUGUÊS
O povo brasileiro tem sido privilegiado na quantidade e na qualidade das traduções da Bíblia. Não só na variedade da linguagem, como também nas Bíblias de estudo, concordâncias, dicionários, mapas, comentários, etc. Uma pena que, com tamanho privilégio, as pessoas não aproveitam.
O site da Sociedade Bíblica do Brasil, nos fornece um interessante quadro, comparando três versículos de três traduções desta instituição, a ARC (Almeida Revista e Corrigida), a ARA (Almeida Revista e Atualizada) e a NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje).
A ARC é uma versão antiga, feita numa linguagem rebuscada. Lá o leitor pode verificar que são utilizadas palavras como “undécimo” e “duodécimo”, ao invés de “décimo primeiro” e “décimo segundo”. Derradeiro é empregado em lugar de último. É comum as pessoas não entenderem o que lêem nesta versão, pois muitas palavras utilizadas na ARC não são usadas no dia-a-dia. Temos que levar em conta que a versão original de Almeida utilizava uma linguagem difícil. Entretanto, esta tradução, a ARC, é de grande importância para o público evangélico brasileiro.
A ARA mudou alguns termos, mas é bastante semelhante à ARC. A palavra “caridade”, por exemplo, é substituída por “amor”. A NTLH, porém, é bem diferente das duas versões e utiliza uma linguagem bem mais popular, o que, naturalmente, facilita a leitura da Bíblia para o grande público, que não está acostumado a ler textos difíceis.
A NVI (Nova Versão Internacional) também tem sido uma tradução amplamente divulgada no Brasil. Sua linguagem acessível tem contribuído para que os brasileiros que lêem as Escrituras a procurem. Vejamos um versículo: “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas…” (Mt 7:15). O leitor atento observa que, diferentemente das outras versões, que utilizam a palavra “vós”, a NVI usa “vocês”. Mais um : “…para não dizer que você me deve a própria vida” (Fm 19). Na ARA, o texto fica assim : “Eu, Paulo, de meu próprio punho o escrevo, eu o pagarei, para não te dizer que ainda a ti mesmo a mim te deves”. Com certeza o versículo fica muito mais claro na NVI. A NVI costuma utilizar notas de rodapé quando insere no texto bíblicos versículos que costumam não estar nos manuscritos mais antigos ou até mesmo dizendo que há divergências de expressões nos textos gregos, quando é o caso. Além disso, as medidas e pesos estão convertidos na nossa forma de uso. Isso a fez substituir côvados por metros ou centímetros e talentos por quilos.
Temos também a Bíblia Ecumênica, uma boa tradução católica. Utiliza uma linguagem mais fácil, mas não muito informal. O versículo de Filemon 19 fica assim nesta versão: “Eu não preciso recordar-te que tu também tens comigo uma dívida, que és tu mesmo”. Na NVI o pronome de tratamento empregado é “você”, enquanto na Bíblia Ecumênica permanece o “tu”. De qualquer forma, o versículo fica mais fácil de entender nestas duas versões do que na ARC ou na ARA. Um versículo polêmico fica assim na B.E.: “Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e meus companheiros de cativeiro. Eles são apóstolos eminentes e pertenceram a Cristo mesmo antes de mim” (Rm 16:7). Vejamos como fica na ARA: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros de prisão, os quais são bem conceituados entre os apóstolos, e que estavam em Cristo antes de mim”. Qual a diferença ? Na Bíblia Ecumênica, claramente Andrônico e Júnias são chamados de apóstolos. Tal tradução, se estiver correta, revolucionaria a idéia sobre o ministério feminino de liderança, já que Júnias, uma mulher, é tratada como apóstola. A ARA, porém, dá uma idéia totalmente diferente, como se ela fosse bem conceituada entre os apóstolos, não fazendo parte deles.
O seguinte versículo é omitido na Bíblia Ecumênica: “Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse” (Jo 5:4). Na realidade, tal versículo não se encontra nos manuscritos mais antigos e, provavelmente, a atitude de omiti-lo é correta, talvez representando o texto original.
Esforços de tradução na modernidade
A Bíblia continua a ser o livro mais traduzido no mundo. Os números seguintes são aproximados. Em 2005, pelo menos um livro da Bíblia foi traduzido em 2400 dos 6900 idiomas listados pela SIL, incluindo 680 línguas na África, seguida a 590 na Ásia, 420 na Oceania, 420 na América Latina e das Caraíbas, 210 na Europa, e 75 na América do Norte. A Sociedade da Bíblia Unida atualmente assiste na tradução da Bíblia em mais de 600 projetos. A Bíblia está disponível em todo ou em parte, a cerca de 98 por cento da população do mundo em uma linguagem em que eles são fluentes.
A Sociedade Bíblica Unida anunciou em 31 de dezembro de 2007 A Bíblia, com material deuterocanônica estava disponível em 123 idiomas. O Tanaque e o Novo Testamento estavam disponíveis em 438 línguas. O Novo Testamento estava disponível em 1168 línguas, e porções da Bíblia estavam disponíveis em 848 línguas, para um total de 2454 línguas.
Em 1999, os tradutores da Bíblia Wycliffe anunciaram a "Visão 2025". Este projeto pretende ver a tradução da Bíblia começar em 2025 em todas as línguas restantes da comunidade que precisa dele. Eles estimam que atualmente 2251 idiomas, representando 193 milhões de pessoas, precisam de uma tradução da Bíblia.
Abordagens modernas
Uma variedade de lingüística, filológica e ideológica de abordagens da tradução têm sido utilizadas, incluindo:
- Tradução de equivalência dinâmica
- Equivalência formal (semelhante à tradução literal)
- Idiomática, ou por paráfrase, como usado por Kenneth Taylor
Uma grande parte do debate ocorre sobre qual a abordagem com maior precisão comunica a mensagem da bíblica desejada nos textos originais nas línguas desejadas. Apesar destes debates, no entanto, muitos que estudam a Bíblia intelectualmente ou de forma devocional acham que utilizar mais de uma tradução é útil na interpretação e aplicação do que eles leem. Por exemplo, uma tradução literal pode ser muito útil para cada palavra ou estudo de tópico, ao mesmo tempo que uma paráfrase pode ser empregada para achar o significado original de uma passagem.
Além da linguística, há também questões teológicas que permeiam as traduções bíblicas.
VERSÕES, TRADUÇÕES E REVISÕES
Conceituação
Tradução é simplesmente a transposição de uma composição literária de uma língua para outra. Por exemplo, se a Bíblia fosse transcrita dos originais hebraico e grego para o latim, ou do latim para o português, chamaríamos esse trabalho tradução. Se esses textos traduzidos fossem vertidos de volta para as línguas originais, também chamaríamos isso tradução.
A tradução literal é uma tentativa de expressar, com toda a fidelidade possível e o máximo de exatidão, o sentido das palavras originais do texto que está sendo traduzido. Trata-se de uma transcrição textual, palavra por palavra. O resultado é um texto um tanto rígido.
A transliteração é a versão das letras de um texto em certa língua para as letras correspondentes de outra língua. É claro que uma tradução literal da Bíblia fica sem sentido para uma pessoa de pouca cultura.
Versão, tecnicamente falando é uma tradução da língua original (ou com consulta direta a ela) para outra língua, ainda que comumente se negligencie essa distinção. O segredo para a compreensão é que a versão envolve a língua original de determinado manuscrito
Revisão, ou versão revista, é termo usado para descrever certas traduções, em geral feitas a partir das línguas originais, que foram cuidadosa e sistematicamente revistas, cujo texto foi examinado de forma crítica, com vistas em corrigir erros ou introduzir emendas ou substituições.
Paráfrase é uma tradução "livre" ou "solta". O objetivo é que se traduza a idéia, e não as palavras. Daí que a paráfrase é mais uma interpretação que uma tradução literal do texto. O comentário é simplesmente uma explicação das Escrituras. O exemplo mais antigo desse tipo de trabalho é o “Midrash”, ou comentário judaico do Antigo Testamento.
Versões E Traduções Mais Antigas
As traduções mais antigas apareceram antes do período dos Concílios da Igreja (350 d.C.), abarcando obras como Pentateuco Samaritano, os Targuns Aramaicos, o Talmude, o Midrash e a Septuaginta (LXX).
O Pentateuco Samaritano
Segundo Norman Geisler e William Nix (1997, p. 187), “o Pentateuco samaritano pode ter-se originado no período de Neemias, em que se reedificou Jerusalém. Não sendo na verdade uma tradução, nem versão, mostra a necessidade do estudo cuidadoso para que se chegue ao verdadeiro texto das Escrituras”. Essa obra foi, de fato, uma porção manuscrita do texto do próprio Pentateuco. Contém os cinco livros de Moisés, tendo sido escrito num tipo paleo-hebraico, muito semelhante ao que se encontrou na pedra moabita, na inscrição de Siloé, nas Cartas de Laquis e em alguns manuscritos bíblicos mais antigos de Qumran. A tradição textual do Pentateuco samaritano é independente do Texto massorético. Não foi descoberto pelos estudiosos cristãos senão em 1616, embora fosse conhecido dos pais da igreja, como Eusébio de Cesaréia e Jerônimo, tendo sido publicado pela primeira vez na obra Poliglota de Paris (1645) e, depois, na Poliglota de Londres (1657).
O manuscrito mais antigo do Pentateuco samaritano data de meados do século XIV e trata-se de um fragmento de um pergaminho o rolo chamado Abisa. O códice do Pentateuco samaritano mais antigo traz uma nota sobre ter sido vendido em 1149-1150 d.C, embora fosse muito mais velho. A Biblioteca Pública de Nova Iorque abriga outro exemplar que data de cerca de 1232. Imediatamente após a descoberta desse exemplar, em 1616, o Pentateuco samaritano foi aclamado como superior ao Texto massorético. No entanto, depois de cuidadoso estudo, foi relegado a posição inferior. Só recentemente esse documento reobteve um pouco de sua antiga importância, ainda que seja considerado até hoje de menor importância do que o texto massorético da lei. Os méritos do texto do Pentateuco samaritano podem ser avaliados pelo fato de apresentar apenas 6 000 variantes em relação ao Texto massorético, e em sua maior parte constituem diferenças ortográficas que se considerariam insignificantes. Há ali a afirmativa de que o monte Gerizim é o centro de adoração, e não a cidade de Jerusalém, com acréscimos aos relatos de Êxodo 20.2-17 e Deuteronômio 5.6-21. (GEISLER; NIX, 1997, p. 188).
Os Targuns
Segundo Norman Geisler e William Nix (1997, p. 188), “há evidências de que os escribas, já nos tempos de Esdras (Ne 8.1-8), estavam escrevendo paráfrases das Escrituras hebraicas em aramaico. Não estavam produzindo traduções, mas textos explicativos da linguagem arcaica da Tora”. Antes do nascimento de Cristo, quase todos os livros do Antigo Testamento tinham suas paráfrases ou interpretações (targuns). Ao longo dos séculos seguintes o targum foi sendo redigido até surgir um texto oficial.
Os mais antigos targuns aramaicos provavelmente foram escritos na Palestina, durante o século II d.C, embora haja evidências de alguns textos amaraicos de um período pré- cristão. Esses textos primitivos, oficiais, do targum, continham a lei e os profetas, embora targuns de épocas posteriores também incluíssem outros escritos do Antigo Testamento.
Durante o século III d.C., surgiu na Babilônia um targum aramaico sobre a Tora. Possivelmente se tratasse de uma versão corrigida de texto palestino antigo; mas também poderia ter-se originado na Babilônia, tendo sido tradicionalmente atribuído a Onquelos (Ongelos), ainda que tal nome provavelmente resultasse de confusão com Áquila.
O Targum de Jônatas ben Uzziel é outro targum babilônico em aramaico, que acompanhava os profetas (os primeiros e os últimos). Data do século IV, sendo uma tradução mais livre do texto que a tradução de Onquelos. Esses targuns eram lidos nas sinagogas: o texto de Onquelos ao lado da Tora, que se liam em sua inteireza; Jônatas era lido ao lado de seleções dos profetas (haphtaroth, pl.). Visto que as demais partes do Antigo Testamento (escritos) não eram lidas nas sinagogas, não se produziu nenhum targum oficial, mas havia cópias não-oficiais usadas pelas pes-soas de modo particular.
Pelos meados do século VII surgiu o Targum do pseudo-Jônatas, sobre o Pentateuco. Trata-se de uma mistura do Targum de Onquelos e alguns textos do Midrash. Outro targum apareceu ao redor do ano 700, o Targum de Jerusalém, do qual sobreviveu apenas um fragmento.
O Talmude
O Talmude basicamente representa as opiniões e as decisões de professores judeus de cerca de 300 a 500 d.C., consistindo em duas principais divisões: o Midrash e a Gemara. A Mishna (repetição, explicação) completou-se perto de 200 d.C., como se fora um digesto – publicação composta de artigos, livros condensados - hebraico de todas as leis orais, desde o tempo de Moisés. Era altamente considerada como a segunda lei, sendo a Tora a primeira. A Gemara (término, finalização) era um comentário ampliado, em aramaico, da Mishna. Foi transmitida em duas tradições: a Gemara palestina (c. 200) e a Gemara babilônica, maior, dotada de mais autoridade (c. 200)
O Midrash
O Midrash (lit., estudo textual) na verdade era uma exposição formal, doutrinária e homilética das Sagradas Escrituras, redigida em hebraico ou em aramaico. De mais ou menos 100 até 300 d.C., esses escritos foram reunidos num corpo textual a que se deu o nome de Halaka (procedimento), que era uma expansão adicional da Tora, e Hagada (declaração, explicação), ou comentários de todo o Antigo Testamento. O Midrash de fato diferia do Targum neste ponto: o Midrash eram comentários, em vez de paráfrases. O Midrash contém algumas das mais antigas hornilias do Antigo Testamento, bem corno alguns provérbios e parábolas, textos usados nas sinagogas.
Septuaginta (LXX)
Bastante conhecida através da sigla LXX, é a mais importante tradução grega do Velho Testamento. Seria interessante pensar por alguns instantes qual a razão de um livro hebraico ser traduzido para o grego numa cidade do Egito? A História nos confirma que Alexandre Magno, com suas extraordinárias conquistas levou o grego a quase todas as partes do mundo conhecido. Sua morte prematura em 323 a.C. fez com que seu império fosse dividido. Cabendo a Ptolomeu I (323-285) governar o Egito, iniciando assim a dinastia dos reis gregos no Egito. Calcula-se que no tempo de Ptolomeu II, a cidade de Alexandria era composta por um terço de judeus. Como era de se esperar esses imigrantes judeus facilmente adotaram a língua dos gregos.
Dias Gomes citando Flávio Josefo, fornece-nos pormenores úteis sobre a origem desta antiga tradução. Eis uma síntese de suas palavras:
Demétrio Palério, bibliotecário de Ptolomeu Filadelfo, trabalhava com extremo cuidado e grande curiosidade para reunir de todas as partes do mundo os livros de mérito e que julgava serem agradáveis ao príncipe. Certo dia o príncipe perguntou-lhe quantos livros já havia na Biblioteca e soube que mais ou menos 200.000. Notificou também ao rei a existência entre os judeus de livros dignos de figurarem na soberba biblioteca, mas dariam muito trabalho traduzi-los para o grego. Acrescentou que este trabalho poderia ser feito porque sua majestade não olhava a gastos. O rei, persuadido pelo ilustre bibliotecário, fez um apelo ao sumo-sacerdote de Jerusalém para que lhe enviasse os livros e pessoas capacitadas para traduzi-los. O pedido foi imediatamente atendido, talvez, porque acompanhando-o havia grande soma de dinheiro e pedras preciosas. Ptolomeu recebeu através de uma carta a seguinte notificação: "Escolhemos, Senhor, seis homens de cada tribo para vos levar as santas leis e esperamos da vossa bondade, quando não tenhais mais necessidade deles, que vos dignareis remetê-los com os que vão em sua companhia." Eleazar. Quando a obra foi acabada (segundo alguns em 72 dias), Demétrio reuniu todos os judeus para que ouvissem a leitura da tradução, na presença dos 72 tradutores. A tradução foi aprovada e Demétrio elogiado por ter concebido um desígnio que lhes era tão vantajoso. (JOSEFO, Flávio. Apud. GOMES, Dias. Bíblia Poliglota Portuguesa, p. 26-28).
Para alguns esta história é lendária, sendo a verdadeira razão para a origem da Septuaginta a seguinte: Havendo em Alexandria muitos judeus que não podiam ler o Velho Testamento no original hebraico, uma tradução em grego lhes foi preparada. Por causa do número de tradutores essa extraordinária tradução se tornou conhecida (um tanto inexatamente) como Septuaginta.
A Septuaginta é comumente designada por LXX. O nome vem do latim Septuaginta, que quer dizer 70. Aristeas, escritor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 285-246 a.C., escrevendo a seu irmão Filócrates, conta que o referido monarca, por proposta de seu bibliotecário, Demétrio de Falero, solicitou ao sumo sacerdote judaico, Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas Sagradas Escrituras para preparar-lhe uma versão delas, em grego. Ele muito ouvia falar das Escrituras e queria uma versão delas, para enriquecer sua vasta biblioteca, em Alexandria. O sumo sacerdote escolheu 72 eruditos (6 de cada tribo) e enviou-os a Alexandria, os quais completaram a versão em 72 dias. De 72 derivou-se o nome Septuaginta. (Gilberto, Antonio, 1986, p. 84)
A tradução foi feita na ilha de Faros, situada no porto da cidade. Essa Bíblia teve a mais ampla difusão entre as nações, especialmente naquelas onde estavam os judeus da dispersão oriunda do cativeiro. Foi a Septuaginta a primeira tradução completa do Antigo Testamento, do original hebraico. Foi também ela que situou e dividiu os livros por assuntos como os temos hoje: Lei, História, Poesia, Profecia. Não há um só exemplar original da Versão dos Setenta; somente cópias, a mais antiga das quais data de 325 d.C. É ela a mais antiga tradução da Bíblia hebraica. A Septuaginta é usada ainda hoje na Igreja Grega. Sua primeira aparição impressa é a constante da Complutensiana Poliglota publicada em Alcalá, província de Madri, em 1514-1517, e distribuída em 1522 pelo Cardeal Ximenes.
A Versão De Áqüila
A versão de Áqüila, natural de Sínope, cidade do Ponto. É uma tradução puramente literal. Contém só o Antigo Testamento. Foi feita em 138 d.C., no reinado de Adriano. Existe em fragmentos.
A Versão De Teodocião
A versão de Teodocião, natural de Éfeso, coevo de Justino Mártir, que o menciona em seus escritos. Foi feita em 160 d.C., no tempo do Imperador Cômodo. Não é mais que uma revisão dos LXX. Contém só o Antigo Testamento. Teodocião era ebionita.
A Versão De Símaco
A versão de Símaco, feita em 218. Só do Antigo Testamento. Símaco era também ebionita. Existe em fragmentos.
A Héxapla, De Orígenes
A Héxapla, de Orígenes. Não é propriamente uma versão; é obra compendiada. Devido a falhas na tradução da Septuaginta, Orígenes, grande erudito da igreja primitiva, compôs, em Cesaréia, a Héxapla, ou versão de 6 colunas, em 228 d.C.
As seis colunas estão dispostas da direita para a esquerda, assim: 1ª O texto hebraico; 2ª O texto grego traduzido do hebraico; 3ª A versão de Áquila; 4ª A versão de Símaco; 5ª A Septuaginta; 6ª A versão de Teodocião.
Revisões Depois Da Hexapla
Fizeram ainda revisões na Septuaginta Luciano – fez seu trabalho mais ou menos pelo ano 300, pois foi martirizado em 311. Para esta revisão usou manuscritos hebraicos superiores aos usados por Orígenes e Hesíquio – sua revisão se processou na cidade de Alexandria e foi somente aceita no Egito.
Versões Siríacas
É provável que a primeira versão do Novo Testamento tenha sido feita na língua siríaca. Dentre as versões siríacas são dignas de nota as seguintes:
Siríaca Antiga. É uma versão dos quatro Evangelhos, conservada hoje com grandes lacunas nestes dois manuscritos. Embora estes manuscritos fossem copiados no 5º e 4º séculos respectivamente, a forma de texto que eles preservam data do fim do segundo século ou início do terceiro. O texto dos Evangelhos sofreu influências do Diatessaron de Taciano. Seu tipo de texto pertence ao grupo Ocidental.
Versão Peshita. Em siríaco a palavra peshita significa simples, comum, vulgar. Crêem alguns que a tradução foi feita por Rabbula, bispo de Edessa (411-432), cognominado o São Jerônimo da Igreja Síria. Outros afirmam que o autor é desconhecido, mas que a tradução foi feita para que o cristianismo pudesse propagar-se entre aquele povo. Por ser um trabalho muito bem feito, foi chamada "a rainha das versões". Contém todo o Velho Testamento sem os livros apócrifos. Do Novo Testamento não foram traduzidos II e III João, II Pedro, Judas e Apocalipse. Mais de 350 manuscritos da Peshita são conhecidos hoje, diversos dos quais datam do 5º e 6º séculos.
Versão Filoxênia. Esta é outra tradução bastante difícil de ser explicada pela Crítica Textual. Crê-se que Filóxeno, bispo de Mabugue, comissionou a tradução da Bíblia inteira baseada no grego, em 508 a.D.
Versão Siríaca da Palestina. É conhecida principalmente por um dicionário dos Evangelhos. Crêem os entendidos que seja uma tradução do quinto século.
VERSÕES LATINAS E
INGLESAS
Versões Latinas
O latim era um idioma dominante nas regiões ocidentais do Império Romano desde muito antes dos dias de Jesus. Foram nas regiões ocidentais ao sul da Gália e na África do Norte que apareceram as primeiras traduções da Bíblia em latim. Segundo Philip W. Confort (1998, p. 235) “em cerca de 160 d.C., Tertuliano notoriamente usou uma versão das Escrituras em latim. Não muito tempo depois, o texto em latim antigo parece ter estado em circulação, o que nos é evidenciado pelo uso de Cipriano antes de sua morte, em 258 d.C.”. A versão em latim antigo era uma tradução da Septuaginta. Manuscritos completos do texto em latim antigo não subsistiram. Depois que a versão latina, a Vulgata, foi completada por Jerônimo, o texto mais primitivo caiu em desuso.
A Vulgata Latina
Segundo Philip W. Confort (1998, p. 236) “por volta do século III d.C., o latim começou a substituir o grego como língua de ensino no vasto mundo romano. Um texto uniforme e confiável era extremamente necessário para uso teológico e litúrgico”. Para preencher essa necessidade, o papa Dâmaso I (336-384 d.C.) encarregou Jerônimo, eminente erudito no latim, grego e hebraico, de fazer a tradução. Jerônimo começou o seu trabalho com uma tradução da Septuaginta em grego, considerada inspirada por muitas autoridades da Igreja, inclusive Agostinho. Contudo, mais tarde, e sob risco de grande crítica, voltou-se para o texto hebraico que então estava em uso na Palestina, como texto base para sua tradução. Durante o período de 390 a 405, Jerônimo fez sua tradução latina do Antigo Testamento hebraico. No entanto, a despeito de ter se voltado para o original hebraico, Jerônimo dependia grandemente das diversas versões gregas como auxílio à tradução. Por conseguinte, a Vulgata espelha as outras traduções gregas e latinas tanto quanto o texto hebraico fundamental.
Autor Da Vulgata
Sofrônio Eusébio Jerônimo (c. 340-420) nascera de pais cristãos, em Estridão, na Dalmácia. Havia sido educado na escola local até sua ida a Roma, com a idade de doze anos. Durante os oito anos seguintes, Jerônimo estudou latim, grego e autores pagãos, antes de tornar-se cristão, com a idade de dezenove anos. Logo após sua conversão e batismo, Jerônimo devotou-se a uma vida de rígida abstinência e de serviço ao Senhor. Passou muitos anos perseguindo uma vida semi-ascética de eremita. De 374 a 379, empregara um rabino judeu para que lhe ensinasse o hebraico, enquanto estivesse residindo no Oriente, perto de Antioquia. Foi ordenado presbítero em Antioquia antes de partir para Constantinopla, onde passou a estudar sob a orientação de Gregório de Nazianzo. Em 382, foi convocado por Roma para ser secretário de Dâmaso, bispo de Roma, e nomeado membro de uma comissão para revisar a Bíblia latina.
A Data E O Lugar Da Tradução Da Vulgata Latina
Jerônimo recebeu a incumbência em 382 e iniciou seu trabalho quase imediatamente. A pedido de Dâmaso introduziu uma ligeira revisão nos evangelhos, completada em 383. Logo após ter terminado a revisão dos evangelhos, morre-lhe o mecenas (384), tendo sido eleito novo bispo de Roma. Jerônimo, que aspirava a esse cargo, já havia terminado uma revisão rápida do chamado Saltério romano quando regressou ao Oriente e se estabeleceu em Belém. De volta a Belém, Jerônimo voltou sua atenção a uma revisão mais cuidadosa do Saltérío romano, que completou em 387. Essa revisão é conhecida como Saltério galileu, empregado atualmente no Antigo Testamento da Vulgata. Baseou-se de fato nos Héxapla de Orígenes, a quinta coluna, sendo mera tradução dos Salmos. Tão logo havia terminado sua revisão dos Salmos, Jerônimo iniciou a revisão da LXX, embora esse trabalho não fizesse parte de seus objetivos iniciais. Estando em Belém, Jerônimo havia iniciado seu trabalho de aperfeiçoar seus conhecimentos do hebraico, de modo que pudesse executar uma nova tradução do Antigo Testamento diretamente das línguas originais. Os amigos ao redor aplaudiram seus esforços, mas outros, muito longe, começaram a suspeitar que Jerônimo estaria judaizando; alguns se enfureceram quando Jerônimo lançou dúvidas sobre a “inspiração da Septuaginta”. Traduziu o Saltério hebraico com base no texto hebraico usado na época, na Palestina. Finalmente, em 405, completou sua tradução latina do Antigo Testamento hebraico. Nos últimos quinze anos de vida, Jerônimo continuou escrevendo, traduzindo e revisando sua tradução do Antigo Testamento.
Jerônimo pouca atenção deu aos apócrifos; só com grande relutância produziu uma tradução apressada de algumas passagens de Judite, de Tobias e do resto de Ester, mais as adições de Daniel - antes de morrer. O resultado foi que a versão dos livros apócrifos, pertencente à Antiga latina, foi adicionada à Bíblia chamada Vulgata latina na Idade Média, sobre o cadáver de Jerônimo.
Versões, Traduções E Paráfrase Em Inglês
Segundo Philip W. Confort (1998, p. 361), “no século VI, o Evangelho foi levado para a Inglaterra pelos missionários de Roma. A Bíblia que levaram foi a Vulgata Latina. Nessa época, os cristãos que viviam na Inglaterra dependiam dos monges para qualquer tipo de instrução relacionada à Bíblia. Os monges liam e ensinavam a Bíblia latina”. Depois de alguns séculos, quando mais mosteiros foram fundados, surgiu a necessidade de traduções da Bíblia em inglês. A mais antiga tradução em inglês, até onde sabemos, é a que foi feita por um monge do século VII, chamado Cedmon, que fez uma versão métrica de partes do Antigo e do Novo Testamento. Acredita-se que outro clérigo inglês, chamado Bede, traduziu os evangelhos para o inglês. Diz a tradição que, em 735, esse clérigo estava traduzindo o Evangelho de João em seus últimos momentos de vida. Outro tradutor foi Alfredo, o Grande (que reinou de 871 a 899), considerado por todos como um rei muito letrado. Incluiu em suas leis trechos dos Dez Mandamentos traduzidos para o inglês e também traduziu os Salmos.
Desenvolvimento Da Língua Inglesa
Segundo Norman Geisler (1997, p. 219), “não se sabe com certeza como a língua inglesa se desenvolveu, mas a maioria dos estudiosos segue a orientação de Beda, o Venerável (c. 673-735), que data seu início em cerca de 450 da era cristã”. O período de 450 a 1100 é denominado anglo-saxônico, ou do antigo inglês, por ter sido dominado pela influência dos anglos, dos saxões e dos jutos em seus vários dialetos. Após a invasão normanda de 1066, a língua sofreu a influência de dialetos escandinavos, e o período do médio inglês apareceu de 1100 a 1500. Esse foi o período de Geoffrey Chaucer (1340-1400) e de John Wycliffe. Após a invenção da prensa móvel por Johann Gutenberg (c. 1454), o inglês entrou em seu terceiro período de desenvolvimento: o do inglês moderno (1500 até o presente). Esse período de desenvolvimento foi precipitado pela grande mudança vocálica no século que se seguiu à morte de Chaucer e precedeu ao nascimento de William Shakespeare.
As Traduções Parciais Para O Antigo Inglês (450-1100)
Segundo Norman Geisler (1997, p. 220), “as primeiras traduções de partes das Escrituras basearam-se nas traduções da Antiga latina e da Vulgata, e não nas línguas originais, o hebraico e o grego, e nenhuma delas continha o texto da Bíblia toda. Não obstante, elas ilustram a maneira pela qual a Bíblia entrou para a língua inglesa”.
Aldhelm (640-709). Aldhelm foi o primeiro bispo de Sherborne em Dorset. Logo depois do ano 700, ele traduziu o Saltério para o antigo inglês. Foi a primeira tradução direta de qualquer parte da Bíblia para a língua inglesa.
Egberto (700). Egberto da Nortúmbria tomou-se arcebispo de Iorque pouco depois da morte de Beda. Ele foi também o mestre de Alcuíno de Iorque, que foi mais tarde chamado por Carlos Magno para estabelecer uma escola na corte de Aix-Ia-Chapelle (Aachen). Por volta de 705, Egberto traduziu os evangelhos para o antigo inglês pela primeira vez.
Beda, o Venerável (674-735). Maior estudioso da Inglaterra e um dos maiores de toda a Europa dos seus dias, Beda residiu em Jarrow-on-the-Tyne, na Nortúmbria. De lá, ele escreveu sua famosa História eclesiástica e outras obras. Entre essas obras encontrava-se uma tradução do evangelho de João, cujo propósito foi provavelmente o de suplementar os três outros traduzidos por Egberto. Segundo relatos tradicionais, Beda terminou a tradução na hora da morte.
Alfredo, o Grande (849-901). Alfredo foi um estudioso de primeira, além de ter sido rei da Inglaterra (870-901). Durante seu reinado, a Lei Danesa foi estabelecida sob o Tratado de Wedmore (878). O tratado continha somente duas estipulações para os novos súditos: batismo cristão e fidelidade ao rei. Juntamente com sua tradução da História eclesiástica de Beda do latim para o anglo-saxão, ele também traduziu os Dez mandamentos, excertos do Êxodo, 21-23, de Atos, 15.23-29, e uma forma negativa da Regra áurea. Foi durante o seu reinado que a Inglaterra experimentou um reavivamento do cristianismo.
Aldred (950). Outro elemento foi introduzido na história da Bíblia inglesa quando Aldred escreveu um comentário nortumbriano entre as linhas de uma cópia dos evangelhos escrita no latim do final do século VII. É da cópia latina de Eadfrid, bispo de Lindisfarne (698-721), que a obra de Aldred recebe seu nome, os Evangelhos de Lindisfarne.
Aelfric (1000). Aelfric foi bispo de Eynsham, em Oxfordshire, Wessex, quando traduziu partes dos sete primeiros livros do Antigo Testamento. Essa tradução e outras partes do Antigo Testamento que ele traduziu e citou em suas homilias basearam-se no texto latino. Mesmo antes da época de Aelfric, os Evangelhos de Wessex foram traduzidos para o mesmo dialeto. Esses elementos constituem a primeira tradução existente dos evangelhos para o antigo inglês.
As Reduções Parciais Para O Médio Inglês (1100-1400)
Segundo Norman Geisler (1997, p. 221), “a conquista normanda (1066) deu-se graças à disputa em torno do trono de Eduardo, o Confessor. Com ela, o período do domínio saxônico na Inglaterra chegou ao fim, e um período de influência normando-francesa se fez sentir sobre a língua dos povos conquistados. Durante esse período de domínio normando foram feitas outras tentativas de traduzir a Bíblia para o inglês”.
Orm ou Ormin (1200). Orm foi um monge agostiniano que escreveu uma paráfrase poética dos evangelhos e de Atos acompanhada de comentário. Essa obra, o Ormulum, é preservada em um único manuscrito de 20.000 palavras. Embora o vocabulário seja puramente teutônico, a cadência e a sintaxe mostram a influência normanda.
Guilherme de Shoreham (1320). Shoreham freqüentemente recebe o crédito de ter produzido a primeira tradução em prosa de uma parte da Bíblia para um dialeto sulista do inglês, embora exista alguma dúvida quanto a ele ter sido realmente o tradutor dessa obra de 1320.
Ricardo Rolle (1320-1340). Rolle é conhecido como o "Eremita de Hampole". Foi responsável pela segunda tradução literal das Escrituras para o inglês. Vivendo perto de Doncaster, em Yorkshire, fez sua tradução da Vulgata latina para o dialeto inglês do norte. Sua tradução do Saltério foi amplamente divulgada e reflete o desenvolvimento da tradução da Bíblia inglesa até a época de John Wycliffe.
As Traduções Completas Para O Médio Inglês E Para O Inglês Moderno Em Fase Inicial
Embora não houvesse nenhuma Bíblia completa em inglês antes do século XIV, diversos indícios apontavam para o aparecimento iminente de uma. A ampla circulação do Saltério literal de Rolle na exata época em que a corte papal passava por lutas se associou ao chamado cativeiro babilônico (1309-1377). Esse acontecimento e suas conseqüências formaram o pano de fundo para a obra de outros tradutores bíblicos.
A Bíblia de Wycliffe. João Wycliffe (c. 1329-1384) - O mais eminente teólogo oxfordiano de seus dias - e seus associados foram os primeiros a traduzir a Bíblia inteira do latim para o inglês. Segundo Philip W. Confort (1998, p. 363), “Wycliffe foi chamado de a Estrela da Manhã da Reforma", porque audaciosamente questionou a autoridade papal, criticou a venda de indulgências, negou a realidade da transubstanciação (doutrina que diz que a substância do pão e do vinho é mudada em corpo e sangue de Jesus Cristo durante a missa) e falou abertamente contra as hierarquias eclesiásticas. O papa condenou Wycliffe por seus ensinamentos "heréticos" e pediu que a Universidade de Oxford o demitisse. Mas Oxford e muitos líderes governistas permaneceram ao lado de Wycliffe, de modo que conseguiu sobreviver aos ataques do papa.
Wycliffe acreditava que o caminho para prevalecer em sua luta contra a autoridade abusiva da Igreja Católica era tornar a Bíblia acessível às pessoas em sua própria língua. Desse modo, poderiam ler por si mesmas acerca da forma como cada uma poderia ter um relacionamento pessoal com Deus através de Jesus Cristo - independente de qualquer autoridade eclesiástica. Wycliffe, com seus associados, completaram o Novo Testamento por volta de 1380 e o Antigo Testamento em 1382. Enquanto Wycliffe concentrava seus esforços no Novo Testamento, um de seus associados, Nicolau de Hereford, fazia uma parte importante do Antigo Testamento. Wycliffe e seus companheiros, desconhecedores do hebraico e do grego originais, traduziram o texto do latim para o inglês. Depois de Wycliffe ter terminado seu trabalho de tradução, organizou um grupo de paroquianos pobres, conhecido como lolardos, para irem por toda a Inglaterra pregando as verdades cristãs e lendo as Escrituras na língua materna a todos os que ouvissem a Palavra de Deus. O resultado desse empreendimento foi que a Palavra de Deus, através da tradução de Wycliffe, tornou-se acessível a muitos ingleses.
Um dos associados mais chegados de Wycliffe, João Purvey (c. 1353-1428), continuou a obra de Wycliffe, lançando, em 1388, uma revisão de sua tradução. Purvey era um excelente erudito. Seu trabalho foi muito bem recebido por sua geração e pelas que se seguiram. Menos de um século depois, a edição revista de Purvey havia substituído a Bíblia inicial de Wycliffe.
William Tyndale (1492-1536). Após tentativas deploráveis de fazer sua tradução na Inglaterra, William Tyndale embarcou para o Continente em 1524. Após outras dificuldades, finalmente imprimiu o Novo Testamento em Colônia, no fim de fevereiro de 1526. Seguiu-se uma tradução do Pentateuco, em Marburgo (1530), e de Jonas, na Antuérpia (1531). Conforme Norman Geisler (1997, p. 224) “as influências de Wycliffe e de Lutero eram evidentes no trabalho de Tyndale e o mantiveram sob constantes ameaças. Além disso, essas ameaças eram tantas, que as traduções de Tyndale tiveram de ser contrabandeadas para a Inglaterra. Tendo chegado lá, exemplares foram comprados por Cuthbert Tunstall, bispo de Londres, que as fez queimar publicamente em St. Paul's Cross”. Conforme Norman Geisler (1997, p. 224) “em 1534, Tyndale publicou sua revisão do Gênesis e começou a trabalhar numa revisão do Novo Testamento. Pouco depois de completar essa revisão, foi seqüestrado na Antuérpia e levado à fortaleza de Vilvorde, em Flandres. Ali continuou a traduzir o Antigo Testamento”.
A Bíblia de Coverdale. Miles Coverdale era graduado de Cambridge e, como Tyndale, havia sido forçado a fugir da Inglaterra, porque fora grandemente influenciado por Lutero, à medida que audaciosamente pregava contra a doutrina católica. Enquanto estava no exterior, Coverdale encontrou-se com Tyndale e então passou a servi-lo de assistente - sobretudo ajudando-o na tradução do Pentateuco. Pela época em que Coverdale publicava uma tradução completa (1537), o rei da Inglaterra, Henrique VIII, rompia todas as relações com o papa e estava pronto para aceitar a publicação de uma Bíblia em Inglês.
A Bíblia de Rogers e a Bíblia Grande (1537). No mesmo ano em que a Bíblia de Coverdale foi endossada pelo rei (1537), outra Bíblia foi publicada na Inglaterra. Tratava-se do trabalho de alguém chamado Thomas Matthew, pseudônimo de João Rogers (c. 1500-1555), amigo de Tyndale. Obviamente, Rogers usou a tradução inédita dos livros históricos do Antigo Testamento feita por Tyndale, outras porções traduzidas por Tyndale e ainda outras porções da tradução de Coverdale para formar uma Bíblia inteira. Esta Bíblia também recebeu a aprovação do rei. A Bíblia de Rogers foi revisada em 1538 e impressa para distribuição nas igrejas de toda a Inglaterra. Conhecida como a Bíblia Grande por causa do seu tamanho e preço elevado, tomou-se a primeira Bíblia em inglês autorizada para uso público.
A Bíblia de Genebra (1524-1579). Os ingleses exilados em Genebra, Suíça, escolheram William Whittingham (1524-1579) para lhes fazer uma tradução em inglês do Novo Testamento. Whittingham usou a tradução latina de Teodoro Beza e consultou o texto grego. Essa Bíblia tornou-se muito popular, porque era pequena e de preço moderado. O prefácio e suas muitas anotações estavam impregnadas por forte influência evangélica, bem como pelos ensinamentos de João Calvino. Calvino foi um dos maiores pensadores da Reforma, renomado comentarista bíblico e o principal líder em Genebra durante essa época.
A Bíblia do rei Tiago – A King James Version (1611). Em janeiro de 1604, Tiago I foi convocado a comparecer à Conferência de Hampton Court. Na ocasião John Reynolds, presidente puritano da Faculdade Corpus Christi, em Oxford, levantou a questão de ser feita uma versão autorizada da Bíblia para todos os partidos dentro da igreja. Foi nomeada uma junta. Seis grupos de tradutores foram escolhidos: dois em Cambridge para revisar de 1Crônicas a Eclesiastes e os livros apócrifos; dois em Oxford para revisar de Isaías a Malaquias, os evangelhos, Atos e o Apocalipse; dois em Westminster para revisar de Gênesis a 2Reis e de Romanos a Judas. Apenas 47 dos 54 homens escolhidos trabalharam de fato nessa revisão da Bíblia dos bispos.
As notas marginais acompanharam a nova revisão, e a chamada Versão autorizada nunca chegou a ser de fato autorizada, nem ser de fato uma versão. Ela substituiu a Bíblia dos bispos nas igrejas porque nenhuma edição dessa Bíblia foi publicada depois de 1606.
Três edições da nova tradução apareceram em 1611. Outras edições foram publicadas em 1612. Durante o reinado de Carlos I (1625-1649), o Parlamento Lon-go estabeleceu uma comissão para deliberar sobre a revisão da chamada Versão autorizada ou produzir uma tradução totalmente nova. Somente revisões insignificantes resultaram em 1629, 1638, 1653, 1701, 1762, 1769 e duas edições posteriores. Essas três últimas revisões foram feitas pelo Dr. Blayney de Oxford. Elas variaram em cerca de 75 mil pormenores do texto da edição de 1611. Pequenas mudanças continuaram a surgir no texto até datas recentes como 1967 no texto da Versão autorizada que acompanha a New Scofield reference edition [Nova edição de referência de Scofield]. Entrementes, foram feitas tentativas de trazer amplas alterações e correções às traduções inglesas da Bíblia em virtude de novas descobertas textuais e por conta da natureza mutável da própria língua (GEISLER, 1997, p. 231).
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