A DOUTRINA DA SALVAÇÃO - ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO - A NATUREZA DA SALVAÇÃO – TRÊS ASPECTOS DA SALVAÇÃO – SALVAÇÃO EXTERNA E INTERNA – CONDIÇÕES DA SALVAÇÃO - CONVERSÃO
A
DOUTRINA DA SALVAÇÃO
SOTERIOLOGIA
DEFINIÇÃO
-
Soteriologia é a união entre dois termos gregos "Soteria" que
significa Salvação e "Logia" que significa Estudo. Portanto
Soteriologia é o Estudo da Salvação.
INTRODUÇÃO
É
fundamental que tenhamos convicção da nossa salvação. A Bíblia garante que
podemos ter convicção da vida eterna. Sem esta convicção é impossível viver a
vida cristã. Ao fazer o estudo, examine como está a sua convicção a luz da
Palavra de Deus.
BREVE
EXEGESE DE SALVAÇÃO
De
uma forma simples, podemos dizer que “salvação é o fato do homem ser salvo do
poder e dos efeitos do pecado”.
O
vocábulo português se deriva do latim salvare, “salvar” e de salus, “saúde”,
“ajuda”, e traduz o termo hebraico yeshu‘a e cognatos (largura, facilidade,
segurança) e o vocábulo grego sõteria, e cognatos (cura, recuperação, redenção,
remédio, salvação, bem estar).
Significa
a ação ou o resultado de livramento ou preservação de algum perigo ou
enfermidade, subentendendo segurança, saúde e prosperidade.
Nas
Escrituras, o movimento parte dos aspectos mais físicos para o livramento moral
e espiritual.
Assim
é que as porções mais antigas do Antigo Testamento dão ênfase aos meios dos
servos individuais de Deus escaparem das mãos de seus inimigos, a emancipação
de Seu povo da escravidão e o estabelecimento dos mesmos numa terra de
abundância; já as porções posteriores dão maior ênfase às condições e
qualidades morais e religiosas da bem-aventurança, e estende suas amenidades
além das fronteiras nacionais (O Novo Dicionário da Bíblia, Vol-II, p 1464 –
5).
Em
primeira instância, o verbo sõzõ, “salvar” bem como o substantivo sõtêria,
“salvação”, denotam o “salvamento” e a “libertação” no sentido de evitar algum
perigo que ameaça a vida. Pode ocorrer na guerra ou em alto mar. Aquilo de que
se recebe o livramento pode, no entanto, ser uma doença.
Onde
não se menciona qualquer perigo imediato, também podem significar “conservar”
ou “preservar”. O verbo e o substantivo podem até significar “voltar com
segurança” para casa.
Na
LXX sõzõ traduz nada menos do que 15 verbos hebraicos diferentes, mas os mais
importantes são yãsa, que se emprega no hiphil para “libertar” e “salvar”, e
mãlat, niphal, “escapulir”, “escapar”, “salvar”. E embora Iahweh empregue
agentes humanos, o israelita piedoso tinha consciência do fato do livramento
vir do próprio Iahweh (Sl 12:1; 121: 1-2)
Mas
o conteúdo exato dessa libertação ou salvação varia de acordo com o contexto e
as circunstâncias.
No
Novo Testamento, o verbo sozõ ocorre 106 vezes, e o substantivo sõtêria, 45
vezes. Sendo que a graça de Deus é a grande fonte de salvação (Ef 2:8 – 9), e o
Filho de Deus é o Salvador do Mundo (Lc 2:11; I João 4:14).
A
VERDADEIRA IDEIA DA SALVAÇÃO
Há
diversas ideia s a respeito da salvação. Vamos mencionar algumas das mais
importantes e apontar a que está mais de acordo com a ideia apresentada por
Jesus Cristo.
A
SALVAÇÃO E O PASSADO
At
17:30 Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que
todos os homens em todos os lugares se arrependamos. Suponhamos que uma pessoa
que não saiba nadar esteja prestes a afogar-se; mas, felizmente alguém o salva.
A salvação nada tem haver com o passado da pessoa salva.
A
SALVAÇÃO E O FUTURO
Imaginemos
agora, um condenado a morte, porém perdoado por alguém cheio de bondade e amor.
Este perdão garante ao condenado o livramento do castigo merecido. Esta
salvação visou o livramento do castigo futuro
A
SALVAÇÃO DE JESUS
Lc
9:24 Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; porém qualquer
que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Suponhamos que temos um
único grão de arroz no mundo em nossas mãos. Para salvar esta semente o que
temos que fazer? A melhor maneira de salvá-lo é plantando-o, pois se colhera
centenas deles
A
verdadeira ideia da salvação é, aquela que contempla mais aquilo para o que
somos salvos do que aquilo de que fomos salvos.
A
salvação ensinada por Jesus acentua mais o céu com toda a sua glória do que o
inferno com todo o seu horror. Não somos salvos para escaparmos da morte, mas
para gozarmos a vida eterna.
I
Jo 3:2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que
havemos de ser.
ELEMENTOS
BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO
Rm
3:24-25 E são justificados gratuitamente pela sua Graça, pela redenção que há
em Cristo Jesus. Deus o propôs para propiciação pela Fé no seu Sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a
tolerância de Deus.
Os
elementos básicos estabelecidos para salvação conforme escrito pelo Apóstolo
Paulo aos Romanos são:
A
GRAÇA
Tt
2:11 Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens.
Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da parte de
Deus. (Favor não merecido). A graça de Deus aos pecadores revela-se no fato de
que ele mesmo pela expiação de Cristo, pagou toda a pena do pecado. Por
conseguinte, ele pode justamente perdoar o pecado sem levar em conta os
merecimentos ou não merecimentos. A graça manifesta-se independente das obras
dos homens. A graça é conhecida como Fonte da Salvação.
O
SANGUE
I
Jo 1:7 O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Em
virtude do sacrifício de Cristo no calvário, o crente é separado para Deus,
seus pecados perdoados e sua alma purificada. Sangue é conhecido como a Base da
Salvação.
A
FÉ
Ef
2:8-9 Pois é pela graça que sois salvos, por meio da Fé; e isto não vem de vós,
é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Pela fé reconhece
o homem a necessidade de salvação, e pela mesma fé é ele levado a crer em
Cristo Jesus.
Hb
11:6 Ora, sem Fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele
que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o
buscam. A Fé conduz-nos ao Salvador, a Fé coloca a verdade na mente e Cristo no
coração. A Fé é a ponte que dá passagem ao mundo espiritual, por isso
concluímos que a Fé é o Meio para a Salvação.
A
SALVAÇÃO
O
Senhor Jesus Cristo, pela sua morte expiatória, comprou a salvação para os
homens.
Como
Deus a aplica e como é ela recebida pelos homens para que se torne uma
realidade experimental?
As
verdades relacionadas com a aplicação da salvação agrupam-se sob três títulos :
Justificação, Regeneração e Santificação.
As
verdades relacionadas com a aceitação da salvação, por parte dos homens,
agrupam-se sob os seguintes títulos: Arrependimento, Fé e Obediência.
I.
A NATUREZA DA SALVAÇÃO
O
assunto desta secção será : Que é que constitui a salvação, ou "estado de
graça"?
1.
Três aspectos da salvação.
Há
três aspectos da salvação, e cada qual se caracteriza por uma palavra que
define ou ilustra cada aspecto:
(a) Justificação é
um termo forense que nos faz lembrar um tribunal. O homem, culpado e condenado,
perante Deus, é absolvido e declarado justo — isto é, justificado.
(b) Regeneração (a
experiência subjetiva) e Adoção (o privilégio objetivo) sugerem uma cena
familiar. A alma, morta em transgressões e ofensas, precisa duma nova vida,
sendo esta concedida por um ato divino de regeneração. A pessoa, por
conseguinte, torna-se herdeira de Deus e membro de sua família.
(c)
A palavra santificação sugere uma cena do templo, pois essa
palavra relaciona-se com o culto a Deus. Harmonizadas suas relações com a lei
de Deus e tendo recebido uma nova vida, a pessoa, dessa hora em diante,
dedica-se ao serviço de Deus. Comprado por elevado preço, já não é dono de si;
não mais se afasta do templo (figurativamente falando), mas serve a Deus de dia
e de noite. (Lc 2:37) Tal pessoa é santificada e por sua própria vontade
entrega-se a Deus.
O
homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com Deus, foi adotado
na família divina, e agora dedica-se a servi-lo. Em outras palavras, sua
experiência da salvação, ou seu estado de graça, consiste em justificação,
regeneração (e adoção), e santificação. Sendo justificado, ele pertence aos
justos; sendo regenerado, ele é filho de Deus; sendo santificado, ele é
"santo" (literalmente uma pessoa santa).
São
essas bênçãos simultâneas ou consecutivas?
Existe,
de fato, uma ordem lógica:
O
pecador harmoniza-se, primeiramente, perante a lei de Deus; sua vida é
desordenada; precisa ser transformada. Ele vivia para o pecado e para o mundo
e, portanto, precisa separar-se para uma nova vida, para servir a Deus. Ao
mesmo tempo as três experiências são simultâneas no sentido de que, na prática,
não se separam. Nós as separamos para poder estudá-las. As três constituem a
plena salvação. À mudança exterior, ou legal, chamada justificação, segue-se a
mudança subjetiva chamada regeneração, e esta , por sua vez, é seguida por
dedicação ao serviço de Deus. Não concordamos em que a pessoa verdadeiramente
justificada não seja regenerada; nem admitimos que a pessoa verdadeiramente
regenerada não seja santificada (embora seja possível, na prática, uma pessoa
salva, às vezes, violar a sua consagração). Não pode haver plena salvação \ sem
essas três experiências, como não pode haver um triângulo sem três lados.
Representam elas o tríplice fundamento sobre o qual se baseia subseqüente vida
cristã. Começando com esses três princípios, progride a vida cristã em direção
à perfeição.
Essa
tríplice distinção regula a linguagem do Novo Testamento em seus mínimos
detalhes. Ilustremos assim:
(a)
Em relação à justificação: Deus é o Juiz, e Cristo é o Advogado; o pecado é a
transgressão da lei; a expiação é a satisfação dessa lei; o arrependimento é
convicção; aceitação traz perdão ou remissão dos pecados; o Espírito testifica
do perdão; a vida cristã é obediência e sua perfeição é o cumprimento da lei da
justiça.
(b)
A salvação é também uma nova vida em Cristo. Em relação a essa nova vida, Deus
é o Pai (Aquele que gera), Cristo é o Irmão mais velho e a vida; o pecado é
obstinação, é a escolha da nossa própria vontade em lugar da vontade do Chefe
da família; expiação é reconciliação; aceitação é adoção; renovação de vida é
regeneração, é ser nascido de novo; a vida cristã significa a crucificação e
mortificação da velha natureza, a qual se opõe ao aparecimento da nova
natureza, e a perfeição dessa nova vida é o reflexo perfeito da imagem de
Cristo, o unigênito Filho de Deus.
(c)
A vida cristã é a vida dedicada ao culto e ao serviço de Deus, isto é, a vida
santificada. Em relação a essa Vida santificada, Deus é o Santo; Cristo é o
sumo sacerdote; o pecado é a impureza; o arrependimento é a consciência dessa
impureza; a expiação é o sacrifício expiatório ou substitutivo; a vida cristã é
a dedicação sobre o altar (Rom 12:1); e a perfeição desse aspecto é a inteira
separação do pecado; separação para Deus.
E
essas três bênçãos da graça foram providas pela morte expiatória de Cristo, e
as virtudes dessa morte são concedidas ao homem pelo Espírito Santo. Quanto à
satisfação das reivindicações da lei, a expiação proveu o perdão e a justiça
para o homem. Abolindo a barreira existente entre Deus e o homem, ela
possibilitou a nossa vida regenerada. Como sacrifício pela purificação do
pecado, seus benefícios são santificação e pureza.
Notemos
que essas três bênçãos fluem da nossa união com Cristo. O crente é um com Cristo,
em virtude de sua morte expiatória e em virtude do seu Espírito vivificante.
Tornamo-nos justiça de Deus nele, (2 Co 5:21); por ele temos perdão dos
pecados (Ef 1:7); nele somos novas criaturas, nascidos de novo, com nova vida
(2 Co 5:17); nele somos santificados (1 Co 1:2), e ele é feito para nós
santificação (1 Co 1:30). Ele é "autor da salvação eterna".
2.
Salvação - externa e interna.
A
Salvação é tanto objetiva (externa) como subjetiva (interna).
(a)
A justiça, em primeiro lugar, é mudança de posição, mas é acompanhada por
mudança de condições. A justiça tanto é imputada com também conferida.
(b)
A adoção refere-se a conferir o privilégio da divina filiação; a regeneração
trata da vida interna que corresponde à nossa chamada e que nos faz
"participantes da natureza divina".
(c)
A santificação é tanto externa como interna. De modo externo é separação do
pecado e dedicação a Deus; de modo interno é purificação do pecado.
O
aspecto externo da graça é provido pela obra expiatória de Cristo; o aspecto
interno é a operação do Espírito Santo.
3.
Condições da salvação.
Que
significa a expressão condições da salvação?
Significa
o que Deus exige do homem a quem ele aceita por causa de Cristo e a quem
dispensa as bênçãos do Evangelho da graça.
As
Escrituras apresentam o arrependimento e a fé como condições da salvação; o
batismo nas águas é mencionado como símbolo exterior da fé interior do
convertido. (Mc 16:16; At 22: 16; 16:31; 2:38; 3:19)
Abandonar
o pecado e buscar a Deus são as condições e os preparativos para a salvação.
Estritamente falando, não há mérito nem no arrependimento nem na fé; pois tudo
quanto é necessário para a salvação já foi providenciado a favor do penitente.
Pelo arrependimento o penitente remove os obstáculos à recepção do dom; pela fé
ele aceita o dom. Mas, embora sejam obrigatórios o arrependimento e a fé, sendo
mandamentos, é implícita a influência ajudadora do Espírito Santo. (Notem a
expressão: "Deu Deus o arrependimento" At 11:18) A blasfêmia contra o
Espírito Santo afasta o único que pode comover o coração e levá-lo à contrição.
Por conseguinte, para tal pecado não há perdão.
Qual
é a diferença entre o arrependimento e a fé?
A
fé é o instrumento pelo qual recebemos a salvação, fato que não se dá com o
arrependimento. O arrependimento ocupa-se com o pecado e o remorso, enquanto a
fé ocupa-se com a misericórdia de Deus.
Pode
haver fé sem arrependimento?
Não.
Só o penitente sente a necessidade do Salvador e deseja a salvação de sua alma.
Pode
haver arrependimento verdadeiro sem fé?
Ninguém
poderá arrepender-se no sentido bíblico sem fé na Palavra de Deus, sem
acreditar em suas ameaças do juízo e em suas promessas de salvação.
São
a fé e o arrependimento apenas medidas preparatórias à salvação?
Ambos
acompanham o crente durante sua vida cristã; o arrependimento torna-se em zelo
pela purificação da alma; e a fé opera pelo amor e continua a receber as coisas
de Deus.
(a)
Arrependimento.
Alguém
definiu o arrependimento das seguintes maneiras: "A verdadeira tristeza
sobre o pecado, incluindo um esforço sincero para abandoná-lo";
"tristeza piedosa pelo pecado"; "convicção da culpa produzida
pelo Espírito Santo ao aplicar a lei divina ao coração"; ou, nas palavras
de menino: "Sentir tristeza a ponto de deixar o pecado."
Ha
três elementos que constituem o arrependimento segundo as Escrituras:
intelectual, emocional e prático. Podemos ilustrá-los da seguinte maneira:
(1)
O viajante que descobre estar viajando em trem errado. Esse conhecimento
corresponde ao elemento intelectual pelo qual a pessoa compreende, mediante a
pregação da Palavra, que não está em harmonia com Deus.
(2)
O viajante fica perturbado com a descoberta. Talvez alimente certos receios.
Isso ilustra o lado emocional do arrependimento, que é uma autoacusação e tristeza
sincera por ter ofendido a Deus. (2 Cor 7:10)
(3)
Na primeira oportunidade o viajante deixa esse trem e embarca no trem certo.
Isso ilustra o lado prático do arrependimento, que significa em
"meia-volta... volver!" e marchar em direção a Deus. Há uma palavra
grega traduzida "arrependimento", que significa literalmente
"mudar de ideia ou de propósito". O pecador arrependido se propõe
mudar de vida e voltar-se para Deus; o resultado prático é que ele produz
frutos dignos do arrependimento. (Mt 3:8)
O
arrependimento honra a lei como a fé honra o evangelho.
Como,
pois, o arrependimento honra a lei?
Contristado,
o homem lamenta ter-se afastado do santo mandamento, como também lamenta sua
impureza pessoal que, à luz dessa lei, ele compreende. Confessando — ele admite
a justiça da sentença divina. Na correção de sua vida ele abandona o pecado e
faz a reparação possível e necessária, de acordo com as circunstâncias.
De
que maneira o Espírito Santo ajuda a pessoa a arrepender-se?
Ele
a ajuda aplicando a Palavra de Deus à consciência, comovendo o coração e
fortalecendo o desejo de abandonar o pecado.
(b)
Fé.
Fé,
no sentido bíblico, significa crer e confiar. É o assentimento do intelecto com
o consentimento da vontade. Quanto ao intelecto, consiste na crença de certas
verdades reveladas concernentes a Deus e a Cristo; quanto à vontade, consiste
na aceitação dessas verdades como princípios diretrizes da vida. A fé
intelectual não é o suficiente (Tg 2:19; At 8:13, 21) para adquirir a
salvação. É possível dar seu assentimento intelectual ao Evangelho sem,
contudo, entregar-se a Cristo. A fé oriunda do coração é o essencial (Rm
10:9). Fé intelectual significa reconhecer como verídicos os fatos do
evangelho; fé provinda do coração significa a pronta dedicação da própria vida
as obrigações implícitas nesses fatos. Fé, no sentido de confiança, implica
também o elemento emocional. Por conseguinte, a fé que salva representa um ato
da inteira personalidade, que envolve o intelecto, as emoções e a vontade.
O
significado da fé determina-se pela maneira como se emprega a palavra no
original grego. Fé, às vezes, significa não somente crer em um corpo de
doutrinas, mas, sim, crer em tudo quanto é verdade, como, por exemplo nas
seguintes expressões: "Anuncia agora a fé que antes destruía (Gl l:2d); apostatarão
alguns da fé" (1 Tm 4:1); "a batalhar pela fé que uma vez foi dada
aos santos (Jd 8). Essa fé é denominada, às vezes, "fé objetiva" ou
externa. O ato de crer nessas verdades é conhecido como fé subjetiva.
Seguida
por certas preposições gregas a palavra "crer" exprime a ideia de
repousar ou apoiar-se sobre um firme fundamento; é o sentido da palavra crer
que se lê no Evangelho de Jo 3:16. Seguida por outra preposição, a palavra
significa a confiança que faz unir a pessoa ao objeto de sua fé. Portanto, te e
o elo de conexão entre a alma e Cristo.
A
fé é atividade humana ou divina?
O
fato de que ao homem e ordenado crer implica capacidade e obrigação de crer.
Todos os homens tem a capacidade de depositar sua confiança em alguém e em
alguma coisa. Por exemplo: um deposita sua fé em riquezas, outro no homem,
outro em amigos, etc. Quando a crença e depositada na palavra de Deus, e a
confiança está em Deus e em Cristo, isso constitui fé que salva. Contudo,
reconhecemos a graça do Espírito Santo, que ajuda, em cooperação com a Palavra,
na produção dessa fé (Vide Jo 6:44; Rm 10:17; Gl 5:22; Hb 12:2)
Que
é então, a fé que salva?
Eis
algumas definições: "Fé em Cristo e graça salvadora pela qual o recebemos
e nele confiamos inteiramente para receber a salvação conforme nos é oferecida
no evangelho." E o "ato exclusivamente do penitente, ajudado, de modo
especial, pelo Espírito, e como descansando em Cristo." "É ato ou
hábito mental da parte do penitente, pelo qual, sob a influencia da graça
divina, a pessoa põe sua confiança em Cristo como seu único e todo suficiente Salvador."
"É uma firme confiança em que Cristo morreu pelos meus pecados, que ele me
amou e deu-se a si mesmo por mim." "E crer e confiar nos méritos de
Cristo, e por cuja cousa Deus está disposto a mostrar-nos misericórdia." "É
a fuga do pecador penitente para a misericórdia de Deus em cristo.
4.
Conversão.
Conversão,
segundo a definição mais simples, é abandonar o pecado e aproximar-se de Deus.
(Atos 3:19) O termo é usado para exprimir tanto o período crítico em que o
pecador volta aos caminhos da justiça como também para expressar o
arrependimento de alguma transgressão por parte de quem já se encontra nos
caminhos da justiça. (Mat 18:3; Luc 22:32; Tia 5:20)
A
conversão está muito relacionada com o arrependimento e a te, e,
ocasionalmente, representa tanto um como outro ou ambos, no sentido de englobar
todas as atividades pelas quais o homem abandona o pecado e se aproxima de
Deus. (At 3:19; 11:21; 1 Pe 2:25) O Catecismo de Westminster, em resposta à
sua própria pergunta, oferece a seguinte e adequada definição de conversão:
Que
é arrependimento para a vida?
Arrependimento
para a vida é graça salvadora, pela qual o pecador, sentindo verdadeiramente o
seu pecado, e lançando mão da misericórdia de Deus em Cristo, e sentindo
tristeza por causa do seu pecado e ódio contra ele, abandona-o e aproxima-se de
Deus, fazendo o firme propósito de, daí em diante, ser obediente a Deus.
Note-se
que, segundo essa definição, a conversão envolve a personalidade toda —
intelecto, emoções e vontade.
Como
se distingue conversão de salvação?
A
conversão descreve o lado humano da salvação. Por exemplo: observa-se que um
pecador, bêbado notório, não bebe mais, nem joga, nem frequenta lugares
suspeitos; ele odeia as coisas que antes amava e ama as coisas que outrora
odiava. Seus amigos dizem: "Ele está convertido; mudou de vida."
Essas pessoas estão descrevendo o que aparece, isto é, o lado humano do fato.
Mas, do lado divino, diríamos que Deus perdoou o pecado do pecador e lhe deu um
novo coração.
Mas
isso significa que a conversão seja inteiramente uma questão de esforço humano?
Como a fé e o arrependimento estão inclusos na conversão, a conversão é uma
atividade humana; mas ao mesmo tempo é um efeito sobrenatural sendo ela a
reação por parte do homem ante o poder atrativo da graça de Deus e da sua
Palavra. Portanto, a conversão é o resultado da cooperação das atividades
divinas e humanas. "Assim também operai a vossa salvação com temor e
tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar segundo
a sua boa vontade" (Fl 2:12,13). As seguintes passagens referem-se ao
lado divino da conversão: Jr 31:18; At 3:26. E estas outras referem-se ao lado
humano: At 3:19; 11:18; Ez 33:11.
Qual
se opera primeiro, a regeneração ou a conversão?
As operações que envolvem a conversão são profundas e de caráter misterioso; por conseguinte, não as analisaremos com precisão matemática. O teólogo Dr. Strong conta o caso de um candidato à ordenação a quem fizeram a pergunta acima. Ele respondeu: "Regeneração e conversão são como a bala do canhão e o furo do cano do canhão — ambos atravessam o cano juntos."
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