INTRODUÇÃO A
MISSIOLOGIA / QUALIFICAÇÕES DO MISSIONÁRIO

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angustia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?"
Uma coisa primordial na vida do missionário, deve ser a convicção de sua chamada, para realizar a obra de Deus, caso contrário, na hora da adversidade, irá recuar, pois as batalhas no campo missionário são grandes, e quase sempre não há amigos com quem contar.
Vejamos, a convicção do apóstolo Paulo: "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para Apóstolo, separado para o Evangelho de Deus" (Rm 1. 1).
Se o missionário tem a certeza que, é servo, chamado e separado, certamente alcançará seu objetivo evangelístico e o nome do Senhor será glorificado.
Vejamos o que diz o Bispo Dr. Manoel Ferreira, sobre o preparo missionário: além de outras necessidades, pesa sobre o missionário a necessidade de mais espiritualidade no campo. O missionário pensa que no campo onde cumpre sua missão, pode orar tanto quanto orava onde antes cooperava. Em sua Igreja, ele contava com o companheirismo dos colegas de ministério, sob a orientação de seu presidente. Era uma equipe unida e vitoriosa! Mas agora o obreiro está sozinho, e as lutas são constantes e bem maiores. É preciso muito mais oração e muito mais poder de Deus, se assim não for, o missionário não conseguirá êxito em sua missão (livro: Reflexões e desafios para o Terceiro Milênio).
Missionário é aquele que foi especificamente chamado por Deus. Em At 9.15 vemos o exemplo de Paulo quando Deus disse: "Disse-lhe porém, o Senhor: Vai por que este é para mim, vaso escolhido...". Além de ser chamado, deve receber um preparo, ou seja, passar por um estágio e ser aprovado. A igreja local deve ter uma equipe de treinamento, com o objetivo de selecionar, treinar e habilitar candidatos ao campo missionário, e estabelecer alvos e estratégias definidas. Ninguém melhor que a igreja local para reconhecer e identificar uma pessoa chamada para missões.
Um homem enviado ao campo, não pode ser neófito, ou
seja, sem experiência (I Tm. 6.3).
Quando Davi compareceu diante de Saul e se propôs a lutar contra o gigante Golias, ele não era só um jovem, era muito mais, as experiências do sol causticante e das noites frias que passou, quando cuidava das ovelhas de seu pai, lhe trouxeram experiências corajosas, que agora estavam lhe servindo, para enfrentar o gigante, veja o que ele mesmo disse em I Sm 17.32 - 37 portanto, é fundamental a chamada, e a preparação, antes de ser enviado um missionário ao campo de "batalha".
Jesus treinou seus discípulos antes de enviá-los a pregar, (Mc. 1.17), a vocação do missionário implica no discipulado (vinde após mim), em ser treinado por Cristo (eu vos farei), e no esforço de ganhar homens (pescar).
Em primeiro lugar Jesus chamou, nesse processo é
reservado um tempo para o treinamento, para estarem com ele. Então vem á última
parte, (enviar para pregar).
Num período de três anos e meio os discípulos estiveram com Jesus e puderam receber lições preciosas que seria a base para os seus ministérios. No sermão da Montanha, Jesus trabalhou o caráter dos discípulos, ele também deu aulas práticas de evangelismo, estratégias de missões e lhes deu a grande comissão, prometendo estar com eles todos os dias!
Quando um candidato à obra missionária é discipulado na sua igreja local, e tem experiência de trabalho nessa igreja, já é um grande passo.
Porém existem outras áreas que merece ser incluídas no preparo deste futuro missionário
Qualificações Do Missionário
A Evangelização de todos os seres humanos é a grande prioridade, finalidade e a mais sublime tarefa confiada pelo Senhor à sua Igreja. A ordem imperativa de Jesus. “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15), deve ser obedecida na íntegra, pois o desafio atual das almas ainda não alcançadas pelo Evangelho de Jesus é muito grande, ou seja, cerca de 46% da população mundial, 2,6 bilhões de habitantes, ainda não ouviram a palavra de Deus uma única vez na vida, conforme demonstram as estatísticas atuais.
Como o sucesso deste empreendimento celestial depende decisivamente do perfil do homem a ser enviado para o campo missionário, enumeramos abaixo algumas das qualificações para que ele possa alcançar êxito no desempenho desta tarefa. Vejamos:
1. Espirituais
1. Ser nascido de novo - Jo 3.3,5; Lc 22.32; 1 Tm 3.7.
2. Profundo amor e comunhão com Deus - At 5.41; 21.13- 22.15; 2 Co 5.11,14; 1 Jo 1.1,3.
3. Vocação missionária - At 20.23,24; 21.13; 1 Co 9.16-18.
4. Plena convicção da sua chamada - Gl 1.15; 2 Tm 1.1.
5. Conduta irrepreensível – 2 Tm 2.15; Rm 2.22; 1 Co 9.27.
6. Ardente amor pelas almas perdidas e preocupação em ganhá-las - 1 Co 9. 1 9-22.
7. Conhecimento da Palavra de Deus - At 8.35; 6.10; 18.28; 2 Tm 2.15
8. Cheio do Espírito Santo e de fé - At 4.8,31; 6.3,8; 7.55; 2 Co 10.4-6
9. Liderança eficaz para dirigir, motivar, planejar e distribuir responsabilidades a seu grupo de trabalho Jz. 7.1-21.
10. Domínio próprio - Pv 16.32; 25.28; Gl 5.22.
11. Imaginação, criatividade e iniciativa.
12. Humilde, serviçal e hospitaleiro - At 20.1 9; Lc 9.48; 1 Tm 3.2.
2. Familiares
1. Esposa - participante da mesma chamada do marido - 1 Tm 3.11;
2. Filhos - problemas se estiverem na idade da adolescência ou mocidade;
3. Testemunho - toda a família deve ter bom testemunho.
3. Administrativas
Experiência como dirigente de congregação, onde houve :
1. Evidências claras da chamada missionária;
2. Comprovação de uma liderança eficaz;
3. Confirmação de Deus no seu trabalho.
4. Materiais
1. Curso Teológico;
2. Domínio do idioma do País de destino;
3. Profissão definida para países onde não poderá entrar como missionário. Exemplo: enfermeiro, médico, dentista, projetista, desenhista, etc; É exigida hoje em dia em quase todos os países do mundo uma quantia garantida mensalmente pela missão ou pela igreja. Deve-se saber o custo de vida numa base média do país onde pretende trabalhar.
4. Dependendo da região a que se destina eventualmente conhecimento de primeiros socorros, higiene, prevenção de doenças, etc
5. Físicas
O Missionário e toda a sua família devem gozar de boa saúde física, emocional e mental.
6. Transculturais
1. Curso eficiente para toda a família com relação: ao País de destino, com relação a usos e costumes, clima, regime político, religiões e seitas, moeda, vestuário, etc.
2. Facilidade de adaptação a outras culturas e raças.
3. Distinção entre princípios bíblicos e costumes.
Como a igreja deve ver a obra missionária
A igreja deve ver a obra missionária como um privilégio jamais concedido ao mundo. É tão grande esse privilégio que os anjos queriam realizá-lo, mas não puderam (I Pe. 1. 3-12). A igreja é uma embaixada do reino de Deus neste mundo. Cada um que na igreja se envolve com a evangelização e obra missionária torna-se um embaixador de Deus entre os homens. É assim que a igreja deve ver o trabalho missionário hoje. Não obstante a igreja ser o instrumento de Deus na terra para a propagação de seu reino, ela deve ter também como objetivo visualizar pela direção do Espírito Santo e preparar homens e mulheres para o campo missionário. É a igreja quem deve enviar e dar respaldo para os que pelo Espírito Santo são chamados e separados para a obra missionária (At. 13).
A igreja através de seus lideres deve buscar subsídios para o sustento do missionário realizando entre os fieis uma conscientização da necessidade de contribuir, orar e abraçar a causa missionária que é a obra de Deus. A cooperação é o melhor caminho para a realização da obra missionária (Fil 4.14).
Paulo não poderia levar a cabo tudo o que fez sem o apoio e a ajuda da igreja de Filipos. Essa igreja deu-lhe suporte financeiro e sustentação espiritual.
Aqueles que estão na linha de frente precisam ser encorajados por aqueles que ficam na retaguarda. “… porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal também será a parte dos que ficaram com a bagagem; igualmente repartirão” (1 Sm 30.24).
Deus chama uns para irem ao campo missionário e aos demais para sustentar aqueles que vão. A obra missionária é um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e dos missionários.
As Responsabilidades da Igreja que envia.
A Igreja que envia o missionário, tem que estar bem
orientada sobre a obra missionária, quais seus deveres como Igreja, e que
privilégios a aguardam como enviadora e promotora de missões.
A Igreja é a primeira a aparecer no cenário da missão, pois é dentro dela que o surge o missionário. É a igreja que o envia.
''Enviar" significa colocar dentro da obra ou da comunhão, assumir e pagar o preço da responsabilidade do envio.
A Igreja é responsável por conhecer o missionário que envia. É seu dever saber quem ele é, conhecer seus defeitos e virtudes, aspectos negativos e positivos. Quando o missionário comete tolices em seu campo de trabalho, culpa-se primeiramente à igreja que o enviou e que está por detrás dele.
A Igreja é responsável em manter o missionário que envia. É preciso mantê-lo financeiramente. Um homem com uma família ás custas, sem casa, sem comida, sem roupa, sem remédio, sem dinheiro, sem saúde, enfim, sem respaldo financeiro, não conseguirá trabalhar.
A Igreja precisa manter o missionário socialmente. O missionário enviado pela Igreja é mantido por suas contribuições, através da secretaria de missões, ofertas, dízimos etc. É de suma importância que a Igreja incentive os crentes a contribuírem para a obra missionária. Uma Igreja que envia e mantém missionários, é uma Igreja que está constantemente debaixo da benção de Deus, e está sendo fiel à razão de sua obra e existência. "Portanto ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt. 28.19). A Igreja existe por causa da necessidade da salvação de todas as nações, caso ela não cumpra sua missão, ela perderá a razão de sua existência.
Estratégias De Missões
É muito complexo o assunto, tendo em vista que a humanidade é muito heterogênea (ocorrência cíclica de gerações diferentes), como fazer para alcançar os povos com formações étnicas tão distintas? Há método padrão definido? Como iniciar evangelização de determinado povo com características culturais e lingüísticas antagônicas à nossa? Está aí a razão principal de conhecer e aplicar as diferentes Estratégias Missionárias.
Durante algum tempo, pensou-se que havia um método fixo para evangelização do mundo e que o mesmo método poderia ser aplicado a todos os casos, não importando o povo a ser evangelizado e nem as suas peculiaridades, o que na realidade isso é praticamente impossível. O método usado para evangelizar um povo não serve para ser repetido na evangelização de outro povo. Os missiólogos, após estudos de situações bíblicas e históricas, verificaram a impraticabilidade de estratégias padrões.
Entretanto no caso especificamente espiritual,
podemos conceituar Estratégia Missionária da seguinte maneira - “É o meio pelo
qual se pretende atingir alvos preestabelecidos na evangelização de povos. Ele
não revela falta de espiritualidade ou de fé, como alguém pode insinuar, ela
simplesmente tem o cuidado em descobrir o plano de Deus e sua vontade e como
aplicá-lo com melhor sucesso a um determinado povo”.
PANORAMA DE
MISSÕES MUNDIAIS
MISSIOLOGIA:
Ciência que tem por objetivo o estudo do cumprimento da Grande Comissão que o Senhor Jesus entregou à sua igreja. A missiologia dedica-se, principalmente ao caráter transcultural da tarefa evangelizadora.
MISSÃO:
Até o século XVI o termo “Missão” era utilizado exclusivamente com referência a Doutrina da Trindade. O Pai enviou O Filho; Ambos enviaram o Espírito Santo.
Desde a década de 1950 o sentido de “Missão” aumentou:
a) Mandar missionários a um território designado.
b) As atividades realizadas por missionários.
c) Uma área geográfica receptora da atividade missionária.
d) Uma agência missionária.
e) O mundo não cristão “campo missionário”.
f) A sede de uma missão.
g) Uma congregação local sem pastor próprio e dependente da igreja mãe.
h) Uma campanha evangelística em um lugar cheio de cristãos nominais.
Um enfoque mais teológico de “Missão”:
a) A Propagação da fé.
b) A expansão do Reino de Deus.
c) A implantação de novas igrejas.
O termo missão vem do latim, portanto, não aparece na Bíblia, mas encontramos a ação missionária de gênesis a apocalipse. Missão é a transmissão consciente e planejada das boas novas de Cristo além das fronteiras nacionais e culturais. Missão é o ato de enviar alguém com autoridade para realizar um trabalho.
Dizem que não deveríamos fazer distinções entre evangelismo e missões. Mas as distinções existem na extensão e nos objetivos. Evangelismo é restrito, missões é abrangente. Evangelismo é restrito porque se prende a pregação do evangelho. Missões é abrangente porque inclui a organização e estruturação de igrejas, preparo e desenvolvimento de obreiros e, também é essencialmente a evangelização.
História de Missões
A história do cumprimento do mandato de Jesus de se fazer discípulos de todas as nações confunde-se com a história do Cristianismo. Como não poderia deixar de ser, ao fazer missões, a Igreja cresce.
Ao logo da história, tivemos vários períodos distintos, e muitos nomes se destacaram como homens e mulheres de valor. O Pr. Bertil Ekström, em seu livro “História de Missões” nos cita uma longa lista deles. Também, segundo Bertil, os discípulos de Jesus tomaram o seguinte rumo:
- João - na Ásia
- Pedro - em Ponto, Galácia, Bitínia e Capadócia
- Mateus - outras nações
- Bartolomeu – Índia
- Tomé - entre os partos (Iran, Iraque, Paquistão), Índia
- Marcos - no Egito
- Simão, o zelote - na Pérsia
- Tiago, o grande - na Espanha
- Tiago, o justo - na Arábia
- Filipe - na Frígia”
Após a Reforma Religiosa de Martinho Lutero, surgiram alguns grupos que tentaram reiniciar missões protestantes:
1. OS PURITANOS - O nome é originado da vontade de purificar-se dos resquício católicos romanos. A idéia puritana expandiu-se também para a purificação da sociedade por parte dos seus seguidores. Um dos mais famosos puritanos é John Bunyan, autor de “O Peregrino”. Em termos missionários, apenas a influência puritana deixada a algumas Igrejas foi contribuição dos puritanos. Este movimento surgiu no século XVII.
2. PIETISMO - Originou-se no meio da Igreja Luterana, no final de 1600, e propunha reformas à tradição protestante que já se acomodava. Phillip J. Spener (1631 - 1705) é considerado o Pai do Pietismo. Os pietistas influenciaram grandemente o trabalho missionário de sua época.
3. A MISSÃO HALLE - Esta foi a primeira missão européia as enviar missionários. Nasceu de uma união com o governo dinamarquês e os pietistas.
4. OS MORÁVIOS - Talvez sejam os mais exemplares dos movimentos missionários até hoje. De ca 60 membros, 1 era missionário, que foram enviados a todos os cinco continentes. Seu Líder era o Conde Nicolau Ludwing Zanzerdof (1700 - 1760).
Ao longo dos 1600 anos seguintes, a Igreja passou por muitas transformações, mas a partir do ano 1750, tem-se início o período de Missões Modernas, que resumimos assim: Os dois nomes mais famosos destas era, também chamada de 1º era de missões modernas são Willian Carey e Hudson Taylor.
Carey é conhecido com o pai das missões modernas. Em 1792 publicou um livro, “Uma inquisição sobre a responsabilidade dos cristãos usarem meios para a conversão dos pagãos”, que influencia vários líderes posteriormente. Foi ele que disse: “espere grandes coisas de Deus; tente grandes coisas para Deus”. Ele fundou a Sociedade Missionária Batista e seguiu para a Índia. Desenvolveu um dos mais expressivos ministérios missionários.
Hudson Taylor (1832-1905) - Filho de um farmacêutico, ainda na Inglaterra abdicou do conforto e, em 1853 viajou para China. Foi o pioneiro nas “missões de fé”. Organizou a Missão para o Interior da China. Taylor mudou dois conceitos até então não percebidos por seus antecessores: as necessidades dos povos no interior dos países e não apenas missões no litoral e, a vida pela fé no ministério. Destacou-se também pelo grande amor aos chineses e o intenso desejo de se identificar culturalmente com o povo. Outros nomes importantes são:
Adoniram Judson (1788 - 1850) - Missionário na Índia e na Birmânia.Robert Moffat ( 1795 - 1883) - Pioneiro em missões na África do Sul.David Livingstone (1813 - 1873) - Um dos mais famosos missionários ao interior da África.Robert Morrison (1782 - 1834) - Na China, foi o primeiro a traduzir a Bíblia para Chinês.John Paton (1824 - 1907) - Desenvolveu um belíssimo trabalho nas Ilhas do Pacífico.
É importante destacar o trabalho dos jovens em missões em cerca de 200 anos, desde Zinzerdof até o Movimento Voluntário Estudantil.
Zinzerdof, líder dos Morávios foi aluno da Escola Paedagogium, em Halle, Alemanha. Lá organizou a Ordem Do Grão Mostarda, junto com os outros cinco jovens. Como resultado, em 1732, foram enviados os dois primeiros missionários morávios para a Ilha São Tomé, nas Antilhas.
Charles Wesley entrou para faculdade da Igreja de Cristo em 1726, onde seu irmão, John, formara-se no ano anterior. Ele organizou o “Clube do Santos” e oravam sobre as oportunidades para operações missionárias. Como conseqüência, John viajou para a colônia da Georgia (atual estado da Georgia no E.U.A) para evangelizar os índios.
Charles Simeon foi outro estudante a organizar grupos com motivação a atividades missionárias na Universidade de Cambridge.
Samuel Mills foi o fundador de um dos mais expressivos movimentos do séc. XIX. A história formada por Mills tem sua origem no que ficou conhecido de “a oração do monte de feno”. Em 1806, Mills e mais quatro colegas foram orar, como de costume, quando foram pegos de surpresa por uma tempestade. Esconderam-se debaixo de um monte de feno e enquanto aguardavam a chuva passar, oraram ardentemente por um despertamento no interesse dos trabalhos missionários entre os estudantes. “ Foi a partir desta reunião do monte de feno que o movimento de missões estrangeira das Igrejas dos EUA tiveram seu impulso inicial” Ralph Winter - Missões Transculturais - vol III).
O Movimento Voluntário Estudantil - MVE tem suas raízes na oração do monte de feno, realizada no Willians College. Em 1886, 251 estudantes reuniram-se no Monte Hermon para uma série de estudos. Como consequência cem alunos se voluntariaram para missões no exterior. Durante os dois anos seguintes, Robert G. Wilder e John Forman visitaram 167 escolas e faculdades divulgando a visão do MVE, conseguindo sensibilizar 2106 estudantes que se decidiram com missionários. Cinco anos depois, os números eram: 6200 estudantes voluntários de 352 escolas ; 321 voluntários partiram para o exterior; 40 faculdades e 32 seminários participavam do sustento dos voluntários.
Por que não falarmos de Gannar Vingre e Daniel Berg, missionários suecos, que vieram para o Brasil em 1910 e que através de suas vidas começa o Movimento Pentecostal, que deu origem as Assembléias de Deus em 18 de junho de 1911, na cidade de Belém do Pará. As Assembléias de Deus, hoje, é a maior denominação evangélica do país, graças a missões.
Em 1860 visitava a Inglaterra Hudson Taylor depois de um período de árduo trabalho na China, em suas palestras e conferências no interior do país ele proclamava a necessidade de se alcançar os chineses, pronunciou a seguinte frase: “Um milhão por mês morrendo sem Deus”, estas palavras soavam aos ouvidos da sua audiência e muitos respondiam o seu apelo. Estavam sendo Criados os fundamentos de uma grande sociedade missionária (missões para o interior da China) MIC.
A População Mundial E Povos Do Mundo
Ao determinar a grande comissão em (Mc 16.15) entre os anos 32 a 33 AD a população mundial era de aproximadamente 175.000.000 de habitantes; mais de 1950 anos depois somos mais de 5,7 bilhões de pessoas. A bem da verdade este crescimento populacional não é correspondido com o crescimento do evangelho no mundo.. Vejamos alguns dados:
Explosão Da População Mundial
Estes números nos dão uma visão geral da explosão populacional da terra. A cada ano a necessidade de pregar o Evangelho aumenta de maneira surpreendente e é necessário um esforço missionário como nunca antes foi praticado.
Somente a unção do Espírito Santo, derramada no coração da liderança das Igrejas Nacionais, pode minorar este quadro desolador. Esta responsabilidade é de cada um de nós também. Está escrito: ... Até aos confins da terra (At 1.8)
A Urgente Necessidade De Evangelização
Há urgência da Igreja de Jesus Cristo tomar uma posição ativa na evangelização, as nossas desculpas já não encontram eco dentro da nossa própria comunidade. A Igreja em Antioquia, colocou todo o seu potencial à serviço das missões, dali o apóstolo Paulo partiu para suas três viagens missionários, daqui foram fundadas todas as Igrejas da Ásia Menor. O apóstolo Paulo diz:
“Mais em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da Graça de Deus” (At 20,24).
Está escrito no Sl 96.3 “Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos povos as suas maravilhas”.
Metade da população terrestre, não têm chance de ouvir as boas novas do Evangelho. Esta responsabilidade não foi dada aos anjos, mas aos homens mais precisamente a sua Igreja (Mt 28-18-20).
Ainda Há Tempo!
Esta é a visão panorâmica de um mundo que vive sem Deus, sem paz e sem salvação, a espera da esperança libertadora e salvadora do Evangelho de Cristo Jesus. Não podemos nos conformar, nem encarar tal fato de maneira natural, este fato é inquietante, para os que amam a Cristo Jesus e querem ver cumprido o escrito em Ap 7.9
“Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma
multidão a qual ninguém podia contar, de todas as nações e tribos, e povos, e
línguas que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestidos
brancos e com palmas nas suas mãos”.
MISSÕES TRANSCULTURAIS
Tipos de Missões
a. Local – está relacionada às localidades adjacentes à igreja local.
b. Nacional – engloba o país inteiro. Envolve também os aspectos culturais. Alguns estados brasileiros têm costumes diferentes (hábitos alimentares , vestuários, palavras regionais, especialmente entre tribos indígenas).
c. Transcultural
Quando falamos de missão transcultural, estamos falando do esforço da Igreja em cruzar qualquer fronteira que separe o missionário de seu público alvo. Para se engajar na missão transcultural, você não tem que, prioritariamente cruzar barreiras político-geográficas. Porém, em nosso caso teremos que necessariamente cruzar barreiras mais conhecidas como a da linguística, dos costumes, das etnias, das religiões, além das sociais, morais e etc.
Missão transcultural e/ou a evangelização transcultural deve ser a mais alta prioridade no evangelismo, hoje. Precisamos alcançar estes 1,5 bilhões de pessoas que estão distantes culturalmente de nós e que nunca ouviram as boas novas de salvação em Cristo Jesus. Tornar a igreja acessível para cada um desses povos e permitir que eles entendam claramente a mensagem e tenham condição de respondê-la positivamente é nossa missão.
O Deus da Bíblia é o Deus da História. Ele tem um propósito para ela. A Bíblia toda é clara quanto a isso e descreve este propósito do inicio ao fim. Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus devemos crer necessariamente que missões transculturais é o programa de Deus, visto que de Gênesis ao Apocalipse ela nos revela o amor de Deus pelas nações da terra. (Gn. 12:3b; Is.49:6; Apoc. 5:9)
Para fazer missão transcultural, necessitamos entender a natureza de uma cultura. Segundo o Aurélio, cultura é “o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade.”
Observemos esta definição dada no século XIX por antropólogos da Alemanha. “Cultura é a herança total do homem não transmitida biologicamente”. Cultura é o sistema total de normas de conduta aprendidas que são comuns aos membros de uma sociedade em particular, e que não são o resultado da natureza biológica do homem.
Em termo mais popular, pode ser definido como a totalidade do modo de vida de um grupo étnico determinado, isto inclui, a forma que este povo vê a realidade cósmica, os valores que lhe são comuns, e as normas de conduta que aceitam como normais em seu meio. Inclui também a forma como considera a existência do mundo e da humanidade, as coisas que lhe custam muito trabalho obter e manter, e a forma em que se trata entre os parentes e os vizinhos.
Toda pessoa tem uma maneira mental de ser, uma forma diferente de ver as coisas e de reagir frente a elas, isto quer dizer, que vai sendo moldado pela cultura em que vive, e isto o afeta desde a sua infância até a sua morte.
O Que É Transculturação
Vamos nos valer outra vez de Aurélio. Eis o que ele diz : Transculturação é o “processo de transformação cultural caracterizado pela influência de elementos de outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes”.
Aqui fica bem claro, de início, que evangelização transcultural não é substituir valores de uma cultura por outros de cultura diferente. O que importa, na evangelização, são os princípios bíblicos. Estes, sim, podem exercer influência a alterar situações contrárias à fé cristã.
O Que É Missão Transcultural
O prefixo trans deriva-se do latim e significa “movimento para além de”, “através de”. Portanto, em linhas gerais, missão transcultural é um movimento que, pelo caráter universal de sua mensagem, não se restringe a uma só cultura, mas tem alcance abrangente, em todos os quadrantes da terra, onde quer que haja uma etnia que ainda não tenha ouvido o evangelho.
Em Mateus 28.18-20 descobre-se que “toda” é a palavra chave. Isto implica na afirmação de que o princípio da universalidade está implícito no Evangelho, que deve ser pregado a todos os povos, para, igualmente, resultar na conversão aos milhões de pessoas oriundas de todas as raças.
A ideia de universalidade, globalidade ou totalidade transparece, ainda, quando o número quatro salta diante dos nossos olhos na expressão aparentemente repetitiva de Apocalipse 5.9. “tribo, língua, povo e nação.” Aqui o mundo está dividido em quatro áreas para reforçar a perspectiva do que será o resultado do alcance globalizado da pregação em todo o mundo.
Outro ponto no mesmo texto é que a palavra nação é a mesma usada em Mateus 28.19, que se traduz do grego “ethnos” de onde se deriva a expressão portuguesa “etnia”.
Etnia tem a ver com grupo biológico e culturalmente homogêneo. No aspecto antropológico, a definição da palavra “etnia” ultrapassa o nosso conceito formal sobre fronteiras geográficas nas quais se assentam politicamente os países do mundo. Cerca de 12 mil povos distintos estão distribuídos em pouco mais de 250 países.
Em suma, missão transcultural, no dizer de Larry Pate, autor do livro Missiologia, é a proclamação do amor de Deus, que ultrapassa as fronteiras culturais, raciais e linguísticas. “Ele deseja que todos, sejam os pigmeus da África ou os homens de negócios da Ásia, tenham a oportunidade adequada de seguir a Cristo”.
Alguns obstáculos a Missão Transcultural:
A - GEOGRAFIA
Muitos dos que necessitam de evangelização estão longe de nossa casa. O alvo então deve ser duplicado. Deve-se enviar alguém disponível para ir a esse lugar e também devemos nos esforçar para conquistar o nosso país, assim partiremos para o mundo. Precisamos de uma estratégia definida de conquista da nação para Cristo.
O desafio geográfico só é vencido através de pessoas que saiam de seu lugar de origem e se dirijam aos lugares remotos. Contudo, a permanência de alguém de fora em um determinado país vai acarretar custos de transporte, sustento e preparo para o retorno.
Quem sai de sua casa para pregar o evangelho, deixa para trás todo um alicerce de vida que é impossível levar consigo. Por isso, a igreja deve ter atitudes que diminuam ao máximo essa separação.
Um grande desafio para a evangelização é a JANELA 10/40. É a região onde habita 66% da população mundial, e ocupa 33% da área total do planeta, compreende 62 países. Essa região estende-se desde o oeste da África até ao leste da Ásia, e é compara a uma janela retangular, encontrada entre os 10 e 40 graus ao norte da linha do Equador. Todas as terras bíblicas encontram-se nessa janela, aqui predomina os seguidores do Islamismo, induísmo e budismo. A janela 10/40 é conhecida como o cinturão; nelas se encontram as fortalezas de Satanás, pois 37 dos 50 menos alcançados do mundo localizam-se nessa região.
No Brasil, há lugares acessíveis apenas por barcos e após longas horas, ou dias, de uma cidade. Isso implica em abandono de toda sorte de saneamento básico, eletrificação, assistência hospitalar, meios de comunicação, etc... Mas lá há vidas pelas quais, Jesus morreu.
B. FINANÇAS
A maior barreira é converter o bolso do crente. Hoje só se investe naquilo que é palpável. Poucos querem investir em algo que não poderão mensurar, e nem que seja a longo prazo.
A melhor estratégia é sustentar o autóctone (nacional) para que ele evangelize.
Uma igreja consciente de sua missão, estará preocupada em providenciar um sustento digno para o missionário, para que ele não seja envergonhado diante daqueles a quem pretende evangelizar. Além disso, deve-se preparar-se para emergências de saúde, viagens e para o retorno definitivo do missionário (tipo aposentadoria digna, uma casa, etc...)
C. CULTURA
Muitos vão ao campo missionário levando sua bagagem cultural como correta e vão encontrar muitos obstáculos. O livro “Costumes e Culturas” de Bárbara Burns dá alguns exemplos dessa barreira e o livro “Tochas de Júbilo” demonstra que esse desafio não é exclusivo do homem branco.
O grande desafio é identificar o que é pecado e o que é característica cultural. Por ex.: o jeitinho brasileiro é característica cultural ou mentira disfarçada?
D. AMARRAS
Muitas coisas têm amarrado nossas vidas, nos impedindo de obedecer ao chamado de Jesus:
CARNE – que não quer sofrer, quer ter sempre mais benefícios e facilidades, quer ter lazer e descanso, não quer passar fome, quer ter medicamentos a mão e transporte fácil.
MUNDO – que nos atrai e nos enche de desejos ambiciosos, nos fazendo crer que necessitamos de todas as novidades tecnológicas. O mundo nos invade alterando nossa mente para justificar-se diante da omissão missionária, por ex.: alguém irá em meu lugar; Deus me chamou só para orar; eu já sou dizimista; quando meus filhos casarem eu vou; quando me aposentar irei; hoje o evangelho está disponível a todos pela tv; etc... Rm 12:1-2 para eles
DIABO – que não quer ver uma igreja fora das 4 paredes. Precisamos ver que muitas das coisas que têm acontecido que julgamos ser Deus dizendo que não é para irmos, na verdade são armadilhas do diabo para nos impedir de ir (II Tm 2:26; Cl 4:3-5; Rm 1:13; 15:22; I Ts 2:18; Ef 6:11)
Destruindo Os Mitos Da Missão Transcultural Na Igreja Local
Só Igrejas Grandes Ou Ricas Podem Fazer Missão Transcultural
Esta é uma falsa idéia que circula em muitas Igrejas de porte médio ou pequeno, como justificativa para o seu não envolvimento. Segundo este conceito, Igrejas que disponham de poucos recursos jamais poderão comprometer-se com o trabalho missionário e nem mesmo enviar missionários. Mas a prática de países onde a tarefa de fazer Missões já está consolidada revela que os maiores recursos saem exatamente de Igrejas pequenas, que, somadas, conseguem superar muitas vezes os alvos de Igrejas grandes ou ricas. A Igreja de Antioquia não esperou enriquecer-se para enviar os seus primeiros missionários, Barnabé e Paulo (At 13.2).
Só Pessoas De Bastantes Recursos Financeiros Têm Condições De Contribuir Para A Missão Transcultural
A visão bíblica sobre, contribuição é clara : deve ser proporcional à renda de cada um, seja pobre ou rico. Este princípio transparece em diversos textos bíblicos, como, por exemplo, em 1 Coríntios 16.2.
Paulo está tratando, neste texto, de contribuições destinadas aos irmãos de Jerusalém, que enfrentavam circunstancialmente uma crise econômica. Na recomendação do apóstolo está implícita a ideia de proporcionalidade, quando ele afirma: “... ponha de parte o que puder ajuntar, segundo a sua prosperidade”. As contribuições para missão transcultural se regem pelo mesmo princípio. Mesmo que os recursos pessoais sejam menores, cada um poderá estabelecer o valor da contribuição proporcionalmente à sua remuneração mensal.
A história de missões mostra que, na maioria dos casos, não foram os ricos os únicos responsáveis pelo envio de recursos para a evangelização transcultural. Muitos missionários foram e têm sido sustentados pela oferta da viúva pobre, da lavadeira do trabalhador braçal e de outros irmãos de menor poder aquisitivo.
A Igreja Local Deve Primeiro Evangelizar Sua Cidade Para Depois Voltar-Se Para A Evangelização Transcultural.
Este é outro mito muito difundido por desconhecimento da interpretação correta de Atos 1.8. Em alguns casos é, somente, uma justificativa pouca convincente para a indiferença.
A ideia de Atos 1.8 é de simultaneidade. “Tanto em... como em...” é a expressão que aclara o sentido do texto. Não há aqui nenhuma alusão a um processo gradativo, ou seja, à ideia de se evangelizar primeiro a área local para depois pensar-se em terras de além-mar. A evangelização transcultural tem que ser vista sob enfoque mundial, incluindo-se aí o trabalho local da Igreja. É ação simultânea.
É Preciso Antes Levantar Recursos Suficientes Para Então Investir Em Missão Transcultural. Esta É Também, Uma Premissa Falsa.
A Igreja que esperar ter recursos suficientes nunca
vai investir na evangelização transcultural. É uma questão de lógica. Os
recursos são rotativos, isto é, entram e saem. Sempre há despesas
“prioritárias” para serem cobertas pelo caixa.
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