O VOCÁBULO "BÍBLIA" E OS NOMES ATRIBUÍDOS A PALAVRA DE DEUS
O Vocábulo "Bíblia"
Este vocábulo não se acha no texto das Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa. De onde, pois, vem? Vem do grego, a língua original do Novo Testamento. É derivado do nome que os gregos davam à folha de papiro preparada para a escrita - "biblos". Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e vários destes eram uma "Bíblia". Portanto, literalmente, a palavra “Bíblia” quer dizer "coleção de livros pequenos". Com a invenção do papel, desapareceram os rolos, e a palavra “biblos” deu origem a "livro", como se vê em biblioteca, bibliografia, bibliófilo etc.
É consenso geral entre os doutores no assunto que o nome Bíblia foi primeiramente aplicado às Sagradas Escrituras por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no Século IV. E porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural, como acabamos de ver, passou a ser singular, significando o Livro, isto é, o Livro dos livros; o Livro por excelência. Como Livro divino, a definição canônica da Bíblia é "A revelação de Deus à humanidade". Os nomes mais comuns que a Bíblia dá a si mesma, isto é, os seus nomes canônicos, são: Escrituras (Mt 21.42); Sagradas Escrituras (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16); Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12); Oráculos de Deus (Rm 3.2).
Nomes Atribuídos A Palavra De Deus
a) Bíblia.
A palavra Bíblia, usada com referência às Escrituras Sagradas desde o IV século, é a forma latina da palavra grega Bíblia, plural neutro de Biblion, que por sua vez é diminutivo de Biblos – nome grego para a planta da qual se fazia o papel – papiro. Pelo uso que se fez do papiro é que biblos veio a significar livro e biblion um livro pequeno. Os fenícios se ocupavam grandemente do comércio de papiro, por isso no segundo século a.C. deram o nome de Biblos ao seu principal porto, passando depois à cidade, e conservado até hoje para as suas ruínas. A palavra Biblos encontra-se em Mc 12.26 como referência a um livro de Velho Testamento, ou a um grupo no plural para designar os livros dos profetas – Dn 9.2. O plural usado no Velho Testamento passou à Igreja Cristã e as Escrituras são designadas por livros, livros divinos, livros canônicos. O nome Bíblia para o conjunto dos livros sagrados foi usado pela primeira vez por Crisóstomo, no IV século. Alguns pais da Igreja denominaram as Escrituras de Biblioteca Divina.
b) Escrituras.
O Novo Testamento, que ocupa menos da terceira parte do Velho, usa a expressão – Os Escritos ou as Escrituras para os livros do Antigo Testamento, em Mt 21.42 e Jo 5.39.
c) Outras Expressões:
A Palavra de Deus (Hb 4.12); A Escritura de Deus (Êx 32.16); As Sagradas Letras (1Tm 3.15); A Escritura da Verdade (Dn 10.21); As Palavras da Vida (At 7.38); As Santas Escrituras (Rm 1.2).
d) Nomes figurativos:
Uma luz. "Uma luz para o meu caminho" (Sl 119:105); Um espelho (Tg 1.23); Ouro fino (Sl 19.10); Uma porção de alimento (Jó 23.12); Leite (1 Co 3.2); Pão para os famintos (Dt 8.3); Fogo (Jr 23.29); Um martelo (Jr 23.29); Uma espada do Espírito (IOF 6.17).
e) Pentateuco.
Etimologicamente, Pentateuco significa cinco estantes, onde se colocavam os livros e depois, por metonímia, os próprios livros. Pesquisando um pouco mais se tem a impressão de que as estantes eram aqueles pedaços de madeira que sustentavam os rolos, vindo depois a designar os próprios rolos. O termo Pentateuco, de origem grega, significando cinco rolos tem sido usado para os cinco livros de Moisés, enquanto o nome hebraico para estes mesmos livros é Torá. Este vocábulo começou a ser usado para os primeiros cinco livros da Bíblia depois da tradução da Septuaginta. Estes livros constituem a primeira divisão do Cânon Hebraico, que é formado, como é do conhecimento geral, da Lei, dos Profetas e dos Escritos. Eruditos modernos têm usado o termo "Hexateuco" em vez de Pentateuco, por adicionarem aos primeiros livros da Bíblia o livro de Josué, por notarem muita afinidade entre os seis. Nenhuma razão plausível existe para a aceitação desta nova nomenclatura, desde que o termo tem sido usado por críticos que não admitem tenha sido Moisés o autor do Pentateuco.
f) Testamento.
Este vocábulo não se encontra na Bíblia como designação de uma de suas partes. Sabemos que toda a Bíblia se divide em duas partes chamadas Antigo Testamento e Novo Testamento. Contendo a primeira, os escritos elaborados antes de Cristo, a segunda registra o que foi redigido no primeiro século da nossa era. A palavra portuguesa testamento corresponde à palavra hebraica "berith" – aliança, pacto, contrato, e designa aquela aliança que Deus fez com o povo de Israel no Monte Sinai, aliança sancionada com o sangue do sacrifício como vemos em Êx 24.1-8; 34.10-28. Sendo esta aliança quebrada pela infidelidade do povo, Deus prometeu uma nova aliança (Jr 31.31-34) que deveria ser validada com o sangue de Cristo. (Mt 26.28). Os escritores neotestamentários denominam a primeira aliança de antiga (Hb 8.13), contrapondo-lhe a nova (2 Co 3.6,14). Os tradutores da Septuaginta traduziram "berith" para "diatheke", embora não haja perfeita correspondência entre as palavras, desde que berith designa aliança (compromisso bilateral) e diatheke tem o sentido de "última disposição dos próprios bens", "testamento" (compromisso unilateral). Pela figura de linguagem, conhecida como metonímia, as respectivas expressões "antiga aliança" e "nova aliança" passaram a designar a coleção dos escritos que contém os documentos respectivamente da primeira e da segunda aliança. O termo testamento veio até nós através do latim quando a primeira versão latina do Velho Testamento grego traduziu diatheke por testamentum. São Jerônimo revisando esta versão latina manteve a palavra "testamentum", equivalendo ao hebraico "berith" – aliança, concerto, quando a palavra como já foi visto não tinha essa significação no grego. Afirmam alguns pesquisadores que a palavra grega para contrato, aliança deveria ser suntheke, por traduzir melhor o hebraico "berith". As denominações Antigo Testamento e Novo Testamento, para as duas coleções dos livros sagrados, começaram a ser usadas no final do II século a.D. quando os evangelhos e outros escritos apostólicos foram considerados como Escrituras. O cristianismo distinguiu duas etapas na manifestação do dom de Deus à humanidade: A antiga – feita por Deus ao povo de Israel (2 Co 3.14); A segunda ou nova designa a união que o próprio Deus, tomando a forma humana, selou com o homem pela oblação de Cristo (2 Co 3.6).
g) Torah.
Palavra derivada do verbo Yarah, que no "hifil" significa lançar, jogar (Êx 15.4, 1Sm 20.36) e de modo especial lançar flechas para se conhecer a vontade divina (Js 18.6; 2Rs 13.17). O mesmo verbo é usado no sentido de mostrar com a mão, apontar com o dedo (Gn 46.28; Êx 15.25). A significação fundamental de yarah é, portanto; indicar uma direção. O substantivo cognato tem o sentido bíblico mais corrente: ensinamento, instrução, como se deduz da leitura de Isaías 30.9; 42.4; Mq 4.2; Ml 2.6; Jó 22.22, onde esta palavra aparece. Do estudo desta palavra conclui-se que o termo português "lei" não traduz o vocábulo hebraico em toda a sua extensão. A torah é o ensinamento que inspira bom procedimento em nosso viver.
h) O termo “Palavra”.
No Antigo Testamento, a palavra dãbhãr de Deus é usada por 394 vezes para designar alguma comunicação divina provinda da parte de Deus aos homens, na forma de mandamento, profecia, advertência ou encorajamento. A fórmula usual é “a palavra de Yahweh veio (literalmente, foi) a...”, ainda que algumas vezes a palavra de Deus seja vista como uma visão (Is 2.1; Jr 2.31; 38.21). A palavra de Yahweh é uma extensão da personalidade divina, investida de autoridade, e deve ser ouvida tanto pelos anjos como pelos homens (Sl 103.20; Dt 12.32). A palavra de Deus permanece para sempre (Is 40.8), e uma vez proferida não pode deixar de ser cumprida (Is 55.11). É usada como sinônimo da lei, tôrah, de Deus, em Sl 119, onde a referência é à mensagem escrita e não à mensagem falada da parte de Deus. No Novo Testamento, “palavra” geralmente traduz dois termos gregos, logos e rhema, a primeira é usada supremamente para designar a mensagem do evangelho cristão (Mc 2.2; At 6.2; Gl 6.6), embora a última esteja revestida da mesma significação (Rm 10.8; Ef 6.17; Hb 6.5 etc.). Nos pontos seguintes veremos maiores detalhes.
A Palavra “Rhema”
Rhema Aquilo que é dito, palavra, dito, expressão (Mt 12.36; Mc 9.32). Ameaça (At 6.13). Coisa, objeto, assunto, evento (Mt 18.16; Lc 1.37; 2.15, 19, 51). Nosso Senhor falou sobre a palavra de Deus (na parábola do semeador, Lc 8.11; Mc 7.13; Lc 11.28), porém, nos evangelhos sinópticos Ele sempre usava o plural para indicar a Sua própria mensagem (“minhas palavras”, Mt 24.35 e paralelos; Mc 8.38; Lc 24.44). No quarto evangelho, entretanto, pode-se encontrar o singular com freqüência. Para a Igreja primitiva, a palavra era uma mensagem revelada da parte de Deus em Cristo, que deveria ser pregada, ministrada e obedecida. Era a palavra da vida (Fp 2.16), da verdade (Ef 1.13), da salvação (At 13.26), da reconciliação (2 Co 5.19), e da cruz (1 Co 1.18).
A Expressão “Logos”
Significado etimológico. Tem um grande número de diferentes significados: sua tradução básica é “palavra”, isto é uma declaração significativa, de onde se desenvolvem seus muitos sentidos “afirmação, declaração, discurso, assunto, doutrina, questão” e, mediante outro tipo de desenvolvimento, “razão, causa, motivo, respeito”. Na Bíblia: palavra (Mt 12.37), dizer a palavra (Mt 8.8), assunto sob discussão, matéria, coisa, ponto, tema (Mt 5.32; Mc 9.10), declaração, asserção, afirmação (Mt 12.32; 15.12). A tradução do logos irá, freqüentemente, variar de acordo com o contexto.
Como termo gramatical significa uma sentença finita, em uma declaração lógica de fatos, definição ou julgamento, e na retórica significa uma declaração de oratória corretamente construída.
Como termo de psicologia e metafísica, foi empregado pela Stoá, seguindo Heráclitos, para significar o poder ou função divina pela qual o universo recebe sua unidade, coerência e significado. Logos spermatikos, palavra seminal que, à semelhança de semente, dá forma à matéria disforme. O homem foi criado de acordo com o mesmo princípio, e em si mesmo se diz possuir um Logos, tanto internamente (logos endiathetos, razão), e que se expressa pela fala externamente (logos prophorikos). O termo é igualmente usado como padrão ou norma mediante a qual o indivíduo pode viver “de conformidade com a natureza”.
Na Septuaginta o termo “Logos” é usado para traduzir a palavra hebraica dãbhãr. A raiz desta palavra significa “aquilo que está por trás” e assim quando é traduzida por palavra, também significa som compreensível; e também pode significar coisa. De acordo com uma característica comum da psicologia dos hebreus, o dãbhãr de um homem é considerado como, em certo sentido, uma extensão de sua personalidade, e, além disso, como algo que possui uma existência substancial toda própria. A palavra de Deus, portanto, é Sua auto-revelação através de Moisés e dos profetas. Também pode ser usada para designar tanto visões isoladas e oráculos como o conteúdo total da revelação inteira, e assim, especialmente o Pentateuco. A palavra possui um poder semelhante ao de Deus, o qual a profere (Is 55.11) e efetua Sua vontade sem qualquer resistência. Por conseguinte o termo pode referir-se à palavra criadora de Deus.
A Palavra Escrita E O Verbo Vivo
A revelação que Deus fez de si mesmo centraliza-se em Jesus Cristo. Ele é o Logos de Deus. Ele é o Verbo Vivo, o Verbo encarnado, que revela o Deus eterno em termos humanos. O título Logos só pode ser encontrado nos escritos joaninos, embora o emprego do termo haja sido relevante na filosofia grega daqueles dias. Alguns têm procurado uma ligação entre a linguagem de João e a dos estóicos, dos primeiros gnósticos, ou dos escritos de Filo de Alexandria. Estudos mais recentes sugerem que João foi influenciado primariamente pelos seus alicerces no Antigo Testamento e na fé cristã. É provável, porém, que tivesse consciência das conotações mais amplas do termo, e que a tivesse empregado deliberadamente, com o propósito de transmitir um significado adicional e especial.
O Logos é identificado com a Palavra de Deus na Criação e também com sua Palavra autorizada (a lei para toda a humanidade). João deixa nossa imaginação atônita quando introduz o Logos eterno, o Criador de todas as coisas, o próprio Deus, como o Verbo que se encarnou a fim de habitar entre a sua criação (Jo 1.1-3,14). "Deus nunca foi visto por alguém. O filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer" (Jo 1.18). O Verbo Vivo tem sido visto, ouvido, tocado, e agora proclamado mediante a Palavra escrita (1 Jo 1.1-3). Quando do encerramento do cânon sagrado, o Logos vivo de Deus, o Fiel e Verdadeiro, está em estado de prontidão no Céu, prestes a voltar à Terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.11-16).
A suprema revelação de Deus acha-se no seu Filho. Durante muitos séculos, mediante as palavras dos escritores do Antigo Testamento, Deus havia se revelado progressivamente. Tipos, figuras, sombras e prefigurações desdobravam paulatinamente o plano de Deus para a redenção da humanidade (Cl 2.17). Depois, na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho para revelar o Pai de forma mais perfeita e para executar aquele gracioso plano mediante a sua morte na Cruz (1 Co 1.1 7-25; Gl 4.4). Toda a revelação bíblica, antes e depois da Encarnação de Cristo, centraliza-se nEle. As muitas fontes originárias e maneiras da revelação anterior indicavam e prenunciavam a sua vinda à terra como homem. Toda a revelação subseqüente engrandece e explica a sua vinda. A revelação que Deus fez de si mesmo começou pequena e misteriosa, progrediu no decurso do tempo, e chegou ao seu ponto extremo na Encarnação do seu Filho. Jesus é a revelação mais completa de Deus.
Na Pessoa de Jesus Cristo, coincidem entre si a Fonte e o Conteúdo da revelação. Ele não era mais um meio de comunicar a revelação divina, conforme o foram os profetas e apóstolos. Ele mesmo é "o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa" (Hb 1.3). Ele é "o caminho, e a verdade, e a vida"; conhecer a Ele é conhecer também o Pai (Jo 14.6-7). Os profetas diziam: "Veio a mim a Palavra do Senhor", mas Jesus afirmava: "Eu vos digo"! Jesus inverteu o uso do termo "amém", começando assim as suas declarações: "Na verdade [hb. amen], na verdade te digo" (Jo 3.3). Tendo Ele falado, a verdade foi declarada de modo imediato e inquestionável. Cristo é a chave que revela o significado das Escrituras (Lc 24.25-27; Jo 5.39,40; At 17.2,3; 28.23; 2 Tm 3.15). Elas testificam dEle e da salvação que Ele outorga mediante a sua morte. O enfoque que as Escrituras dedicam a Cristo não justifica, porém, o abandono irresponsável do texto bíblico nas áreas que parecem ter poucas informações abertamente cristológicas.
LÍNGUAS,
CARACTERÍSTICAS E AUTORIDADE
Línguas Em Que A Bíblia Escrita
Quase todos os estudantes da Bíblia sabem que o Velho Testamento foi escrito em hebraico, e o Novo, em grego, mas muitos desconhecem o fato de que há uma terceira língua na Bíblia – o aramaico.
Aramaico
O aramaico foi sem dúvida, desde muito tempo, a língua popular de Babilônia e da Assíria, cuja linguagem literária, culta e religiosa era o sumero-acadiano. Documentos assírios mencionam o aramaico desde 1100 a.C. Durante o reinado de Saul e Davi, os estados aramaicos ou sírios são mencionados na Bíblia (1 Sm 14.47; 2 Sm 8.3-9; 10.6- 8). O aramaico foi trazido para a Palestina porque os assírios seguiam costume de transplantar os povos das nações subjugadas, por isso depois de terem vencido o reino de Israel, trocaram as pessoas e as espalharam através de todo o seu império. 2 Rs 17.24 menciona explicitamente que entre os povos trazidos para Samaria a fim de repovoarem a terra devastada, encontravam-se aramaicos de Hamate. Esta língua dotada de grande poder de expansão tornou-se usual nas relações internacionais de toda a Ásia, e na própria Palestina propagou-se tão largamente, que venceu o próprio hebraico.
O lar original do aramaico foi a Mesopotâmia. Algumas tribos arameanos viviam ao sul de Babilônia, perto de Ur, outras tinham seus lares na alta Mesopotâmia entre o rio Quebar (Khabúr) e a grande curva do Eufrates, tendo Harã como centro. O fato de os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó terem conexões com Harã é provavelmente responsável pelo estatuto feito por Moisés de que Jacó era "arameano". Dt 26.5. Deste seu lar ao norte da Mesopotâmia o aramaico se espalhou para o sul de toda a Assíria.
Tudo indica que o aramaico foi preferido pelos assírios e babilônicos por ser mais simples do que a complicada escrita cuneiforme. A prova de sua simplicidade está relatada em 2 Rs 18.26, quando Senaqueribe invadiu Judá no fim do VIII século a.C. os oficiais judeus que dominavam tão bem o hebraico quanto o aramaico, pediram ao general assírio que lhes falasse em aramaico.
Esta ainda a razão porque durante os setenta anos do cativeiro babilônico os judeus se esqueceram muito do hebraico, adotando em seu lugar o aramaico. Ao voltarem do cativeiro continuaram falando o aramaico, como se depreende da leitura de Neemias 8.1-3 e 8. O aramaico era a língua usada por Jesus (Mc 5.41; 7.34; 15.34), pela maioria das pessoas na Palestina, bem como pelas primeiras comunidades cristãs. Segundo outros estudiosos entre os quais se destaca Robertson, Jesus falava aramaico na conversação diária, mas no ensino público e nas discussões com os fariseus a língua usada era o grego.
Já antes da Era Cristã superou totalmente o hebraico que se tornou a língua morta e exclusivamente religiosa. Na Ásia Ocidental, a língua aramaica se difundiu largamente, assumindo naquelas regiões e naquele tempo o mesmo papel que assumem em nossos dias o francês e o inglês. O aramaico, embora ainda utilizado em certas regiões, vai cedendo lugar ao árabe, e corre o perigo de desaparecer como língua falada, pois hoje é falada somente em algumas povoações da Síria. O aramaico desapareceu sob o impacto cultural do grego e do latim, já que deixou de ser conhecido pelos cristãos.
Quem conhece o hebraico pode com facilidade ler e entender o aramaico, dadas as suas marcantes semelhanças. As partes do Velho Testamento escritas em aramaico são as seguintes : A expressão "Jegar-Saaduta" de Gênesis 31.47; O verso de Jeremias 10.11; Alguns trechos de Esdras 4.8 a 6.18; 7.22-26; Partes do livro de Daniel, entre os capítulos 2.4 a 7.28.
Hebraico
A língua hebraica foi a língua dos Hebreus ou israelitas desde a sua entrada em Canaã. A sua origem é bastante misteriosa, porque além do Velho Testamento só possuímos escassos documentos para o seu estudo. O mais provável é que o hebraico tenha vindo do cananeu e foi falado pelos israelitas depois de sua instalação na Palestina. A atual escrita hebraica (chamada "hebraico quadrado") é cópia do aramaico e entrou em uso pouco antes da nossa era, em substituição ao hebraico arcaico. Os Targuns o denominam de "língua sagrada" (Is 19.18); e no Velho Testamento é chamado "a língua de Canaã" ou a língua dos judeus (Is 36.13, 2 Rs 18.26-28). Salmo 114.1 mostra a grande diferença entre o hebraico e o egípcio. Israel por estar cercado de povos que falavam uma língua cognata – o aramaico – foi se esquecendo do hebraico, até que este veio a extinguir-se como língua falada. Era ainda a língua de Jerusalém no tempo de Neemias (13.24), cerca de 430 a.C., mas muito antes do tempo de Cristo foi substituída pelo aramaico.
O alfabeto hebraico consta apenas de consoantes, em número de 22. O hebraico é escrito da direita para a esquerda como o árabe e algumas outras línguas semíticas. Sua estrutura fundamental é, como em todas as línguas semíticas, a palavra raiz, composta de três consoantes. É uma língua bastante simples, seus melhores conhecedores sublinham sem hesitação a sua pobreza, quando comparado com o grego ou com línguas modernas, como o inglês e o português. De acordo com a Pequena Enciclopédia Bíblica o vocabulário hebraico na Bíblia conta com apenas 7.704 vocábulos diferentes. A Academia do Idioma Hebraico tem registrado o uso de cerca de 30.000 palavras. Quase não possui adjetivos nem pronomes possessivos, porém, é rica em advérbios. É uma língua quase indigente em termos abstratos.
Quase sempre os pronomes pessoais são ligados às formas verbais como se fossem sufixos ou prefixos. Com raras exceções não faz uso de palavras compostas. O alfabeto hebraico possui letras com sons bem próprios, por isso não apresentam nenhuma semelhança com o nosso alfabeto. Os dois exemplos mais característicos se encontram no "alef" e no "ayin". Se língua é um organismo vivo que se transforma, o hebraico quase pode apresentar-se como exceção, como comprovam os escritos de Moisés e de alguns profetas mil anos depois, cujas diferenças lingüísticas são insignificantes. Este fato tem levado a "alta crítica" a dogmatizar que os escritos do Velho Testamento foram produzidos num espaço de tempo bem pequeno.
Seus processos sintáticos são muito simples, usando pouco as orações subordinadas, preferindo sempre as coordenadas, quase sempre unidas pela conjunção "e" como inegável influência do hebraico. Os tempos do verbo, a exemplo do grego, indicam mais o "aspecto" da ação, conforme ela seja momentânea, prolongada ou repetida. Como língua semítica não classifica os fatos em passados, presentes e futuros, mas em realizados ou de ação acabada (perfeito), e não realizados ou de ação inacabada (imperfeito).
Uma das peculiaridades da língua hebraica com respeito ao sistema verbal é esta : a simples troca de um sinal vocálico determina uma mudança nas formas verbais. Não possui o verbo "ter", enquanto o verbo "ser" é ativo e significa existir eficazmente. Quando os judeus sentiram que o hebraico estava em declínio como língua falada, e que sua leitura correta ia perder-se, criaram um sistema de vocalização. Este trabalho foi feito pelos massoretas, por isso o texto hebraico usado hoje se chama massorético.
Grego Bíblico
Como é do conhecimento geral, o Novo Testamento foi escrito na Koinê, língua na qual também foi traduzido o Velho Testamento hebraico pelos Setenta. O termo Koinê significa a língua comum do povo entre os anos 330 a.C. e 330 a.D. Com exceção da Epístola aos Hebreus e da linguagem de Lucas (Evangelho e Atos) que se encontram num Koinê mais literário, os outros escritos pertencem à língua mais comum ou Koinê vulgar. O insigne erudito Gustav Adolf Deissmann foi quem primeiro mostrou a identidade do grego do Novo Testamento, salientando que o grego da Bíblia era o Koinê, e não o grego erudito, nem a chamada "linguagem do Espírito Santo" ardorosamente defendida por alguns autores.
Características Da Linguagem Do Novo Testamento
Se fosse possível caracterizar o Koinê, língua em que foi escrito o Novo Testamento, sintetizando-a em uma palavra, a melhor seria "simplificação". Esta conclusão é facilmente deduzida estudando-lhe as características : Substituição dos casos pelas preposições; tendência para simplificar a morfologia e a sintaxe; uso escasso de orações subordinadas, tendo preferência pelas coordenadas ligadas pela conjunção "e"; eliminação do dual e uso equilibrado do modo optativo, aparecendo apenas 67 vezes no Novo Testamento; uso mais freqüente do artigo; simplificação das riquíssimas formas verbais do grego clássico; mudança de sentido de muitas palavras do grego clássico, por influência religiosa, tais como: batizar, justiça, graça, amor, glória, carne, cruz, mundo, crer, espírito, cálice, dia, etc.; as formas diminutivas se tornam mais comuns; emprego mais generalizado de construções perifrásticas nos verbos; os adjetivos são mais usados no grau superlativo do que no comparativo; preferência pela ordem mais direta, pois no grego clássico predomina a ordem inversa; emprego freqüente dos pronomes sujeitos, em casos dispensáveis, por estarem eles subentendidos nas desinências verbais; idêntico valor fonético para as vogais gregas; emprego de vários latinismos, tais como: legião, centurião, denário, colônia e flagelo; uso freqüente do presente histórico nas narrativas; aparecimento generalizado da parataxe, com prejuízo da hipotaxe.
Parataxe é uma construção mais simples da frase, como as orações coordenadas, enquanto a hipotaxe é mais complexa, isto é, formada de orações subordinadas; uso de palavras que são empréstimos diretos do aramaico, a exemplo de: geena, Eli Eli, Hosana, litóstrotos (gabatá), Satã, Talita cumi, Rabi, Maranata; freqüência de hebraísmos, sobretudo na sintaxe, fastidioso emprego da conjunção "e", pois esta partícula aparece muito no Novo Testamento, em expressões como estas: "e ele falou dizendo", "e disse", "e aconteceu que". As frases: "Filhos da luz'; "filhos da perdição" são eminentemente semíticas.
Quanto à linguagem dos escritores do Novo Testamento haveria muito que dizer, mas fiquemos somente com as seguintes observações: Apenas Hebreus Lucas e alguns trechos de Paulo são escritos num estilo mais literário.
O vocabulário mais rico não é o de Paulo, mas sim o de Lucas, que emprega 250 palavras novas no Evangelho e, mais ou menos 500, em Atos. Se a linguagem mais polida e mais erudita é a de Lucas, a mais pobre e menos aprimorada, quanto ao estilo, é a de Marcos e a de João, especialmente no Apocalipse. O doutor Benedito P. Bittencour no livro O Novo Testamento, página 67, chama-nos a atenção para a linguagem pouco aprimorada do Apocalipse, onde há violações flagrantes dos corretos cânones da gramática.
A paz do Senhor meu irmão, parabéns pelo post. Poderia deixar seu email no site:
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