segunda-feira, 20 de abril de 2020

LIVROS HISTÓRICOS DO ANTIGO TESTAMENTO / LIVROS POÉTICOS E DE SABEDORIA I - JÓ E SALMOS

LIVROS HISTÓRICOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Os Livros Históricos do Antigo Testamento são: 

Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.

Todos esses livros fazem parte do Antigo Testamento.

Os Livros Históricos do Antigo Testamento registram a história do povo de Israel desde a conquista da Terra Prometida sob a liderança de Josué, até a restauração de Jerusalém após o cativeiro babilônico.

Isso significa que a narrativa dos Livros Históricos compreende um período de centenas de anos. Nesse espaço de tempo, os Livros Históricos também relatam o início da monarquia em Israel com o reino unificado, depois o reino dividido, e as quedas do Reino do Norte e do Reino do Sul diante dos impérios assírio e babilônico respectivamente.

Diferenças no grupo dos Livros Históricos

Quando comparadas as Bíblias hebraica, protestante, católica e ortodoxa, o grupo denominado como “Livros Históricos” é diferente em cada uma delas. A Bíblia Católica, por exemplo, inclui na categoria dos Livros Históricos os livros de Tobias, Judite e 1 e 2 Macabeus. Esses livros, porém, não são considerados como inspirados pela tradição judaica e pela Igreja Reformada.

Já na Bíblia Hebraica, os Livros Históricos são organizados numa ordem bem diferente em relação às Bíblias cristãs. Além disso, os livros de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, e Esdras e Neemias, formam, cada par, um único livro.

Então os livros classificados como Livros Históricos nas Bíblias cristãs são organizados da seguinte forma na Bíblia Hebraica:

Os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis fazem parte de um grupo denominado como “Profetas Anteriores”; que por sua vez é uma subcategoria da divisão “Profetas” da Bíblia Hebraica.

Os livros de Crônicas e Esdras-Neemias fazem parte de um grupo denominado como “Escritos”.

Os livros de Rute e Ester também pertencem aos Escritos no cânon judaico; mas são incluídos dentro de uma subdivisão chamada de “Rolos Festivos”.

Apesar das diferenças na organização dos Livros Históricos entre as Bíblias cristãs e a Bíblia Hebraica, o conteúdo deles é exatamente o mesmo. 

Na verdade a cronologia dos livros do Antigo Testamento conforme apresentada nas Bíblias cristãs, e que dá origem à organização dos livros por assunto e característica, é algo mais recente. Inclusive, ela deriva dos códices da tradução grega do Antigo Testamento hebraico, a Septuaginta. Aqui vale lembrar que a Septuaginta era a versão mais usada pelos cristãos nos primeiros séculos depois de Cristo.

Quem escreveu os Livros Históricos?

Os Livros Históricos foram escritos por diversos autores de diferentes épocas, sob a inspiração do Espírito de Deus. A maioria desses autores é desconhecida. Os estudiosos acreditam que a composição individual de cada um dos Livros Históricos talvez tenha começado muito antes da data de conclusão desses livros. Isso quer dizer que existe a possibilidade de vários autores terem participado da composição de um único livro.

Por exemplo : muitos eruditos consideram que os livros de Josué, Juízes, Samuel, Reis e Rute foram finalizados durante o período do cativeiro babilônico; embora tenham sido iniciados muito antes desse tempo. Os estudiosos também acreditam que os livros de Crônicas, Esdras-Neemias e Ester, foram finalizados após a restauração de Judá do cativeiro na Babilônia.

Alguns nomes são sugeridos como possíveis autores de parte dos Livros Históricos. 

A tradição judaica, por exemplo, credita a autoria dos livros de Rute, Juízes e Samuel ao profeta Samuel – pelo menos a maior parte do conteúdo desses livros. 

Da mesma forma, o sacerdote Esdras aparece como possível autor dos livros de Esdras-Neemias e Crônicas. Apesar de serem possibilidades plausíveis, já que estamos falando de dois dos mais notáveis personagens bíblicos, faltam evidências que comprovem essa informação.

Qual é a mensagem dos Livros Históricos?

Como já foi explicado, os Livros Históricos contam a história do antigo Israel. Então naturalmente cada livro trata de assuntos e expressa ênfases teológicas que refletem cada período dessa longa história.

Josué, Juízes, Samuel e Reis

Os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis, registram a história dos israelitas a partir da conquista de Canaã sob o comando de Josué (Josué 1); e termina nos tempos do exílio babilônico falando sobre a libertação do rei Jeoaquim da prisão (2 Reis 25:27-30). Como a sequência desses livros parte do conteúdo histórico e teológico de Deuteronômio, ela é chamada pelos eruditos de “História Deuteronomística”.

Então esses livros falam sobre a conquista da Terra Prometida; o período dos juízes de Israel; o estabelecimento da monarquia; a divisão do reino; e os freqüentes pecados de Israel (Reino do Norte) e Judá (Reino do Sul). Esses pecados resultaram no exílio do povo daquela terra; apesar da constante exortação do Senhor ao arrependimento através do ministério profético.

Crônicas, Esdras e Neemias

Os livros de Crônicas, Esdras e Neemias, falam da história do povo de Deus especialmente focando a restauração de Judá. Os livros de Crônicas repetem boa parte do conteúdo dos livros de Samuel e Reis, e destacam o reinado da Casa de Davi. O segundo livro de Crônicas termina registrando a proclamação de Ciro que permitiu o retorno do primeiro grupo de judeus exilados à Terra Prometida.

Os livros de Esdras e Neemias falam da restauração do exílio que é brevemente introduzida em 2 Crônicas. Por isso esses livros avançam até a restauração de Jerusalém em aproximadamente 400 a.C. Assim, eles falam da reconstrução do Templo liderada por Zorobabel; da restauração dos muros de Jerusalém sob a liderança de Neemias; e do trabalho de Esdras na reforma da vida religiosa do remanescente judeu.

Rute e Ester

Os livros de Rute e Ester registram dois eventos particulares, mas não menos importantes. Rute conta a história da família de Noemi, e explica a linhagem do rei Davi através de seus ancestrais Rute e Boaz. O livro de Ester conta a história do grande livramento do povo de Deus enquanto esteve sob o domínio persa.

Mas no geral, cada um dos Livros Históricos registra acontecimentos importantes para a unidade da narrativa bíblica. Os Livros Históricos são fundamentais para o correto entendimento acerca do relacionamento de Deus com o povo da aliança. Além disso, a mensagem dos Livros Históricos aponta diretamente para a vinda do Messias como o verdadeiro Filho de Davi no qual se cumprem todas as esperanças acerca de um reino perfeito, eterno e glorioso.

Quanto aos livros que foram posteriormente contados entre os Livros Históricos pela Igreja Católica, eles se concentram no período intertestamentário, principalmente no século 2 a.C. com a resistência dos judeus aos Selêucidas.

LIVROS POÉTICOS E DE SABEDORIA I – JÓ


A Bíblia não é um manual de ensinos religiosos como o Catecismo de Westminster ou como os Trinta e Nove Artigos da Igreja Anglicana. Ela é a Palavra de Deus, que nos chega por intermédio das experiências do povo de Deus. Ela expressa todas as emoções da vida de fé e trata de muitas áreas da experiência humana que podem parecer seculares e não espirituais.

Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro que na literatura poética e de sabedoria. Os salmos expressam todas as emoções que o fiel encontra na vida, sejam elas louvor ou amor a Deus, ira contra aqueles que praticam a violência e o dolo, lamento e perplexidade pessoal ou apreço pela verdade de Deus. Provérbios não só examina questões morais, como também ajuda-nos a lidar com as questões comuns da vida, como endividamento e relações de trabalho. Cântico dos Cânticos celebra a alegria do amor entre um homem e uma mulher. Jó e Eclesiastes fazem-nos encarar nossos problemas mais profundos e, com isso, levam-nos a uma fé mais genuína em Deus. Em suma, todos esses livros tratam da vida real.

Tradicionalmente, falamos de Salmos e de Cântico dos Cânticos como os livros de poesia bíblica, e de Jó, Provérbios e Eclesiastes como de sabedoria bíblica. Esses livros serão o centro desta divisão. Outros livros do Antigo Testamento, porém, apresentam muitas das características dos livros poéticos e de sabedoria. Lamentações é, em sua essência, uma coletânea de salmos de lamento. Salmos são também encontrados nos profetas (por exemplo: Jn 2; Hc 3). Rute, Ester e Daniel têm muito mais em comum com a literatura de sabedoria do que imagina a maioria dos leitores. Nos apócrifos, Eclesiástico e Sabedoria de Salomão imitam seus paralelos bíblicos. Mesmo o Novo Testamento possui alguns salmos e provérbios (Lc 1.46-55, 68-79; At 20.35; 1 Co 15.33).

Os cinco livros chamados Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos ainda nos fornecem os melhores exemplos de como ler hinos, cânticos, provérbios e reflexões da Bíblia. Isso, por sua vez, nos permite ver como a sabedoria e a poesia afetaram o restante da Bíblia.

A poesia e a sabedoria bíblicas são ao mesmo tempo literatura de alto nível, e Palavra de Deus. Elas nos intrigam e deliciam, mesmo quando nos censuram e instruem. Para o leitor que presta a devida atenção a esses cânticos e lições, eles serão diadema de graça para a cabeça e colares para o pescoço (Provérbios 1.9).

VOCÊ SABIA - Que 1/3 do Antigo Testamento foi escrito em poesia?

VOCÊ SABIA - Que apenas 5 livros do Antigo Testamento não contém poesia: Levítico, Rute, Esdras, Ageu e Malaquias

Autor

Embora a maior parte do livro consista nas palavras de Jó e de seus conselheiros, não sabemos ao certo quem escreveu o livro, as sugestões incluem o próprio Jó, Eliú, Moisés e Salomão. O autor desconhecido provavelmente tinha acesso às fontes orais e/ou escritas, com base nas quais, sob inspiração divina, compôs o livro que chegou até nós.

Data

Há duas datas em jogo:

1. A data do homem Jó e de seus antecedentes históricos (ou seja, período dos acontecimentos narrados no livro).

Jó viveu mais de 140 anos (42.16), um tempo de vida normal durante a era patriarcal; Na época de Jó, a economia era semelhante à do período patriarcal, em que a riqueza era medida em termos de cabeças de gado (1.3); Tal como Abraão, Isaque e Jacó, Jó agia como sacerdote de sua família (1.5);

A ausência de qualquer referência à nação de Israel e à lei mosaica sugere uma data pré-mosaica (antes de 1.500 a.C.).

2. A data do autor inspirado que compôs o livro.

Na era patriarcal, logo depois dos acontecimentos narrados no livro; Ao tempo de Salomão (950 a.C.); Na época do exílio ou depois. Assim como na autoria, também temos dificuldade em narrar uma data precisa, contudo, o relato detalhado dos discursos de Jó e seus amigos parece argumentar a favor de uma data de autoria bem próxima dos acontecimentos.

VOCÊ SABIA?

- A poesia de Jó é reconhecida por muitos como a melhor do mundo.

- Jó foi o sacerdote de sua família, fazendo sacrifícios contínuos a Deus tanto por si mesmo como pelos demais.

- O nome do Deus dos patriarcas, ―SHADDAY‖ ocorre 31x neste livro, mas apenas 17x no restante do AT.

- Jó é citado em Ez 14.7, 20 e Tg 5.11 (PACIÊNCIA).

- Talvez seja uma das mais antigas obras literárias existentes!

Conteúdo

A própria Escritura atesta que Jó foi uma pessoa real. Ele é citado em Ez 14.14 e Tg 5.11. Jó era um gentio. Acredita-se que era descendente de Naor, irmão de Abraão. Conhecia Deus pelo nome de ―Shaddai‖ - o Todo Poderoso. (Há 31 referências a Shaddai no Livro de Jó). Ele era um homem rico e levava um estilo de vida seminômade.

A história do livro de Jó começa com a apresentação de Jó como um homem íntegro e temente a Deus, próspero e feliz. Satanás aparece diante de Deus entre os Seus anjos e ele acusa Jó de ser interesseiro e mercenário, pois sendo rico e feliz não podia servir de exemplo de amor e temor a Deus. Deus permite a Satanás tirar-lhes os seus bens materiais e saúde, sem, contudo tirar-lhe a vida.

Neste momento surgem os três amigos de Jó (Elifaz, Zofar e Beldade), os quais possuem a virtude de não abandoná-lo na dor, de condoerem-se com ele, de chorarem com ele e, de uma forma ou outra tentar ajudá-lo. Mas estes três amigos foram maus conselheiros Porque eles criam que por serem ricos e saudáveis eram justos e que a doença e a pobreza eram sinais de impiedade castigada. Deus estaria sempre disposto a abençoar o homem com bens materiais, espirituais e de saúde, desde que o homem merecesse, não havendo outra forma de Deus revelar Sua graça. E eles transmitiram isto a Jó, concluindo que ele estava em pecado, portanto, merecedor de castigo.

Jó reage a esta teologia, e o livro é uma resposta certa a esta terrível ―teologia da prosperidade‖. Na sua resposta aos seus amigos, Jó reafirma a sua inocência, dizendo que a experiência prova que tanto o justo como o injusto sofrem, e ambos desfrutam momentos de prosperidade. Lamenta o seu estado deplorável e as suas tremendas perdas, expressando a sua tristeza em relação a eles por acusarem-no em lugar de trazer-lhe consolo.

Em meio a este debate surge o jovem Eliú, e é ele quem mais se aproxima da verdade, enaltecendo a perfeita justiça de Deus e o caráter educacional do sofrimento na vida do justo. O argumento de Eliú pode ser resumido desta maneira: Deus é maior do que qualquer ser humano, isso significa que nenhuma pessoa tenha o direito ou autoridade de exigir uma explicação dele. Argumenta que o ser humano não consegue entender algumas coisas que Deus faz. Ao mesmo tempo, Eliú sugere que Deus irá falar se ouvirmos. A sua ênfase está na atitude do sofredor, ou seja, uma atitude de humildade levará Deus a intervir. Essa é a essência da sua mensagem: em vez de aprender com o seu sofrimento, Jó demonstra a mesma atitude dos ímpios para com Deus, e esta é a razão pela qual ainda está sofrendo aflição.

O apelo de Eliú a Jó é:

- Ter fé verdadeira em Deus, em vez de ficar pedindo explicação.

- Mudar a sua atitude para uma atitude de humildade.

- Na conclusão do livro, Jó alcança os propósitos de Deus para a sua provação.

Conclusão

Qual a resposta para o desafio de Satanás? Jó temia a Deus em vão? A resposta impressionante é não. Jó não servia a Deus à toa. Ele aprendeu que o benefício real de sua piedade não eram a saúde, a riqueza e os filhos; era o próprio Deus.

E Jó agora sabia que podia confiar que Deus faria todas as coisas da maneira certa, mesmo que custasse tudo o que ele possuía. Mas ele ainda possuía a Deus.

Quando relemos a fala de Deus através do redemoinho, tiramos três conclusões a respeito do sofrimento de Jó:

1. Não aparece a intenção de revelar a Jó a causa dos seus sofrimentos. Deus não podia explicar alguns aspectos do sofrimento humano, no momento em que acontece, sem o risco de destruir o próprio objetivo que esse sofrimento é destinado a cumprir.

2. Deus se envolve com a realidade do ser humano: Jó e o seu sofrimento são suficientes para que Deus fale com ele.

3. O propósito de Deus também era o de levar Jó a abrir mão da sua justiça própria, da sua defesa própria e da sabedoria auto-suficiente, de forma que pudesse buscar esses valores em Deus.

ESTUDE MAIS:

Quais as lições que aprendemos sobre Satanás neste livro?

Qual a ligação entre doença e pecado?

Por que pressupomos que estamos sendo punidos por algum pecado sempre que nos surgem as adversidades?

Qual a diferença entre servir a Deus por ele mesmo e servi-lo para livrar-se de problemas e dificuldades? 

Como Jó nos ajuda a ver essa diferença?

Por que o livro dá tanto espaço ao debate entre Jó e seus amigos?


SALMOS

Autor

O Livro de Salmos é uma compilação de diversas coleções antigas de cânticos e poesias próprias para o uso tanto no culto congregacional quanto para a devoção particular. Em algumas coleções, os compiladores antigos reuniram a maior parte dos maravilhosos cânticos de Davi. Em outras, eles coletaram salmos de uma variedade de autores, como Moisés, Asafe, Hemã, os filhos de Corá, Salomão, Etã e Jedutum. Muitos são de fonte desconhecida. Os estudiosos judeus os chamam de ―salmos órfãos‖.

Os títulos dos vários salmos relacionam 73 deles a Davi, dois a Salomão (72 e 127), doze aos filhos de Core (42, 43, 44-49, 84, 85, 87), doze a Asafe (Sl. 50, 73-83), um a Hemã (Sl. 88 - 1 Rs 4.31), um a Etã (Sl. 89 - 1 Cr 15:19), e um a Moisés (Sl. 90). Os 48 salmos restantes são anônimos. A maioria dos salmos foram escritos durante o tempo de Davi e Salomão (10° século a.C.)

VOCÊ SABIA?

- Os Salmos são mencionados 90x no Novo Testamento, mais do que qualquer outro livro.

- A palavra "selá’ significa, evidentemente, uma pausa musical. Portanto, não deve ser lida.

- Os Salmos foram o cântico de Israel, o hinário da nação.

- Os Salmos apresentam Jesus de maneira semelhante aos evangelhos:

   - Rei (Mateus) 2; 18; 20; 21; 24; 47; 110; 132.

   - Servo (Marcos) 17; 22; 23; 40; 41; 69; 109.

   - Filho do Homem (Lucas) 8; 16; 40.

   - Filho de Deus (João) 19; 102; 118.

Data

Os salmos devem ser considerados individualmente. Podem ter sido escritos em datas que vão desde o êxodo até a restauração depois do exílio babilônico, isso dependendo da época em que vivera seu autor.

Mas as coleções menores parecem haver sido reunidas em períodos específicos da história de Israel: o reinado do rei Davi (1Cr 23.5); o governo de Ezequias (2 Cr 29.30); e durante a liderança de Esdras e Neemias (Ne 12.24). Esse processo de compilação ajuda a explicar a duplicação de alguns salmos. Por exemplo, 14 é similar ao 53.

Classificação dos Salmos

Ao estudar um Salmo, é preciso fazer as seguintes perguntas:

Ele era cantado por indivíduos ou pela congregação?

Qual o propósito do Salmo?

- Louvor;

- Clamor por socorro;

- Ação de graças;

- Admoestação.

- Ele menciona algum tema especial, tal como o rei e a casa real ou Sião?

CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS

Salmos de lamentação

3,4,5,6,7,9,10,12,13,14,17,22,25,26,28,30,31,35,36,38,39,41,42,43,44,51,53,54,55,56,57,58,59,60,61,64,69,70,71,74,77,79,80,83,8,86,88,90,94,102,109,120,123,125,126,129,130,137,139,140,141,142,143,144. A maioria destes salmos são imprecatórios. Subdivisões podem ser alistadas: contra acusações falsas (3,4,5,7,17,26); contra inimigos do corpo, isto é, doenças (6,22,28,30,31.9-12). A maioria termina com um grito de vitória, mas alguns em desespero (como 31.9-12; 38; 88; 123). A categoria de lamentação é, por muito, a maior.

Salmos de ação de graça e louvor

18,19,21,30,32,40,46,48,65,66,67,75,76,84,89,100,103,104,107,111,116,136,138,146,147,148,149

Hinos majestáticos

8,36,46,65,66,76,93,95,96,97,98,99,100,103,104,111,113,115,135,145,146,147,148,149,150. Alisto uma representação de salmos musicados de qualidade excepcional

Salmos reais

2,18,20,21,45,47,72,89,93,96,97,98,99,101,110,132,144

Salmos messiânicos

2,8,16,22,23,24,40,45,68,69,72,89,102,110,118

Salmos litúrgicos

24,50,68,81,82,95,108,115,121,132,134,135,136,145,146,147,148,149,150. Estes salmos e, sem dúvida, outros, foram musicados e utilizados nos ritos e cerimônias da adoração pública do templo

Salmos de sabedoria

1,19,36,37,49,73,91,96,97,112,119,127,128,133. Porções de outros refletem esta categoria: 34 e 36 servem de exemplo.

Salmos de história sagrada

78,105,106,124,126,135,136. Estes salmos provavelmente eram utilizados em festas de celebração

Chamada à adoração

29,33,46,89,97,98,113,135. Tais salmos são associados, intimamente, aos salmos intimamente, aos salmos litúrgicos e podem ser assim classificados

Salmos de confiança

4,11,16,23,27,62,131. Muitos outros salmos têm elementos de confiança, embora não pertençam a esta categoria como unidades

Cânticos de Sião

48,76,84,87,122,125

Louvor à lei

1,19,119 e porções de muitos outros.

Salmos implorando proteção e dando louvor

31,39 e muitos versículos de outros salmos que não são especificamente desta classificação.

Tipos mistos -  Diversas classificações podem ser dadas a partes de salmos em que nenhuma única classificação domina.

Oração implorando vitórias - Em batalhas 20 e partes de muito outros. A guerra inspirava receio, e o receio inspirava gritos (orações), implorando ajuda.

Salmos didáticos - 1,15,32,78,105,106,135,136. Estes salmos servem para ensinar lições importantes

Doxologia de louvor - 117, 150 e versículos individuais de outros salmos.

Salmos Penitencias - Na liturgia da igreja cristã, vários salmos são utilizados para expressar remorso ou tristeza por causa de certos pecados cometidos. O cristão sincero se arrepende de tais atos e condições. Os sete salmos penitenciais são : a) ira: Salmo 6; b) orgulho: Salmo 32; c) glutonaria: Salmo 39; d) sensualidade; Salmo 51; avareza: Salmo 102; f) inveja: Salmo 130; g) preguiça: Salmo 143.

Conteúdo

Os Salmos eram o hinário de Israel para muitos rituais e cerimônias. Eram veículos de expressão do povo através de uma gama de experiências que os tornava aptos a apresentar os sentimentos e pedidos ao Senhor em termos significativos e intensos. Foram escritos como reações sinceras diante de Deus, ao experimentarem as inúmeras alegrias, tristezas e provações da vida.

Os Salmos contêm mais do que cânticos para o templo e hinos de louvor. Ele inclui alegrias, lamentações, orações pessoais e patrióticas, petições, meditações, instruções e tributos em acrósticos sobre temas nobres.

Os salmos são divididos em cinco livros, cada um dos quais termina com uma doxologia. A nota inicial de cada Salmo contém um resumo do seu conteúdo :

1º livro ----------------- Salmos - 1 a 41

A maioria dos cânticos são atribuídos a Davi.

2º livro ----------------- Salmos - 42 a 72

É uma coleção de cânticos por, de, ou para os filhos de Coré, Asafe, Davi e Salomão; nessa coleção, quatro escritos permanecem anônimos.

3º livro ----------------- Salmos - 73 a 89

É marcado por uma grande coleção de cânticos de Asafe. Asafe foi o chefe dos cantores do rei Davi (1Cr 16.4-7).

4º livro ----------------- Salmos - 90 a 106

Embora não tenha os seus autores citados, Moisés, Davi e Salomão também colaboraram.

5º livro ----------------- Salmos - 107 a 150

Registram-se vários cânticos de Davi. A série de cânticos chamada de Hallel Egípcio (Sl 113-118) também está no 5º Livro.

CRISTO NOS SALMOS

Uma das questões mais polêmicas enfrentadas pelos intérpretes do livro de Salmos é como compreender as muitas referências ao "rei" ou "ungido" (heb. Messias). Essas referências falam de um rei humano do antigo Israel ou apontam para Jesus, no futuro, como o Rei e Messias ideal?

Os autores bíblicos escreveram sobre pessoas e situações da vida real. O rei desempenhava função da maior importância na vida nacional do antigo Israel. Mais de 60 referências nos salmos destacam o prestígio do rei. Os primeiros leitores dos salmos naturalmente entendiam que essas referências falavam do rei humano, cuja função era importantíssima na vida cotidiana deles. Uma vez que o significado básico de um texto é o que o autor pretendia que os primeiros leitores entendessem, "rei" em Salmos refere-se primeiramente a um rei humano do antigo Israel.

É possível que referências ao ―rei‖ ou ―ungido‖ falem do rei humano e também apontem para Jesus, no futuro, como o rei ideal.

A única passagem clara que descreve um rei humano em seu contexto no A.T., o qual é visto como o rei messiânico ideal num texto subsequente, é o salmo 2. (Hb 1.5 considera esse salmo explicitamente messiânico.) Assim, o rei humano no salmo 2 funcionava como um tipo, ou seja, alguém que possuía valor no próprio ambiente histórico, mas também servia como prenúncio ordenado por Deus de alguém que viria mais tarde na revelação bíblica.

Em termos genéricos, as referências ao rei em Salmos falam do rei humano na época do autor bíblico. Por vezes, a referência ao rei era originariamente dirigida a um rei humano, mas passou a ser aplicada ao Messias ideal. Em um salmo (SI 110), o rei não pode ser ninguém senão o Rei dos reis messiânico ideal.

O sobrescrito do salmo 110 retrata-o como descendente de Davi. Surpreendentemente, o primeiro versículo fala de um sucessor de Davi como seu senhor. No antigo Israel, isso era inconcebível. Davi fora o maior rei, padrão pelo qual seus sucessores eram avaliados. Bem cedo na história de Israel, essa passagem passou a ser compreendida como uma profecia do Messias vindouro. Jesus interpretou Salmos 110.1 desse modo numa discussão com os fariseus (Mt 22.41-45; Mc 12.35-37; Lc 20.41-44). O enigma de Jesus -"Davi chama-lhe Senhor; como, pois, é ele seu filho?"- capta o mistério da encarnação. Jesus é o Filho de Davi, mas também mais que Filho de Davi (Rm 1.3-4)

Conclusão

Os salmos ajudam os fiéis de hoje a compreender a Deus, a si mesmos e ao relacionamento que têm com Deus. Os salmos retratam Deus como o Criador digno de louvor e capaz de usar o poder criativo para resgatar seu povo da aflição presente. Os salmos retratam Deus como o justo juiz de todo o mundo, que recompensa o justo e se opõe ao perverso. As orações que amaldiçoam os inimigos do salmista devem ser compreendidas em parte como afirmações da justiça de Deus e da certeza de seu julgamento. Os salmos retratam Deus como o amigo fiel dos oprimidos. Os salmos oferecem uma perspectiva renovada da fidelidade de Deus ao longo da história de Israel. Destacam as promessas de Deus a Davi e seus descendentes, promessas que têm cumprimento final apenas em Cristo.

Os salmos retratam toda gama de emoções humanas: alegria, desespero, culpa, consolo, amor, ódio, gratidão e insatisfação. Lembram-nos, portanto, de que toda a vida está sob a soberania de Deus. Os salmos também ilustram um amplo espectro de reações humanas diante de Deus: louvor, confissão, pedidos de socorro, ação de graças. Os salmos, pois, servem como livro-guia para o culto cristão, tanto público como particular.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POSTAGEM EM DESTAQUE

MISSIOLOGIA / INTRODUÇÃO

MISSIOLOGIA / INTRODUÇÃO A Missiologia estuda a teologia da missão baseada nos fundamentos bíblicos, abordando elementos de espiritual...

Postagens mais visitadas