terça-feira, 7 de abril de 2020

BIBLIOLOGIA - A BÍBLIA - A ORIGEM DOS VOCÁBULOS / CONCEITO GERAL / MATERIAIS USADOS PARA ESCREVER

BIBLIOLOGIA - A BÍBLIA - A ORIGEM DOS VOCÁBULOS

A BÍBLIA - ORIGEM E VOCÁBULOS

1.1 Origens Da Escrita

Tem sido difícil determinar com exatidão, onde, como e quando a escrita teve a sua origem. A escrita se originou quando o ser humano sentiu a necessidade de guardar seus feitos para que a posteridade os conhecesse. A escrita primitiva foi pictográfica onde figuras representavam objetos. Logo a seguir aparece à ideográfica, assim chamada pelo fato das figuras representarem idéias. Num terceiro estágio aparece o fonograma – figuras representando sons. Dos povos antigos, os dois que mais se destacaram, no desenvolvimento da escrita, foram os babilônicos e os egípcios. Cada um destes teve a sua destacada e particular escrita : os babilônicos criaram a escrita cuneiforme, assim denominada por consistir de pequenas cunhas, feitas especialmente em pedras; enquanto os egípcios usavam pequenas figuras para representar objetos e idéias, os famosos hieróglifos. A história nos relata que a decifração dessas escritas exigiu muito esforço e concentração. A escrita cuneiforme foi decifrada pelo oficial inglês Henrique Rawlinson, após 18 anos de labores intensos. Quanto à escrita hieroglífica, todos sabem que foi Champollion, o notável egiptólogo francês, o primeiro a desvendar-lhe os mistérios.

1.1.1 A Escrita Cuneiforme

A princípio, certa espécie de marca representava uma palavra inteira, ou uma combinação de palavras. Desenvolvendo-se a arte de escrever, passou a haver 'marcas' que representavam partes de palavras, ou sílabas. Era este o gênero de escrita em uso na Babilônia no alvorecer do período histórico. Havia mais de 500 marcas diferentes, com umas 30.000 combinações.

Geralmente, essas marcas se faziam em tijolos ou placas de barro macio (úmido), medindo de 2 a 50 centímetros de comprimento, uns dois terços de largura, e escritos de ambos os lados; depois eram secados ao sol ou cozidos no forno. Por meio dessas inscrições cuneiformes, em placas de barro, é que chegou até nós a vasta literatura dos primitivos babilônios.

1.1.2 Origem Do Alfabeto

Tem sido um assunto bastante controvertido a origem do alfabeto. Em geral se aceita que o alfabeto de 22 letras foi inventado pelos fenícios e por eles levado aos gregos e depois aos latinos. Até a pouco se afirmava que a descoberta do alfabeto tinha sido pelos séculos XII ou XI a.C., sendo este argumento apresentado para provar que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco, visto que em seu tempo não tinham ainda inventado a arte de escrever.

Ira M. Price no livro The Ancestry of Our English Bible, p. 13, escreveu: "A escrita é muito antiga na Palestina [...] O trabalho dos arqueólogos nos mostra muitos exemplos de escrita antes de Moisés". Escavações arqueológicas em Ur têm provado que Abraão era cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur os meninos aprendiam leitura, escrita, aritmética e geografia.

Três alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que são bem anteriores ao tempo de Moisés (1.500 a.C.). Estudiosos modernos, baseados em evidências irrefutáveis, sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética para escrever o Pentateuco. O arqueólogo W. F. Albright datou esta escrita de início do século XV a.C. (tempo de Moisés). Interessante é notar que esta escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a incumbência de escrever seus livros. Em Êxodo 17.14 encontramos a ordem divina para que Moisés escrevesse num livro.

Note-se ainda a frase de Merril Unger sobre a escrita do Antigo Testamento : "A coisa importante é que Deus tinha uma língua alfabética simples, pronta para registrar a divina revelação, em vez do difícil e incômodo cuneiforme de Babilônia e Assíria, ou o complexo hieróglifo do Egito". Sobre o problema de Moisés ter escrito ou não seus livros vale acrescentar o que escreveu o Dr. Renato Oberg : "Os primeiros livros da Bíblia a serem escritos foram os que compõem o Pentateuco e o de Jó, sendo a autoria deles atribuída a Moisés pela tradição judaica que, por sua vez, é aceita sem contestação por grande número de cristãos. O Talmude Babilônico afirma que 'Moisés escreveu o seu próprio livro e as passagens e respeito de Balaão e Jó' (SDABC, vol. III, p. 493).

Como vimos, nem todos aceitam Moisés como sendo o real autor destes livros, especialmente o de Jó. Os que o fazem, dão Jó como tendo sido o primeiro dos livros escritos, e Moisés o teria feito quando pastoreava os rebanhos do seu sogro nas campinas de Midiã, após ter fugido do Egito. Os cinco livros que compõem o Pentateuco foram escritos posteriormente. Os que não aceitam esta tese, já escreveram muito a respeito do assunto, procurando arrazoar com argumentos os mais variados. Inclusive a diferença de estilo entre os livros e até dentro de cada um deles.

Um dos argumentos mais fortes, porém senão o mais forte de todos, foi o que começou a dominar desde o fim do último quartel do século passado, quando Wellhausen, professor da Universidade de Greifswald, chegou a afirmar que se fosse tão-somente possível saber que Moisés pudesse escrever, seria ridículo não aceitá-lo. Evidentemente, segundo tudo o que se conhecia até então, quando as primeiras grandes descobertas arqueológicas começaram a empolgar o mundo e quando se dizia que tudo tem de ser decidido pela razão, tinha-se como certo que a invenção do nosso alfabeto se devia aos fenícios que o tinham criado no empenho de facilitar suas transações comerciais pelo mundo todo. Foi então que a decifração dos hieróglifos feita por Champollion revelou o conteúdo de uma série enorme de documentos com sinais tidos por muitos como decoração e misticismo religioso, e cujo conteúdo era, até então, desconhecido completamente. Ora sendo o alfabeto inventado pelos fenícios, cuja existência foi bem posterior à de Moisés, e se as escritas anteriores, hieróglifos e cuneiformes, foram apenas decifradas no século passado, como poderia Moisés ter escrito aqueles livros ? Se o tivesse feito, só o poderia fazer em hieróglifos, língua na qual a própria Bíblia diz que Moisés era perito (At 7.22) e, neste caso ela, a Bíblia do Velho Testamento, teria ficado desconhecida por nós até Champollion ! Daí a frase de Wellhausen.

Acontece, porém, que no princípio do século XX ou, mais precisamente, nos anos de 1904 e 1905, Sir Flinders Petrie, fazendo escavações na Península do Sinai, patrocinadas pela Escola Britânica de Arqueologia no Egito, descobriu algumas inscrições muito diferentes do cuneiforme, mas embora aparentassem alguma semelhança com o hieróglifo, não o eram, em absoluto. O caso despertou enorme interesse entre os que cuidavam do assunto, especialmente quando começaram a aparecer mais vasos e óstracos (cacos de vasos com inscrições) portadores de sinais idênticos, em outros lugares na Palestina. Para encurtar a história, os estudos que arqueólogos famosos como, inclusive, W. F. Allbright fizeram, esclareceram completamente o caso e hoje se sabe perfeitamente que os sinais descobertos por Flinders Petrie pertencem à escrita chamada de proto-fenícia, proto-sinaítica ou cananita e [...] era alfabética ! Com esta descoberta, a origem do nosso alfabeto se transportava da época dos fenícios para a dos seus antecessores, séculos antes, os cananitas que viveram no tempo de Moisés e antes dele. Foram estes antepassados dos Fenícios que simplificaram a escrita, passando a usar o alfabeto em lugar dos hieróglifos, isto é, sinais que representam sons ao invés de sinais que representam idéias. Para nós, porém, assume importância igualmente grande o fato de estes cananitas, inventores da escrita alfabética, serem justamente os da região onde Moisés pastoreava as ovelhas do seu sogro. Convém, portanto que os conheçamos um pouco mais.

A partir da XII dinastia, os egípcios começaram a explorar as minas de cobre e turquesa da região do Sinai, e uma das maiores delas ficava em Serabitel-Khaden, acerca de oitenta quilômetros do tradicional Monte Sinai, onde foram dados os Dez Mandamentos. Em termos de jornada, esta região distava cerca de três dias de viagem do Egito. Neste local trabalhavam para os egípcios muitos semitas que praticavam uma religião muito semelhante à dos israelitas, tal como pôde ser observado pelos restos deixados por eles e descobertos pelos arqueólogos. Esta região era a mesma naquele tempo conhecida também pelo nome de 'Terra de Midiã', para onde Moisés fugiu da presença de Faraó (Êx 2.15). Com estas descobertas, perderam sua razão de ser muitos dos argumentos contrários à Bíblia feitos pela Crítica Histórica, porque se verificou que a história bíblica daquele período passou a ser perfeitamente compreensível dentro dos costumes da época, inclusive a boa convivência de Moisés com o sacerdote Jetro, cujas religiões eram fundamentalmente as mesmas.

Ora vivendo Moisés quarenta anos nesta região, é óbvio que tomou contato com a escrita rude daquele povo, viu nela a escrita do futuro e passou a usá-la por duas grandes razões que teria julgado decisivas: a primeira foi a impressão grandiosa que teve de usar uma língua alfabética para seus escritos e que se compunha apenas de vinte e dois sinais bastante simples comparados com os ideográficos que aprendera nas Escolas do Egito; a outra teria sido o fato de compreender que estava escrevendo para seu próprio povo, cuja origem era semita como a dos habitantes da terra onde vivia, tendo estes uma religião idêntica à dos primeiros, ambas, porém, deturpadas pelas influências pagãs e oriundas do pecado; seus leitores seriam homens e mulheres, moços e moças do povo, especialmente israelitas que, não sendo versados em hieróglifos por causa da sua posição de escravos no Egito, aprenderam com muito mais facilidade os poucos e simples sinais alfabéticos que representavam sons do que os inúmeros e complicados hieróglifos que representavam idéias.

BIBLIOLOGIA - CONCEITO GERAL

CONCEITO GERAL DE BIBLIOLOGIA

O nosso assunto é o estudo introdutório e auxiliar das Sagradas Escrituras, para sua melhor compreensão. É também chamado Isagoge nos cursos superiores de Teologia. Este estudo auxilia grandemente a compreensão dos fatos da Bíblia. Um ponto saliente nele é a história de como a Bíblia chegou até nós. A necessidade desse estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a nós por canais humanos, tornando-se, assim, divino-humano, como também o é a Palavra Viva : Cristo, que se tornou também divino-humano (Jo 1.1; Ap 19.13).

Através da Bíblia, Deus se revela em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Por essa razão, a Bíblia faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela menciona países, montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas, plantas, produtos, minérios, comércio, dinheiro, línguas, raças, usos, costumes, culturas etc. Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, adaptando-a ao modo humano de perceber as coisas.

A Bíblia é, sem dúvida, um dos mais apreciados legados literários da humanidade. Contudo o seu valor não se firma de maneira substancial no fato literário. A riqueza da Bíblia consiste no caráter essencialmente religioso da sua mensagem, que a transforma no livro sagrado por excelência, tanto para o povo de Israel quanto para a Igreja cristã. Nessa coleção de livros, a Lei se apresenta como uma ordenação divina (Êx 20; Sl 119), os Profetas têm a consciência de serem portadores de mensagens da parte de Deus (Is 6; Jr 1.2; Ez 2-3) os Escritos ensinam que a verdadeira sabedoria encontra em Deus a sua origem (Pv 8.22-31).

Esses valores religiosos aparecem não só no título de Sagradas Escrituras, mas também na forma que Jesus e, em geral, os autores do Novo Testamento se referem ao Antigo, isto é, aos textos bíblicos escritos em épocas precedentes. Isso ocorre, por exemplo, quando lemos que Deus fala por meio dos profetas ou por meio de algum dos outros livros (Mt 1.22; 2.15; Rm 1.2; 1 Co 9.9) ou quando os profetas aparecem como aquelas pessoas mediante as quais “se diz” algo ou “se anuncia” algum acontecimento, forma hebraica de expressar que é o próprio Deus quem diz ou anuncia (Mt 2.17; 3.3; 4.14); também quando se afirma a permanente autoridade das Escrituras (Mt 5.17-18; Jo 10.35; At 23.5), ou quando as relaciona especialmente com a ação do Espírito Santo (At 1.16; 28.25). Formas magistrais de expressar a convicção comum a todos os cristãos em relação ao valor das Escrituras são encontradas em passagens como 2 Tm 3.15-17 e 2 Pe 1.19-21.

A Igreja cristã, desde as suas origens, tem descoberto na mensagem do evangelho o mesmo valor da palavra de Deus e a mesma autoridade do Antigo Testamento (Mc 16.15-16; Lc 1.1-4; Jo 20.31; 1 Ts 2.13), por isso, em 2 Pe 3.16, se equiparam as epístolas de “nosso amado irmão Paulo” (v.15) às “demais Escrituras”. Gradativamente, a partir do século II d.C., foram sendo reconhecidos os 27 livros que formam o Novo Testamento a sua categoria de livros sagrados e, em conseqüência, a plenitude da sua autoridade definitiva e o seu valor religioso.

Tal reconhecimento, que implica o próprio tempo da presença, direção e inspiração do Espírito Santo na formação das Escrituras, não descarta, em absoluto, a atividade física e criativa das pessoas que redigiram os textos. Elas mesmas se referem a essa atividade em diversas ocasiões (Ec 1.13; Lc 1.1-4; 1 Co 15.1-3,11; Gl 6.11). A presença de numerosos autores materiais é, precisamente, a causa da extraordinária riqueza de línguas, estilos, gêneros literários, conceitos culturais e reflexões teológicas que caracterizam a Bíblia

A expressão “a palavra de Deus” (também “a palavra do Senhor”, ou simplesmente “a palavra”) possui várias aplicações na Bíblia. Obviamente, refere-se, em primeiro lugar, a tudo quanto Deus tem falado diretamente. Quando Deus falou a Adão e Eva (Gn 2.16,17; Gn 3.9-19), o que Ele lhes disse era, de fato, a palavra de Deus. De modo semelhante, Ele se dirigiu a Abraão (Gn 12.1-3), a Isaque (Gn 26.1-5), a Jacó (Gn 28.13-15) e a Moisés (Êx 3-4). Deus também falou à totalidade da nação de Israel, no monte Sinai, ao proclamar-lhe os dez mandamentos (Êx 20.1-19). As palavras que os israelitas ouviram eram palavras de Deus.

Além da fala direta, Deus ainda falou através dos profetas. Quando eles se dirigiam ao povo de Deus, assim introduziam as suas declarações : “Assim diz o Senhor”, ou “Veio a mim a palavra do Senhor”. Quando, portanto, os israelitas ouviam as palavras do profeta, ouviam, na verdade, a palavra de Deus.

A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apóstolos falaram no Novo Testamento. Embora não introduzissem suas palavras com a expressão “assim diz o Senhor”, o que falavam e proclamavam era, verdadeiramente, a palavra de Deus. O sermão de Paulo ao povo de Antioquia da Pisídia (At 13.14-41), por exemplo, criou tamanha comoção que, “no sábado seguinte, ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus” (At 13.44). O próprio Paulo assegurou aos Tessalonicenses que, “havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como palavra de Deus” (1 Ts 2.13; At 8.25).

Além disso, tudo quanto Jesus falava era palavra de Deus, pois Ele, antes de tudo, é Deus (Jo 1.1,18; 10.30; 1 Jo 5.20). Lucas, escritor do terceiro evangelho, declara explicitamente que, quando as pessoas ouviam a Jesus, ouviam na verdade a palavra de Deus (Lc 5.1). Note como, em contraste com os profetas do ANTIGO TESTAMENTO, Jesus introduzia seus ditos : Eu “vos digo...” (Mt 5.18, 20, 22, 23, 32, 39; 11.22, 24; Mc 9.1; 10.15; Lc 10.12; 12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras, Ele tinha dentro de si mesmo a autoridade divina para falar a palavra de Deus. É tão importante ouvir as palavras de Jesus, pois “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação” (Jo 5.24). Jesus, na realidade, está tão estreitamente identificado com a palavra de Deus que é chamado “o Verbo” [“a Palavra”] (Jo 1.1,14; 1 Jo 1.1; Ap 19.13-16; Jo 1.1). A palavra de Deus é o registro do que os profetas, apóstolos e Jesus falaram, isto é, a própria Bíblia. No Novo Testamento, quer um escritor usasse a expressão “Moisés disse”, “Davi disse”, “o Espírito Santo diz”, ou “Deus diz”, nenhuma diferença fazia (At 3.22; Rm 10.5, 19; Hb 3.7; 4.7); pois o que estava escrito na Bíblia era, sem dúvida alguma, a palavra de Deus.

Mesmo não estando no mesmo nível das Escrituras, a proclamação feita pelos autênticos pregadores ou profetas, na igreja de hoje, pode ser chamada a palavra de Deus. Pedro indicou que, a palavra que seus leitores recebiam mediante a pregação, era palavra de Deus (1 Pe 1.25), e Paulo mandou Timóteo “pregar a Palavra” (2 Tm 4.2). A pregação, porém, não pode existir independentemente da Palavra de Deus. Na realidade, o teste para se determinar se a palavra de Deus está sendo proclamada num sermão, ou mensagem, é se ela corresponde exatamente à Palavra de Deus escrita.

O que se diz de uma pessoa que recebe uma profecia, ou revelação, no âmbito do culto de adoração (1 Co 14.26-32) ? Ela está recebendo, ou não, a palavra de Deus ? A resposta é um “sim”. Paulo assevera que semelhantes mensagens estão sujeitas à avaliação por outros profetas. Todavia, há a possibilidade de tais profecias não serem palavras de Deus (1 Co 14.29 “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”). É somente em sentido secundário que os profetas, hoje, falam sob a inspiração do Espírito Santo; sua revelação jamais deve ser elevada à categoria da inerrância (1 Co 14.3).

BIBLIOLOGIA - MATERIAIS USADOS PARA ESCREVER

Manuscritos

Vulgarmente os dicionários registram MANUSCRITO como "escrito à mão". Em sentido técnico, esse nome refere-se à volumosa bagagem de rolos ou fragmentos escritos à mão com textos das Escrituras Sagradas. Em um sentido mais particular, alude aos escritos do Antigo e Novo Testamentos, desde os tempos patriarcais até à invenção da imprensa, na metade do século XV. De conformidade com o Prof. Antonio Gilberto (1996, p.74,75), “desde os tempos mais remotos o homem tem usado vários materiais e técnicas sobre as quais tentava de alguma forma passar idéias, fatos de geração a geração”, alguns dos materiais usados foram :

a) Pedra.

Os caracteres eram gravados nas colunas dos templos, como os de Lúxor e Camaque, no Egito; ou em cilindros, como o código de Hamurabi; ou nas rochas, como em Persépolis; ou mesmo em lápides, como a pedra Roseta, decifrada por Champolion, nos dias de Napoleão.

b) Cerâmica.

Material usado desde tempos imemoriais na região da Mesopotâmia. Dois tipos de cerâmica têm sido encontrados pelos arqueólogos: seca ao sol e seca ao forno.

c) Linho.

Tem sido encontrado nas descobertas arqueológicas

d) Tábuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63).

e) Papiro.

O papiro se destaca como o principal material antigo usado para escrever. Planta originária do Egito, muito comum nas margens lodosas do Nilo, e usada abundantemente na preparação de uma espécie de papel. Ele só cresce em terrenos alagadiços, por isso em Jó 8.11 há a seguinte pergunta: Pode o papiro crescer sem lodo? Normalmente se escrevia só de um lado do papiro e as folhas mais longas eram enroladas. Estes rolos recebiam o nome de volumes, palavra do latim – volvere que significa enrolar. Os egípcios guardavam cuidadosamente o segredo da preparação do papiro para a escrita. No século VI a.C. começaram a exportá-lo para a Grécia e depois para outros povos que habitavam nas margens do Mediterrâneo, onde se criou um importante comércio desta especialidade, mormente na cidade da Biblos. Quem hoje chega ao Cairo, capital do Egito, pode visitar às margens do rio Nilo um navio-escola, onde se prepara o papiro com finalidades culturais e turísticas, mas não comerciais. The Interpreter's Dictionary of the Bible, vol. 3, p. 649, diz o seguinte sobre o papiro: "O papel, palavra derivada de papiro, era preparado de finas faixas da parte interior da folha do papiro arranjadas verticalmente, com outra camada aplicada horizontalmente em cima. Um adesivo era empregado (Plínio diz que era água do Nilo!) e pressão aplicada para ligá-las formando uma folha. Após secar, era polida com instrumentos de concha ou pedra; depois as folhas eram atadas, formando rolos".

f) Pergaminho.

A preparação do pergaminho para receber a escrita tem uma interessante história. De acordo com a História Natural de Plínio, o Velho (Livro XIII, capítulo XXI), foi o rei Eumene de Pérgamo, uma cidade da Ásia Menor, quem promoveu a preparação e o uso do pergaminho. Este rei planejou fundar uma biblioteca em sua cidade, que se rivalizasse com a famosa biblioteca de Alexandria. Esta ambição não agradou a Ptolomeu do Egito, que imediatamente proibiu a exportação de papiro para Pérgamo. Esta proibição forçou Eumene a preparar peles de carneiro ou ovelha para receber a escrita, dando-lhe o nome do lugar de origem – pergaminho. O pergaminho era muito superior ao papiro, por causa da maior durabilidade. Os principais manuscritos bíblicos estão escritos em Pergaminhos. Paulo na sua segunda Epístola a Timóteo (4.13) roga ao jovem ministro para que lhe trouxesse os pergaminhos. Em grego a palavra não é pergaminho, mas membrana. O pergaminho continuou a ser usado até o fim da Idade Média quando o papel inventado pelos chineses e introduzido na Europa pelos comerciantes árabes tornou-se popular, suplantando todos os outros materiais da escrita. Os judeus eram bastante cuidadosos com a preparação de manuscritos destinados a receber os escritos sagrados, exigindo que a pele fosse de animal limpo e preparada por um judeu.

g) Palimpsesto.

Em virtude de crises econômicas o pergaminho tornava-se muito caro, era então raspado, lavado e usado novamente. Estes manuscritos eram chamados palimpsestos (do grego palin = de novo e psesto = raspado). Um famoso manuscrito – o Códice Efraimita está escrito em um palimpsesto. Por meio de reagentes químicos e raios ultravioletas eruditos têm conseguido fazer reaparecer a escrita primitiva desses palimpsestos. Dos 250 manuscritos unciais conhecidos hoje, do Novo Testamento, 52 são palimpsestos.

Caracteres Dos Manuscritos

Na antiguidade havia dois tipos distintos de escrita em grego: o cursivo e o uncial. O cursivo, escrita rápida, empregado em escritos não literários, tais como: cartas, pedidos, recibos. Neste tipo de escrita eram comuns as contrações e abreviações. O uncial, usado mais em obras literárias, caracterizava-se por serem as letras maiores e separadas umas das outras. Assemelhar-se-iam às nossas letras maiúsculas. Os manuscritos bíblicos apresentam estes dois tipos de escrita, porém, não nos devemos esquecer que os principais se encontram em letras unciais.

No início do século IX a.D., houve uma reforma na maneira de escrever e uma escrita com letras pequenas, chamadas minúsculas, era usada na produção de livros. Letras minúsculas, economizando tempo e material, faziam com que os livros ficassem mais baratos e pudessem ser adquiridos por maior número de pessoas. Nos manuscritos bíblicos primitivos, normalmente, nenhum espaço era deixado entre as palavras e até o século VIII a pontuação era pouca usada. De acordo com J. Angus em História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, Vol, I, p. 39, somente no século VIII é que foram introduzidos nos manuscritos alguns sinais de pontuação e no século IX introduziram o ponto de interrogação e a vírgula. Sentidos distintos têm surgido, quando uma simples vírgula é mudada de lugar, como se evidencia da leitura da conhecida passagem: "Em verdade te digo hoje, comigo estarás no paraíso". Muitas outras passagens bíblicas podem ser lidas com sentido totalmente diferente ao ser mudada a sua pontuação como nos confirmam os seguintes exemplos: "Ressuscitou, não está aqui." "Ressuscitou? não, está aqui." "A voz daquele que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor"; "A voz daquele que clama: no deserto preparai o caminho do Senhor."

Manuscritos Gregos

a) Papiros.

O texto do Novo Testamento continuou sendo escrito sobre papiro até ao século VII. Mas sabemos que a partir do século IV já se usava o pergaminho. Há nada menos de 76 papiros que contêm porções do Novo Testamento.

b) Unciais e Cursivos.

Existia uma variedade de escritos unciais e cursivos. Há 252 cópias unciais, atribuídas de 4 a 9 e mais ou menos 2646 cópias em cursivos, de 9 a 11 d.C.

c) Lecionários.

Igualmente escritos em pergaminho. Há 1997 cópias. Eram leituras escolhidas do texto do Novo Testamento, para serem lidas nas reuniões públicas nas igrejas. Portanto, há nada menos de cinco mil manuscritos gregos. De todas as obras literárias antigas, nenhuma é tão bem documentada como o Novo Testamento.

d) Ostracas.

Eram pedaços de jarros quebrados, grafados com pequenas porções do Novo Testamento ou de outras obras literárias. Do Novo Testamento há apenas vinte e cinco, com os seguintes textos: Mt 27.31,32; Mc 5.40,41; Lc 12.13-16; Jo 1.1-9,14-17; 18.19-25 e 19.15-17.

e) Amuletos.

Também chamados "talismãs da sorte." Eram pedaços de lança, madeira, barro, pergaminho e papiro, com inscrições, algumas com breves porções do Novo Testamento, inclusive a oração do Pai Nosso. Pertencem aos séculos IV à XIII.

Manuscritos Importantes Do Antigo Testamento

Muitos dos manuscritos medievais do Antigo Testamento exibem uma forma positivamente padronizada do texto hebraico. Essa padronização reflete o trabalho de copistas medievais conhecidos pelo nome de massoretas (500-900 d.C.). O texto resultante desse trabalho é denominado texto massorético. A maioria dos manuscritos importantes, datados do século XI d.C. ou posteriores reflete essa mesma tradição textual básica. Mas, visto que o texto massorético não se firmou até bem depois de 500 d.C., muitas questões relacionadas ao seu desenvolvimento nos séculos precedentes não podiam ser respondidas. Então, a primeira tarefa para os críticos textuais do Antigo Testamento foi comparar as testemunhas antigas, a fim de descobrir como o texto massorético surgiu e como ele e os testemunhos antigos da Bíblia hebraica estão relacionados, o que nos leva à primeira tarefa da crítica textual: a compilação de todos os registros possíveis dos escritos bíblicos.

Todas as fontes primárias das Escrituras hebraicas são manuscritos (grafados à mão), geralmente escritos em peles de animais, em papiros ou, às vezes, em metais. O fato de serem escritos à mão é fonte de muitas dificuldades para o crítico textual. O erro humano e a interferência editorial são freqüentemente culpados pelas muitas leituras variantes nos manuscritos do Antigo e do Novo Testamento. Pela razão de os antigos manuscritos estarem escritos em peles ou em papiros, gera-se outra fonte de dificuldades. Devido à deterioração natural, a maioria dos antigos manuscritos subsistentes está fragmentária, difícil de ler [...] Há muitas testemunhas secundárias para o texto primitivo do Antigo Testamento, incluindo traduções para outras línguas, citações usadas tanto por amigos quanto por inimigos da religião cristã e evidências dos primeiros textos impressos. Grande parte das testemunhas secundárias passou por processos similares às testemunhas primárias. Elas também contêm numerosas variantes por causa de erros, não só intencionais como também acidentais, e estão fragmentárias como resultado da degeneração natural. Considerando que as leituras variantes realmente existem nos antigos manuscritos que subsistiram, estes devem ser compilados e comparados. O trabalho de comparar e alistar as leituras variantes é conhecido por colação (COMFORT, 1998, p. 215).

O Texto Massorético

A história do texto massorético é um relato por si mesmo significativo. Esse texto da Bíblia hebraica é o mais completo que existe. Forma a base para nossas modernas Bíblias hebraicas e é o protótipo pelo qual todas as comparações são feitas no estudo textual do Antigo Testamento. É chamado massorético porque, em sua presente forma, foi baseado na Massora, a tradição textual dos eruditos judeus conhecidos como os massoretas de Tiberíades (local dessa comunidade, no mar da Galiléia). Os massoretas, cuja escola de erudição prosperou entre 500 e 1000 d.C. padronizaram o tradicional texto consonantal, adicionando pontos vocálicos e notas marginais (o antigo alfabeto hebraico não tinha vogais).

O manuscrito massorético de data mais antiga é o Códice Cairense (895 d.C. atribu-ído a Moisés ben Aser. Esse manuscrito compreende os livros tanto dos primeiros profetas (Josué, Juízes, Samuel e Reis) quanto dos últimos (Isaías, Jeremias, Ezequiel e os 12 Profetas Menores). O resto do Antigo Testamento está faltando no manuscrito [...] Outro importante manuscrito subsistente atribuído à família Ben Aser é o Códice Alepo. De acordo com nota conclusiva encontrada no manuscrito, Aron ben Moisés ben Aser foi responsável por escrever as notas massoréticas e colocar os pontos vocálicos no texto. Esse manuscrito continha todo o Antigo Testamento e data da primeira metade do século X d.C. De acordo com notícias divulgadas, foi destruído em um tumulto antijudaico em 1947, porém mais tarde tal informe comprovou-se ser apenas parcialmente verdadeiro. Uma grande parte do manuscrito subsistiu e será usada como base para uma nova edição crítica da Bíblia hebraica a ser publicada pela Universidade Hebraica de Jerusalém [...] O manuscrito conhecido como Códice Leningradense, atualmente guardado na Biblioteca Pública de Leningrado, é de especial importância como testemunha ao texto de Ben Aser. Segundo nota contida no manuscrito, esse códice foi copiado, em 1008 d.C., de textos escritos por Aron ben Moisés ben Aser. Visto que o mais antigo texto hebraico completo do Antigo Testamento (o Códice Alepo), não estava disponível aos eruditos no início do século XX, o Códice Leningradense foi usado como base textual para os populares textos hebraicos de hoje: a Bíblia Hebraica, editada por R. Kittel, e sua revisão, a Bíblia Hebraica Stuttgartensia, editada por K. Elliger e W. Rudolf [...] Há um número muito grande de códices de manuscritos menos importantes, que refletem a tradição massorética: o Códice de Petersburgo dos Profetas e os Códices de Erfurt. Também há vários manuscritos que não existem mais, embora tenham sido usados pelos eruditos no período massorético. Um dos mais distintos é o Códice Hillel, tradicionalmente atribuído ao rabino Hillel ben Moisés ben Hillel, de aproximadamente 600 d.C. Esse códice era dito como muito exato e foi usado para a revisão de outros manuscritos. Leituras desse códice são repetidamente citadas pelos antigos massoretas medievais. O Códice Muga, o Códice Jericó e o Códice Jerusalmi, também não mais subsistentes, foram igualmente citados pelos massoretas. [...] A despeito da perfeição dos manuscritos massoréticos da Bíblia hebraica, um importante problema ainda permanece para os críticos do Antigo Testamento. Os manuscritos massoréticos, antigos como são, foram escritos entre um e dois mil anos depois dos autógrafos originais. (COMFORT, 1998, p. 215-219).

Manuscritos Do Mar Morto

Num dia de verão, em 1947, o pastor beduíno árabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos Taa'mireh, que se acampa entre Belém e o Mar Morto, saiu a procura de uma cabra desgarrada nas ravinas rochosas da costa noroeste do referido mar, e encontrou um inestimável tesouro bíblico. Estava o pastor junto à encosta rochosa do uádi Qümramo Ao atirar uma pedra numa das cavernas ouviu um barulho de cacos se quebrando. Entrou na caverna e encontrou uma preciosa coleção de MSS bíblicos: 12 rolos de pergaminho e fragmentos de outros. Um dos rolos era um MS de Isaías do ano 100 a.C., isto é, mil anos mais antigo que os exemplares até então conhecidos. Os rolos estão escritos em papiro e pergaminho e envolvidos em panos de linho. Outras cavernas foram vasculhadas e novos MSS foram encontrados.

Novas luzes estão surgindo na interpretação de passagens difíceis do Antigo Testamento. Exemplos: em Êxodo 1.5, o total de pessoas é 75, concordando assim com Atos 7.14. (O hebraico não tem algarismos para os números e sim letras; daí, para um erro não custa muito) Em Isaías 49.12, o novo MS de Isaías diz "Siene" e não "Sinin". Ora, Siene era uma importante cidade fronteiriça do Egito, às margens do Nilo, junto à Etiópia. É hoje a moderna Assuam, com sua extraordinária represa.

Ezequiel 29.10 e 30.6 referem-se a essa cidade; a versão ARC grafa "Sevené". Muitos eruditos pensavam até agora que o termo "Sinin" de Isaías 49.12 fosse uma alusão à China. É muito confortante saber que os textos desses MSS encontrados concordam com os das nossas Bíblias. Pesquisas revelam que os MSS do mar Morto foram escondidos pelos essênios - seita ascética judaica - durante a segunda revolução dos judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os responsáveis por um grande mosteiro agora descoberto, ao verem aproximar-se as tropas romanas, esconderam ali sua biblioteca! Nas 267 cavernas examinadas, foram encontrados fragmentos de 332 obras, ao todo. Encontraram, inclusive, cartas do líder dessa revolta: Bar Kochba, em perfeito estado, estando sua assinatura bem nítida. Nos MSS encontrados há trechos de todos os livros do Antigo Testamento, exceto Ester.

Escritos Em Blocos De Pedra

Dos escritos em blocos de pedra há documentos que se tornaram famosos pela antiguidade e conteúdo. Dentre estes se destacam: o Código de Hamurábi e a Pedra de Roseta.

Código De Hamurabi

Foi esta uma das mais importantes descobertas arqueológicas que já se fizeram. Hamurabi, rei da cidade de Babilônia, cuja data parece ser 1792-1750 a.C., é comumente identificado pelos assiriólogos com o "Anrafel" de Gn 14, um dos reis que Abraão perseguiu para libertar Ló. Foi um dos maiores e mais célebres dos primitivos reis babilônios. Fez seus escribas coligir e codificar as leis do seu reino; e fez que estas se gravassem em pedras para serem erigidas nas principais cidades. Uma dessas pedras originalmente colocada na Babilônia foi achada em 1902, nas ruínas de Susa (levada para lá por um rei elamita, que saqueara a cidade de Babilônia no século 12 a.C.) por uma expedição francesa dirigida por M. J. de Morgan. Acha-se hoje no Museu do Louvre, em Paris. Trata-se de um bloco lindamente polido de duro e negro diorito, de 2 m 60 cm de altura, 60 cm de largura, meio metro de espessura, um tanto oval na forma, belamente talhada nas quatro faces, com gravações cuneiformes da língua semito-babilônica (a mesma que Abraão falava). Consta de umas 4.000 linhas, equivalendo, quanto à matéria, ao volume médio de um livro da Bíblia; é a placa cuneiforme mais extensa que já se descobriu. Representa Hamurabi recebendo as leis das mãos do rei-sol Chamás: leis sobre o culto dos deuses dos templos, a administração da justiça, impostos, salários, juros, empréstimos de dinheiro, disputas sobre propriedades, casamento, sociedade comercial, trabalho em obras públicas, isenção de impostos, construção de canais, a manutenção dos mesmos, regulamento de passageiros e serviço de transporte pelos canais e em caravanas, comércio internacional e muitos outros assuntos.

A Pedra De Roseta

É a chave da língua egípcia antiga. A língua da antigo Egito era hieroglífica, escrita de figuras, um símbolo para cada palavra. Pelo ano 700 a.C. uma forma mais simples de escrita entrou em uso, chamada 'demótica', mais aproximada do sistema alfabético, e que continuou como língua do povo até aos tempos dos romanos. No 5º século d.C. ambas caíram em desuso e foram esquecidas. De sorte que tais inscrições se tornaram ininteligíveis, até que se achou a chave de sua tradução. Essa chave foi a Pedra de Roseta. Achou-a M. Boussard, um dos sábios franceses que acompanharam Napoleão ao Egito (1799), numa cidade sobre a foz mais ocidental do Nilo, chamada Roseta. Encontra-se hoje no Museu Britânico. É de granito negro, cerca de 1,30 m de altura, 80 cm de largura, 30 cm de espessura, com três inscrições, uma acima da outra, em grego, egípcio demótico, e egípcio hieroglífico, o grego era conhecido. Tratava-se de um decreto de Ptolomeu V, Epífanes, feito em 196 a.C. nas três línguas usadas então em todo o país, para ser colocado em várias cidades. Um sábio francês, de nome Champollion, depois de quatro anos (1818-22) de trabalho detalhado e paciente, comparando os valores conhecidos das letras gregas com os caracteres egípcios desconhecidos, conseguiu descobrir os mistérios da língua egípcia antiga.

Formato Dos Livros

O livro, através da sua longa existência, apresentou duas formas bem distintas: o rolo e o códice.

(a) Rolo.

Entre o povo judeu, bem como no mundo grego-latino, os livros eram normalmente publicados em forma de um rolo feito de papiro ou pergaminho. Formava-se o rolo colocando várias folhas de papiro ou couro uma ao lado da outra. O tamanho médio de um rolo entre os gregos era de 11 metros. Alguns rolos chegaram a ter o comprimento de 30 metros. O maior rolo de papiro, conhecido, é uma crônica do rei egípcio Ramsés II, com a extensão de 40 metros, conhecido como o Papiro Harris. O comprimento médio de um rolo bíblico estava entre 9 e 11 metros. Livros longos como Reis, Crônicas e Isaías eram divididos em dois rolos. Os dois maiores livros do Novo Testamento, Lucas e Atos, cada um preencheria um rolo de mais ou menos 10 metros de comprimento. O manuseio de um rolo era mais difícil do que o de um livro atual, porque o leitor necessitava empregar as duas mãos, uma para desenrolá-lo e a outra para enrolá-lo. Além disso, as comunidades cristãs primitivas, em breve descobriram que era difícil encontrar específicos tópicos das escrituras num rolo. Diante dessas dificuldades, a habilidade humana idealizou o livro nos moldes em que o temos hoje. Estes livros em seus primórdios eram chamados códices.

(b) Códices.

A palavra códice vem do latim "codex", que designava primitivamente um bloco de madeira cortado em várias folhas ou tabletes para escrever. O códice era formado de várias folhas de papiro ou pergaminho sobrepostas e costuradas. Estes códices começaram a substituir os primitivos rolos no segundo século a.D. A afirmativa de que as comunidades cristãs começaram a usar os códices nas igrejas, para diferençar dos rolos, usados nas sinagogas, pode ser verdadeira, levando-se em conta o seguinte. Dos 476 manuscritos não cristãos descobertos no Egito, copiados no segundo século a.D., 97% estão na forma de rolo. Em contrapartida, dos 111 manuscritos bíblicos cristãos dos primeiros 4 séculos da Era Cristã, 99 estão na forma de códice.

As vantagens dos códices sobre os rolos, no caso dos manuscritos bíblicos, são evidentes pelas seguintes razões: Permitia que os quatro Evangelhos, ou todas as Epístolas paulinas se achassem num livro; era bem mais fácil o manuseio do livro; adaptava-se melhor para receber a escrita de ambos os lados, baixando assim o custo do livro; a procura de determinadas passagens era mais rápida.

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