terça-feira, 14 de abril de 2020

BIBLIOLOGIA - TRADUÇÕES E VERSÕES CASTELHANAS E PORTUGUESAS


Traduções Castelhanas

A primeira tradução que se fez em castelhano foi o Novo Testamento surgido em 1543. Foi obra do jovem reformador Francisco de Enzinas. Filho de pais nobres e ricos foi enviado a estudar nos Países Baixos, onde recebeu decisiva influência dos reformadores. Dirigiu-se posteriormente à Alemanha para conhecer Melanchton, em cuja casa se hospedou. Estudando na Universidade de Wittenberg e encorajado por Melanchton dedicou-se à sublime tarefa de traduzir o Novo Testamento do original grego para a sua língua nativa.

A segunda tradução para o espanhol é a conhecida "Bíblia de Ferrara" que em realidade não contém senão o Antigo Testamento. Esta versão foi obra de certos eruditos judeus, que por questões religiosas foram banidas da Península Ibérica. Radicaram-se na Itália, onde havia maior liberdade em questões religiosas. Reunidos em Ferrara quatro bons conhecedores do hebraico e do espanhol, com manuscritos originais a sua disposição não lhes foi muito difícil concluir a tarefa a que se propuseram.

A primeira tradução completa da Bíblia para a língua castelhana foi obra de Casiodoro de Reina, que nascera ao sul da Espanha em 1520.

Após ter estudado para sacerdote, tornou-se pregador evangélico, razão porque teve de fugir da Espanha. Trabalhou 12 anos nesta tradução, que foi publicada em Basiléia no ano de 1569. Baseou seu trabalho em manuscritos originais, mas teve auxílio de traduções anteriores, como a grande versão de Ferrara (1533).

Traduções Portuguesas

Neste capítulo apresentaremos um breve histórico da tradução da Bíblia em português, tanto em Portugal quanto no Brasil.

Período Das Traduções Parciais

D. Diniz (1279-1325) foi a primeira pessoa a traduzir para a língua portuguesa o texto bíblico. Grande conhecedor do latim clássico, e leitor da Vulgata, D. Diniz resolveu enriquecer o português traduzindo as Sagradas Escrituras para o nosso idioma, tomando como base a Vulgata Latina. Embora lhe faltasse perseverança e só conseguisse traduzir os vinte primeiros capítulos do livro de Gênesis, esse seu esforço o colocou em uma posição historicamente anterior a alguns dos primeiros tradutores da Bíblia para outros idiomas, como João Wycliff, por exemplo, que só em 1380 traduziu as Escrituras para o inglês

Fernão Lopes disse em seu curioso estilo de cronista do século XV, que D. João I (1385-1433), um dos sucessores de D. Diniz no trono português, “fez grandes letrados tirar em linguagem os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as epístolas de São Paulo, para que aqueles que os ouvissem fossem mais devotos acerca da lei de Deus”. (Crônica de D. João I, 2ª. Parte). Esses “grandes letrados” eram vários padres que também se utilizaram da Vulgata Latina em seu trabalho de tradução.

Enquanto esses padres trabalhavam, D. João I, também conhecedor do latim, traduziu o livro de Salmos, que foi reunido aos livros do Novo Testamento traduzidos pelos padres. Seu sucessor, D. João lI, outro grande apoiador das traduções do texto bíblico, mandou gravar no seu cetro a parte final do versículo 31 de Romanos 8: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.

Como nessa época a imprensa ainda não havia sido inventada, os livros eram produzidos em forma manuscrita, fazendo-se uso de folhas de pergaminho. Isso tornava sua circulação extremamente reduzida. Por ser um trabalho lento e caro, era necessário que ou a Igreja Romana ou alguém muito rico assumisse os custos do projeto. Ninguém mais indicado para isto do que os nobres e os reis.

Outras figuras da monarquia de Portugal também realizaram traduções parciais da Bíblia. A neta do rei D. João I e filha do Infante D. Pedro, a Infanta D. Filipa, traduziu do francês os Evangelhos. No século XV surgiram publicados em Lisboa o Evangelho de Mateus e porções dos demais Evangelhos, um trabalho realizado pelo frei Bernardo de Alcobaça, que pertenceu à grande escola de tradutores portugueses da Real Abadia de Alcobaça. Ele baseou suas traduções na Vulgata Latina.

A primeira harmonia dos Evangelhos em língua portuguesa, preparada em 1495 pelo cronista Valentim Fernandes, e intitulada De Vita Christi, teve os seus custos de publicação pagos pela rainha Dona Leonora, esposa de D. João II. Cinco anos após o descobrimento do Brasil, D. Lenora mandou também imprimir o livro de Atos dos Apóstolos e as epístolas universais de Tiago, Pedro, João e Judas, que haviam sido traduzidos do latim vários anos antes por frei Bernardo de Brinega

Em 1566 foi publicada em Lisboa uma gramática hebraica para estudantes portugueses. Ela trazia em português, como texto básico, o livro de Obadias.

Outras Traduções

Outras traduções em língua portuguesa, realizadas em Portugal, são dignas de menção: Os quatro Evangelhos, traduzidos em elegante português pelo padre jesuíta Luiz Brandão. No início do século XIX, o padre Antônio Ribeiro dos Santos traduziu os Evangelhos de Mateus e Marcos, ainda hoje inéditos.

É fundamental salientar que todas essas obras sofreram, ao longo dos séculos, implacável perseguição da Igreja Romana, e de muitas delas só escaparam um ou dois exemplares, hoje raríssimos. A Igreja Romana também amaldiçoou a todos os que conservassem consigo essas traduções da Bíblia em idioma vulgar (BÍBLIA THOMPSON, 1992, p. 1379).

Tradução De João Ferreira De Almeida

A Edição Comemorativa do Terceiro Centenário da Tradução da Bíblia em língua portuguesa apresentou para João Ferreira de Almeida as seguintes informações: "Nascido em Torres de Tavares, Conselho de Mangualde, Portugal, em 1628, faleceu, João Ferreira de Almeida, em 1691”. Temos aqui 63 anos que se dignificaram na vida do consagrado servo de Deus. É consagrado no campo da cultura secular, versado na lingüística, incansável na comparação das línguas que aprendeu e usou, valeu-se de sua língua nativa, a portuguesa, para a expressão geral e ampla de suas obras principais, destacando-se, dentre elas, a tradução que fez da Bíblia, dos originais hebraico e grego para a língua portuguesa.

João Ferreira de Almeida foi quem primeiro traduziu a Bíblia para o nosso vernáculo. Português ele, de três séculos idos, é certo que ainda falando e escrevendo corretamente, com segura inteligência das proposições, das frases e das palavras teve linguagem que hoje seria distante e até, não raro, diferente para as sucessivas edições da Bíblia, segundo ele a traduziu, porque a evolução semântica da linguagem, por vezes, impõe mudanças de palavras para que se não mude o sentido das mensagens.

Há 300 anos (1681) João Ferreira de Almeida traduziu o Novo Testamento, em Amsterdã; e daí avante, sua publicação (Batávia, 1693), novamente em Amsterdã (1712); em Trangambar, 1760; e outra vez em Batávia, 1773.

Incansável no trabalho traduziu também o Antigo Testamento, mas até o versículo 12 do capítulo 48 de Ezequiel.

Em 1656, Almeida foi ordenado pastor da Igreja Reformada, mas sempre desejoso de promover a Reforma em Portugal. De 1656 até 1658 foi missionário no Ceilão, depois na Índia, e foi o primeiro ordenado a pregar em português. De volta a Batávia, pastoreou a comunidade portuguesa ali existente.

Faleceu, dissemos, em 1691, todavia João Ferreira de Almeida até hoje influi com as traduções que deixou da Bíblia. A mais antiga versão usual no Brasil, entre os evangélicos, mereceu da Sociedade Bíblica do Brasil certa atualização na linguagem, pois distam três séculos a tradução do Almeida.

Na seção de Livros Raros da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, há um exemplar do Novo Testamento impresso em Amsterdã (1712).

A Tradução De Almeida Revisada

Duas entidades – Comissão Revisora e Comissão Consultiva – foram organizadas entre nós, sob os auspícios das Sociedades Bíblicas Unidas para se desincumbirem da sagrada responsabilidade de rever a Tradução de Almeida e atualizar a sua linguagem. Estas duas comissões em sua reunião inaugural, no dia 14 de abril de 1943, sob a presidência do destacado Pastor César Dacorso Filho, tratavam das "Razões por que necessitamos de uma revisão das atuais versões da Bíblia em Português". Os brasileiros contaram com o apoio irrestrito e a sábia experiência dos Secretários Executivos das Sociedades Bíblicas Unidas nesta primeira reunião, mas posteriormente o Secretário de Tradução da Sociedade Bíblica Americana, Dr. Eugene A. Nida visitou o nosso país com a principal finalidade de orientar os trabalhos de tradução e revisão.

Depois de ponderados e minuciosos estudos das três traduções mais divulgadas no Brasil, ou sejam: Almeida, Figueiredo e da Tradução Brasileira de 1917, a comissão decidiu pela revisão da tradução Almeida, observando os seguintes tópicos: fidelidade ao texto original; tradução e não interpretação; clareza, correção e elegância de linguagem; cunho espiritual da linguagem; aproveitamento de outras versões e acesso às línguas originais.

De acordo com a Sociedade Bíblica do Brasil, o trabalho feito não foi uma nova tradução, mas uma revisão da tradução de João Ferreira de Almeida. Os textos originais foram Nestle, para o Novo Testamento e Letteris para o Velho Testamento.

As modificações feitas em Almeida se basearam, especialmente, nestes aspectos: infidelidade ao original, ou em desacordo com o melhor texto; palavra ou frase antiquada demais; palavra ou frase que apresentasse alguma impropriedade; construção gramatical inferior.

Nesta revisão, talvez tenha permanecido, no máximo, 30% da linguagem de Almeida, não sendo de admirar este corte se levarmos em consideração que a linguagem de Almeida, que estava sendo atualizada, tinha quase 200 anos.

O renomado vernaculista, Antônio de Campos Gonçalves, secretário e relator da Comissão nos científica de que a Sociedade Bíblica do Brasil desejou conservar o mais possível a linguagem de Almeida, mas este objetivo era difícil de ser alcançado, por ser muito antiga a sua linguagem e por serem diferentes os originais seguidos por Almeida (Textus Receptus) e pela Comissão Revisora (Letteris e Nestle).

Outros aspectos contestados por entendidos na arte de traduzir sobre a Almeida Atualizada são os termos eruditos e rebuscados, desconhecidos até por pessoas cultas. Preciosismos literários idênticos aos seguintes deveriam ser evitados: coudelaria (Et 8.10), excogitar (Sl 64.6), acrisolar (Sl 66.10), espelta (Is 28.25), sachar (Is 5.2), prevaricações (Ez 33.0), gazofiláceo (Mc 12.41), recalcitrar (At 2614), inculcando-se (Rm 1.22), adágio (2Pe 2.22). Não nos esqueçamos de que a linguagem é correta e o estilo agradável de se ler.

Como bem destacou o Dr. Bittencourt, no livro O Novo Testamento, páginas 244 e 245: "Nenhuma tradução é perfeita, nem quanto ao presente, nem futuro. E a última revisão de Almeida não poderia escapar a este destino.

A crítica aponta-lhe sérios erros de tradução, que seria cansativo enumerar. E, ao comentar o fato sobre o Antigo Testamento o ilustre professor de línguas da Universidade de São Paulo, disse que os Salmos, especialmente, poderiam ser bem melhorados, quer quanto à tradução propriamente dita, quer quanto à métrica.

Embora a espaços largos no correr do tempo, a semântica de alguns vocábulos varia. Novos vocábulos vão sendo criados e outros abandonados, tornando-se arcaicos.

E para que determinada tradução não envelheça, ela deve ser revista, não só quanto à língua, mas quanto à tradução propriamente dita, levando-se em conta as descobertas no campo da crítica textual que sempre trazem novo material para o aperfeiçoamento do texto sagrado nas línguas originais. E esta revisão, tão recente, já pede outros trabalhos que a tornem bem melhor.

Tradução De Figueiredo

Por um decreto de 1757, no tempo do Papa Bento XIV, a Bíblia era reconhecida como útil para fortalecer a fé. Esta nova atitude da Igreja Católica Romana deu impulso à tradução da Bíblia com a Vulgata como base. Entre estes se encontrava o Padre Antônio Pereira de Figueiredo, nascido perto de Lisboa em 1725. Por ser exímio latinista, e como ele mesmo confessa: "Não sendo eu nem ainda medianamente instruído nas línguas originais, hebraica e grega, em que foram escritos, respectivamente, o Velho Testamento e os Evangelhos, mal poderia sair exata e perfeita esta minha tradução."

A sua tradução se baseou na Vulgata. Por 18 anos ocupou-se deste trabalho, que foi submetido a duas revisões cuidadosas antes de ser publicado. A primeira edição do Novo Testamento saiu em 1778 em seis volumes e o Velho Testamento foi publicado em 17 volumes, seguidamente, desde 1783 a 1790.

A edição de sete volumes completada em 1819 é considerada o padrão das versões de Figueiredo. A tradução de Figueiredo em um só volume foi publicada pela primeira vez em 1821.

A principal objeção que se faz à Bíblia de Figueiredo é esta: apresenta deficiências que se verificam numa tradução de tradução.

Dr. Benedito P. Bittencourt apresentou ainda as seguintes falhas nesta tradução:

O uso de algumas palavras em Português demonstra como foi tendenciosa a tradução de Figueiredo. Em 1 Pedro 5.5 ele traduz: 'apoiando a honra dos padres'. Nas revisões feitas pelas sociedades Bíblicas esta tradução foi mudada para 'obedecei aos mais velhos' em harmonia com o original. Em João 11.57 ele traduz 'pontífice' em lugar de 'sumo-sacerdote', bem como na maioria dos lugares em que o termo aparece na carta aos Hebreus. A palavra padre, no sentido usado pela Igreja Romana, é usada, como no exemplo dado, para traduzir a palavra grega presbíteros em muitos lugares, o que não representa o sentido original. Figueiredo foi acusado de tradução perifrástica e livre. Em 2Co 4.8b ele traduz: 'Somos cercados de dificuldades insuperáveis e a nenhuma sucumbimos', que Almeida revista traduz: 'perplexos, porém não desanimados'. Não é somente tradução perifrástica, mas a segunda parte não guarda o significado original. Ele faz duas pequenas sentenças coordenadas em vez de adversativas. Não foi influência da Vulgata que ele tinha diante de si, pois esta traz: aporiamur, sed non destituimur, mas seu próprio modo de traduzir [...] Dezenas de exemplos se poderiam citar, mas estes poucos dão idéia de como Figueiredo fez sua tradução: melhor linguagem que a de Almeida, mas pior tradução." (O Novo Testamento. Cânon – Língua – Texto, p. 220).

A tradução de Figueiredo foi a primeira a verter a expressão "kuriakê hemera" de Ap 1.10 para domingo.


Edição Trinitária De 1883

Tão logo se fundou a Trinitarian Bible Society, em Londres, cuidou de verter o Livro Santo em vários idiomas, inclusive em português, que saiu a lume em 1883. Esta primeira edição da Trinitária é muito disputada pelos adventistas da fala portuguesa, ao ponto de se pagarem somas fabulosas por um exemplar, hoje raríssimo. E por quê? Porque ela registra assim Lc 23.43: 'E Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, que estarás comigo no Paraíso'. E Ap 22.14: 'Bem-aventurados aqueles que guardam os seus Mandamentos, para que tenham acesso à árvore da vida, e para que entrem na cidade pelas portas'. E assim Jo 3.4: '... pecado é quebrantamento da Lei'. Estes três textos, assim traduzidos, casam-se maravilhosamente com certos aspectos da doutrina adventista. Também Is 42.21: '... engrandecerá Ele a Lei, e a fará ilustre'.

Entretanto, tirando esta aparente vantagem para os adventistas, a tradução, nos demais, do ponto de vista técnico e diante de novas descobertas da Crítica Textual, deixa muito a desejar, não é recomendável como um todo. A crítica especialmente aponta-lhe sérios deslizes tradutórios no Velho Testamento, principalmente em alguns Salmos. A parte do Novo Testamento baseou-se no texto Receptus de 1624, que não é bom, e foi superado pelo trabalho de Tischendorf e posteriormente por Westcott and Hort, pelos papiros de Beatty, e mais recentemente pelo famoso e atualíssimo texto de Ebberard Nestle. Ora, os textos gregos modernos estão livres de interrupções e imperfeições dos textos antigos, pois o trabalho da Crítica Textual consiste em restaurar, tanto quanto possível o texto original.

O português desta primeira edição da Trinitária é simplesmente horroroso, arcaicíssimo e deselegante. É freqüente o emprego de termos obsoletos e desusados, como, 'capros' (Lv 16.8), 'hum', 'humo' (em vários passos), 'olíbano' (Is 66.3), 'graça' (Sl 1.4)... e, sobretudo a inadmissível grafia dos verbos no futuro ('virão', por exemplo).

Cacófatos dos piores encontram-se, por exemplo, em 2Sm 1.3; Gn 25.30; Ez 45.24; 46.11; Sl 102.6; Is 62.8; 2Co 11.33; Hb 11.27. E um verbo de sentido chulo em Lc 2.6 e 7. A Versão Trinitária em 1883 jamais é referida pelos eruditos, que a consideram destituída de valor crítico.

Trinitária Revisada

Circula em Portugal, há algum tempo, uma edição revista da Trinitária, com a linguagem melhorada e atualizada, de acordo com a reforma ortográfica oficializada pela Academia de Ciências de Lisboa. Mas não melhorou o conteúdo, e foram 153 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância alteradas certas redações, inclusive de Lc 23.43, que agora está como as demais versões: "na verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso". E ainda conserva boa parte dos cacófatos, e incorreções tradutórias. Os próprios evangélicos brasileiros não a apreciam.

Traduções Parciais Da Bíblia No Brasil

Nazaré. Em 1847 publicou-se, em São Luís do Maranhão, O Novo Testamento traduzido por frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré, que se baseou na Vulgata. Este foi, portanto, o primeiro texto bíblico traduzido no Brasil. Essa tradução tornou-se famosa por trazer em seu prefácio pesadas acusações contra as “Bíblias protestantes”, que, segundo os acusadores, estariam “falsificadas” e falavam “contra Jesus Cristo e contra tudo quanto há de bom”. Em 1879, a Sociedade de Literatura Religiosa e Moral do Rio de Janeiro publicou a que ficou conhecida como “A Primeira Edição Brasileira” do Novo Testamento de Almeida. Essa versão foi revista por José Manoel Garcia, lente (professor de escola superior ou secundária) do Colégio D. Pedro II; pelo pastor M. P. B. de Carvalhosa, de Campos, RJ, e pelo primeiro agente da Sociedade Bíblica Americana no Brasil, pastor Alexandre Blackford, ministro do Evangelho no Rio de Janeiro.

“Harpa de Israel” foi o título que o notável hebraísta F. R. dos Santos Saraiva deu à sua tradução do Livro dos Salmos, publicada em 1898.

Em 1909, o padre Santana publicou sua tradução do Evangelho de Mateus, vertida diretamente do grego. Três anos depois Basílio Teles publicou a tradução do Livro de Jó, com sangrias poéticas. Em 1917 foi a vez de J. L. Assunção publicar O Novo Testamento, tradução baseada na Vulgata Latina.

Traduzido do velho idioma etíope por Esteves Pereira, O Livro de Amós surgiu isoladamente no Brasil em 1917. Seis anos depois, J. Basílio Pereira publicou a tradução do Novo Testamento e do Livro dos Salmos, ambos baseados na Vulgata. Por essa época surgiu no Brasil (infelizmente, sem indicação de data) a Lei de Moisés (O Pentateuco), edição bilíngüe hebraico-português, preparada pelo rabino Meir Masiah Melamed.

O padre Huberto Rohden foi o primeiro católico a traduzir no Brasil o Novo Testamento diretamente do grego. Publicada pela instituição católico-romana Cruzada Boa Esperança, em 1930, essa tradução, por estar baseada em textos considerados inferiores, sofreu severas críticas.

Traduções Completas

Em 1902, as sociedades bíblicas empenhadas na disseminação da Bíblia no Brasil patrocinaram nova tradução da Bíblia para o português, baseada em manuscritos melhores que os utilizados por Almeida. A comissão constituída para tal fim, composta de eruditos nas línguas originais e no vernáculo, entre eles o gramático Eduardo Carlos Pereira, fez uso de ortografia correta e vocabulário erudito. Publicado em 1917, esse trabalho ficou conhecido como Tradução Brasileira. Apesar de ainda hoje apreciadíssima por grande número de leitores, essa Bíblia não conseguiu se firmar-se no gosto do grande público.

Coube ao padre Matos Soares realizar a tradução mais popular da Bíblia entre os católicos na atualidade. Publicada em 1930 e baseada na Vulgata, essa tradução possui notas entre parêntesis defendendo os dogmas da Igreja Romana. Por esse motivo recebeu apoio papal em 1932.

Em 1943, as Sociedades Bíblicas Unidas encomendaram a um grupo de hebraístas, helenistas e vernaculistas competentes uma revisão da tradução de Almeida. A comissão melhorou a linguagem, a grafia de nomes próprios e o estilo da Bíblia de Almeida.

Em 1948 organizou-se a Sociedade Bíblica do Brasil, destinada a “Dar a Bíblia à Pátria”. Esta entidade fez duas revisões no texto de Almeida, uma mais aprofundada, que deu origem à Edição Revista e Atualizada no Brasil, e uma menos profunda, que conservou o antigo nome “Corrigida”.

Em 1967, a Imprensa Bíblica Brasileira, criada em 1940, publicou a sua Edição Revisada de Almeida, separada com os textos em hebraico e grego. Essa edição foi posteriormente reeditada com ligeiras modificações.

Mais recentemente, a Sociedade Bíblica do Brasil traduziu e publicou a Bíblia na Linguagem de Hoje (1988). O propósito básico desta tradução tem sido o de apresentar o texto bíblico numa linguagem comum e corrente.

Em 1990, a Editora Vida publicou a sua Edição Contemporânea da Bíblia traduzida por Almeida. Essa edição eliminou arcaísmos e ambigüidades do texto quase tricentenário de Almeida, e preservou, sempre que possível, as excelências do texto que lhe serviu de base.

Enquanto a edição da Bíblia Thompson estava sendo preparada, uma comissão constituída de eruditos em grego, hebraico, aramaico e português, coordenada pelo São. Luiz Sayão trabalhava em uma nova tradução das Escrituras para a língua portuguesa, sob o patrocínio da Sociedade Bíblica Internacional.

São, também, dignas de referência: A Bíblia traduzida pelos monges de Meredsous (1959); A Bíblia de Jerusalém, traduzida pela Escola Bíblica de Jerusalém (padres dominicanos), e editada no Brasil por Edições Paulinas em 1981, com notas, e a Edição Integral da Bíblia, trabalho de diversos tradutores sob a coordenação de Ludovico Garmus, editado por Editora Vozes e pelo Círculo do Livro, também com notas.

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