RUTE
Autor
O livro recebe o nome de uma de suas personagens principais: uma jovem de Moabe, bisavó de Davi e ancestral de Jesus (Mt 1.1,5).38 Porém o autor é desconhecido, embora alguns sugiram o nome de Samuel, embora tenha menção de Davi (4.17,22), o que torna essa possibilidade improvável.
Data
A data em que foi escrito é discutível. Podendo ser no início da monarquia (cerca de 950 a.C.) ou no período posterior ao exílio (cerca de 450 a.C.).
Pano de Fundo
A história de Rute começa e termina no vilarejo de Belém, na tribo de Judá, com uma passagem por Moabe no começo e no final. Moabe era uma nação pagã que teve início com um relacionamento incestuoso entre Ló e sua filha mais velha (Gn 19.36,37). Os moabitas, eternos inimigos de Israel, receberam julgamentos claros proferidos pelos profetas (veja Is 15.1-9).
Conteúdo
É a história de uma família que vivia no tempo dos juízes de Israel e onde a desgraça foi transformada em graça familiar e universal.
Elimeleque e Noemi, num período de fome em Belém, mudam-se com seus filhos Malon e Quilion para Moabe. Morrem Elimeleque e Noemi, viúva, casa seus dois filhos com mulheres moabitas, Orfa e Rute. Após 10 anos, seus dois filhos também morrem e Noemi decide retornar para sua terra, oferecendo liberdade às noras. Orfa, com tristeza se despede e fica em Moabe, mas Rute que havia adotado Noemi como sua família e o Deus de Noemi como o seu Deus, retornam a Israel.
Em Israel, Rute conhece Boaz, da família de Noemi, rico e possível resgatador, pela lei do levirato. Casam-se e são geradores de Obede, Jessé e Davi (por consequente também de Jesus). Neste livro destaca-se a graça familiar pelo resgate de Boaz. Mas, também, a graça universal, pois Boaz é neto da prostituta cananita Raabe e Rute é Moabita.
A Árvore Genealógica de Rute.
VOCÊ SABIA?
- Rute é uma das quatro mulheres destacadas na genealogia de Jesus.
- Um dos dois únicos livros que trazem no título o nome de uma mulher.
- Camos era o deus de Moabe, a quem sacrificavam crianças.
- Boás era filho de Raabe, a prostituta de Jericó (Js 2.1; Mt 1.5). Desta forma Davi, o bisneto de uma moabita, e trisneto de uma cananita, demonstrou mais ainda a graça de Deus.
Conclusão
Apesar das dificuldades quanto à autoria e data, o livro mostra Deus agindo por trás da situação na vida de pessoas comuns, transformando aparentes tragédias em alegria e paz. O livro de Rute mostra Deus interessado não só no bem-estar de uma família - Noemi e Rute -, mas no bem-estar de todo o povo de Deus que seria abençoado por Davi e pelo filho de Davi, Jesus Cristo. Por sua fidelidade, integridade e amor, os personagens do livro de Rute espelharam o caráter de Deus. Eles servem como lembretes de que a vida de pessoas piedosas é um poderoso testemunho do amor sacrificial de Deus
I e II SAMUEL
VOCÊ SABIA?
1 e 2 Samuel levam o nome do personagem principal. Samuel governou Israel como juiz e ungiu os dois primeiros reis de Israel: Saul e Davi. Os dois livros hoje conhecidos como 1 e 2 Samuel eram originalmente um só livro denominado ―O Livro de Samuel.
Autor
Não se sabe com exatidão quem realmente escreveu o livro. Sem dúvida, Samuel registrou boa parte da história de Israel neste período. No entanto, outros materiais haviam sido colecionados e puderam ser usados como fonte pelo autor real. Três dessas fontes são mencionadas em 1 Cr 29.29, a saber : as ―crônicas de Samuel, o vidente‖, as ―crônicas do profeta Natã e as ―crônicas de Gade, o vidente‖. Tanto Gade como Abiatar tinham acesso aos eventos da corte do reino de Davi, de forma que ambos são candidatos à autoria desses dois livros.
Data
A questão da data dos livros de 1 e 2 Samuel depende, em muito, da questão de sua autoria. Assim, se Samuel, Nata e Gade foram os autores essenciais, então esses dois livros foram escritos durante os dias do reinado de Davi, ou imediatamente depois.
Pano de Fundo
O Livro de 1 Samuel começa com Israel num dos pontos mais baixos de sua história. Durante a conquista de Canaã, as tribos de Israel não levaram até o fim a ordem de Deus de expulsar os cananeus (Js 17.12-13). O resultado foi o fracasso moral e espiritual. Assim, Deus disciplinou o povo por meio de nações estrangeiras. Teve início um ciclo trágico, no qual Israel voltava-se brevemente para Deus sob a liderança de um juiz, caindo novamente em desobediência. No começo de 1 Samuel, o sacerdote de Israel, Eli, estava fraco, e a família corrupta. O desrespeito para com Deus e seus caminhos permeavam toda a cultura. A essa altura, Israel era formado por um grupo de doze tribos relacionadas informalmente pela adoração, reunidas em torno de um santuário central - o Tabernáculo -, onde Javé deveria habitar no meio deles. Não tinham um líder principal e, com frequência, eram m vítimas de outras nações por não confiarem em Deus e por desobedecerem a ele. Mas tremendas mudanças - políticas, sociais e religiosas - estavam prestes a acontecer. No final de 1 Samuel, a mesma nação estava pronta para ungir seu segundo rei, Davi, cuja nomeação traria um período reconhecido como o apogeu do reino de Israel no mundo do Antigo Testamento.
O livro de 2 Samuel concentra-se nos efeitos do reinado de Davi sobre a nação de um ponto de vista espiritual. Depois da morte de Saul, Davi governou primeiro sobre Judá em Hebrom, por sete anos e meio. Mais tarde, uniu Judá com Israel e estabeleceu Jerusalém como sua capital. Por meio de conquistas militares e de alianças políticas, ele estendeu seu controle do golfo de Ácaba até a costa fenícia. Com o crescimento de seu império, Davi montou uma administração eficiente e desenvolveu o comércio e as relações internacionais. -Também organizou a vida religiosa do povo e incentivou a expressão musical. Apesar de problemas domésticos e políticos os quais o livro descreve em detalhes, Davi deixou para seu filho, Salomão, um reino forte e pacificado.
Conteúdo
Israel havia sido governado por juízes que Deus levantou em momentos cruciais da história da nação; no entanto, a nação havia se degenerado moralmente e politicamente. Havia estado sob a investida violentas e desalmadas dos filisteus.
O livro de 1 Samuel começa narrando a história de um fracassado pai, o sacerdote e juiz Eli. Num tempo de frieza e abandono de Deus, experimentado pelo povo de Israel, Samuel vem como uma resposta de oração, onde Deus atende aos pedidos de sua mãe Ana. Os filisteus haviam invadido a terra, guerreado e tomado a arca do Senhor, levando-a cativa. Samuel assume a liderança do povo, cumpre seu ministério com devoção e fidelidade, convida o povo a um arrependimento nacional e os conduz a uma vitoriosa batalha contra os filisteus (a arca do Senhor só é trazida de volta por Davi, muitos anos mais tarde).
Israel decide trocar o governo de Deus por um humano rei visível e escolhe a monarquia. Saul homem vistoso e carismático é escolhido como o primeiro rei de Israel. Posteriormente é rejeitado por Deus devido a três grandes pecados. O seu ego era tão grande quanto a sua estatura. Pela sua impaciência, exerceu funções sacerdotais, em vez de esperar por Samuel. Depois de desprezar os mandamentos de Deus, foi rejeitado por ele. Depois dessa rejeição, Saul tornou-se uma figura trágica, consumida por ciúme e medo, perdendo gradualmente a sua sanidade. Gastou os seus últimos anos numa incansável perseguição a Davi através das regiões montanhosas e desérticas do seu reino, num desesperado esforço para eliminá-lo. Depois que Saul é morto em batalha, o cenário está pronto para que Davi se torne o segundo rei de Israel.
2 Samuel é o livro que conta a história de Davi, seus sucessos e fracassos Davi é o personagem central de toda a narrativa. Davi derrota com sucesso os inimigos de Israel, e inicia-se um período de estabilidade e prosperidade. Os primeiros 10 capítulos contam as vitórias de Davi contra os seus inimigos. Mas este livro também nos relata o maior pecado de Davi e as consequências deste seu pecado. Apesar do arrependimento de Davi depois de confrontado com o profeta Natã, as consequências da sua ação são declaradas com todas as letras: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais de tua casa” (12.10).
Davi desejou construir o templo para o Senhor, mas este projeto não era para ele executar. Davi, porém, acumulou recursos para que seu filho e sucessor, Salomão, construísse o templo.
Conclusão
Deus quer um povo que lhe agrada, capaz de espelhar seu amor e fidelidade. Por isso rejeitou os filhos de Eli, por causa da perversidade deles. Em lugar deles Deus levantou um sacerdote fiel que faria o que Ele tinha no coração e na mente. Isso demonstra que Deus é livre para escolher líderes para seu povo.
Os cristãos devem respeitar os que Deus escolheu para serem líderes de seu povo. Davi mostrou respeito por Saul porque ele era o ungido do Senhor. Os cristãos devem também lembrar que Deus é o verdadeiro líder de seu povo. Nenhum líder cristão pode tomar o lugar de Deus. Deus agiu de maneira dura com os filhos de Eli porque não tinham respeito para com os sacrifícios a Deus e abusaram dos leigos que buscavam neles liderança espiritual. Deus foi duro com Saul, que desconsiderou a ordem divina dada por intermédio do profeta Samuel. Nenhum líder cristão está acima da palavra de Deus.
A história de Davi nos ajuda a ver como realmente somos. Assim como Davi experimentou o quebrantamento pelo pecado, Deus quer que nos curvemos diante dele reconhecendo nossos erros. Davi sofreu, pelo pecado, consequências a curto e a longo prazo. Seu pecado, porém, não impediu o propósito salvador maior de Deus para ele e por intermédio dele. “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
Deus agiu por meio da vida de Davi e Bate-Seba para dar a Israel seu próximo rei (Salomão) e, no devido tempo, seu Messias (Mt 1.6). Deus continua atuando por meio da vida de pecadores arrependidos. "Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 7.25).
- Que influencia os pais piedosos podem ter na vida dos filhos?
- Foi pecado pedir um rei? (Gn 49.10; Dt 17.14-20). Ou foi pecado insistir que deus providenciasse o rei que eles queriam? Quais os problemas na seleção?
- Qual o significado da arca na história de Israel?
- Quais os traços de caráter fizeram de Davi um grande homem de Deus?
I e II REIS
1 E 2 Reis na verdade formam uma só obra literária. Na tradição hebraica é chamada de ―Reis. A divisão dessa obra em dois livros foi feita pelos tradutores da septuaginta (a tradução grega do AT). Tem muito em comum com 1 e 2 Samuel pois juntos formavam um só livro na tradição hebraica (primeiro, segundo, terceiro e quarto livro dos reinos).
Autor
Como 1 e 2 Reis eram, originalmente, um livro, esta obra deve ter sido compilada algum tempo depois da tomada de Judá pelos babilônios em 586 a.C. O livro dá a impressão de ser obra de um só autor e de que este autor tenha testemunhado a queda de Jerusalém. Embora a autoria não possa ser determinada com segurança, a tese mais provável é a de que o profeta Jeremias seja o autor. A antiga tradição judaica do Talmude declara que Jeremias tenha escrito Reis. Esse famoso profeta pregou em Jerusalém antes e depois da sua queda, e 2 Rs 24-25 aparece em Jr 39-42; 52. Jeremias talvez tenha escrito todo o texto, menos o conteúdo do último apêndice (2 Rs 25.27-30), que foi provavelmente, acrescentado por um dos seus discípulos.
Data
Há muita discordância entre os estudiosos quanto à data de composição desses livros. Contudo a data de finalização é certa. A última referência histórica em Reis é 562 a.C., (2 Rs 25.27). Tudo indica que o término do livro tenha sido após essa data, mas antes do retorno dos exilados a Judá em 539 a.C., já que o livro não menciona esse fato.
Pano de Fundo
1 e 2 Reis traçam a história da monarquia de Israel durante quatro séculos tumultuados, desde o reinado de Salomão (971 a.C.), até a prisão de Joaquim na Babilônia (562 a.C.). Eles retratam o reinado de Salomão, incluindo a construção do templo, a era do reino dividido até a queda de Samaria e os últimos anos de Judá até o exílio babilônico.
Conteúdo
Salomão substitui seu pai, Davi, no trono e durante 40 anos reinou sobre Israel. A princípio tudo estava indo muito bem até que o poder, o luxo e as riquezas lhe subiram à cabeça, e daí surgiram muitos e difíceis problemas. Aumentou em muito a carga de impostos para fazer frente aos seus gastos e sufocou o povo. Para agradar suas mulheres estrangeiras construiu altares pagãos e se entregou à idolatria.
Ao morrer Salomão, seu filho Roboão assume o trono e por aumentar ainda mais os impostos, num clima de revolta, as doze tribos separam-se dividindo o reino em dois. O reino do norte, sob a liderança de Efraim, entrega seu trono a Jeroboão e o reino do sul, com Judá e Benjamim, mantém o trono com Roboão.
1 Reis relata, também, a história dos reis, tanto de Israel como de Judá. Destaca-se neste livro o contexto específico e o ministério do profeta Elias. 2 Reis retoma a história trágica do ―reino divido quando Acazias está no trono de Israel e Josafá governando sobre Judá, e descreve o declínio e o cativeiro tanto de Israel quanto de Judá. Israel suportou uma sucessão de maus reis durante 209 anos até o cativeiro assírio. A história de Judá, culminando com o cativeiro babilônico, é contada com poucos detalhes, dando um maior destaque ao reino de Israel e aos seus reis. O livro, também, registra o ministério de Eliseu, marcado por milagres.
2 Reis, assim como 1 Reis, é difícil seguir o fluxo da narrativa. O Autor ora está falando do Reino do Norte, Israel, ora do Reino do Sul, Judá, traçando simultaneamente suas histórias. Israel teve 19 governantes, todos ruins. Judá foi governado por 20 regentes, dos quais apenas oito foram bons. 2 Reis recorda a história do últimos 10 reis e dos últimos 16 governantes de Judá. Alguns desses 26 governantes são mencionados em apenas poucos versículos, enquanto que capítulos inteiros são dedicados a outros. A atenção maior é dirigida àqueles que ou serviram de modelo de integridade ou que ilustram por que essas nações finalmente entraram em colapso.
Desde a saída do Egito, Israel teve como local de culto o Tabernáculo. Salomão, com orientação anterior de Davi, construiu o Templo em Jerusalém (2 Cr 3). Foi feito de grandes pedras, com o interior coberto de tábuas de cedro revestidas de ouro. O corpo principal - que era o Santo Lugar e o Santo dos Santos - media 30 m x 10 m, com 10 m de altura. Esta nave era acrescentada nas laterais e nos fundos de três andares de salas para depósito, e na fachada foi construído um pórtico. À frente do pórtico, foram colocadas duas grandes colunas de bronze.
O Templo era rodeado de dois pátios. O mais interior era o Pátio (ou Átrio) dos Sacerdotes, onde estavam a Pia de Bronze (com 5 m de largura) e o grande Altar do Holocausto (de 10 m de largura), além de outras dez pias de limpeza menores. Neste local, era feita a oferta e os rituais do culto. O pátio externo recebia os ofertantes.
“Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar. Pois agora escolhi e consagrei esta casa, pura que nela esteja o meu nome para sempre; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração perpetuamente”. 2 Cr 7.15,16
VOCÊ SABIA?
- Salomão foi uma pessoa de muito talento. Escreveu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos. Era uma autoridade em ciência.
- As descrições do reino em Samuel, Reis e Crônicas ocupam cerca de um quinto (20%) do Antigo Testamento.
Conclusão
1 Reis, a exemplo de Deuteronômio, alerta contra o perigo de esquecer-se de Deus em tempos de prosperidade. Tendo conhecido a abundância material, muitos hoje excluem Deus da vida, como fizeram os antigos israelitas. Tendo abandonado a fé, muitos fazem concessões em seus valores diante dos valores da sociedade pagã. A crise da sociedade israelita é uma advertência quanto às consequências do pecado.
1 Reis revela o poder da palavra de Deus na construção da história. A coragem daqueles que, como Elias, mantiveram o coração ligado à palavra de Deus desafia os cristãos de hoje a sentir a presença deles. Depois que o profeta Micaías viu a sala do trono de Javé, não se impressionou com as ameaças de Acabe. Nós, que experimentamos a altura, a profundidade e a largura do amor de Deus em Cristo Jesus, devemos ser ousados em proferir a palavra divina de julgamento e de graça para o nosso mundo.
O livro de 2 Reis alerta repelidas vezes contra os perigos da transigência. Aqueles que fazem concessões em seu testemunho por questões egoístas arriscam-se a serem julgados por Deus. Geazi, em sua tentativa de obter vantagem econômica com o ministério de cura de Eliseu, serve aos cristãos como alerta contundente de que o evangelho não é “pretexto de avareza” (1 Ts 2.5, ARC).
Em 2 Reis, a dependência de outros deuses levou à morte tanto indivíduos como nações. Se nossa segurança repousa em nossa própria riqueza ou poderio militar, estamos confiando numa casa construída sobre a areia (cf. Mt 7.26).
A história de Israel e Judá é a história do fracasso de um povo no cumprimento do propósito de Deus para ele. Deus, porém, é fiel apesar do fracasso humano. Ainda que sejamos chamados à obediência, nossa esperança está na graça de Deus. Vemos essa graça com mais clareza em Jesus Cristo, “o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi” (Rm 1.3). Os fracassos dos reis de Israel e Judá lembram aos cristãos que eles devem depositar sua confiança só em Deus.
O fim trágico das nações de Israel e Judá demonstra as terríveis conseqüências do pecado. Entretanto, nenhuma catástrofe é tão grande, que Deus não possa agir por meio dela, dando esperança a seu povo.
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