CRISTOLOGIA - A OBRA DE CRISTO
A
OBRA DE CRISTO
Cristo
realizou muitas obras, porém a obra suprema que ele consumou foi a de morrer
pelos pecados do mundo. (Mat. 1:21; João 1:29) Incluídas nessa obra expiatória
figuram a sua morte, ressurreição, e ascensão. Não somente devia ele morrer por
nós, mas também viver por nós. Não somente devia ressuscitar por nós, mas
também ascender para interceder por nós diante de Deus. (Rom. 8:34; 4:25; 5:10)
1.
Sua morte.
(a) Sua importância.
O
evento mais importante e a doutrina central do Novo Testamento resumem-se nas
seguintes palavras: "Cristo morreu (o evento) por nossos pecados (a
doutrina)" (1 Cor. 15:3).
A
morte expiatória de Cristo é o fato que caracteriza a religião cristã.
Martinho
Lutero declarou que a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e mui
especialmente daquela que apenas parece ser cristã, pelo fato de ser ela a
doutrina da Cruz.
Todas
as batalhas da Reforma travaram-se em torno da correta interpretação da Cruz.
O
ensino dos reformadores era este: Quem compreende perfeitamente a Cruz,
compreende a Cristo e a Bíblia! É essa característica singular dos Evangelhos
que faz do Cristianismo a única religião; pois o grande problema da humanidade
é o problema do pecado, e a religião que apresenta uma perfeita provisão para o
resgate do poder e da culpa do pecado tem um propósito divino.
Jesus
é o autor da "salvação eterna" (Heb. 5:9), isto é, da salvação final.
Tudo quanto a salvação possa significar é assegurado por ele.
(b) Seu
significado. (2 Cor 5:21)
Havia
certa relação verdadeira entre o homem e seu Criador. Algo sucedeu que
interrompeu essa relação. Não somente está o homem distanciado de Deus, tendo
seu caráter manchado, mas existe um obstáculo tão grande no caminho que o homem
não pode removê-lo pelos seus próprios esforços. Esse obstáculo é o pecado, ou
melhor, a culpa. O homem não pode remover esse obstáculo; a libertação terá que
vir da parte de Deus. Para isso Deus teria que tomar a iniciativa de salvar o
homem.
O
testemunho das Escrituras é este: Que Deus assim fez. Ele enviou seu Filho do
céu à terra para remover esse obstáculo e dessa maneira reconciliou os homens
com Deus.
Ao
morrer por nossos pecados, Jesus removeu a barreira; levou o que devíamos ter
levado; realizou por nós o que estávamos impossibilitados de fazer por nós
mesmos; isso ele fez porque era a vontade do Pai. Essa é a essência da expiação
de Cristo. Considerando a suprema importância deste assunto será ele abordado
mais pormenorizadamente em um capítulo à parte.
2.
Sua ressurreição.
(a) O
fato. (1 Cor 15:20)
A
ressurreição de Cristo é o grande milagre do Cristianismo. Uma vez que é
estabelecida a realidade desse evento, torna-se desnecessário procurar provar
os demais milagres dos Evangelhos. Ademais, é o milagre com o qual a fé cristã
está em pé ou cai, isso em razão de ser o Cristianismo uma religião histórica
que baseia seus ensinos em eventos definidos que ocorreram na Palestina há mais
de dois mil anos.
Esses
eventos, são: O nascimento e o ministério de Jesus Cristo, culminando na sua
morte, sepultamento e ressurreição. Desses, a ressurreição é a pedra angular,
pois se Cristo não tivesse ressuscitado, então não seria o que ele próprio
afirmou ser; e sua morte não seria expiatória. Se Cristo não houvesse
ressuscitado, então os cristãos estariam sendo enganados durante séculos; os
pregadores estariam proclamando um erro; e os fiéis estariam sendo enganados
por uma falsa esperança de salvação. Mas, graças a Deus, que, em vez de ponto
de interrogação, podemos colocar o ponto de exclamação apos ter sido exposta
essa doutrina:
"Mas
agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que
dormem!"
(b) A
evidência. (Mateus 28. 1-6)
"Vocês
cristãos vivem na fragrância de um túmulo vazio", disse um cético francês.
É um fato que aqueles que foram a embalsamar o corpo de Jesus, na memorável
manhã da ressurreição, encontraram seu túmulo vazio. Esse fato nunca foi nem
pode ser explicado a não ser pela ressurreição de Jesus! Quão facilmente os
judeus poderiam ter refutado o testemunho dos primeiros pregadores se tivessem
exibido o corpo do nosso Senhor! Mas não o fizeram — porque não o puderam
fazer!
Como
vamos explicar a própria existência e origem da igreja cristã, que certamente
teria permanecido sepultada juntamente com seu Senhor — se ele não tivesse
ressuscitado?
A
igreja viva e radiante do dia de Pentecoste não nasceu de um Dirigente morto!
Que
faremos com o testemunho daqueles que viram a Jesus depois de sua ressurreição,
muitos dos quais o apalparam, falaram e comeram com ele, centenas dos quais,
Paulo disse, estavam vivos naqueles dias, muitos dos quais cujo testemunho
inspirado se encontra no Novo Testamento?
Como
receberemos o testemunho de homens demasiado honestos e sinceros para pregarem
uma mensagem propositadamente falsa, homens que tudo sacrificaram por essa
mensagem?
Como
explicaremos a conversão de Saulo de Tarso, o perseguidor do Cristianismo, em
um de seus maiores apóstolos e missionários, a não ser pelo fato de ele
realmente ter visto a Jesus no caminho de Damasco?
Há
somente uma resposta satisfatória a essas perguntas: Cristo ressuscitou!
Muitas
tentativas já foram feitas para superar esse fato. Os chefes dos judeus
asseveraram que os discípulos de Jesus haviam roubado o seu corpo. Mas isso não
explica como um pequeno grupo de tímidos e desanimados discípulos pôde reunir
suficiente coragem para arrebatar dos endurecidos soldados romanos o corpo de
seu Mestre, cuja morte lhes significava o fracasso completo das suas
esperanças!
Os
eruditos modernos também apresentam estas explicações:
1)
"Os discípulos simplesmente experimentaram uma visão." Então
perguntamos: como podiam centenas de pessoas ter a mesma visão e imaginar, a um
só tempo, que realmente viam a Cristo?
2)
"Jesus realmente não morreu; ele simplesmente desmaiou e ainda estava vivo
quando o tiraram da cruz." A isso respondemos: Então um Jesus pálido e
exausto, decaído e abatido, podia persuadir os discípulos cheios de dúvidas, e
sobretudo a um Tomé, de que ele era o ressuscitado Senhor da vida? Não é
possível! Essas explicações são tão inconsistentes que por si mesmas se
refutam. Novamente afirmamos, Cristo ressuscitou!
DeWette,
teólogo modernista, afirmou que "a ressurreição de Jesus Cristo é um fato
tão bem comprovado quanto o fato histórico do assassinato de Júlio César".
(c) O
significado. (Romanos 1.4)
A
ressurreição. Ela significa que Jesus é tudo quanto ele afirmou ser: Filho de
Deus, Salvador, e Senhor (Rom. 1:4). A resposta do mundo às reivindicações de
Jesus foi a cruz; a resposta de Deus, entretanto, foi a ressurreição.
A
ressurreição significa que a morte expiatória de Cristo foi uma divina
realidade, e que o homem pode encontrar o perdão dos seus pecados, e assim ter
paz com Deus (Rom. 4:25).
A
ressurreição é realmente a consumação da morte expiatória de Cristo.
Como
sabemos pois que não foi uma morte comum — e que realmente ela tira o pecado?
Porque ele ressuscitou!
A
ressurreição significa que temos um Sumo Sacerdote no céu, que se compadece de
nós, que viveu a nossa vida e conhece as nossas tristezas e fraquezas; que é
poderoso para dar-nos poder para diariamente vivermos a vida de Cristo. Jesus
que morreu por nós, agora vive por nós. (Rom. 8:34; Heb. 7:25) Significa que
podemos saber que há uma vida vindoura.
Uma
objeção comum a essa verdade é: "Mas ninguém jamais voltou para falar-nos
do outro mundo." Mas alguém voltou — esse alguém é Jesus Cristo!
"Se
um homem morrer, tornará a viver?" A essa pergunta antiga a ciência
somente pode dizer: "não sei." A filosofia apenas diz: "Deve
haver uma vida futura." Porém, o Cristianismo afirma: "Porque ele
vive, nós também viveremos; porque ele ressuscitou dos mortos, também todos
ressuscitaremos"!
A
ressurreição de Cristo não somente constitui a prova da imortalidade, mas
também a certeza da imortalidade pessoal, (1 Tes. 4:14; 2 Cor 4:14; João 14:19)
Isto significa que há certeza de juízo futuro. Como disse o inspirado apóstolo,
Deus "tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por
meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos
mortos" (Atos 17:31).
Tão
certo como Jesus ressuscitou dos mortos para ser o Juiz dos homens, assim
ressuscitarão também da morte os homens para serem julgados por ele.
3. Sua
ascensão. (Atos 1.9)
Os
evangelhos, o livro dos Atos e as Epístolas dão testemunho da ascensão.
Qual
o significado desse fato histórico?
Quais
as doutrinas que nele se baseiam?
Quais
seus valores práticos?
A
ascensão ensina que nosso Mestre é:
(a) O
Cristo celestial.
Jesus
deixou o mundo porque havia chegado o tempo de regressar ao Pai. Sua partida
foi uma "subida", assim como sua entrada ao mundo havia sido uma
"descida". Ele que desceu agora subiu para onde estava antes. E assim
como sua entrada no mundo foi sobrenatural, assim o foi sua partida.
Consideremos
a maneira de sua partida. Suas aparições e desaparições depois da ressurreição
foram instantâneas; a ascensão foi, no entanto, gradual — "vendo-o
eles" (Atos 1:9). Não foi seguida por novas aparições, nas quais o Senhor
surgiu entre eles em pessoa para comer e beber com eles; as aparições dessa
classe terminaram com a sua ascensão. Sua retirada da vida terrena que vivem os
homens aquém da sepultura foi de uma vez por todas. Dessa hora em diante os
discípulos não deveriam pensar nele como o "Cristo segundo a carne",
isto é, como vivendo uma vida terrena, e sim, como o Cristo glorificado,
vivendo uma vida celestial na presença de Deus e tendo contato com eles por
meio do Espírito Santo.
Antes
da ascensão, o Mestre aparecia, desaparecia e reaparecia de tempos em tempos
para fazer com que paulatinamente os discípulos perdessem a necessidade de um
contato visual e terreno com ele, e acostumá-los a uma comunhão espiritual e
invisível com ele. Desse modo, a ascensão vem a ser a linha divisória entre
dois períodos da vida de Cristo:
Do
nascimento até à ressurreição, ele é o Cristo da história humana, aquele que
viveu uma vida humana perfeita sob condições terrenas. Desde a ascensão, ele é
o Cristo da experiência espiritual, que vive no céu e tem contato com os homens
por meio do Espírito Santo.
(b) O
Cristo exaltado.
Afirma
certa passagem que Cristo "subiu", e outra diz que foi "levado
acima". A primeira representa a Cristo como entrando na presença do Pai
por sua própria vontade e direito; a segunda acentua a ação do Pai pela qual
ele foi exaltado em recompensa por sua obediência até a morte.
Sua
lenta ascensão ante os olhares dos discípulos trouxe-lhes a compreensão de que
Jesus estava deixando sua vida terrena, e os fez testemunhas oculares de sua
partida. Mas uma vez fora do alcance de sua vista, a jornada foi consumada por
um ato de vontade.
O
Dr. Swete assim comenta o fato: Nesse momento toda a glória de Deus brilhou em
seu derredor, e ele estava no céu. Não lhe era a cena inteiramente nova; na
profundidade do seu conhecimento divino, o Filho do homem guardava lembranças
das glórias que, em sua vida anterior à encarnação, gozava com o Pai
"antes que o mundo existisse" (João 17:5). Porém, a alma humana de
Cristo até o momento da ascensão, não experimentara a plena visão de Deus que
transbordou sobre ele ao ser levado acima. Esse foi o alvo de sua vida humana,
o gozo que lhe estava proposto (Heb. 12:2), que foi alcançado no momento da
ascensão. Foi em vista de sua ascensão e exaltação que Cristo declarou: “é-me
dado todo o poder (autoridade) no céu e na terra" (Mat. 28:18; vide Efés.
1:20-23; 1 Ped. 3:22; Fil. 2:9-11; Apoc. 5:12).
Citemos
outra vez o Dr. Swete: Nada se faz nesse grandioso mundo desconhecido, que
chamamos o céu, sem sua iniciativa, direção e autoridade determinativa.
Processos incompreensíveis à nossa mente realizam-se no outro lado do véu por
meios divinos igualmente incompreensíveis. Basta que a igreja compreenda que
tudo que se opera ali é feito pela autoridade de seu Senhor.
(c) O
Cristo soberano.
Cristo
ascendeu a um lugar de autoridade sobre todas as criaturas. Ele é a
"cabeça de todo o varão" (1Cor. 11:3), a "cabeça de todo o
principado e potestade" (Col. 2:10); todas as autoridades do mundo
invisível, tanto como as do mundo dos homens, estão sob seu domínio, (1 Ped.
3:22; Rom. 14:9; Fil. 2:10, 11) Ele possui essa soberania universal para ser
exercida para o bem da igreja, a qual é seu corpo; Deus "sujeitou todas as
coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da
Igreja." Em um sentido muito especial, portanto, Cristo é a Cabeça da
igreja. Essa autoridade se manifesta de duas maneiras:
1)
Pela autoridade exercida por ele sobre os membros da igreja. Paulo usou a
relação matrimonial como ilustração da relação entre Cristo e a igreja (Efés.
5:22-23). Como a igreja vive em sujeição a Cristo, assim as mulheres devem
estar sujeitas a seus maridos; como Cristo amou a igreja e a si mesmo se
entregou por ela, assim os maridos devem exercer sua autoridade no espírito de
amor e auto-sacrifício.
A
obediência da igreja a Cristo é uma submissão voluntária; da mesma maneira a
esposa deve ser obediente, não só por questão de consciência mas por amor e
reverência.
Para
os cristãos, o estado de matrimonio se tomou um '"mistério" (isto é,
uma verdade com significado espiritual), porque revela a união espiritual entre
Cristo e sua igreja; "autoridade da parte de Cristo, subordinação da parte
da igreja, amor de ambos os lados — o amor retribuindo amor, para ser coroado
pela plenitude do gozo, quando essa união for consumada na vinda do
Senhor" (Swete).
Uma
característica proeminente da igreja primitiva era a atitude de amorosa
submissão a Cristo. "Jesus é Senhor" não era somente a declaração do
credo mas também a regra de vida.
2)
O Cristo glorificado não é somente o Poder que dirige e governa a igreja, mas
também a fonte de sua vida e poder.
O
que a videira é para a vara, o que a cabeça é para o corpo, assim é o Cristo
vivo para a sua igreja.
Apesar
de estar no céu, a Cabeça da igreja, Cristo está na mais íntima união com seu
corpo na terra, sendo o Espírito Santo o vínculo. (Efés. 4:15, 16; Col. 2:19)
(d) O
Cristo que prepara o caminho.
A
separação entre Cristo e sua igreja na terra, separação ocasionada pela
ascensão, não é permanente. Ele subiu como um precursor a preparar o caminho
para aqueles que o seguem. Sua promessa foi: "Onde eu estiver, ali estará
também o meu servo" (João 12:26).
O
termo "precursor" é primeiramente aplicado a João Batista como aquele
que prepararia o caminho de Cristo (Luc. 1:76). Como João preparou o caminho
para Cristo, assim também o Cristo glorificado prepara o caminho para a igreja.
Esta
esperança é comparada a uma "âncora da alma segura e firme, e que penetra
até ao interior do véu; onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós" (Heb.
6:19,20). Ainda que agitada pelas ondas das provações e das adversidades, a
alma do crente fiel não pode naufragar enquanto sua esperança estiver
firmemente segura nas realidades celestiais.
Em
sentido espiritual, a igreja já está seguindo o Cristo glorificado; e tem-se
"assentado nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Efés. 2:6). Por
meio do Espírito Santo, os crentes, espiritualmente, no coração, já seguem a
seu Senhor ressuscitado. Entretanto, haverá uma ascensão literal correspondente
à ascensão de Cristo, (1 Tess. 4:17; l Cor. 15:52) Essa esperança dos crentes
não é uma ilusão, porque eles já sentem o poder de atração do Cristo
glorificado (1Ped. 1:8). Com essa esperança, Jesus confortou os seus discípulos
antes de sua partida (João 14:1-3). "Portanto, consolai-vos uns aos outros
com estas palavras" (1 Tess. 4:18).
(e) O
Cristo intercessor.
Em
virtude de ter assumido a nossa natureza e ter morrido por nossos pecados,
Jesus é o Mediador entre Deus e os homens (1 Tim. 2:5). Mas o Mediador é também
um Intercessor, e a intercessão é mais do que mediação. Um mediador pode
ajuntar as duas partes e depois deixá-las a si mesmas para que resolvam suas
dificuldades; porém, um intercessor diz alguma coisa a favor da pessoa pela
qual se interessa.
A
intercessão é um ministério importante do Cristo glorificado (Rom. 8:34). A
intercessão forma o apogeu das suas atividades salvadoras.
Ele
morreu por nós; ressuscitou por nós; ascendeu por nós; e intercede por nós
(Rom. 8:34).
Nossa
esperança não está em um Cristo morto, mas em um Cristo que vive; e não somente
em Um que vive, mas em um Cristo que vive e reina com Deus.
O
sacerdócio de Cristo é eterno; portanto, sua intercessão é permanente.
"Portanto, ele pode levar a um desfecho feliz ("perfeitamente",
Hebreus 7:25) toda a causa cuja defesa ele pleiteia assegurando assim àqueles
que se chegam a Deus, por sua mediação, a completa restauração ao favor e à
bênção divinos.
Realmente,
o propósito de sua vida no céu é precisamente esse; ele vive sempre com esse
intento de interceder diante de Deus a favor dos seus. Enquanto Deus existir,
não pode haver interrupção de sua obra intercessora... porque a intercessão do
Cristo glorificado não é uma oração apenas, mas uma vida.
O
Novo Testamento não o apresenta como um suplicante constantemente presente
perante o Pai, de braços estendidos e em forte pranto e lágrimas, rogando por
nossa causa diante de Deus como se fora um Deus relutante, mas o apresenta como
um Sacerdote-Rei entronizado, pedindo o que deseja de um Pai que sempre o ouve
e concede Sua petição" (Swete).
Quais
as principais petições de Cristo em seu ministério intercessor? A oração do
capítulo 17 de João sugere a resposta.
Semelhante
ao oficio de mediador é o de advogado (no grego, "paracleto"). (1
João 2:1) Advogado ou paracleto é aquele que é chamado a ajudar uma pessoa
angustiada ou necessitada, para confortá-la ou dar-lhe conselho e proteção.
Essa foi a relação do Senhor para com seus discípulos durante os dias de sua
carne. Mas o Cristo glorificado também está interessado no problema do pecado.
Como Mediador, ele obtém acesso para nós na presença de Deus; como Intercessor,
ele leva nossas petições perante Deus; como Advogado, ele enfrenta as acusações
feitas contra nós pelo "acusador dos irmãos", na questão do pecado.
Para os verdadeiros cristãos uma vida habitual de pecado não é admissível (1
João 3:6); porém, isolados atos de pecado podem acontecer aos melhores
cristãos, e tais ocasiões requerem a advocacia de Cristo.
Em
l João 2:1, 2 estão expostas três considerações que dão força a sua advocacia:
Primeira,
ele está "com o Pai", na presença de Deus
Segunda,
ele é "o Justo", e como tal, pode ser uma expiação por outrem
Terceira,
ele é "a propiciação pelos nossos pecados", isto é, um sacrifício que
assegura o favor de Deus por efetuar expiação pelo pecado.
(f) O
Cristo onipresente. (João 14:12)
Enquanto
estava na terra, Cristo necessariamente limitava-se a estar em um lugar de cada
vez, e não podia estar em contato com todos os seus discípulos ao mesmo tempo.
Mas ao ascender ao lugar de onde procedera a força motriz do universo, foi-lhe
possível enviar seu poder e sua personalidade divina em todo tempo, a todo
lugar e a todos os seus discípulos. A ascensão ao trono de Deus deu-lhe não
somente onipotência (Mat. 28:18) mas também onipresença, cumprindo-se assim a
promessa: "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ai
estou eu no meio deles" (Mat. 18:20).
(g) Conclusão:
Valores
da ascensão.
Quais
os valores práticos da doutrina da ascensão?
1)
O conhecimento interno do Cristo glorificado, a quem brevemente esperamos ver,
é um incentivo à santidade. (Col. 3:1- 4) O olhar para cima vencerá a atração
das coisas do mundo.
2)
O conhecimento da ascensão proporciona um conceito correto da igreja. A crença
em um Cristo meramente humano levaria o povo a considerar a igreja como uma
sociedade meramente humana, útil, sim, para propósitos filantrópicos e morais,
porém destituída de poder e autoridade sobrenaturais. Por outro lado, um
conhecimento do Cristo glorificado resultará no reconhecimento da igreja como
um organismo, um organismo sobrenatural, cuja vida divina emana da Cabeça —
Cristo ressuscitado.
3)
O conhecimento interno do Cristo glorificado produzir uma atitude correta para
com o mundo e as coisas do mundo.
"Mas
a nossa cidade (literalmente, "cidadania") está nos céus donde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fil. 3:20).
4)
A fé no Cristo glorificado inspirará um profundo sentimento de responsabilidade
pessoal. A crença no Cristo glorificado leva consigo o conhecimento de que
naquele dia teremos que prestar contas a ele mesmo. (Rom. 14:7-9; 2 Cor.
5:9,10) O sentido de responsabilidade a um Mestre no céu atua como um freio
contra o pecado e serve de incentivo para a retidão. (Efés. 6:9)
5)
Junto à fé no Cristo glorificado temos a bendita e alegre esperança de seu
regresso.
"E
se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez" (João 14:3).
OS
MILAGRES DE CRISTO - A MORTE DE CRISTO - O FIM DA LEI – A RESSURREIÇÃO E A
ASCENSÃO DE CRISTO
Jesus
de Nazaré transformou o mundo. Jamais houve e jamais haverá alguém como Ele.
Ele é o tema de mais livros, peças, poesias, filmes, e manifestações de
adoração do que qualquer outro homem na história da humanidade. Ele dividiu a
história humana em a.C. e d.C. – "antes e depois de Cristo".
Ler
as Suas palavras cuidadosamente – comparando-as com as de Maomé, Buda, e os
escritos hindus, ou de qualquer outro líder religioso – é ficar atônito diante
do seu poder e singularidade. Os que O ouviram, perguntaram surpresos:
"Donde lhe vêm esta sabedoria e poderes miraculosos?" (Mt 13.54).
Observar o que Ele fez é convencer-se intuitivamente das afirmações básicas da
fé cristã.
Tudo
de bom que o cristianismo fez ao mundo é resultado da influência de Jesus. Mas,
quem era esse homem? As Escrituras hebraicas predisseram com séculos de
antecedência a vinda de um Messias divino para toda a humanidade, e Jesus é o
cumprimento dessas profecias.
Veja
o que a Bíblia diz sobre Ele:
-
Jesus é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação
(Colossenses 1.15);
-
Porque aprouve a Deus que, em Jesus, residisse toda a plenitude (Colossenses
1.19);
-
Jesus é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste (Colossenses 1.17);
-
Em Jesus habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade (Colossenses
2.9);
-
Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito [Jesus], que está no seio do Pai, é
quem o revelou (João 1.18);
-
Jesus é o resplendor da glória e a expressão exata do Ser de Deus, sustentando
todas as coisas pela palavra do seu poder... (Hebreus 1.3);
-
Em Cristo todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos
(Colossenses 2.3);
-
O Verbo [Jesus] estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o
mundo não o conheceu (João 1.10);
O
mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia se
manifestou... Isto é, Cristo em vós, a esperança da glória (Colossenses
1.26,27);
-
Jesus se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção (1 Coríntios 1.30);
-
Jesus é a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem (João 1.9);
-
Deus, o Pai, constitui ao Filho, Jesus, herdeiro de todas as coisas, pelo qual
também fez o universo (Hebreus 1.2);
-
Jesus é o Mediador da Nova Aliança... (Hebreus 12.24);
-
Jesus é o Autor e Consumador da fé... (Hebreus 12.2);
-
Em Jesus temos a redenção, a remissão dos pecados (Colossenses 1.14);
-
Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1
Timóteo 2.5);
-
Jesus disse: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão
por mim (João 14.6).
Os Milagres de Cristo
O
ministério de Jesus é caracterizado pelos seus ensinos. Mas diferentemente de
outros rabis da época, era distinguido pelos milagres. Existe um amplo debate
na teologia sobre a natureza e veracidade dos milagres, mas como já foi
estabelecido aqui, entendemos que o testemunho das Escrituras são suficientes
para atestar sua veracidade.
De
uma maneira geral poderiam ser caracterizados assim :
Milagres
de transformação: Jesus transforma água em vinho e seca
uma figueira;
Exorcismos: Jesus expulsa demônios;
Curas: Jesus elimina doença/deformação; perdoa pecados;
Ressurreições: Jesus traz de volta a vida dos mortos, (3 casos);
Milagres
sobre a natureza: Jesus age sobre os elementos (vento e
mar)
Milagres
de surgimento: Jesus faz surgir peixes, multiplica
pães e peixes e faz aparecer moeda na boca do peixe;
Milagres
de habilidade: Jesus possui a habilidade de mudar as
situações, escapando de perseguidores em Nazaré; aparece e desaparece como
ressuscitado, ou saber os pensamentos das pessoas e os atos futuros;
Milagres
de epifania e transfiguração -
a voz de Deus, a pomba;
Outros
milagres - o véu do templo que se rasgou,
a ressurreição de mortos no momento da crucificação e subida aos céus.
A
Obra de Cristo na Cruz
Por
melhores que fossem os ensinamentos de Jesus, seu ministério não estaria
completo sem a cruz. O Novo Testamento muitas vezes liga o sangue de Cristo com
nossa redenção. Por exemplo, Pedro diz :
"fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo
precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo" (1 Pe 1.18-19).
A
morte de Cristo não tem apenas "um" significado teológico. Ela pode
ser vista sob vários aspectos, oferecendo diversos benefícios.
1 - A
MORTE DE CRISTO FOI EM LUGAR DOS PECADORES
Conceito
de expiação vicária -
Um
sinônimo para essa expressão é "substituição penal", de modo a
significar que Cristo sofreu a punição do pecado de outros em lugar deles (1Pe
3.18);
No
AT esse conceito aparece na oferta de animais por pecados cometidos pelos
ofertantes (Lv 5.6). Isaías expôs, de modo profético, o caráter expiatório e
vicário da morte de Cristo (Is 53.5,6). No NT esse conceito é muito presente e
é expresso com o auxílio da preposição anti que significa "por",
"em vez de", "em lugar de" (Mc 10.45; 1 Tm 2.6) e da
preposição hyper que significa "por", "em benefício de" (Jo
11.50,51; Rm 5.6-8; 2 Co 5.21; Gl 3.13; Tt 2.14; 1 Pe 3.18).
2
- A MORTE DE CRISTO FOI PARA A
REDENÇÃO DOS PECADOS
Redenção
significa "libertação mediante um pagamento". Significa que Jesus
pessoalmente libertou os seus do pecado pagando, por isso, com seu próprio
sangue (Cl 1.13,14);
Evidência
da redenção - Esse conceito é expresso no NT com o auxílio das palavras:
agorazo, que tem o sentido de "comprar algo no mercado" - o mercado
se chamava "ágora" - (1 Co 6.19,20; 7.22,23; 2 Pe 2.1; Ap 5.9,10),
exagorazo que tem o sentido de "comprar e levar para fora do mercado"
(Gl 3.13; 4.5), e peripoiéo que significa "comprar", "manter a
salvo", "preservar" (At 20.28).
3
- A MORTE DE CRISTO FOI PARA A RECONCILIAÇÃO DO HOMEM
Reconciliação
significa "mudança de relacionamento". Onde havia hostilidade, agora
há paz e harmonia entre as partes, sejam os homens entre si (Mt 5.24; 1 Co
7.11), sejam os homens e Deus (Rm 5.1-11; 2 Co 5.18-21; Ef 2.16; Cl 1.20).
4
- A MORTE DE CRISTO FOI PARA A PROPICIAÇÃO DE DEUS
Propiciação
significa "tornar alguém propício ou favorável a outro". Deus, que
era inimigo do homem perdido e estava irado contra ele, torna-se agora
favorável ao homem. Ou seja, satisfaz a justiça de Deus.
Essa
realidade fica clara tanto no AT (2 Rs 13.3; Jr 21.12; Ez 8.18) como no NT (Jo
3.36; Rm 1.18; Ef 2.3; 1 Ts 2.16). A propiciação de Deus foi efetuada na cruz,
ocasião em que Deus lançou sobre Jesus a ira e o castigo pelos pecados da
igreja, desviando dela a ira do Senhor (Rm 3.25; Hb 2.17; 1 Jo 2.2; 4.10).
O
FIM DA LEI
A
morte de Cristo trouxe o "fim da Lei" (Rm 10.4). Esse texto pode ser
interpretado de duas maneiras:
Cristo
pôs fim à Lei;
Cristo
cumpriu a Lei (cf. Mt 5.17).
Apesar
de Cristo ter cumprido a Lei, Paulo defende que "o fim da Lei é
Cristo" no sentido de Cristo ter posto um fim definitivo ao conceito de
"salvação por obras" para ficar claro que "a salvação gratuita é
pela fé em Cristo" (Rm 9.30-33). Isso mina a essência da fé judaica.
A
lei vigente até então é Mosaica. Ela se divide basicamente em : lei moral, lei
cerimonial e lei judicial. Apesar de haver quem defenda que Jesus aboliu apenas
uma parte da Lei Mosaica, ela é uma unidade indivisível (Tg 2.10). Paulo inclui
a própria lei moral no que ele chamou de "ministério da morte" (2 Co
3.7).
O
motivo da abolição da antiga Lei é que houve a introdução de um sacerdócio
superior (Hb 7.11,12). Apesar de os justos preceitos da Lei servirem de
parâmetro de conduta para o cristão guiado pelo Espírito Santo (Mt 23.23; Rm
8.3,4), de modo algum o cumprimento das suas cláusulas podem trazer justiça (At
13.39; Rm 3.20; Gl 2.16)
A
Ressurreição e a Ascensão de Cristo
Assim
como os milagres, o testemunho das Escrituras é suficiente para atestar a
realidade da RESSURREIÇÃO DE CRISTO
1
- A importância da ressurreição de Cristo
A
ressurreição de Cristo confirmou a veracidade da sua palavra (Mt 20.19; 28.6),
comprovando a credibilidade da sua obra; Possibilitou que Cristo, vivo, atuasse
diante da igreja como sumo sacerdote (Hb 4.15), advogado (1 Jo 2.1) e cabeça
(Ef 5.23); Formou a base do evangelho que é pregado para a salvação dos
pecadores (1 Co 15.3-8), mediante o enfoque da justificação presente na
ressurreição (Rm 4.25); Deu esperança à igreja a respeito do seu futuro (1 Co
15.13-19).
2
- As evidências da ressurreição de Cristo
Jesus
apareceu para muitas pessoas depois de ressuscitar (At 2.32).Ele apareceu para
as mulheres (Mt 28.8-10);para Pedro (Lc 24.34; 1 Co 15.5), para 2 discípulos a
caminho de Emaús (Lc 24.13-32), para os demais discípulos (Jo 20.19-25), para
Tomé (Jo 20.26-29), para os discípulos no mar da Galileia (Jo 21.1-24), para
Tiago (1 Co 15.7), para mais de 500 pessoas de uma só vez (1 Co 15.6) e para
Paulo (1 Co 15.8).
Quando
esses relatos foram escritos, a maioria dessas testemunhas estavam vivas e
podiam ser consultadas sobre o evento, apontando para a veracidade dos relatos
da ressurreição;
Além
disso, a mudança radical de atitude e a visível determinação dos discípulos
depois da ressurreição são grandes evidências de que algo muito marcante
aconteceu. (Compare Mt 26.69-75 com At 5.27-32 e também Jo 20.19 com At
5.40-42).
A
ASCENSÃO DE CRISTO
1
- As declarações sobre a ascensão de Cristo
No
Antigo Testamento há duas referências (Sl 68.18 cf. Ef 4.8; Sl 110.1 cf. At
2.34,35);
Jesus
anunciou que iria para o Pai (Jo 7.33; 14.12,28; 16.5,10,28) e que ascenderia
ao céu (Jo 6.62; 20.17);
Lucas
relata a ascensão de Cristo (Lc 9.51; 24.51; At 1.6-11);
Os
apóstolos falaram da ascensão (Ef 4.10; 1 Tm 3.16; Hb 4.14; 1 Pe 3.22) e do
atual estado de exaltação (Cl 3.1).
2
- A descrição da ascensão de Cristo
Jesus
ascendeu aos céus estando ele e os discípulos sobre o Monte das Oliveiras (Lc
24.50; At 1.12). Jesus literalmente foi elevado gradualmente às alturas, à
vista dos discípulos, até que uma nuvem o encobriu e ele não mais foi visto (At
1.9); Anjos surgiram e prometeram que Jesus voltaria corporal e visivelmente no
futuro, assim como havia sido elevado à vista deles (At 1.11).
3
- O significado da ascensão de Cristo
A
ascensão marcou o fim do ministério terreno de Cristo e da sua atuação
humilhante como servo a fim de resgatar seu povo. Foi o início do seu
ministério como cabeça da igreja e intercessor, além de ter iniciado o período
de espera para sua volta gloriosa para julgar e reinar.
Um
aspecto específico de Cristo ter subido para o céu e recebido honra é o fato de
que ele assentou-se à destra de Deus. O Antigo Testamento predisse que o
Messias sentar-se-ia à direita de Deus (Sl 110.1). Quando Cristo ascendeu de
volta ao céu ele recebeu o cumprimento daquela promessa (Hb 1.3).
A ascensão de Cristo tem importância para a vida do cristão, visto que estamos unidos a Cristo em cada aspecto da obra de redenção, a ascensão de Cristo ao céu prefigura nossa ascensão futura com ele (1 Ts 4.17).
Nenhum comentário:
Postar um comentário