PNEUMATOLOGIA - OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
1.
Natureza geral dos dons.
Os
dons do Espírito devem distinguir-se do dom do Espírito. Os primeiros descrevem
as capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito para ministérios
especiais; o segundo refere-se à concessão do Espírito aos crentes conforme é
ministrado por Cristo glorificado. (At 2:33) Paulo fala dos dons do Espírito
("espirituais", no original grego) num aspecto tríplice. São eles:
"charismata", ou uma variedade de dons concedidos pelo mesmo
Espírito (1 Co 12:4,7)
"diakonai", ou variedade de serviços prestados na causa do
mesmo Senhor
"energemata", ou variedades de poder do mesmo Deus que opera
tudo em todos.
Refere-se
a todos esses aspectos como "a manifestação do Espírito", que é dado
aos homens para proveito de todos.
Qual
é o propósito principal dos dons do Espírito Santo?
São
capacidades espirituais concedidas com o propósito de edificar a igreja de
Deus, por meio da instrução dos crentes e para ganhar novos convertidos (Ef 4:
7-13).
Em
1 Co 12:8-10, Paulo enumera nove desses dons, que podem ser classificados da
seguinte maneira:
1.
Aqueles que concedem poder para saber sobrenaturalmente: A palavra de
sabedoria, a palavra de ciência, e de discernimento.
2.
Aqueles que concedem poder para agir sobrenaturalmente: Fé, milagres, curas.
3.
Aqueles que concedem poder para orar sobrenaturalmente: Profecia, línguas,
interpretação.
Esses
dons são descritos como "a
manifestação do Espírito",
"dada a cada um, para o que for útil" (isto é, para o beneficio da
igreja). Aqui temos a definição bíblica duma "manifestação" do
Espírito, a saber, a operação de qualquer um dos nove dons do Espírito.
2.
Variedade de Dons.
(a)
A palavra de sabedoria.
Por
essa expressão entende-se o pronunciamento ou a declaração de sabedoria.
Que
tipo de sabedoria?
Isso
se determinará melhor notando em quais sentidos se usa a palavra
"sabedoria" no Novo Testamento.
É
aplicada à arte de interpretar sonhos e dar conselhos sábios (At 7:10)
À
inteligência demonstrada no esclarecer o significado de algum número ou visão misteriosos
(Ap 13:18; 17:9)
Prudência
em tratar assuntos (At 6:3)
Habilidade
santa no trato com pessoas de fora da igreja (Cl 4:5)
Jeito
e discrição em comunicar verdades cristãs (Cl 1:28)
O
conhecimento e prática dos requisitos para uma vida piedosa e pura (Tg 1:5;
3:13, 17)
O
conhecimento e habilidade necessários para uma defesa eficiente da causa de
Cristo (Lc 21:15)
Um
conhecimento prático das coisas divinas e dos deveres humanos, unido ao poder
de exposição concernente a essas coisas e deveres e de interpretar e aplicar a
Palavra sagrada (Mt 13:54; Mc 6:2; At 6:10)
A
sabedoria e a instrução com que João Batista e Jesus ensinaram aos homens o
plano de salvação. (Mt 11:19)
Nos
escritos de Paulo "a sabedoria" aplica-se a um conhecimento do plano
divino, previamente escondido, de prover aos homens a salvação por meio da
expiação de Cristo (1 Co 1:30; Cl 2:3); por conseguinte, afirma-se que em
Cristo "estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência"
(Cl 2:3)
A
sabedoria de Deus é manifestada na formação e execução de seus conselhos. (Rm
11:33)
A
palavra de sabedoria, pois, parece significar habilidade ou capacidade
sobrenatural para expressar conhecimento nos sentidos supramencionados.
(b)
A palavra de ciência
É
um pronunciamento ou declaração de fatos, inspirado dum modo sobrenatural.
Em
quais assuntos?
Um
estudo do uso da palavra "ciência" nos dará a resposta.
A
palavra denota:
O
conhecimento de Deus, tal como é oferecido nos Evangelhos (2 Co 2:14),
especialmente na exposição que Paulo fez (2 Co 10:5)
O
conhecimento das coisas que pertencem a Deus (Rm 11:13)
Inteligência
e entendimento (Ef 3:19)
O
conhecimento da fé cristã (Rm 15:14; 1 Co 1:5)
O
conhecimento mais profundo, mais perfeito e mais amplo da vida cristã, tal como
pertence aos mais avançados (1 Co 12:8; 13: 2,8,14:6; 2 Co 6:6; 8:7; 11:16)
O
conhecimento mais elevado das coisas divinas e cristãs das quais os falsos
mestres se jactam (1 Tm 6:20)
Sabedoria
moral como se demonstra numa vida reta (2 Pe 1:5) e nas relações com os demais
(1 Pe 3:7)
O
conhecimento concernente às coisas divinas e aos deveres humanos (Rm 2:20; Cl
2:3).
Qual
a diferença entre sabedoria e ciência?
Segundo
um erudito, ciência é o conhecimento profundo ou a compreensão das coisas
divinas, e sabedoria é o conhecimento prático ou habilidade que ordena ou
regula a vida de acordo com seus princípios fundamentais.
O
dicionário de Thayer declara que onde "ciência" e "sabedoria"
se usam juntas, a primeira parece ser o conhecimento considerado em si mesmo; a
outra, o conhecimento manifestado em ação
(c)
Fé
(Weymouth
traduz: "fé especial") Esta deve distinguir-se da fé salvadora e da
confiança em Deus, sem a qual é impossível agradar-lhe (Hb 11:6).
É
certo que a fé salvadora é descrita como um dom (Ef 2:8), mas nesta passagem a
palavra "dom" é usada em oposição as "obras", enquanto em 1
Co 12:9 a palavra usada significa uma dotação especial do poder do Espírito.
Que
é o dom de fé?
Donald
Gee descreve-o da seguinte maneira:
...
uma qualidade de fé, às vezes chamada por nossos teólogos antigos, a "fé
miraculosa", parece vir sobre alguns dos servos de Deus em tempos de crise
e oportunidades especiais duma maneira tão poderosa, que são elevados fora do
reino da fé natural e comum em Deus, de forma que tem uma certeza posta em suas
almas que os faz triunfar sobre tudo... possivelmente essa mesma qualidade de
fé é o pensamento de nosso Senhor quando disse em Marcos 11:22: "Tende a
fé de Deus" (Figueiredo).
Era
uma fé desta qualidade especial de fé que ele podia dizer, que um grão dela
podia remover uma montanha (Mt 17:20). Um pouco dessa fé divina, que é um
atributo do Todo-poderoso, posto na alma do homem — que milagres pode produzir!
Vide exemplos da operação do dom em 1 Rs 18:33-35; At 3:4.
(d)
Dons de curar.
Dizer
que uma pessoa tenha os dons (note-se o plural, talvez referindo-se a uma
variedade de curas) significa que são usados por Deus duma maneira sobrenatural
para dar saúde aos enfermos por meio da oração. Parece ser um dom-sinal, de
valor especial ao evangelista para atrair o povo ao Evangelho. (At 8:6,7;
28:8-10) Não se deve entender que quem possui esse dom (ou a pessoa possuída
por esse dom) tenha o poder de curar a todos; deve dar-se lugar à soberania de
Deus e à atitude e condição espiritual do enfermo. O próprio Cristo foi
limitado em sua capacidade de operar milagres por causa da incredulidade de
povo (Mt 13:58). A pessoa enferma não depende inteiramente de quem possua o dom.
Todos os crentes em geral, e os anciãos da igreja em particular, estão dotados
de poder para orar pelos enfermos. (Mc 16:18; Tg 5:14)
(e)
Operação de milagres, literalmente
"obras de poder".
A
chave é Poder. (Vide Jo 14:12; At 1:8) Os milagres "especiais" em
Éfeso são uma ilustração da operação do dom. (At 19:11, 12; 5:12-15)
(f)
Profecia.
A
profecia, geralmente falando, é expressão vocal inspirada pelo Espírito de
Deus.
A
profecia bíblica pode ser mediante revelação, na qual o profeta proclama uma
mensagem previamente recebida por meio dum sonho, uma visão ou pela Palavra do
Senhor.
Pode
ser também extática, uma expressão de inspiração do momento.
Há
muitos exemplos bíblicos de ambas as formas. A profecia extática e inspirada
pode tomar a forma de exaltação e adoração a Cristo, admoestação exortativa, ou
de conforto e encorajamento inspirando os crentes. — J. R. F. A profecia se
distingue da pregação comum em que, enquanto a última é geralmente o produto do
estudo de revelação existente, a profecia é o resultado da inspiração
espiritual espontânea. Não se tenciona suplantar a pregação ou o ensino, senão
completá-los com o toque da inspiração.
A
possessão do dom constituía a pessoa "profeta". (Vide At 15:32; 21:9;
1 Co 14:29)
O
propósito do dom de profecia do Novo Testamento é declarado em 1 Co 14:3 — o
profeta edifica, exorta e consola os crentes.
A
inspiração manifestada no dom de profecia não está no mesmo nível da inspiração
das Escrituras. Isso está implícito pelo fato de que os crentes são instruídos
a provar ou julgar as mensagens proféticas. (Vide 1 Co 14:29)
Por
que julgá-las ou prová-las?
Uma
razão é a possibilidade de o espírito humano (Jr 23:16; Ez 13:2, 3) confundir
sua mensagem com a divina, 1 Ts 5:19-20 trata da operação do dom de profecia.
Os conservadores tessalonicenses foram tão longe em sua desconfiança quanto a
esses dons (v. 20), que estavam em perigo de extinguir o Espírito (v. 19); mas
Paulo lhes disse que provassem cada mensagem (V. 21) e que retivessem o bem (v.
21), e que se abstivessem daquilo que tivesse aparência do mal (v. 22).
Deve
a profecia ou a interpretação ser dada na primeira pessoa do singular, como por
exemplo: "Sou eu, o Senhor, que vos estou falando, povo meu"?
A
pergunta é muito importante, porque a qualidade de certas mensagens tem feito
muita gente duvidar se foi o Senhor mesmo quem falou dessa maneira. A resposta
depende da ideia que tenhamos do modo da inspiração.
Será
mecânica? Isto é, Deus usa a pessoa como se fosse um microfone, estando a
pessoa inteiramente passiva e tomando-se simplesmente um porta-voz? Ou, será o
método dinâmico? Isto é, Deus vivifica dum modo sobrenatural o natureza
espiritual (note: "meu espírito ora", 1 Co 14:14), capacitando a
pessoa a falar a mensagem divina em termos fora do alcance natural das
faculdades mentais?
Se
Deus inspira segundo o primeiro método mencionado, a primeira pessoa do
singular, naturalmente, seria usada; de acordo com o segundo método a mensagem
seria dada na terceira pessoa; por exemplo: "o Senhor deseja que seu povo
olhe para cima e que se anime, etc."
Muitos
obreiros experientes creem que as interpretações e mensagens proféticas devem
ser dadas na terceira pessoa do singular. (Veja-se Lc 1:67-79; 1 Co 14:14, 15.)
(g)
Discernimento de espíritos.
Vimos
que pode haver uma inspiração falsa, a obra de espíritos enganadores ou do
espírito humano.
Como
se pode perceber a diferença?
Pelo
dom de discernimento que dá capacidade ao possuidor para determinar se o
profeta está falando ou não pelo Espírito de Deus. Esse dom capacita o
possuidor para "enxergar" todas as aparências exteriores e conhecer a
verdadeira natureza duma inspiração.
A
operação do dom de discernimento pode ser examinada por duas outras provas:
A
doutrinária (1 Jo 4:1-6) e a prática (Mt 7:15- 23).
A
operação desse dom é ilustrada nas seguintes passagens: Jo 1:47-50; 2:25;
3:1-3; 2 Rs 5:20-26; At 5:3; 8:23; 16:16-18. Essas referências indicam que o
dom capacita a alguém a discernir o caráter espiritual duma pessoa.
Distingue-se esse dom da percepção natural da natureza humana, e mui
especialmente dum espírito critico que procura faltas nos outros.
(h)
Línguas. "Variedade de línguas."
"O
dom de línguas é o poder de falar sobrenaturalmente em uma língua nunca
aprendida por quem fala, sendo essa língua feita inteligível aos ouvintes por
meio do dom igualmente sobrenatural de interpretação."
Parece
haver duas classes de mensagens em línguas:
Primeira,
louvor em êxtase dirigido a Deus somente (1 Co 14:2)
Segunda,
uma mensagem definida para a igreja (1 Co 14:5).
Distingue-se
entre as línguas como sinal e línguas como dom.
A
primeira é para todos (Atos 2:4); a outra não é para todos (1 Co 12:30).
(i)
Interpretação de línguas.
Assim
escreve Donald Gee:
O
propósito do dom de interpretação é tornar inteligíveis as expressões do êxtase
inspiradas pelo Espírito que se pronunciaram em uma língua desconhecida da
grande maioria presente, repetindo-se claramente na língua comum, do povo
congregado. É uma operação puramente espiritual.
O
mesmo Espírito que inspirou o falar em outras línguas, pelo qual as palavras
pronunciadas procedem do espírito e não do intelecto, pode inspirar também a
sua interpretação.
A
interpretação é, portanto, inspirada, extática e espontânea.
Assim
como o falar em língua não é concebido na mente, da mesma maneira, a
interpretação emana do espírito antes que do intelecto do homem.
Nota-se
que as línguas em conjunto com a interpretação tomam o mesmo valor de profecia.
(Vide 1 Co 14:5)
Por
que, então, não nos contentarmos com a profecia?
Porque
as línguas são um "sinal" para os incrédulos (1 Co 14:22).
Nota: Já se sugeriu que os ministérios enumerados em
Rom. 12:6-8 e em 1 Co 12:28, também devem ser incluídos sob a classificação de
"charismata" — ampliando-se dessa forma o alcance dos dons
espirituais para incluir os ministérios inspirados pelo Espírito.
3.
Regulamento dos dons.
A
faísca que fende as árvores, queima casas e mata gente, é da mesma natureza da
eletricidade gerada na usina que tão eficientemente ilumina as casas e aciona
as fábricas. A diferença está apenas em que a da usina é controlada.
Em
1 Co cap. 12, Paulo revelou os grandiosos recursos espirituais de poder
disponível para a igreja; no cap. 14 ele mostra como esse poder deve ser
regulado, de modo que edifique, em lugar de destruir, a igreja. A instrução era
necessária, pois uma leitura desse capítulo demonstrará que a desordem havia
reinado em algumas reuniões, devido à falta de conhecimento das manifestações
espirituais.
O
capítulo 14 expõe os seguintes princípios para esse regulamento:
(a)
Valor proporcional. (Vs.
5-10)
Os
coríntios haviam-se inclinado demasiadamente para o dom de línguas,
indubitavelmente por causa de sua natureza espetacular. Paulo lembra-lhes que a
interpretação e a profecia eram necessárias para que o povo pudesse ter
conhecimento inteligente do que se estava dizendo.
(b)
Edificação.
O
propósito dos dons é a edificação da igreja, para encorajar os crentes e
converter os descrentes. Mas, diz, Paulo, se um de fora entra na igreja e tudo
que ouve é falar em línguas sem interpretação, bem concluirá: esse povo é
demente. (Vs. 12, 23)
A
operação desse dom é ilustrada nas seguintes passagens: Jo 1:47-50; 2:25;
3:1-3; 2 Rs 5:20-26; At 5:3; 8:23; 16:16-18. Essas referências indicam que o
dom capacita a alguém a discernir o caráter espiritual duma pessoa.
Distingue-se esse dom da percepção natural da natureza humana, e mui
especialmente dum espírito critico que procura faltas nos outros.
(c)
Sabedoria. (Vs. 20)
"Irmãos,
não sejais meninos no entendimento." Em outras palavras : "Usai o
senso comum."
(d)
Autodomínio. (Vs. 32)
Alguns
coríntios poderiam protestar assim: "não podemos silenciar; quando o
Espírito Santo vem sobre nós, somos obrigados a falar. Mas Paulo responderia:
"Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas." Isto é,
aquele que possui o dom de línguas pode dominar sua expansão e falar unicamente
a Deus, quando tal domínio seja necessário.
(e)
Ordem. (Vs. 40)
"Mas
faça-se tudo decentemente e com ordem." O Espírito Santo, o grande
Arquiteto do universo com toda sua beleza, não inspirará aquilo que seja
desordenado e vergonhoso. Quando o Espírito Santo está operando com poder,
haverá uma comoção e um movimento, e aqueles que aprenderam a render-se a ele
não criarão cenas que não edifiquem.
(f)
Suscetível de ensino.
Infere-se
dos versos 36 e 37 que alguns dos coríntios haviam ficado ofendidos pela
critica construtiva de seus dirigentes.
Nota
1.
Infere-se,
pelo cap. 14 de I Coríntios, que existe poder para ser governado.
Portanto,
o capítulo seria sem nenhum significado para uma igreja que não experimenta as
manifestações do Espírito. É muito certo que os coríntios haviam descarrilado
quanto aos dons espirituais. Entretanto, ao menos tinham os trilhos e uma
estrada! Se Paulo tivesse agido como alguns críticos modernos, teria removido
até a estrada e os trilhos! Em lugar disso, ele sabiamente os colocou de novo
sobre os trilhos para prosseguirem viagem!
Quando
a igreja do segundo e terceiro séculos reagiu contra certas extravagâncias, ela
inclinou-se para o outro extremo e deixou muito pouco lugar para as operações
do Espírito. Mas essa é apenas uma parte da explicação do arrefecimento do
entusiasmo da igreja e a cessação geral das manifestações espirituais.
Cedo
na história da igreja começou um processo centralizador de sua organização e a
formação de credos dogmáticos e inflexíveis. Ainda que isso fosse necessário
como defesa contra as falsas seitas, tinha a tendência de impedir o livre
movimento do Espírito e fazer do Cristianismo uma questão de ortodoxia mais do
que vitalidade espiritual.
Assim
escreve o Dr. T. Rees: No primeiro século, o Espírito era conhecido por suas
manifestações, mas do segundo século em diante era conhecido pela regra da
igreja, e qualquer fenômeno espiritual que não estivesse em conformidade com
essa regra era atribuído a espíritos maus.
As
mesmas causas, nos tempos modernos, têm resultado em descuido da doutrina e da
obra do Espírito Santo, descuido reconhecido e lamentado por muitos dirigentes
religiosos.
Apesar
desses fatos, o poder do Espírito Santo nunca deixou de romper todos os
impedimentos do indiferentismo e formalismo, e operar com força vivificadora.
Nota
2.
Devemos
diferenciar entre manifestações e reações.
Tomemos
a seguinte ilustração: A luz da lâmpada elétrica é uma manifestação da
eletricidade; é da natureza da eletricidade manifestar-se na forma de luz. Mas
quando alguém toma um choque elétrico e solta um grito ensurdecedor, não
podemos dizer que o grito seja manifestação da eletricidade, porque não está na
natureza da eletricidade manifestar-se em voz audível. O que aconteceu foi a
reação da pessoa à corrente elétrica! Naturalmente a reação dependerá do
caráter e temperamento da pessoa. Algumas pessoas calmas e de "sangue
frio" apenas suspirariam, ofegantes, sem dizer nada.
Apliquemos
essa regra ao poder espiritual. As operações dos dons em 1 Co 12:7-10 são
biblicamente descritas como manifestações do Espírito. Muitas ações porém em
geral chamadas "manifestações", realmente são reações da pessoa ao
movimento do Espírito. Referi-mo-nos a tais ações como gritar, chorar, levantar
as mãos e outras cenas.
Que
valor prático há no conhecimento dessa distinção?
1)
Ajudar-nos a honrar e reconhecer a obra do Espírito sem atribuir a ele tudo o
que se passa nas reuniões. Os críticos, ignorando a referida distinção,
incorretamente concluem que a falta de elegância ou estética na manifestação de
certa pessoa prova que ela não está inspirada pelo Espírito Santo. Tais críticos
poderiam ser comparados ao indivíduo que, ao ver os movimentos grotescos de
quem estivesse tomando forte choque elétrico, exclamasse: "A eletricidade
não se manifesta assim"! O impacto direto do Espírito Santo é de tal forma
comovente, que bem podemos desculpar a frágil natureza humana por não se
comportar como se fosse sob uma influência mais gentil.
2) O conhecimento dessa distinção, naturalmente, estimulará a reagir ao movimento do Espírito duma maneira que sempre glorifique a Deus. Certamente é tão injusto criticar as extravagâncias dum novo convertido como criticar as quedas e tropeços da criancinha que aprende a andar. Mas ao mesmo tempo, orientado por 1 Cor.?, é claro que Deus quer que seu povo reaja ao Espírito, duma maneira inteligente, edificante e disciplinada. "Procurai abundar neles, para edificação da igreja" (1 Co?:12).
O ESPÍRITO NA EXPERIÊNCIA HUMANA.
Esta
secção concerne às várias operações do Espírito em relação com os homens.
1.
Convicção.
Em
Jo 16:7-11 Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo. O Espírito
agirá como "promotor de Justiça", por assim dizer, trabalhando para
conseguir uma condenação divina contra os que rejeitam a Cristo.
Convencer
significa levar ao conhecimento verdades que de outra maneira seriam postas em
dúvida ou rejeitadas, ou provar acusações feitas contra a conduta.
Os
homens não sabem o que é o pecado, a justiça e o juízo; portanto, precisam ser
convencidos da verdade espiritual. Por exemplo, seria inútil discutir com uma
pessoa que declarasse não ver beleza alguma numa rosa, pois sua incapacidade demonstraria
falta de apreciação pelo belo. Precisa ser despertado nela um sentido de
beleza; precisa ser "convencida" da beleza da flor. Da mesma maneira,
a mente e a alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de
serem convencidas e despertadas pelo Espírito Santo. Ele convencerá os homens
das seguintes verdades:
(a)
O pecado de incredulidade.
Quando
Pedro pregou, no dia de Pentecoste, ele nada disse acerca da vida licenciosa do
povo, do seu mundanismo, ou de sua cobiça; ele não entrou em detalhes sobre sua
depravação para os envergonhar. O pecado do qual os culpou, e do qual mandou
que se arrependessem, foi a crucificação do Senhor da glória; o perigo do qual
os avisou foi o de se recusarem a crer em Jesus. Portanto, descreve-se o pecado
da incredulidade como o pecado único, porque, nas palavras dum erudito,
"onde esse permanece, todos os demais pecados surgem e quando esse
desaparece todos os demais desaparecem". É o "pecado mater",
porque produz novos pecados, e por ser o pecado contra o remédio para o pecado.
Assim escreve o Dr. Smeaton: "Por muito grande e perigoso que seja esse
pecado, tal é a ignorância dos homens a seu respeito que sua criminalidade é
inteiramente desconhecida até que seja descoberta pela influência do Espírito
Santo, o Consolador. A consciência poderá convencer o homem dos pecados comuns,
mas nunca do pecado da incredulidade. Jamais homem algum foi convencido da
enormidade desse pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo."
(b)
A justiça de Cristo.
"Da
justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais" (Jo 16:10).
Jesus
Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor. Mas depois do dia de
Pentecoste, o derramamento do Espírito e a realização do milagre em seu nome
convenceram a milhares de judeus de que não somente ele era justo, mas também
era a fonte única e o caminho da justiça. Usando Pedro, o Espírito os convenceu
de que haviam crucificado o Senhor da Justiça (At 2:36, 37), mas também ele
lhes assegurou que havia perdão e salvação em seu nome (At 2:38).
(c)
O juízo sobre Satanás.
"E
do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16:11).
Como
se convencerão as pessoas na atualidade de que o crime será castigado?
Pela
descoberta do crime e seu subseqüente castigo; em outras palavras, pela
demonstração da justiça.
A
cruz foi uma demonstração da verdade de que o poder de Satanás sobre a vida dos
homens foi destruído, e de que sua completa ruína foi decretada. (Hb 2:14,15; l
Jo 3:8; Cl 2:15; Rm 16:20)
Satanás
tem sido julgado no sentido de que perdeu a grande causa, de modo que já não
tem mais direito de reter, como escravos, os homens seus súditos. Pela sua
morte, Cristo resgatou todos os homens do domínio de Satanás, devendo estes
aceitar sua libertação. Os homens são convencidos pelo Espírito Santo de que na
verdade são livres (Jo 8:36). Já não são súditos do tentador; já não são
obrigados mais a obedecer-lhe, agora são súditos leais de Cristo, servindo-o
voluntariamente no dia do seu poder. (Sl 110:3) Satanás alegou que lhe cabia o
direito de possuir os homens que pecaram, e que o justo Juiz devia deixá-los
sujeitos a ele. O Mediador, por outra parte, apelou para o fato de que ele, o
Mediador, havia levado o castigo do homem, tomando assim o seu lugar, e que,
portanto, a justiça, bem como a misericórdia, exigiam que o direito de
conquista fosse anulado e que o mundo fosse dado a ele, o Cristo, que era o seu
segundo Adão e Senhor de todas as coisas. O veredito final divino foi contrário
ao príncipe deste mundo — e ele foi julgado. Ele já não pode guardar seus bens
em paz visto que Um mais poderoso o venceu. (Lc 11:21, 22)
2.
Regeneração.
A
obra criadora do Espírito sobre a alma ilustra-se pela obra criadora do
Espírito de Deus no princípio sobre o corpo do homem.
Voltemos
à cena apresentada em Gn 2:7. Deus tomou o pó da terra e formou um corpo. Ali
jazia inanimado e quieto esse corpo. Embora já estando no mundo, e rodeado por
suas belezas, esse corpo não reagia porque não tinha vida; não via, não ouvia,
não entendia.
Então
"Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente". Imediatamente tomou conhecimento, vendo as belezas e ouvindo os
sons do mundo ao seu redor. Como sucedeu com o corpo, assim também sucede com a
alma. O homem está rodeado pelo mundo espiritual e rodeado por Deus que não
está longe de nenhum de nós. (At 17:27) No entanto, o homem vive e opera como
se esse mundo de Deus não existisse, em razão de estar morto espiritualmente,
não podendo reagir como devia. Mas quando o mesmo Senhor que vivificou o corpo
vivifica a alma, a pessoa desperta para o mundo espiritual e começa a viver a
vida espiritual. Qualquer pessoa que tenha presenciado as reações dum
verdadeiro convertido, conforme a experiência radical conhecida como novo
nascimento, sabe que a regeneração não é meramente uma doutrina, mas uma
realidade prática.
3.
Habitação.
Vide
Jo 14:17; Rm 8:9; 1 Co 6:19; 2 Tm 1:14: 1 Jo 2:27; Cl 1:27; 1 Jo 3:24; Ap 3:20.
Deus está sempre e necessariamente presente em toda parte; nele vivem todos os
homens; nele se movem e têm seu ser. Mas a habitação interior significa que
Deus está presente duma maneira nova, mantendo uma relação pessoal com o
indivíduo. Esta união com Deus, que é chamada habitação, morada, é produzida
realmente pela presença da Trindade completa, como se poderá ver por um exame
dos textos supra citados. Considerando que o ministério especial do Espírito
Santo é o de habitar no coração dos homens, a experiência é geralmente
conhecida como morada do Espírito Santo.
Muitos
eruditos ortodoxos creem que Deus concedeu a Adão não somente vida física e
mental mas também a habitação do Espírito, a qual ele perdeu por causa do
pecado. Essa perda atingiu não somente a ele mas também os seus descendentes.
Essa ausência do Espírito deixou o homem nas trevas e na debilidade espiritual.
Quando, não logo, pouco a pouco, ataca essas falhas, uma após outra, ora estas,
ora aquelas, entrando nos mínimos detalhes de modo tão cabal que, não podendo
escapar à influência do Espírito, um dia esse homem será perfeito, glorificado
pelo Espírito, e resplandecente com a vida de Deus".
4.
Recebimento dos dons.
Requisitos.
Deus é soberano na questão de outorgar os dons; é ele quem decide quanto à
classe de dom a ser outorgado. Ele pode conceder um dom sem nenhuma intervenção
humana, e mesmo sem a pessoa o pedir. Mas geralmente Deus age em cooperação com
o homem, e há alguma coisa que o homem pode fazer nesse caso.
Que
se requer daqueles que desejam os dons?
(a)
Submissão à vontade divina.
A
atitude deve ser, não o que eu quero, mas o que ele quer. Às vezes queremos um
dom extraordinário, e Deus pode decidir por outra coisa.
(b)
Ambição santa.
"Procurai
com zelo os melhores dons" (1 Co 12:31; 14:1).
Muitas
vezes a ambição tem conduzido as pessoas à ruína e ao prejuízo, mas isso não é
razão de não a consagrarmos ao serviço de Deus.
(c)
Desejo ardente pelos dons naturalmente
resultará em oração, e sempre em submissão a Deus. (Vide 1 Rs 3:5-10; 2 Rs 2:9,
10)
(d)
Fé.
Alguns
têm perguntado o seguinte:
"Devemos
esperar pelos dons?"
Posto
que os dons espirituais são instrumentos para a edificação da igreja, parece
mais razoável começar a trabalhar para Deus e confiar nele a fim de que conceda
o dom necessário para a tarefa particular. Desse modo o professor da Escola
Dominical confiará em Deus para a operação dos dons necessários a um mestre; da
mesma maneira o pastor, o evangelista e os leigos. Uma boa maneira de conseguir
um emprego é ir preparado para trabalhar. Uma boa maneira de receber os dons
espirituais é estar "na obra" de Deus, em vez de estar sentado, de
braços cruzados, esperando que o dom caia do céu.
(e)
Aquiescência.
O
fogo da inspiração pode ser extinguido pela negligência; daí a necessidade de
despertar (literalmente "acender") o dom que está em nos (2 Tm 1:6; 1
Tm 4:14).
5. A prova dos dons.
As
Escrituras admitem a possibilidade da inspiração demoníaca como também das
supostas mensagens proféticas que se originam no próprio espírito da pessoa.
Apresentamos as seguintes provas pelas quais se pode distinguir entre a
inspiração verdadeira e a falsa.
(a)
Lealdade a Cristo.
Quando
estava em Éfeso, Paulo recebeu uma carta da igreja em Corinto contendo certas
perguntas, uma das quais era "concernente aos dons espirituais", 1 Co
12:3 sugere uma provável razão para a pergunta. Durante uma reunião, estando o
dom de profecia em operação, ouvia-se uma voz que gritava: "Jesus é
maldito." é possível que algum adivinho ou devoto do templo pagão houvesse
assistido à reunião, e quando o poder de Deus desceu sobre os cristãos, esses
pagãos se entregaram ao poder do demônio e se opuseram à confissão: "Jesus
é Senhor", com a negação diabólica: "Jesus é maldito !"
A
história das missões modernas na China e em outros países oferece casos
semelhantes. Paulo imediatamente explica aos coríntios, desanimados e
perplexos, que há duas classes de inspiração: A divina e a demoníaca, e explica
a diferença entre ambas. Ele lhes lembra os impulsos e êxtases demoníacos que
haviam experimentado ou presenciado em algum templo pagão, e assinala que essa
inspiração conduz à adoração dos ídolos. (Vide 1 Co 10:20) De outra parte, o
Espírito de Deus inspira as pessoas a confessarem a Jesus como Senhor.
"Portanto,
vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz:
Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor senão pelo Espírito
Santo" (1 Co 12:3; Vide Ap 19:10; Mt 16:16, 17; 1 Jo 4:1,2).
Naturalmente
isso não significa que a pessoa não pode dizer, como um papagaio, que Jesus é
Senhor. O sentido verdadeiro é que ninguém pode expressar a sincera convicção
sobre a divindade de Jesus sem a iluminação do Espírito Santo. (Vide Rm 10:9)
(b)
A prova prática.
Os
coríntios eram espirituais no sentido de que mostravam um vivo interesse nos
dons espirituais (1 Co 12:1; 14:12). Entretanto, embora gloriando - se no poder
vivificante do Espírito, parecia haver falta do seu poder santificador. Estavam
divididos em facções; a igreja tolerava um caso de imoralidade indescritível;
os irmãos processavam uns aos outros nos tribunais; alguns estavam retrocedendo
para os costumes pagãos; outros participavam da ceia do Senhor em estado de
embriaguez. Podemos estar seguros de que o apóstolo não julgou asperamente
esses convertidos, lembrando-se da vileza pagã da qual recentemente haviam sido
resgatados e das tentações de que estavam rodeados. Porém ele sentiu que os
coríntios deviam ficar impressionados com a verdade de que por muito
importantes que fossem os dons espirituais, o alvo supremo de seus esforços
devia ser: o caráter cristão e a vida reta. Depois de encorajá-los a que
"procurassem os melhores dons" (1 Co 12.31), ele acrescenta o
seguinte:
"Eu
vos mostrarei um caminho ainda mais excelente."
A
seguir vem seu sublime discurso sobre o amor divino, a coroa do caráter
cristão. Mas aqui devemos ter cuidado de distinguir as coisas que diferem entre
si. Aqueles que se opõem ao falar em línguas (que são antibíblicos em sua
atitude, 1 Co 14:39), afirmam que se faria melhor buscar o amor, que é o dom
supremo. Eles são culpados de confundir os pensamentos. O amor não é um dom,
mas um fruto do Espírito. O fruto do Espírito é o desenvolvimento progressivo
da vida de Cristo enxertada pela regeneração; ao passo que os dons podem ser
outorgados repentinamente a qualquer crente cheio do Espírito, em qualquer
ponto de sua experiência. O primeiro representa o poder santificador do
Espírito, enquanto o segundo implica seu poder vivificante. Não obstante,
ninguém erra em insistir pela supremacia do caráter cristão.
Por
muito estranho que pareça, é um fato comprovado que pessoas deficientes na
santidade podem exibir manifestações dos dons. Devemos considerar os seguintes
fatos:
1)
O batismo no Espírito Santo não faz a pessoa perfeita de uma vez. A dotação de
poder é uma coisa; a madureza nas graças cristãs é outra. Tanto o novo
nascimento como o batismo no Espírito Santo são dons da graça de Deus e revelam
sua graça para conosco. Todavia, pode haver a necessidade duma santificação
pessoal que se obtenha por meio da operação do Espírito Santo, revelando pouco
a pouco a graça de Deus em nós.
2)
A operação dos dons não tem um poder santificador. Balaão experimentou o dom
profético, embora no coração desejasse trair o povo de Deus por dinheiro.
3)
Paulo nos diz claramente da possibilidade de possuir os dons sem possuir o
amor. Sérias conseqüências podem sobrevir àquele que exercita os dons à parte
do amor. Primeiro, ser uma pedra de tropeço constante para aqueles que conhecem
seu verdadeiro caráter; segundo, os dons não lhe são de nenhum proveito.
Nenhuma quantidade de manifestações espirituais, nenhum zelo no ministério,
nenhum resultado alcançado, podem tomar o lugar da santidade pessoal. (Hb
12:14)
(c)
A prova doutrinária.
O
Espírito Santo veio para operar na esfera da verdade com relação à deidade de
Cristo e sua obra expiatória. É inconcebível que ele contradissesse o que já foi
revelado por Cristo e seus apóstolos. Portanto, qualquer profeta, por exemplo,
que negue a encarnação de Cristo, não está falando pelo Espírito de Deus (1 Jo
4:2, 3).
6.
Glorificação.
Estará
o Espírito Santo com o crente no céu? Ou o Espírito o deixará apos a morte?
A
resposta é que o Espírito Santo no crente é como uma fonte de água que salta
para a vida eterna (Jo 4:14).
A
habitação do Espírito representa apenas o princípio da vida eterna, que será
consumada na vida vindoura.
"A
nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a Fé",
escreveu Paulo, cujas palavras significam que experimentamos unicamente o
princípio duma salvação que ser consumada na vida vindoura.
O
Espírito Santo representa o começo ou a primeira parte dessa salvação completa.
Essa verdade tomará expressão sob estas três
ilustrações:
(a)
Comercial.
O
Espírito é descrito como "o penhor da nossa herança, para a redenção da
possessão de Deus" (Ef 1:14; 2 Co 5:5).
O
Espírito Santo é a garantia de que a nossa libertação ser completa. é mais do
que penhor; é a primeira prestação dada com antecedência, como garantia de que
se completar o resto.
(b)
Agrícola.
O
Espírito Santo representa as primícias da vida futura. (Rm 8:23)
Quando
um israelita trazia as primícias dos seus produtos ao templo de Deus, era esse
um modo de reconhecer que tudo pertencia a Deus. A oferta duma parte
simbolizava a oferta do todo.
O
Espírito Santo nos crentes representa as primícias da gloriosa colheita
vindoura.
(c)
Doméstica.
Assim
como se dá às crianças uma pequena porção de doce antes do banquete, assim na
experiência do Espírito , os crentes por enquanto apenas "provaram... as
virtudes do século futuro" (Hb 6:5). Em Ap. 7:17 lemos que "o Cordeiro
que está no meio do trono... lhes servirá de guia para as fontes das águas da
vida". Note-se o plural nessas últimas palavras. Na vida vindoura, Cristo
será o Doador do Espírito; o mesmo que concedeu uma prova antecipada, conduzirá
seus seguidores a novas porções do Espírito e aos meios de graça e
enriquecimento espiritual, desconhecidos durante a peregrinação terrena.
7.
Pecados contra o Espírito Santo.
As
benévolas operações do Espírito trazem grandes bênçãos, mas essas inferem
responsabilidades correspondentes. Falando de modo geral, os crentes podem
entristecer, mentir à Pessoa do Espírito, e extinguir seu poder. (Ef 4:30; At
5: 3, 4; 1 Ts. 5:19.) Os incrédulos podem blasfemar contra a Pessoa do Espírito
e resistir ao seu poder. (At 7:51; Mt 12:31,32) Em cada caso o contexto
explicará a natureza do pecado. William Evans assinala que: "resistir tem
a ver com a obra regeneradora do Espírito; o entristecer tem a ver com a
habitação interna do Espírito Santo, enquanto o extinguir tem a ver com o derramamento
para servir."
8.
Revestimento de poder.
Nesta
seção consideraremos os seguintes fatos concernentes à dotação de poder: seu
caráter geral, seu caráter especial, sua evidência inicial, seu aspecto
continuo, e a maneira de sua recepção.
(a)
Sua natureza geral.
As
seções anteriores trataram da obra regeneradora e santificadora do Espírito
Santo; nesta seção trataremos de outro modo de operação: sua obra vitalizante.
Esta última fase da obra do Espírito é apresentada na promessa de Cristo:
"Mas
recebereis a virtude do Espírito, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas" (At 1:8).
1)
A característica principal dessa promessa é poder para servir e não a
regeneração para a vida eterna. Sempre que lemos acerca do Espírito vindo
sobre, repousando sobre, ou enchendo as pessoas, a referência nunca é à obra
salvadora do Espírito, mas sempre ao poder para servir.
2)
As palavras foram dirigidas a homens que já estavam em relação íntima com
Cristo. Foram enviados a pregar, armados de poder espiritual para esse propósito
(Mt 10:1); A eles foi dito :
"os
vossos nomes estão escritos nos céus" (Lc 10:20)
Sua
condição moral foi descrita nas palavras:
"Vos
já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado" (Jo 15:3)
Sua
relação com Cristo foi ilustrada com a figura:
"Eu
sou a videira, vós as varas" (Jo 15:5)
Eles
conheciam a presença do Espírito com eles (Jo 14:17); sentiram o sopro do
Cristo ressuscitado e ouviram-no dizer :
"Recebei
o Espírito Santo" (Jo 20:22).
Os
fatos acima mencionados demonstram a possibilidade de a pessoa estar em contato
com Cristo e ser seu discípulo, e, contudo, carecer do revestimento especial
mencionado em At 1:8. Pode-se objetar que tudo isso se refere aos discípulos
antes do Pentecoste; mas em At 8:12-16 temos o caso de pessoas batizadas em
Cristo que receberam o dom do Espírito alguns dias depois.
3)
Acompanhando o cumprimento dessa promessa (At 1:8) houve manifestações
sobrenaturais (At 2:1-4), das quais, a mais importante e comum foi o milagre de
falar em outros idiomas. Que essa expressão oral, sobrenatural, acompanhou o
recebimento do poder espiritual é declarado em dois outros casos (At 10:44- 46;
19:1-6) e infere-se de mais outro caso. (At 8:14-19)
4)
Esse revestimento é descrito como um batismo (At 1:5). Quando Paulo declara que
somente há um batismo (Ef 4:5), ele se refere ao batismo literal nas águas.
Tanto os judeus como os pagãos praticavam as lavagens cerimoniais, e João
Batista havia administrado o batismo nas águas para arrependimento; mas Paulo
declara que agora somente um batismo é válido diante de Deus, a saber, o
batismo autorizado por Jesus e efetuado em nome da Trindade — em outras
palavras, o batismo cristão. Quando a palavra "batismo" é aplicada à
experiência espiritual, é usada figurativamente para descrever a imersão no
poder vitalizante do Espírito Divino. A palavra foi usada figuradamente por
Cristo para descrever sua imersão nas inundações de sofrimento. (Mt 20:22)
5)
Essa comunicação de poder é descrita como ser cheio do Espírito. Aqueles que
foram batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecoste também foram cheios
do Espírito.
(b)
Suas características especiais.
Os
fatos acima expostos nos levam à conclusão de que o crente pode experimentar um
revestimento de poder, experiência suplementar e subseqüente à conversão cuja
manifestação inicial se evidencia pelo milagre de falar em língua por ele nunca
aprendida.
A
conclusão acima tem sido combatida. Alguns dizem que há muitos cristãos que
conhecem o Espírito Santo em seu poder regenerador e santificador, sem terem
falado em outras línguas. De fato, o Novo Testamento ensina que a pessoa não
pode ser cristã sem ter o Espírito, isto é, ser habitação do Espírito.
"Se
alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8:9).
Que
o Espírito de Cristo significa o Espírito Santo, indica-se pelo contexto e se
prova por 1 Pe 1:11 onde a frase "espírito de Cristo" pode referir-se
unicamente ao Espírito Santo. Outras referências são citadas para sustentar a
mesma verdade. (Rm 5:5; 8: 14, 16; 1 Co 6:19; Gl 4:6; 1 Jo 3:24; 4:13.)
Também
se afirma que muitos obreiros cristãos têm experimentado unções do Espírito,
por meio das quais foram capacitados a ganhar almas para Cristo e fazer outras
obras cristãs e, no entanto, esses não falaram em outras línguas. Não se pode
negar que existe um verdadeiro sentido no qual todas as pessoas verdadeiramente
regeneradas têm o Espírito. Mas como é natural, surge a pergunta: "Que há
de diferente e suplementar na experiência chamada batismo no Espírito Santo?
Respondemos
da seguinte maneira:
Há
um Espírito Santo, mas muitas operações desse Espírito; assim como há uma
eletricidade, mas muitas operações dessa eletricidade, a qual aciona fábricas,
ilumina as nossas casas, faz funcionar as geladeiras, e efetua muitos outros
trabalhos, da mesma maneira, o mesmo Espírito regenera, santifica, dá vigor,
ilumina e reveste de dons especiais.
O
Espírito regenera a natureza humana na ocasião da conversão; depois, sendo o
Espírito de santidade que habita no interior, ele produz o "fruto do
Espírito", as características distintivas do caráter cristão. Em certas
ocasiões, os crentes fazem uma consagração especial e recebem vitória sobre o
pecado, e há conseqüente aumento do gozo e paz, experiência que, às vezes, tem
sido chamada "santificação", ou uma "segunda obra da
graça". Mas além dessas operações do Espírito Santo, há outra, cujo propósito
especial é dar energia à natureza humana para um serviço para Deus, resultando
em uma expressão externa dum caráter sobrenatural. Duma maneira geral, S. Paulo
se refere a essa expressão exterior como "a manifestação do Espírito"
(1 Co 12:7), talvez em contraste com as operações mais quietas e secretas do
Espírito.
No
Novo Testamento essa experiência é assinalada por expressões como: "descer
sobre", "ser derramado" e "ser cheio com", expressões
essas que dão a ideia de algo repentino e sobrenatural.
Todas
essas expressões são usadas em conexão com a experiência conhecida como o
batismo no Espírito Santo. (At 1:5)
A
operação do Espírito Santo descrita por essas expressões é tão distinta de suas
manifestações quietas e usuais, que os eruditos criaram uma palavra para
descrevê-la. Essa palavra é "carismático", duma palavra grega
freqüentemente usada para designar um revestimento especial de poder
espiritual.
A.
B. Bruce, erudito presbiteriano, escreve:
A
obra do Espírito era entendida como transcendente, milagrosa e carismática. O
poder do Espírito Santo em um poder que vinha de fora, produzindo efeitos
extraordinários que chamaram a atenção até do observador profano, como Simão o
mago. Ao mesmo tempo que reconhece que os cristãos primitivos creram também nas
operações santificadoras do Espírito (ele cita At 16:14), e sua inspiração de
fé, esperança e amor em seus corações, o mesmo escritor conclui :
O
dom do Espírito Santo veio a significar... o dom de falar em estado de êxtase,
e de profetizar com entusiasmo, e curar os doentes pela oração.
O
ponto que desejamos acentuar é o seguinte:
O
batismo com o Espírito Santo, que é um batismo de poder, é de caráter
"carismático", a julgar pelas descrições dos resultados desse
revestimento. Assim, ao mesmo tempo que admitimos livremente que cristãos são
nascidos do Espírito, e que obreiros têm sido ungidos com o Espírito, afirmamos
que nem todos os cristãos têm experimentado a operação "carismática"
do Espírito, acompanhada por expressão oral, o falar repentino e sobrenatural.
(c)
Sem evidência inicial.
Como
sabemos que a pessoa recebeu revestimento "carismático" do Espírito
Santo? Em outras palavras: Qual é a evidência de que a pessoa recebeu o batismo
no Espírito Santo?
A
questão não se resolve pelos quatro Evangelhos, porque estes contêm profecias
da vinda do Espírito, e uma profecia toma-se clara somente pelo seu
cumprimento; nem tampouco se resolve pelas Epístolas, porque em sua maioria são
instruções pastorais às igrejas estabelecidas nas quais o poder do Espírito com
suas manifestações exteriores era considerado como a experiência normal de todo
cristão. É, portanto, evidente que o assunto deve decidir-se pelo livro de Atos
dos Apóstolos que registra muitos casos de pessoas que receberam o batismo no
Espírito e descreve os resultados que se seguiram. Admitimos que em todos os
casos mencionados no livro de Atos, os resultados do revestimento não são
registrados; mas onde os resultados que se seguiram são descritos, sempre houve
uma expressão imediata, sobrenatural, e exterior, convincente, não somente para
quem recebeu, mas também para o povo ouvinte, de que um poder divino dominava
essa pessoa; e em todos os casos houve um falar estático numa língua que essa
pessoa nunca havia aprendido. Será essa declaração meramente a interpretação particular
dum grupo religioso ou é reconhecida por outros grupos?
O
Dr. Rees, teólogo inglês, de idéias liberais, escreve:
A
glossolalia (o falar em línguas) era o dom mais conspícuo e popular dos
primeiros anos da igreja. Parece que foi o acompanhamento regular e a evidência
da descida do Espírito Santo sobre os crentes.
O
Dr. G. B. Stevens, da Universidade de Yale, em seu livro "Teologia do Novo
Testamento", escreve:
O
Espírito era considerado como dom especial que nem sempre acompanhava o batismo
e a fé. Os samaritanos não foram considerados como tendo o Espírito Santo
quando creram na Palavra de Deus. Eles haviam crido e foram batizados, mais foi
somente quando Pedro e João impuseram as mãos sobre eles que o dom do Espírito
foi derramado. Evidentemente, aqui se vê algum revestimento ou experiência
especial.
Comentando
Atos 19:1-7, ele escreve:
Não
somente não receberam o Espírito Santo quando creram, nem mesmo depois que
foram batizados em nome de Cristo, mas unicamente quando Paulo impôs as mãos
sobre eles é que veio o Espírito Santo e falaram em línguas e profetizaram.
Aqui é obvio que o dom do Espírito é considerado como sinônimo do carisma
estático (revestimento espiritual) de falar em línguas e profetizar.
O
Dr. A. B. MacDonald, ministro escocês, presbiteriano, escreve:
A
crença da igreja acerca do Espírito surgiu dum fato que experimentou.
Bem
cedo em sua carreira os discípulos notaram um novo poder que operava dentro
deles. No princípio, sua manifestação mais extraordinária foi "falar em
línguas", o poder de expressão oral extática numa língua não inteligível.
Tanto esses que eram tomados por esse poder, como também os que viam e ouviam
suas manifestações foram convencidos de que um poder do mundo superior atingira
suas vidas, dotando-os de capacidades de expressão e de outros dons, os quais
pareciam ser algo diferentes, e não apenas uma intensificação da capacidade que
já possuíam. Pessoas que até então não pareciam ser nada além do comum,
repentinamente se tornaram capazes de orar e de se expressar veementemente, em
atitudes sublimes nas quais era manifesto que conversavam com o Invisível. Ele
declara que o falar em línguas "parece ter sido o que mais atraia, e a
manifestação mais proeminente do Espírito, no princípio".
Há
alguma passagem no Novo Testamento em que se faz distinção entre aqueles que
receberam o revestimento de poder e aqueles que não o receberam?
A.
B. MacDonald, o escritor acima citado, responde afirmativamente. Ele assinala
que a palavra "indoutos" em 1 Co 14:16,23 (que ele traduz:
"cristão particular") denota pessoas que se diferenciam dos
incrédulos pelo fato de tomarem parte no culto e o compreendem até ao ponto de
dizerem "Amém"; também são considerados diferentes dos demais crentes
pelo fato de não serem capazes de tomar parte ativa nas manifestações do
Espírito. Parece que uma área especial do local das reuniões era reservada para
os "indoutos" (1 Co 14:16). Weymouth traduz a palavra
"indouto" pela expressão "alguns que carecem do dom". O
dicionário grego de Thayer interpreta-a assim:
"Um
que carece do dom de línguas; um cristão que não é profeta."
MacDonald
descreve-o como "um que espera, ou que é mantido esperando pelo momento
decisivo quando o Espírito desça sobre ele". Não obstante sua denominação
ou escola de pensamento teológico, eruditos capazes admitem que a recepção do
Espírito na igreja primitiva não era uma cerimônia nem uma teoria doutrinária,
mas uma verdadeira experiência. O Cônego Streeter diz que Paulo pergunta aos
gálatas se fora pela lei ou pela pregação da fé que haviam recebido o dom do
Espírito, "como se a recepção do Espírito fora algo bem definido e perceptível".
(d)
Seu aspecto continuo.
A
experiência descrita pela expressão "cheio do Espírito" está ligada à
ideia de poder para servir. Devemos distinguir três fases dessa experiência.
1)
A plenitude inicial quando a pessoa recebe o batismo no Espírito Santo.
2)
Uma condição habitual indicada pelas palavras "cheios do Espírito
Santo" (At 6:3; 7:55,11:24), palavras que descrevem a vida diária da
pessoa espiritual, cujo caráter revela "o fruto do Espírito". A
exortação "enchei-vos do Espírito" refere-se a essa condição
habitual.
3)
Unções para ocasiões especiais.
Paulo
estava cheio do Espírito, depois da sua conversão, mas em At 13:9 vemos que
Deus lhe deu uma unção especial para resistir ao poder maligno dum mago.
Pedro
foi cheio do Espírito no dia de Pentecoste, mas Deus lhe concedeu uma unção
especial quando esteve diante do concilio judaico (At 4:8).
Os
discípulos haviam recebido a plenitude ou o batismo do Espírito Santo no dia de
Pentecoste, mas, em resposta à oração, Deus lhes deu uma unção especial para
fortalecê-los contra a oposição dos lideres judaicos (At 4:31).
Como
disse o pastor F. B. Meyer, de saudosa memória: Tu podes ser um homem cheio do
Espírito Santo quando estás no seio de tua família, mas antes de subires ao
púlpito, deves ter a certeza de que estás especialmente equipado com uma nova
unção do Espírito Santo.
(e)
A maneira de sua recepção.
Como
poderá a pessoa receber esse batismo de poder?
1)
Uma atitude correta é essencial. Os primeiros crentes que receberam o Espírito
Santo "perseveraram unânimes em oração e súplicas" (At 1:14). O ideal
seria a pessoa receber o derramamento de poder imediatamente após a conversão,
mas normalmente há várias circunstâncias duma e de outra natureza que tornam
necessário algum tempo de espera diante do Senhor.
2)
A recepção do dom do Espírito Santo subseqüente à conversão está ligada às
orações dos obreiros cristãos. O escritor do livro dos Atos descreve da
seguinte maneira as experiências dos convertidos samaritanos, que já haviam
crido e haviam sido batizados:
"Os
quais (Pedro e João), tendo descido, oraram por eles para que recebessem o
Espírito Santo... Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito
Santo" (At 8: 15, 17).
Weinel,
teólogo alemão, fez um estudo minucioso das manifestações espirituais da época
apostólica. Ele diz que "o que podem ser chamadas 'reuniões inspiradoras'
realizavam-se constantemente até ao segundo século, por muito estranho que isso
pareça às pessoas desconhecedoras do assunto". O Espírito Santo, declara
ele, veio aos novos conversos pela imposição das mãos e oração e o próprio
Espírito operava sinais e maravilhas. "Reuniões inspiradoras" parece
tratar-se de cultos especiais para aqueles que desejavam receber o poder do Espírito
Santo.
3)
O recebimento do poder espiritual está relacionado com as orações em comum da
igreja. Depois que os cristãos da igreja em Jerusalém haviam orado a fim de
receberem coragem para pregar a Palavra, "moveu-se o lugar em que estavam
reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo" (At 4:31). A expressão
"moveu-se o lugar", significa algo espetacular e sobrenatural que
convenceu os discípulos de que o poder que desceu no dia de Pentecoste estava
ainda presente na igreja.
4)
Um derramamento espontâneo, em alguns casos, pode fazer a oração e o esforço
desnecessários, como foi o caso das pessoas que estavam na casa de Cornélio,
cujos corações já haviam sido "purificados pela fé" (At 10:44; 15:9).
5)
Visto que o batismo de poder é descrito como um dom (At 10:45), o crente pode
requerer diante do trono da graça o cumprimento da promessa de Jesus :
"Se
vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o
Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lhe pedirem?" (Lc 11:13).
Certa
escola de pensamento teológico ensina que não se deve pedir o Espírito, pela
seguinte razão:
No
dia de Pentecoste o Espírito Santo veio habitar permanentemente na igreja;
desde então, todo aquele que é agregado à igreja pelo Senhor, é batizado em
Cristo. Por esse mesmo fato participa do Espírito (1 Co 12:13).
É
verdade que o Espírito habita na igreja, mas isso não deve impedir que o crente
o peça e o busque. Como ressaltou o Dr. A. J. Gordon, que embora o Espírito
fosse dado duma vez para sempre no dia de Pentecoste, isso não significa que
todo crente haja recebido o batismo. O dom de Deus requer apropriação. Deus deu
(Jo 3:16), nós devemos receber. (Jo 1:12.) Como pecadores aceitamos a Cristo;
como crentes aceitamos o Espírito Santo. Como há uma fé para com Cristo para a
salvação, assim há uma fé para com o Espírito para alcançar poder e
consagração. O Pentecoste é uma vez para sempre; o batismo dos crentes é sempre
para todos. A limitação de certas e grandes bênçãos do Espírito Santo ao reino
ideal chamado "Era Apostólica", não bastante ser conveniente como
meio de escapar às supostas dificuldades, pode tomar-se o meio de roubar aos
crentes alguns dos seus direitos mais preciosos.
6)
Oração individual. Saulo de Tarso jejuou e orou três dias antes de ser cheio do
Espírito Santo (At 9: 9-17).
7) Obediência. O Espírito Santo é a pessoa que "Deus deu àqueles que lhe obedecem" (At 5:32).
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