HERMENÊUTICA - VALOR DOS EVANGELHOS E A INERRÂNCIA BÍBLICA / O CONCEITO BÍBLICO DE INSPIRAÇÃO
HERMENÊUTICA - VALOR DOS EVANGELHOS E A INERRÂNCIA BÍBLICA
Os
Evangelhos são livros históricos? Jesus Cristo viveu realmente? Disse tudo
aquilo que foi escrito?
Em
primeiro lugar, dizemos que os Evangelhos, muito mais do que narrativas de
fatos históricos, eles são baseados em fatos históricos, fundamentados no fato
histórico da vida e obra de Jesus Cristo. Não se pode provar fato por fato, ou
seja, com todas as minúcias. Mas não se pode negar o valor histórico geral dos
fatos, por exemplo, que Cristo fez milagres. O modo como os autores escrevem,
os costumes, a cultura, as palavras, a mentalidade, corresponde aos das pessoas
que viviam naquela época.
Os
impostos e as leis, as religiões (saduceus, publicanos, fariseus, zelotes...),
as cidades e aldeias da época, a personalidade de Cristo (ás vezes
contradizendo o que era comum na época), a originalidade de Jesus, etc, tudo
isso forma um conjunto de fatos que seriam quase impossíveis de inventar mais
tarde, organizados com tanta coerência e perfeição. Outros fatos que não se
concebe terem sido simplesmente inventados, mesmo por pessoas que acreditassem
neles: a paixão, a morte e a ressurreição. Hoje a cruz é glória e símbolo, mas
na época era a mais humilhante das condenações. A história da paixão seria
contraproducente, vergonhosa para quem queria apregoar aquela doutrina. A
covardia dos Apóstolos ao abandonarem o Mestre... Estas coisas, decididamente
não seriam perpetradas por quem aceitava Cristo. Eles se esforçaram por
justificar estes fatos associando com as profecias do AT, muitas vezes apenas
por acomodação, por coincidência.
Finalmente,
podemos dizer : os Evangelhos não são livros históricos no sentido que se entende
esta palavra atualmente, mas seguramente são baseados em acontecimentos
históricos. Alguns autores, além dos evangelistas, falaram de Jesus. Flávius
Josephus, fariseu, historiador contemporâneo de Jesus, conta detalhes daquele
tempo, embora com aspecto tendencioso para a ótica dos fariseus, mas isto era
mesmo de se esperar, isto é, que ele não falasse mais de Jesus e de outros
movimentos messiânicos, é preciso se notar que em vista da dominação dos
romanos, ele foi cauteloso para não assustá-los escrevendo sobre estes
movimentos considerados por eles subversivos. Assim, só trataram mais sobre
Jesus os que se interessavam por ele (os apóstolos, no caso). Também Tácito,
historiador romano, escreveu os Anais no tempo de Trajano (116/117) e fala na
execução de Cristo e no surgimento do Cristianismo. Portanto, mesmo outras
pessoas que não eram cristãos dão testemunho da vida, paixão e morte de Cristo.
A
Questão Da Inerrância Bíblica
Duas
posições evangélicas:
1º
- A Bíblia é totalmente privada de erros.
2º
- A Bíblia é sem erro toda vez que fala sobre salvação e fé, mas pode possuir
erros em outros pontos.
“Os
liberais, por sua vez, acreditam que a Bíblia é fruto da mente religiosa dos
judeus”.
Contextos
polêmicos produzem posições extremadas.
Argumentos:
1)
- A Bíblia é plena e completamente inspirada.
2)
- Inerrante em todas as matérias que toca.
3)
- Verbalmente inspirada.
4)
- Nenhum erro pode ser afirmado se não puder ser comprovado no texto original.
Pode
esta Palavra (Bíblia), ser livre de qualquer erro no seu catógrafo original?
Ela é completamente digna de confiança em matéria de história e doutrina? Os
autores bíblicos sob a liderança do Espírito Santo foram preservados de cometer
erro factual, histórico, científico e quaisquer outros erros?
Observação
Estes
pensamentos e perguntas refletem a posição dos inerrantistas, sem que
entendemos por inerrância algo que está livre de qualquer erro. Podemos afirmar
algumas verdades básicas:
(1)
A Bíblia é um livro singular, muito especial, que se diferencia dos demais
livros e compêndios da literatura universal.
(2)
Não podemos compreender as Escrituras apenas com nossa inteligência humana, a
menos que contemos com a força, o poder e em especial a iluminação do Espírito
Santo que sonda as profundezas de Deus e esclarece os mistérios da Sua Palavra
(João 16:13)
1)
- Premissa Maior - Tudo o que Deus faz é perfeito
2)
- Premissa Menor - Deus inspirou a Bíblia
3)
- Conclusão: - Logo, a Bíblia é perfeita.
Este
Argumento É A Base Dos Que Defendem A Inerrância Bíblica:
Analogia: Assim como
Jesus foi divino-humano, e nunca cometeu pecado, também a Bíblia é
divino-humana e não contêm erro.
Os
inerrantistas dizem que negar a inerrância é negar a inspiração e a autoridade
da Bíblia.
O
Argumento do Dominó: Derrubando
a 1a pedra (inerrância bíblica), todas as outras pedras caem.
A
primeira pedra seria a inerrância bíblica.
A
segunda seria a inspiração.
Derrubando-se
estas duas pedras, todas as outras caem.
Exemplos
De Dificuldades Na Bíblia
Considere
com especial atenção a palavra “dificuldades” empregada neste caso, pois não
estamos usando a palavra “erro”
A)
- Mat. 27:37 - (Comparar Com Mar. 15:26; Luc. 23:38; João 19:19):
Mateus
- Este é Jesus o Rei dos Judeus.
Marcos
- O Rei dos Judeus.
Lucas
- Este é o Rei dos Judeus.
João
- Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus.
Cada
evangelista escreveu inspirado por Deus, mas de sua maneira. Cada um usou o
próprio estilo literário.
Ver
Mat. 6:9 a 15 com Lucas 11:1 a 4 - (Oração do Pai Nosso).
Na
inspiração, a personalidade do profeta é preservada, sua linguagem é
preservada, sua maneira de escrever também é preservada.
B)
- I Cor. 10:8 Com Núm. 25: 9:
-
Paulo disse que haviam morrido 23.000 pessoas
-
Moisés disse que haviam morrido 24.000 pessoas.
C)
- Levíticos 11: 6:
“A
lebre, porque rumina, mas não tem unhas fendidas, esta vos será imunda”.
Obs: A lebre “não rumina”.
Duas
Classes De Linguagem:
Em
muitas passagens a Bíblia emprega como recurso literário uma linguagem
fenomenológica.
Em
outros casos os escritores da Bíblia usaram uma Linguagem literal que descreve
os fatos como eles realmente são.
Linguagem
fenomenológica - descreve os fatos como eles
parecem ser.
O
importante não é se a lebre rumina ou não, mas o ponto central era se o povo de
Israel deveria ou não deve comer a carne da lebre.
Podemos
perceber no caso de Coríntios com Números que a questão em pauta arredonda os
números, pois, se for fiel ao relato seria impossível ser números exatos, não
poderiam ser 23.001 ou 23.999 e Paulo arredondou para a cifra menor?
D)
- Mar. 6:8 Com Luc. 9: 3:
Marcos
- Levem um bordão (bengala)
Lucas
- Não levem nada, nem bordão.
O
fato de levar ou não o bordão, não muda o objetivo de Jesus, que era o fato de
eles dependeram inteiramente de Deus. Notamos aqui que há apenas uma
divergência de ótica e não um erro de objetivo, seria diferente se Marcos
falasse de não ir e Lucas de ir para a ação missionária requerida.
E)
- Mat. 26: 34 C/ Marc. 14: 30:
“Antes
que o galo cante...” = Aqui o autor está sendo em sua argumentação mais
genérico.
“Antes
que o galo cante, 3 vezes...” = Em contraste aqui outro autor está sendo mais
específico.
Um
estava sendo mais preciso que o outro, mas isto não muda o sentido fundamental
da mensagem que era o fato de que Pedro iria negar a Jesus.
Erro:
Para
muitos opositores da Bíblia, quando a ciência erra é apenas um sinônimo de
imperfeição, inexatidão, porém... Para estes, quando encontram uma informação
científica equivocada na Bíblia então é: sinônimo de engano, fraude.
Os
profetas não estavam preocupados com o aspecto científico, histórico,
geográfico, etc, mas com uma mensagem espiritual.
A
finalidade da Bíblia não é dar informações científicas, históricas ou
geográficas, mas uma informação de vida e salvação.
Na
Bíblia:
O
Verdadeiro Erro é não estar de acordo com a vontade de Deus.
A
Verdade Bíblica se expressa unicamente na vontade e Deus.
Os
mesmos argumentos servem para :
História
Política - A Bíblia não se preocupa com
isto.
História
Espiritual - A Bíblia se preocupa com esta
história. Que conhecemos como Plano de Salvação, que é exatamente a relação
correta entre Deus e seu povo e se povo com Deus.
A
Bíblia só menciona fatos políticos quando esta tem que ver com a História
Espiritual do povo.
Considere
com atenção a leitura de João 21:25 – Se um leitor levar em consideração de
forma literal este trecho, obviamente acusaria a João de estar dando uma “falsa
informação” Todavia o que temos aqui é que conhecemos em literatura como:
Exagero poético - Os evangelhos não são uma biografia exata da vida de Jesus.
A
explicação para o texto anterior pode ser encontrada na leitura de: João 20:30,
31 - Só se encontram as coisas necessárias à nossa salvação.
Nem
tudo que Jesus fez foi escrito.
Os
escritos foram fatos selecionados.
A
Bíblia Tem Um Duplo Propósito:
Cristológico: Revelar a pessoa de Cristo S. João 5:39 /
João 14:6
Soteriológico: Informa ao ser humano os meios providos por
Deus para a salvação do homem.
II
Tim. 3:15
“Deus
fala através das Escrituras não com o propósito de tornar-nos eruditos, mas com
o propósito de tornar-nos cristãos”.
Dentro
da Bíblia existem coisas secundárias por natureza. Estas coisas contribuem para
entender o ponto central, mas não essas narrativas são o ponto central.
O
conhecimento que temos acerca de Deus é um conhecimento Parcial.
Consideremos
a questão do conhecimento de Deus com esta visão: Jamais poderemos compreender
Deus, essa compreensão será sempre parcial, e muitas vezes cometemos o erro de
olhar os conceitos desde nossa visão humana, vejamos um exemplo:
Em
grego temos duas palavras para o conceito de tempo: “Kronos” e “Kairos” A
primeira, “Kronos”, é a visão humana sobre o tempo, a segunda é a visão divina,
é a forma como Deus compreende o tempo, por essa razão insistimos em afirmar
que nosso tempo não é o mesmo tempo de Deus, e isto se aplica à oração, pedimos
para já, conforme nosso tempo, e Deus nos responde sim, de acordo com seu
tempo, somente quando o tempo de Deus “Kairos” se cruza com nosso “Kronos”
então e só então acontece o milagre.
A
Bíblia não contem uma revelação total de Deus, mas uma revelação parcial
daquilo que é necessário para a nossa salvação.
HERMENÊUTICA - O CONCEITO BÍBLICO DE
INSPIRAÇÃO
Defendemos
o ponto de vista ortodoxa sobre a inspiração.
Inspiração
Bíblica
A
Bíblia enquanto tenha mantido os estilos pessoais de expressão e liberdade dos
escritores humanos, é a palavra de Deus em suas fontes originais, toda e
totalmente inspirada por Deus mediante o Espírito Santo, sem nenhuma diferença
qualificativa na inspiração de qualquer de seus livros, cuja autoridade é assim
normativa para a fé e a vida, para a doutrina e proclamação, para pensamento e
investigação.
I
Cor. 7: 10 - “Digo Eu, Não O Senhor”:
Paulo
faz uma distinção entre o que Cristo diz e o que ele (Paulo), diz.
Ensino
indireto por meio do Espírito Santo (Paulo era apóstolo).
Não
se trata de inspiração e sim, de uma posição:
Algo
que havia sido dito por Jesus e algo que apenas Paulo havia falado e não Jesus.
Porém, é inspirado do mesmo modo, pois provém de Deus.
Somente
a Bíblia apresenta uma dupla natureza:
1º
- Sua origem divina.
2º
- Sua dimensão humana.
Por
causa de sua origem divina, a Bíblia é a palavra de Deus (Aqui temos duas
grandes posições em relação ao significado de inspiração bíblica, uma posição
defende que a Bíblia contem a palavra de Deus, enquanto que outra posição
defende que a Bíblia é a palavra de Deus).
II
Pedro. 1: 20:
Iniciativa,
ímpeto, impulso
II
Pedro. 1: 21
Vontade,
desejo, intenção
Os
profetas bíblicos não tiveram desejo nem iniciativa para escrever as Escrituras
Sagradas.
Ser
levado, ser movido.
Usado
na época para dizer o que o vento fazia com um barco a velas, era levado,
conduzido pelo vento.
Do
mesmo modo, os profetas eram movidos e conduzidos pelo Espírito Santo.
II
Tim. 3: 16:
Inspiração
de Deus
2
- Sua Dimensão Humana:
a)
Linguagem humana (Hebraico, Aramaico e Grego, eram línguas usadas na época, não
só pelo povo de Deus, mas também por povos vizinhos).
b)
Características peculiares (os profetas tinham sua própria personalidade e
peculiaridades na forma de escrita, e isso foi vertido para seus escritos).
A)
- Linguagem:
A
linguagem bíblica é humana.
A
linguagem não é mecânica, não é verbal.
Podemos
concluir com certeza de que o profeta é preservado de erro quando se trata de
uma doutrina.
II
Pedro. 1: 21:
Homens
falaram.
João
1: 1:
“E
Deus era o verbo” - Diz que só há um Deus? (Não há Pai e Filho?).
“E
o verbo era um Deus” - um – em grego de fato é um artigo indefinido, porque
antes do substantivo Deus não tem artigo.
“E
o verbo era Deus” - o fato de “Deus” vir antes do verbo torna o artigo
indefinido anulado.
Isto
é uma regra: Torna-se claramente definido. Sistema este facilmente comprovado em
diversos escritos do grego normal da época. Isto comprova que os escritores se
valiam das regras de gramática da época para seus escritos em linguagem humana.
Daí a importância do conhecimento da época para entender melhor a Bíblia, caso
contrário faremos confusão doutrinária. Este é um dos trabalhos da
hermenêutica.
A
Bíblia não nos foi dada numa elevada linguagem, acima da compreensão humana,
pois se assim fosse perderia sua finalidade que é revelar Deus ao homem.
Tudo
quanto é humano é imperfeito. Por essa razão devemos ter em mente que muitas
vezes os escritores escreveram de forma errada, isto é, cometeram certos erros
gramaticais. Mas devemos fazer uma clara distinção, veja:
-
A linguagem da Bíblia é imperfeita
-
A mensagem da Bíblia é perfeita.
O
Senhor falou aos seres humanos em linguagem compreensível (a fim de que os
seres humanos possam entender). Devia, portanto, utilizar uma linguagem e
idioma da época e não de uma linguagem sobre humana, incompreensível.
O
fato de a linguagem ser imperfeita não afeta a perfeição moral da mensagem.
A
Bíblia foi escrita por homens inspirados, mas a maneira em que eles escreveram
não é a maneira de pensar e exprimir-se de Deus, notamos isso ao comprovar a
variedade de estilos literários entre Paulo e Pedro, entre Pedro e João, entre
Marcos e Mateus, e assim por diante.
Perfeita
como o é, sem por isso deixar de ser simples, a Bíblia não corresponde às
grandes idéias de Deus. Se Deus pudesse expressar Seu pensamento ao nível de divindade,
com certeza o homem finito não poderia compreender esse pensamento.
Os
Dois Aspectos Das Escrituras:
B)
- Características Peculiares Dos Profetas:
Atenagóras
dizia que Deus usou os profetas assim como um músico usa a sua flauta. Isto
seria possível se a inspiração fosse mecânica. Que acredita que até as palavras
foram ditadas por Deus.
Jeremias
foi um dos profetas que mais demonstrou sua personalidade na sua maneira de
escrever.
A
personalidade do profeta é toda preservada na sua maneira de escrever.
Não
são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os homens é que o foram. A
inspiração não atua nas palavras do homem.
O
Criador de todas as idéias pode impressionar mentes diversas com o mesmo
pensamento, mas cada um pode exprimi-lo por diferentes maneiras, e ao mesmo
tempo, sem contradições - (Tratando-se especificamente dos Evangelhos).
O
QUE É INSPIRAÇÃO BÍBLICA?
A
Bíblia é a Palavra de Deus inspirada. Mas como se dá essa inspiração ? Talvez
imaginemos um ditado mecânico como a de um chefe à sua datilógrafa. Esta
escreve coisas que não entende e que são entendidas apenas pelo chefe e sua
equipe. Isto é o que muitos chamam de inspiração mecânica. Isso não é a
inspiração bíblica. Pois, ela não dispensa certa compreensão do autor humano (o
hagiógrafo), nem sua participação na redação do texto sagrado.
A
inspiração bíblica também não é revelação de verdades que o autor humano não
conheça. Existe sim, a Revelação, especialmente nos profetas, e Revelação é
algo mais elevado do que inspiração. O estudante de teologia deve manter em
mente esta clara distinção, ou seja, a diferença entre inspiração e revelação .
Revelação é diferente da inspiração bíblica. A Inspiração se exercia, por
exemplo, quando o hagiógrafo descrevia uma batalha ou outros fatos documentados
em fontes históricas, sem receber revelação divina
Inspiração
Bíblica é a iluminação da mente do autor humano para que possa, com os dados de
sua cultura religiosa e secular, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento de
Deus. O Espírito Santo fortalece a vontade e as qualidades do autor para que
realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu.
Tais
livros são todos humanos (Deus em nada dispensa a atividade racional do homem)
e divinos (Deus acompanha a redação do homem escritor). A Bíblia é um livro
divino-humano. Transmite o pensamento de Deus em roupagem humana. Assemelha-se
um pouco a Jesus, onde Deus se revestiu de carne humana, pois na Bíblia a
Palavra de Deus se revestiu da palavra do homem (judeu, grego, com todas as
suas particularidades de expressão).
A
finalidade da inspiração bíblica é estritamente religiosa. Não foi escrita para
nos ensinar ciências naturais, mas aquilo que ultrapassa a razão humana (o
sentido do mundo, do homem, da vida, da morte, etc diante de Deus). Portanto,
não há contradição entre a Bíblia e as ciências naturais. Mesmo Gênesis 1-3 não
pretende ensinar como nem quando o mundo foi feito, mas apenas nos revelar que
Deus é a origem de todas as coisas.
A
Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos ? Há páginas na
Bíblia não inspiradas?
Toda
a Bíblia, em qualquer de suas partes, é inspirada, qualquer que seja a sua
temática. Ocorre, porém, que Deus comunica sua mensagem em linguagem familiar
pré-científica, bem entendida no trato quotidiano. Por exemplo, quando falamos
em nascer-do-sol ou pôr-do-sol, supomos o sistema geocêntrico (ultrapassado,
pois, a verdade é que o sol não se põe e nem nasce), mas não somos taxados de
mentirosos, porque não pretendemos definir assuntos de astronomia. Assim,
quando a Bíblia diz que a luz foi feita antes do sol e das estrelas, ela não
ensina teorias astronômicas, mas alude ao mundo em linguagem dos hebreus
antigos para dizer que o mundo todo é criatura de Deus. Portanto, em assuntos
não-religiosos, a Bíblia adapta-se ao modo de falar familiar ou pré-científico
dos homens que, devidamente entendido, não é portador de erro.
Também
o pensamento expresso em palavras, como o pensamento básico das Escrituras é
inspirado. Os conceitos dos homens estão sempre ligados às palavras. Quando o
Espírito Santo iluminava a mente dos autores sagrados, iluminava também o
pensamento expresso nas palavras. É por isto que os próprios autores bíblicos
fazem questão de realçar vocábulos da Bíblia: João 10:34-35; Hebreus 8:13;
Gálatas 3:16.
Notemos,
porém, que somente as palavras das línguas originais (hebraico, aramaico e
grego) foram assim iluminadas. As traduções bíblicas não gozam da mesma
inspiração. Por isso, ao ler a Bíblia, devemos nos certificar de estarmos
usando uma tradução fiel e equivalente aos originais.
"Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça." (2 Tm 3:16)
Nenhum comentário:
Postar um comentário