SOTERIOLOGIA VII

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

Temos estudado as preparações para a salvação e considerado a natureza desta. Nesta seção consideramos:

É a Salvação final dos cristãos incondicional, ou poderá perder-se por causa do pecado?

A experiência prova a possibilidade duma queda temporária da graça, conhecida por "desviar-se". O termo não se encontra no Novo Testamento, senão no Antigo Testamento. Uma palavra hebraica significa "voltar atrás" ou "virar-se"; outra palavra significa "volver-se" ou ser "rebelde". Israel é comparado a um bezerro teimoso que volta para trás e se recusa a ser conduzido, e torna-se insubmisso ao jugo. Israel afastou-se de Jeová e obstinadamente se recusou a tomar sobre si o jugo de seus mandamentos.

O Novo Testamento nos admoesta contra tal atitude, porém usa outros termos. O desviado é a pessoa que outrora tinha o zelo de Deus, mas agora se tomou fria (Mt 24:12); outrora obedecia à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram seu crescimento e frutificação (Mt 13:22); outrora pôs a mão ao arado, mas olhou para trás (Lc 9:62); como a esposa de Ló, que havia sido resgatada da cidade da destruição, mas seu coração voltou para ali (Lc 17:32); outrora estava em contacto vital com Cristo, mas agora está fora de contacto, e está seco, estéril e inútil espiritualmente (Jo 15:6); outrora obedecia à voz da consciência, mas agora jogou para longe de si essa bússola que o guiava, e, como resultado, sua embarcação de fé destroçou-se nas rochas do pecado e do mundanismo (1 Tm 1:19); outrora alegrava-se em chamar-se cristão, mas agora se envergonha de confessar a seu Senhor (2 Tm 1:8 ; 2:12); outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas agora voltou como a "porca lavada ao espoja-douro de lama" (2 Pe 2:22; vide Lc 11:21-26).

É possível decair da graça; mas a questão é saber se a pessoa que era salva e teve esse lapso, pode finalmente perder-se. Aqueles que seguem o sistema de doutrina calvinista respondem negativamente; aqueles que seguem o sistema arminiano (chamado assim em razão de Armínio, teólogo holandês, que trouxe a questão a debate) respondem afirmativamente.

1. Calvinismo.

A doutrina de João Calvino não foi criada por ele; foi ensinada por santo Agostinho, o grande teólogo do quarto século. Nem tampouco foi criada por Agostinho, que afirmava estar interpretando a doutrina de Paulo sobre a livre graça.

A doutrina de Calvino é como segue:

A salvação é inteiramente de Deus; o homem absolutamente nada tem a ver com sua salvação. Se ele, o homem, se arrepender, crer e for a Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito de Deus. Isso se deve ao fato de que a vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda, que, sem a ajuda de Deus, não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente. Esse foi o ponto de partida de Calvino — a completa servidão da vontade do homem ao mal. A salvação, por conseguinte, não pode ser outra coisa senão a execução dum decreto divino que fixa sua extensão e suas condições.

Naturalmente surge esta pergunta:

Se a salvação é inteiramente obra de Deus, e o homem não tem nada a ver com ela, e está desamparado, amenos que o Espírito de Deus opere nele, então, por que Deus não salva a todos os homens, posto que todos estão perdidos e desamparados?

A resposta de Calvino era:

Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para serem perdidos. "A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada um e de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição; mas a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros." Ao agir dessa maneira Deus não é injusto, pois ele não é obrigado a salvar a ninguém; a responsabilidade do homem permanece, pois a queda de Adão foi sua própria falta, e o homem sempre é responsável por seus pecados.

Posto que Deus predestinou certos indivíduos para a salvação, Cristo morreu unicamente pelos "eleitos"; a expiação fracassaria se alguns pelos quais Cristo morreu se perdessem.

Dessa doutrina da predestinação segue-se o ensino de "uma vez salvo sempre salvo"; porque se Deus predestinou um homem para a salvação, e unicamente pode ser salvo e guardado pela graça de Deus, que é irresistível, então, nunca pode perder-se.

Os defensores da doutrina da "segurança eterna" apresentam as seguintes referências para sustentar sua posição: Jo 10:28,29: Rm 11:29; Fil 1:6; 1 Pe 1:5; Rm 8:35; Jo 17:6.

2. Arminianismo.

O ensino arminiano é como segue:

A vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos. (1 Tm 2:4-6; Hb 2:9; 2 Co 5:14; Tt 2:11,12) Com essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.

As Escrituras certamente ensinam uma predestinação, mas não que Deus predestina alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina " a todos os que querem" a serem salvos — e esse plano é bastante amplo para incluir a todos que realmente desejam ser salvos. Essa verdade tem sido explicada da seguinte maneira:

Na parte de fora da porta da salvação lemos as palavras: "quem quiser pode vir"; quando entramos por essa porta e somos salvos, lemos as palavras no outro lado da porta: "eleitos segundo a presciência de Deus".

Deus, em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e permaneceriam salvos, e predestinou para essas pessoas uma herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o fixou.

A doutrina da predestinação é mencionada, não com propósito especulativo, e, sim, com propósito prático. Quando Deus chamou Jeremias ao ministério, ele sabia que o profeta teria uma tarefa muito difícil e poderia ser tentado a deixá-la. Para encorajá-lo, o Senhor assegurou ao profeta que o havia conhecido e o havia chamado antes de nascer (Jer 1:5). Com efeito, o Senhor disse: "Já sei o que está adiante de ti, mas também sei que posso te dar graça suficiente para enfrentares todas as provas futuras e conduzir-te à vitória."

Quando o Novo Testamento descreve os cristãos como objetos da presciência de Deus, seu propósito é dar-nos certeza do fato de que Deus previu todas as dificuldades que surgirão à nossa frente, e que ele pode nos guardar e nos guardará de cair.

3. Uma comparação.

A salvação é condicional ou incondicional?

Uma vez salva, a pessoa é salva eternamente?

A resposta dependerá da maneira em que podemos responder às seguintes perguntas-chave:

De quem depende a salvação?

É irresistível a graça?

1) De quem depende, em última análise, a salvação : de Deus ou do homem?

Certamente deve depender de Deus, porque, quem poderia ser salvo se a salvação dependesse da força da própria pessoa?

Podemos estar seguros disto: Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou desatinados sejamos, uma vez que sinceramente desejamos fazer a sua vontade. Sua graça está sempre presente para nos admoestar, reprimir, animar e sustentar.

Contudo, não haverá um sentido em que a salvação dependa do homem?

As Escrituras ensinam constantemente que o homem tem o poder de escolher livremente entre a vida e a morte, e Deus nunca violará esse poder.

2) Pode-se resistir à graça de Deus?

Um dos princípios fundamentais do Calvinismo é que a graça de Deus e irresistível. Quando Deus decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito atrai, e essa atração não pode ser resistida. Portanto, um verdadeiro filho de Deus certamente perseverará até ao fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus o castigará e pelejará com ele. Ilustrando a teoria calvinista diríamos: é como se alguém estivesse a bordo dum navio, e levasse um tombo; contudo está a bordo ainda; não caiu ao mar.

Mas o Novo Testamento ensina, sim, que é possível resistir à graça divina e resistir para a perdição eterna (Jo 6:40; Hb 6:46; 10:26-30; 2 Pe 2:21; Hb 2:3; 2 Pe 1:10), e que a perseverança é condicional dependendo de manter-se em contacto com Deus.

Note-se especialmente Hb 6:4-6 e 10:26-29. Essas palavras foram dirigidas a cristãos; as epístolas de Paulo não foram dirigidas aos não-regenerados. Aqueles aos quais foram dirigidas são descritos como havendo sido uma vez iluminados, havendo provado o dom celestial, participantes do Espírito Santo, havendo provado a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro. Essas palavras certamente descrevem pessoas regeneradas.

Aqueles aos quais foram dirigidas essas palavras eram cristãos hebreus, que, desanimados e perseguidos (10:32-39), estavam tentados a voltar ao Judaísmo. Antes de serem novamente recebidos na sinagoga, requeria-se deles que, publicamente, fizessem as seguintes declarações (10:29):

Que Jesus não era o Filho de Deus; que seu sangue havia sido derramado justamente como o dum malfeitor comum; e que seus milagres foram operados pelo poder do maligno.

Tudo isso está implícito em Hb 10:29. (Que tal repúdio da fé podia haver sido exigido, é ilustrado pelo caso dum cristão hebreu na Alemanha, que desejava voltar à sinagoga, mas foi recusado porque desejava conservar algumas verdades do Novo Testamento.) Antes de sua conversão havia pertencido à nação que crucificou a Cristo; voltar à sinagoga seria de novo crucificar o Filho de Deus e expô-lo ao vitupério; seria o terrível pecado da apostasia (Hb 6:6); seria como o pecado imperdoável para o qual não há remissão, porque a pessoa que está endurecida a ponto de cometê-lo não pode ser "renovada para arrependimento"; seria digna dum castigo mais terrível do que a morte (10:28); e significaria incorrer na vingança do Deus vivo (10:30, 31).

Não se declara que alguém houvesse ido até esse ponto; de fato , o autor está persuadido de "coisas melhores" (6:9). Contudo, se o terrível pecado da apostasia da parte de pessoas salvas não fosse ao menos remotamente possível, todas essas admoestações careceriam de qualquer fundamento.

Leia-se 1 Co 10:1-12. Os coríntios se haviam jactado de sua liberdade cristã e da possessão dos dons espirituais. Entretanto, muitos estavam vivendo num nível muito pobre de espiritualidade. Evidentemente eles estavam confiando em sua "posição" e privilégios no Evangelho. Mas Paulo os adverte de que os privilégios podem perder-se pelo pecado, e cita os exemplos dos israelitas. Estes foram libertados duma maneira sobrenatural da terra do Egito, por intermédio de Moisés, e, como resultado, o aceitaram como seu chefe durante a jornada para a Terra da Promissão. A passagem pelo Mar Vermelho foi um sinal de sua dedicação à direção de Moisés. Cobrindo-os estava a nuvem, o símbolo sobrenatural da presença de Deus que os guiava. Depois de salvá-los do Egito, Deus os sustentou, dando-lhes, de maneira sobrenatural, o que comer e beber. Tudo isso significava que os israelitas estavam em graça, isto é: no favor e na comunhão com Deus.

Mas "uma vez em graça sempre em graça" não foi verdade no caso dos israelitas, pois a rota de sua jornada ficou assinalada com as sepulturas dos que foram destruídos em conseqüência de suas murmurações, rebelião e idolatria. O pecado interrompeu sua comunhão com Deus, e, como resultado, caíram da graça. Paulo declara que esses eventos foram registrados na Bíblia para advertir os cristãos quanto à possibilidade de perder os mais sublimes privilégios por meio do pecado deliberado.

4. Equilíbrio escriturístico.

As respectivas posições fundamentais, tanto do Calvinismo como do Arminianismo, são ensinadas nas Escrituras.

O Calvinismo exalta a graça de Deus como a única fonte de salvação — e assim o faz a Bíblia;

O Arminianismo acentua a livre vontade e responsabilidade do homem — e assim o faz a Bíblia.

A solução prática consiste em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista, e em evitar colocar uma ideia em aberto antagonismo com a outra. Quando duas doutrinas bíblicas são colocadas em posição antagônica, uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada à soberania e à graça de Deus na salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que conduta e atitude nada têm a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, ênfase demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como reação contra o Calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser evitados são:

A ilegalidade e o legalismo.

Quando Carlos Finney ministrava em uma comunidade onde a graça de Deus havia recebido excessiva ênfase, ele acentuava muito a responsabilidade do homem. Quando dirigia trabalhos em localidades onde a responsabilidade humana e as obras haviam sido fortemente defendidas, ele acentuava a graça de Deus. Quando deixamos os mistérios da predestinação e nos damos à obra prática de salvar as almas, não temos dificuldades com o assunto. João Wesley era arminiano e George Whitefield calvinista. Entretanto, ambos conduziram milhares de almas a Cristo.

Pregadores piedosos calvinistas, do tipo de Carlos Spurgeon e Carlos Finney, têm pregado a perseverança dos santos de tal modo a evitar a negligência. Eles tiveram muito cuidado de ensinar que o verdadeiro filho de Deus certamente perseveraria até ao fim, mas acentuaram que se não perseverassem, poriam em dúvida o fato do seu novo nascimento. Se a pessoa não procurasse andar na santidade, dizia Calvino, bem faria em duvidar de sua eleição.

É inevitável defrontarmo-nos com mistérios quando nos propomos tratar as poderosas verdades da presciência de Deus e a livre vontade do homem; mas se guardamos as exortações práticas das Escrituras, e nos dedicamos a cumprir os deveres específicos que se nos ordenam, não erraremos.

"As coisas encobertas são para o Senhor Deus, porém as reveladas são para nós" (Dt 29:29).

Para concluir, podemos sugerir que não é prudente insistir falando indevidamente dos perigos da vida cristã. Maior ênfase deve ser dada aos meios de segurança — o poder de Cristo como Salvador; a fidelidade do Espírito Santo que habita em nós, a certeza das divinas promessas, e a eficácia infalível da oração. O Novo Testamento ensina uma verdadeira "segurança eterna", assegurando-nos que, a despeito da debilidade, das imperfeições, obstáculos ou dificuldades exteriores, o cristão pode estar seguro e ser vencedor em Cristo. Ele pode dizer com o apóstolo Paulo:

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm 8:35-39).

Ao considerarmos tudo que envolve a salvação dos pecadores segundo a Bíblia é fundamental lembrar o ensino bíblico de que todos pecaram e merecemos a punição eterna de Deus e que Cristo morreu e obteve a salvação para os homens (Rm 3:23).

O estudo teológico da salvação (soterologia) é melhor compreendido após o estabelecimento da ação salvífica de Jesus na cruz e a atuação do Espírito Santo na vida de um cristão.

ELEIÇÃO E REPROVAÇÃO

Eleição é a decisão divina e eterna de salvar o homem. Isso foi realizado antes da fundação do mundo. Contudo, não há consenso teológico se a salvação é algo que depende apenas de Deus (ênfase do calvinismo) ou depende de uma escolha humana (ênfase do arminanismo). Essas são as principais correntes teológicas. Geralmente as denominações deixam clara para seus membros qual faz parte de seu entendimento doutrinário.

O QUE É PREDESTINAÇÃO?

Várias passagens no NT parecem afirmar com muita clareza que Deus determinou de antemão quem seria salvo. Isso é chamado de predestinação. O termo é apresentado:

1. Como um consolo (Rm 8.29-30).

2. Como uma razão para louvar a Deus (Ef 1.5-6 e 12).

3. Como um incentivo à evangelização. (2Tm 2.10)

A DOUTRINA DA REPROVAÇÃO

Uma vez que existem pessoas que foram salvas, há necessariamente outro aspecto dessa escolha, a saber, a decisão soberana de Deus de não salvar outras. Essa decisão de Deus na eternidade passada é chamada reprovação.

Na teologia há quem defenda que Deus salvará a todos no final, conforme a doutrina do universalismo, mas essa perspectiva baseia-se muito em especulação não em versos bíblicos.

EQUÍVOCOS A RESPEITO DA DOUTRINA DA ELEIÇÃO

A eleição não é fatalista nem mecanicista, pois se baseia na presciência de Deus sobre nossa fé (Rm 8.29):

Conhecimento prévio das pessoas e de seus atos (1 Co 8.3, Gl 4.9). Em parte alguma as Escrituras afirmam que Deus os escolheu salvar alguém por causa da sua fé. A eleição baseada em alguma coisa boa em nós (nossa fé) seria o começo da salvação por mérito. (Ef 1.5-6), Predestinação baseada em conhecimento prévio também não dá livre arbítrio às pessoas.

OBJEÇÕES À DOUTRINA DA ELEIÇÃO

Os principais argumentos dos que se opõem ao ensino da eleição como predestinação :

1. A eleição significa que não temos a opção de aceitar Cristo.

2. Com base nessa definição de eleição, nossas escolhas não são escolhas reais.

3. A doutrina da eleição faz com que sejamos marionetes ou robôs, não pessoas reais.

4. Da doutrina da eleição decorre que os incrédulos jamais têm a chance de crer.

5. A eleição é injusta. (2 Pe 2.4).

6. A Bíblia diz que Deus deseja salvar todo mundo. (1Tm 2.4).

Alguns pontos pacíficos

Embora haja muita controvérsia sobre essa posição, existem vários pontos sobre os quais ambos os lados concordam:

1. Nem todos serão salvos.

2. É necessário que se apresente o evangelho a todas as pessoas. É completamente verdadeiro que "quem desejar" pode chegar a Cristo e obter a salvação, e ninguém que chegar a ele será lançado fora. A oferta gratuita das boas novas é estendida para todas as pessoas.

3. A morte de Cristo, por ser ele o infinito Filho de Deus, possui mérito infinito, sendo suficiente para pagar a penalidade dos pecados de todos mas só se torna eficaz para os que a aceitam.

A questão não está nos méritos intrínsecos dos sofrimentos e da morte de Cristo, mas no número de pessoas pelas quais o Pai e o Filho entenderam, no momento da morte de Cristo, que sua morte seria pagamento suficiente.

Uma vez entendida que os salvos dão uma resposta ao evangelho, pode-se analisar como isso acontece : Na pregação humana do evangelho, três elementos importantes devem ser incluídos.

1. Explicação dos fatos concernentes à salvação.

Qualquer pessoa que vem a Cristo para receber salvação deve ter um entendimento básico de quem ele é e de como satisfaz nossas necessidades de salvação. Portanto uma explicação dos fatos concernentes à salvação deve incluir o seguinte:

1. Todas as pessoas pecaram (Rm 3.23).

2. A pena pelos nossos pecados é a morte (Rm 6.23).

3. Jesus Cristo morreu para pagar a pena pelos nossos pecados (Rm 5.8).

Entender esses fatos e mesmo concordar que eles são verdadeiros não é suficiente para uma pessoa ser salva. Tem de haver também um convite para uma resposta pessoal da parte do indivíduo, que se arrependerá de seus pecados e confiará pessoalmente em Cristo.

2. Convite para aceitar Cristo pessoalmente com arrependimento e fé.

Quando o Novo Testamento fala sobre pessoas recebendo salvação, mostra uma resposta pessoal a um convite da parte do próprio Cristo. (Mt 11.28-30).

3. Promessa de perdão e vida eterna.

A principal promessa na mensagem do evangelho é o perdão dos pecados e a vida eterna com Deus. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16). E também Pedro ao pregar o evangelho diz : "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados" (At 3.19; cf. 2.38).

CONVERSÃO

A resposta em fé a esse convite é chamado de REGENERAÇÃO OU NASCER DE NOVO. Regeneração é um ato invisível de Deus pelo qual ele nos concede nova vida espiritual. Isso é também chamado "nascer de novo".

A REGENERAÇÃO É UMA OBRA EXCLUSIVAMENTE DE DEUS (Jo 1.13). Tg 1.18),

A NATUREZA EXATA DA REGENERAÇÃO É UM MISTÉRIO (Ef 2.1), (Jo 3.3-8; Ef 2.5; Cl 2.13).

A regeneração se dá pela ação e vontade de Deus (Jo 1.13 e por intermédio do Espírito Santo (Jo 3.5) quando a pessoa crê no Senhor Jesus (Jo 1.12). NESSE SENTIDO DE "REGENERAÇÃO", ELA VEM JUNTO COM A FÉ SALVÍFICA"nascer do novo ou nascer do alto aponta para uma nova natureza (Mt 19.28; Tt 3.5 cf. Jo 3.3).

A REGENERAÇÃO DEVE PRODUZIR RESULTADOS NA VIDA do novo homem que combina com sua nova natureza, uma vida que dá frutos (1 Jo 2.29; 3.9; 4.7 e 5.1,4,18). (At 16.14; cf. Jo 6.44, 65; 1 Pe 1.3

ELA TEM CONSEQUÊNCIAS CLARAS

O chamado realizado por meio da Palavra (Rm 10.17) não é para pertencer a uma igreja local, mas sim para a comunhão de seu Filho" (1 Co 1.9), para a luz (1 Pe 2.9), para a liberdade (Gl 5.13), para a santidade (1 Ts 4.7) e para o reino de Deus (1 Ts 2.12; cf. 1 Pe 5.10, 2 Pe 1.3).

O CONVENCIMENTO

O convencimento é realizado pelo Espírito Santo (Jo 16.8-11). Não é o mesmo que conversão, mas é a ação do Espírito Santo a fim de convencer o perdido do seu pecado (atividade similar à recomendada em Mt 18.15).

O objeto do convencimento é o "pecado", a "justiça" e o "juízo". Como consequência, o homem percebe que é pecador, que Jesus é Deus e santo e que haverá punição caso não se reconcilie com o Senhor.

CONVERSÃO (FÉ E ARREPENDIMENTO)

A fé e o arrependimento devem vir juntos

A verdadeira fé salvífica inclui conhecimento, aprovação e confiança pessoal

1. Mero conhecimento intelectual sobre Jesus não basta. (Rm 10.14). (Mt 7.26; At 26.27,28; Jo 2.23-24 e Tg 2.19), nem crer apenas temporariamente (Lc 8.13).

2. Conhecimento e aprovação não são suficientes. (Jo 3.2).

3. Preciso decidir depender de Jesus para me salvar. (Jo 5.24; 17.3 e Ef 2.8).

4. A fé deve aumentar à medida que nosso conhecimento aumenta (Rm 10.17) Tanto a fé como o arrependimento continuam por toda a vida (Mt 6.12, " (Ap 3.19; cf. 2 Co 7.10).

Os Resultados da Salvação:

Vamos conhecer melhor apenas alguns resultados da salvação em Cristo.

1 - JUSTIFICAÇÃO

A) O significado de justificação - 

Justificar significa "declarar alguém justo". Deus nos declara justos à vista dele (Rm 4.1-5.21, Rm 8.1).

Tanto em hebraico como em grego a ideia é de "anunciar" ou "pronunciar" alguém justo.

Existe um contraste entre justificar e condenar em Dt 25.1; 1 Rs 8.32; e Pv 17.15;

Deus nos justifica por meio de nossa fé em cristo (Gl 2.16, Rm 5.1).

Deus pode declarar-nos justos porque ele nos imputa a justiça de cristo (Rm 4.3-6, citando Gn 15.6).

Paulo diz que somos os que recebemos "o dom da justiça" (Rm 5.17)

B) O processo de justificação

A fé em Cristo é o único meio para a justificação (Rm 3: 22,23): e o preço pago pela justificação foi o sangue de Cristo; Justificação inclui uma declaração legal da parte de Deus (Lc 7.29). A justificação chega a nós inteiramente pela graça de Deus, não por causa de algum mérito em nós mesmos Rm 1.18-3.20 quando alguém crê, essa pessoa está "em Cristo", o que a torna justa; Rm 3:24 (2 Co 5.21), justificação faz com que Deus se torne o justificador daqueles que ele declara justos. Rm 3:.25,26) pelo dom da justiça (Rm 5.17,19).

2 – JULGAMENTO DA NATUREZA PECAMINOSA

O julgamento livra o crente do poder do pecado e o poder do pecado está ligado à velha natureza do homem perdido. Pela fé, a morte de Cristo passa a ser nossa própria morte de modo que essa velha natureza é julgada e condenada (justificação, cf. Rm 6.7). O resultado é a certeza de que um dia essa velha natureza deixará de existir e a realidade de uma nova natureza já no presente. O julgamento livra o crente do domínio do pecado. O texto de Rm 6.1-14 é claro ao demonstrar que o resultado da anulação do poder da velha natureza tem como resultado:

a) o fim da escravidão do pecado que obrigava a pessoa a cometer pecados e servir a Satanás; e b) a possibilidade de andar em obediência a Deus, fugindo do pecado.

COMUNHÃO FAMILIAR DO CRISTÃO

A morte de Cristo dá ao crente o privilégio de ter comunhão com a família de Deus (1 Jo 1.5-10). Contudo, há duas condições para o desfrute dessa comunhão:

a) Conformar-se ao padrão da luz;

b) Confessar os pecados.

ADOÇÃO -

Adoção é algo distinto da justificação (Jo 1.12; Gl 3.26; 1 Jo 3.1-2)

É o ato divino que integra os que creem em Cristo à família de Deus (Jo 1.12).

Paulo fala de dois grupos que foram "adotados" por Deus:

a) Israel como nação (Rm 9.4 cf. Ef 4.22). Esse não é um aspecto em que a salvação eterna é pressuposta para cada membro do Israel étnico;

b) Cristãos como indivíduos (Gl 4.5; Ef 1.5; Rm 8.15,23).

Alguns resultados da adoção por meio da fé são:

a) Sermos incluídos em uma família à qual não pertencíamos naturalmente (Ef 1.5 cf. 2.3);

b) Libertação do antigo sistema de vida (Gl 4.5);

c) Ter todos os direitos e privilégios de chamar Deus de pai (Mt 6.9, Gl 6.7). e fazer parte da família de Deus (Rm 8.17; Gl 4.7).

A Segurança da Salvação

1 - A EVIDÊNCIA BÍBLICA

A segurança da salvação depende direta e exclusivamente da obra de Deus, de modo que o homem não pode perder a salvação por algo que faça ou deixe de fazer. Algumas evidências bíblicas dessa afirmação são :

A. O crente é introduzido no corpo de Cristo pelo Espírito Santo ( 1 Co 12:13);

B. O Espírito Santo sela o crente até o dia da redenção (Ef 1:13 e 4:30);

C. É propósito do Pai para manter os crentes como sua propriedade (Jo 10:28-30 e 13:1) e seu poder mantém os crentes assim (Jd 24);

D. A obra iniciada por Deus será completada (Rm 8.29-31).

E. Nada pode separar os crentes de Cristo (Rm 8:37-39).

B. OS TRÊS ESTÁGIOS DA SANTIFICAÇÃO

1. A santificação tem um começo definido na regeneração. (Tt 3.5). (1 Jo 3.9),

2. A santificação aumenta por toda a vida. (Rm 6.11-18)

3. A santificação se completará na morte (em nossa alma) e quando o Senhor retornar (em nosso corpo). (Rm 6.12-13; 1 Jo 1.18), (Hb 12.23). (Ap 21.27).

4. A santificação nunca se completará nesta vida. Mt 5.48 2 Co 7.1 (1 Ts 5.23 (1 Jo 3.6)

C. DEUS E O HOMEM COOPERAM NA SANTIFICAÇÃO (Fp 2.12-13). .

1. A papel de Deus na santificação. "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2.13), (1 Ts 5.23). (Hb 12.5-11). (Hb 13.20-21).

2. O nosso papel na santificação. (Rm 6.13; cf. v. 19), (Rm 12.1). (Rm 8.13).

D. A SANTIFICAÇÃO AFETA A PESSOA COMO UM TODO (Cl 3.10). (Fp 1.9). (Rm 12.2). (Cl 1.10).

 



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