A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
Temos
estudado as preparações para a salvação e considerado a natureza desta. Nesta
seção consideramos:
É
a Salvação final dos cristãos incondicional, ou poderá perder-se por causa do
pecado?
A
experiência prova a possibilidade duma queda temporária da graça, conhecida por
"desviar-se". O termo não se encontra no Novo Testamento, senão no
Antigo Testamento. Uma palavra hebraica significa "voltar atrás" ou
"virar-se"; outra palavra significa "volver-se" ou ser
"rebelde". Israel é comparado a um bezerro teimoso que volta para
trás e se recusa a ser conduzido, e torna-se insubmisso ao jugo. Israel
afastou-se de Jeová e obstinadamente se recusou a tomar sobre si o jugo de seus
mandamentos.
O
Novo Testamento nos admoesta contra tal atitude, porém usa outros termos. O
desviado é a pessoa que outrora tinha o zelo de Deus, mas agora se tomou fria
(Mt 24:12); outrora obedecia à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram
seu crescimento e frutificação (Mt 13:22); outrora pôs a mão ao arado, mas
olhou para trás (Lc 9:62); como a esposa de Ló, que havia sido resgatada da
cidade da destruição, mas seu coração voltou para ali (Lc 17:32); outrora
estava em contacto vital com Cristo, mas agora está fora de contacto, e está
seco, estéril e inútil espiritualmente (Jo 15:6); outrora obedecia à voz da
consciência, mas agora jogou para longe de si essa bússola que o guiava, e,
como resultado, sua embarcação de fé destroçou-se nas rochas do pecado e do
mundanismo (1 Tm 1:19); outrora alegrava-se em chamar-se cristão, mas agora se
envergonha de confessar a seu Senhor (2 Tm 1:8 ; 2:12); outrora estava liberto
da contaminação do mundo, mas agora voltou como a "porca lavada ao
espoja-douro de lama" (2 Pe 2:22; vide Lc 11:21-26).
É
possível decair da graça; mas a questão é saber se a pessoa que era salva e
teve esse lapso, pode finalmente perder-se. Aqueles que seguem o sistema de
doutrina calvinista respondem negativamente; aqueles que seguem o sistema
arminiano (chamado assim em razão de Armínio, teólogo holandês, que trouxe a
questão a debate) respondem afirmativamente.
1.
Calvinismo.
A
doutrina de João Calvino não foi criada por ele; foi ensinada por santo
Agostinho, o grande teólogo do quarto século. Nem tampouco foi criada por
Agostinho, que afirmava estar interpretando a doutrina de Paulo sobre a livre
graça.
A
doutrina de Calvino é como segue:
A
salvação é inteiramente de Deus; o homem absolutamente nada tem a ver com sua
salvação. Se ele, o homem, se arrepender, crer e for a Cristo, é inteiramente
por causa do poder atrativo do Espírito de Deus. Isso se deve ao fato de que a
vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda, que, sem a ajuda de Deus,
não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente. Esse foi o
ponto de partida de Calvino — a completa servidão da vontade do homem ao mal. A
salvação, por conseguinte, não pode ser outra coisa senão a execução dum
decreto divino que fixa sua extensão e suas condições.
Naturalmente
surge esta pergunta:
Se
a salvação é inteiramente obra de Deus, e o homem não tem nada a ver com ela, e
está desamparado, amenos que o Espírito de Deus opere nele, então, por que Deus
não salva a todos os homens, posto que todos estão perdidos e desamparados?
A
resposta de Calvino era:
Deus
predestinou alguns para serem salvos e outros para serem perdidos. "A
predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada
um e de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição; mas
a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para
outros." Ao agir dessa maneira Deus não é injusto, pois ele não é obrigado
a salvar a ninguém; a responsabilidade do homem permanece, pois a queda de Adão
foi sua própria falta, e o homem sempre é responsável por seus pecados.
Posto
que Deus predestinou certos indivíduos para a salvação, Cristo morreu
unicamente pelos "eleitos"; a expiação fracassaria se alguns pelos
quais Cristo morreu se perdessem.
Dessa
doutrina da predestinação segue-se o ensino de "uma vez salvo sempre
salvo"; porque se Deus predestinou um homem para a salvação, e unicamente
pode ser salvo e guardado pela graça de Deus, que é irresistível, então, nunca
pode perder-se.
Os
defensores da doutrina da "segurança eterna" apresentam as seguintes
referências para sustentar sua posição: Jo 10:28,29: Rm 11:29; Fil 1:6; 1
Pe 1:5; Rm 8:35; Jo 17:6.
2.
Arminianismo.
O
ensino arminiano é como segue:
A
vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por
todos. (1 Tm 2:4-6; Hb 2:9; 2 Co 5:14; Tt 2:11,12) Com essa finalidade ele
oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente
livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas
condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode
resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.
As
Escrituras certamente ensinam uma predestinação, mas não que Deus predestina
alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina
" a todos os que querem" a serem salvos — e esse plano é bastante
amplo para incluir a todos que realmente desejam ser salvos. Essa verdade tem
sido explicada da seguinte maneira:
Na
parte de fora da porta da salvação lemos as palavras: "quem quiser pode
vir"; quando entramos por essa porta e somos salvos, lemos as palavras no
outro lado da porta: "eleitos segundo a presciência de Deus".
Deus,
em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e
permaneceriam salvos, e predestinou para essas pessoas uma herança celestial.
Ele previu o destino delas, mas não o fixou.
A
doutrina da predestinação é mencionada, não com propósito especulativo, e, sim,
com propósito prático. Quando Deus chamou Jeremias ao ministério, ele sabia que
o profeta teria uma tarefa muito difícil e poderia ser tentado a deixá-la. Para
encorajá-lo, o Senhor assegurou ao profeta que o havia conhecido e o havia
chamado antes de nascer (Jer 1:5). Com efeito, o Senhor disse: "Já sei o
que está adiante de ti, mas também sei que posso te dar graça suficiente para
enfrentares todas as provas futuras e conduzir-te à vitória."
Quando
o Novo Testamento descreve os cristãos como objetos da presciência de Deus, seu
propósito é dar-nos certeza do fato de que Deus previu todas as dificuldades
que surgirão à nossa frente, e que ele pode nos guardar e nos guardará de cair.
3.
Uma comparação.
A
salvação é condicional ou incondicional?
Uma
vez salva, a pessoa é salva eternamente?
A
resposta dependerá da maneira em que podemos responder às seguintes
perguntas-chave:
De
quem depende a salvação?
É
irresistível a graça?
1)
De quem depende, em última análise, a salvação : de Deus ou do homem?
Certamente
deve depender de Deus, porque, quem poderia ser salvo se a salvação dependesse
da força da própria pessoa?
Podemos
estar seguros disto: Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou
desatinados sejamos, uma vez que sinceramente desejamos fazer a sua vontade.
Sua graça está sempre presente para nos admoestar, reprimir, animar e
sustentar.
Contudo,
não haverá um sentido em que a salvação dependa do homem?
As
Escrituras ensinam constantemente que o homem tem o poder de escolher
livremente entre a vida e a morte, e Deus nunca violará esse poder.
2)
Pode-se resistir à graça de Deus?
Um
dos princípios fundamentais do Calvinismo é que a graça de Deus e irresistível.
Quando Deus decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito atrai, e essa
atração não pode ser resistida. Portanto, um verdadeiro filho de Deus
certamente perseverará até ao fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus
o castigará e pelejará com ele. Ilustrando a teoria calvinista diríamos: é como
se alguém estivesse a bordo dum navio, e levasse um tombo; contudo está a bordo
ainda; não caiu ao mar.
Mas
o Novo Testamento ensina, sim, que é possível resistir à graça divina e
resistir para a perdição eterna (Jo 6:40; Hb 6:46; 10:26-30; 2 Pe 2:21; Hb
2:3; 2 Pe 1:10), e que a perseverança é condicional dependendo de manter-se em
contacto com Deus.
Note-se
especialmente Hb 6:4-6 e 10:26-29. Essas palavras foram dirigidas a cristãos;
as epístolas de Paulo não foram dirigidas aos não-regenerados. Aqueles aos
quais foram dirigidas são descritos como havendo sido uma vez iluminados,
havendo provado o dom celestial, participantes do Espírito Santo, havendo
provado a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro. Essas palavras
certamente descrevem pessoas regeneradas.
Aqueles
aos quais foram dirigidas essas palavras eram cristãos hebreus, que, desanimados
e perseguidos (10:32-39), estavam tentados a voltar ao Judaísmo. Antes de serem
novamente recebidos na sinagoga, requeria-se deles que, publicamente, fizessem
as seguintes declarações (10:29):
Que
Jesus não era o Filho de Deus; que seu sangue havia sido derramado justamente
como o dum malfeitor comum; e que seus milagres foram operados pelo poder do
maligno.
Tudo
isso está implícito em Hb 10:29. (Que tal repúdio da fé podia haver sido
exigido, é ilustrado pelo caso dum cristão hebreu na Alemanha, que desejava
voltar à sinagoga, mas foi recusado porque desejava conservar algumas verdades
do Novo Testamento.) Antes de sua conversão havia pertencido à nação que
crucificou a Cristo; voltar à sinagoga seria de novo crucificar o Filho de Deus
e expô-lo ao vitupério; seria o terrível pecado da apostasia (Hb 6:6); seria
como o pecado imperdoável para o qual não há remissão, porque a pessoa que está
endurecida a ponto de cometê-lo não pode ser "renovada para
arrependimento"; seria digna dum castigo mais terrível do que a morte
(10:28); e significaria incorrer na vingança do Deus vivo (10:30, 31).
Não
se declara que alguém houvesse ido até esse ponto; de fato , o autor está
persuadido de "coisas melhores" (6:9). Contudo, se o terrível pecado
da apostasia da parte de pessoas salvas não fosse ao menos remotamente
possível, todas essas admoestações careceriam de qualquer fundamento.
Leia-se
1 Co 10:1-12. Os coríntios se haviam jactado de sua liberdade cristã e da
possessão dos dons espirituais. Entretanto, muitos estavam vivendo num nível
muito pobre de espiritualidade. Evidentemente eles estavam confiando em sua
"posição" e privilégios no Evangelho. Mas Paulo os adverte de que os
privilégios podem perder-se pelo pecado, e cita os exemplos dos israelitas.
Estes foram libertados duma maneira sobrenatural da terra do Egito, por
intermédio de Moisés, e, como resultado, o aceitaram como seu chefe durante a
jornada para a Terra da Promissão. A passagem pelo Mar Vermelho foi um sinal de
sua dedicação à direção de Moisés. Cobrindo-os estava a nuvem, o símbolo
sobrenatural da presença de Deus que os guiava. Depois de salvá-los do Egito,
Deus os sustentou, dando-lhes, de maneira sobrenatural, o que comer e beber.
Tudo isso significava que os israelitas estavam em graça, isto é: no favor e na
comunhão com Deus.
Mas
"uma vez em graça sempre em graça" não foi verdade no caso dos
israelitas, pois a rota de sua jornada ficou assinalada com as sepulturas dos
que foram destruídos em conseqüência de suas murmurações, rebelião e idolatria.
O pecado interrompeu sua comunhão com Deus, e, como resultado, caíram da graça.
Paulo declara que esses eventos foram registrados na Bíblia para advertir os
cristãos quanto à possibilidade de perder os mais sublimes privilégios por meio
do pecado deliberado.
4.
Equilíbrio escriturístico.
As
respectivas posições fundamentais, tanto do Calvinismo como do Arminianismo,
são ensinadas nas Escrituras.
O
Calvinismo exalta a graça de Deus como a única fonte de salvação — e assim o
faz a Bíblia;
O
Arminianismo acentua a livre vontade e responsabilidade do homem — e assim o
faz a Bíblia.
A
solução prática consiste em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro
ponto de vista, e em evitar colocar uma ideia em aberto antagonismo com a
outra. Quando duas doutrinas bíblicas são colocadas em posição antagônica, uma
contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a
ênfase demasiada à soberania e à graça de Deus na salvação pode conduzir a uma
vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que conduta e atitude
nada têm a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado,
ênfase demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como reação
contra o Calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e
despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser
evitados são:
A
ilegalidade e o legalismo.
Quando
Carlos Finney ministrava em uma comunidade onde a graça de Deus havia recebido
excessiva ênfase, ele acentuava muito a responsabilidade do homem. Quando
dirigia trabalhos em localidades onde a responsabilidade humana e as obras
haviam sido fortemente defendidas, ele acentuava a graça de Deus. Quando
deixamos os mistérios da predestinação e nos damos à obra prática de salvar as
almas, não temos dificuldades com o assunto. João Wesley era arminiano e George
Whitefield calvinista. Entretanto, ambos conduziram milhares de almas a Cristo.
Pregadores
piedosos calvinistas, do tipo de Carlos Spurgeon e Carlos Finney, têm pregado a
perseverança dos santos de tal modo a evitar a negligência. Eles tiveram muito
cuidado de ensinar que o verdadeiro filho de Deus certamente perseveraria até
ao fim, mas acentuaram que se não perseverassem, poriam em dúvida o fato do seu
novo nascimento. Se a pessoa não procurasse andar na santidade, dizia Calvino,
bem faria em duvidar de sua eleição.
É
inevitável defrontarmo-nos com mistérios quando nos propomos tratar as
poderosas verdades da presciência de Deus e a livre vontade do homem; mas se guardamos
as exortações práticas das Escrituras, e nos dedicamos a cumprir os deveres
específicos que se nos ordenam, não erraremos.
"As
coisas encobertas são para o Senhor Deus, porém as reveladas são para
nós" (Dt 29:29).
Para
concluir, podemos sugerir que não é prudente insistir falando indevidamente dos
perigos da vida cristã. Maior ênfase deve ser dada aos meios de segurança — o
poder de Cristo como Salvador; a fidelidade do Espírito Santo que habita em
nós, a certeza das divinas promessas, e a eficácia infalível da oração. O Novo
Testamento ensina uma verdadeira "segurança eterna", assegurando-nos
que, a despeito da debilidade, das imperfeições, obstáculos ou dificuldades
exteriores, o cristão pode estar seguro e ser vencedor em Cristo. Ele pode
dizer com o apóstolo Paulo:
"Quem
nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição
ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de
ti somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o
matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele
que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos,
nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a
altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm 8:35-39).
Ao
considerarmos tudo que envolve a salvação dos pecadores segundo a Bíblia é
fundamental lembrar o ensino bíblico de que todos pecaram e merecemos a punição
eterna de Deus e que Cristo morreu e obteve a salvação para os homens (Rm
3:23).
O
estudo teológico da salvação (soterologia) é melhor compreendido após o
estabelecimento da ação salvífica de Jesus na cruz e a atuação do Espírito
Santo na vida de um cristão.
ELEIÇÃO
E REPROVAÇÃO
Eleição
é a decisão divina e eterna de salvar o homem. Isso foi realizado antes da
fundação do mundo. Contudo, não há consenso teológico se a salvação é algo que
depende apenas de Deus (ênfase do calvinismo) ou depende de uma escolha humana
(ênfase do arminanismo). Essas são as principais correntes teológicas.
Geralmente as denominações deixam clara para seus membros qual faz parte de seu
entendimento doutrinário.
O
QUE É PREDESTINAÇÃO?
Várias
passagens no NT parecem afirmar com muita clareza que Deus determinou de
antemão quem seria salvo. Isso é chamado de predestinação. O termo é
apresentado:
1.
Como um consolo (Rm 8.29-30).
2.
Como uma razão para louvar a Deus (Ef 1.5-6 e 12).
3.
Como um incentivo à evangelização. (2Tm 2.10)
A
DOUTRINA DA REPROVAÇÃO
Uma
vez que existem pessoas que foram salvas, há necessariamente outro aspecto
dessa escolha, a saber, a decisão soberana de Deus de não salvar outras. Essa
decisão de Deus na eternidade passada é chamada reprovação.
Na
teologia há quem defenda que Deus salvará a todos no final, conforme a doutrina
do universalismo, mas essa perspectiva baseia-se muito em especulação não em
versos bíblicos.
EQUÍVOCOS
A RESPEITO DA DOUTRINA DA ELEIÇÃO
A
eleição não é fatalista nem mecanicista, pois se baseia na presciência de Deus
sobre nossa fé (Rm 8.29):
Conhecimento
prévio das pessoas e de seus atos (1 Co 8.3, Gl 4.9). Em parte alguma as
Escrituras afirmam que Deus os escolheu salvar alguém por causa da sua fé. A
eleição baseada em alguma coisa boa em nós (nossa fé) seria o começo da
salvação por mérito. (Ef 1.5-6), Predestinação baseada em conhecimento prévio
também não dá livre arbítrio às pessoas.
OBJEÇÕES
À DOUTRINA DA ELEIÇÃO
Os
principais argumentos dos que se opõem ao ensino da eleição como predestinação
:
1.
A eleição significa que não temos a opção de aceitar Cristo.
2.
Com base nessa definição de eleição, nossas escolhas não são escolhas reais.
3.
A doutrina da eleição faz com que sejamos marionetes ou robôs, não pessoas
reais.
4.
Da doutrina da eleição decorre que os incrédulos jamais têm a chance de crer.
5.
A eleição é injusta. (2 Pe 2.4).
6.
A Bíblia diz que Deus deseja salvar todo mundo. (1Tm 2.4).
Alguns
pontos pacíficos
Embora
haja muita controvérsia sobre essa posição, existem vários pontos sobre os
quais ambos os lados concordam:
1.
Nem todos serão salvos.
2.
É necessário que se apresente o evangelho a todas as pessoas. É completamente
verdadeiro que "quem desejar" pode chegar a Cristo e obter a
salvação, e ninguém que chegar a ele será lançado fora. A oferta gratuita das
boas novas é estendida para todas as pessoas.
3.
A morte de Cristo, por ser ele o infinito Filho de Deus, possui mérito
infinito, sendo suficiente para pagar a penalidade dos pecados de todos mas só
se torna eficaz para os que a aceitam.
A
questão não está nos méritos intrínsecos dos sofrimentos e da morte de Cristo,
mas no número de pessoas pelas quais o Pai e o Filho entenderam, no momento da
morte de Cristo, que sua morte seria pagamento suficiente.
Uma
vez entendida que os salvos dão uma resposta ao evangelho, pode-se analisar
como isso acontece : Na pregação humana do evangelho, três elementos
importantes devem ser incluídos.
1.
Explicação dos fatos concernentes à salvação.
Qualquer
pessoa que vem a Cristo para receber salvação deve ter um entendimento básico
de quem ele é e de como satisfaz nossas necessidades de salvação. Portanto uma
explicação dos fatos concernentes à salvação deve incluir o seguinte:
1.
Todas as pessoas pecaram (Rm 3.23).
2.
A pena pelos nossos pecados é a morte (Rm 6.23).
3.
Jesus Cristo morreu para pagar a pena pelos nossos pecados (Rm 5.8).
Entender
esses fatos e mesmo concordar que eles são verdadeiros não é suficiente para
uma pessoa ser salva. Tem de haver também um convite para uma resposta pessoal
da parte do indivíduo, que se arrependerá de seus pecados e confiará
pessoalmente em Cristo.
2. Convite para aceitar Cristo
pessoalmente com arrependimento e fé.
Quando
o Novo Testamento fala sobre pessoas recebendo salvação, mostra uma resposta
pessoal a um convite da parte do próprio Cristo. (Mt 11.28-30).
3.
Promessa de perdão e vida eterna.
A
principal promessa na mensagem do evangelho é o perdão dos pecados e a vida
eterna com Deus. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna" (Jo 3.16). E também Pedro ao pregar o evangelho diz :
"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos
pecados" (At 3.19; cf. 2.38).
CONVERSÃO
A
resposta em fé a esse convite é chamado de REGENERAÇÃO OU NASCER DE
NOVO. Regeneração é um ato invisível de Deus pelo qual ele nos concede nova
vida espiritual. Isso é também chamado "nascer de novo".
A
REGENERAÇÃO É UMA OBRA EXCLUSIVAMENTE DE DEUS (Jo 1.13). Tg 1.18),
A
NATUREZA EXATA DA REGENERAÇÃO É UM MISTÉRIO (Ef 2.1), (Jo 3.3-8; Ef 2.5; Cl
2.13).
A
regeneração se dá pela ação e vontade de Deus (Jo 1.13 e por intermédio do
Espírito Santo (Jo 3.5) quando a pessoa crê no Senhor Jesus (Jo 1.12). NESSE
SENTIDO DE "REGENERAÇÃO", ELA VEM JUNTO COM A FÉ
SALVÍFICA"nascer do novo ou nascer do alto aponta para uma nova natureza
(Mt 19.28; Tt 3.5 cf. Jo 3.3).
A
REGENERAÇÃO DEVE PRODUZIR RESULTADOS NA VIDA do novo homem que combina com sua
nova natureza, uma vida que dá frutos (1 Jo 2.29; 3.9; 4.7 e 5.1,4,18). (At
16.14; cf. Jo 6.44, 65; 1 Pe 1.3
ELA
TEM CONSEQUÊNCIAS CLARAS
O
chamado realizado por meio da Palavra (Rm 10.17) não é para pertencer a uma
igreja local, mas sim para a comunhão de seu Filho" (1 Co 1.9), para a luz
(1 Pe 2.9), para a liberdade (Gl 5.13), para a santidade (1 Ts 4.7) e para o
reino de Deus (1 Ts 2.12; cf. 1 Pe 5.10, 2 Pe 1.3).
O
CONVENCIMENTO
O
convencimento é realizado pelo Espírito Santo (Jo 16.8-11). Não é o mesmo que
conversão, mas é a ação do Espírito Santo a fim de convencer o perdido do seu
pecado (atividade similar à recomendada em Mt 18.15).
O
objeto do convencimento é o "pecado", a "justiça" e o
"juízo". Como consequência, o homem percebe que é pecador, que Jesus
é Deus e santo e que haverá punição caso não se reconcilie com o Senhor.
CONVERSÃO
(FÉ E ARREPENDIMENTO)
A
fé e o arrependimento devem vir juntos
A
verdadeira fé salvífica inclui conhecimento, aprovação e confiança pessoal
1.
Mero conhecimento intelectual sobre Jesus não basta. (Rm 10.14). (Mt 7.26; At
26.27,28; Jo 2.23-24 e Tg 2.19), nem crer apenas temporariamente (Lc 8.13).
2.
Conhecimento e aprovação não são suficientes. (Jo 3.2).
3.
Preciso decidir depender de Jesus para me salvar. (Jo 5.24; 17.3 e Ef 2.8).
4.
A fé deve aumentar à medida que nosso conhecimento aumenta (Rm 10.17) Tanto a
fé como o arrependimento continuam por toda a vida (Mt 6.12, " (Ap 3.19;
cf. 2 Co 7.10).
Os
Resultados da Salvação:
Vamos
conhecer melhor apenas alguns resultados da salvação em Cristo.
1
- JUSTIFICAÇÃO
A) O
significado de justificação -
Justificar
significa "declarar alguém justo". Deus nos declara justos à vista
dele (Rm 4.1-5.21, Rm 8.1).
Tanto
em hebraico como em grego a ideia é de "anunciar" ou
"pronunciar" alguém justo.
Existe
um contraste entre justificar e condenar em Dt 25.1; 1 Rs 8.32; e Pv 17.15;
Deus
nos justifica por meio de nossa fé em cristo (Gl 2.16, Rm 5.1).
Deus
pode declarar-nos justos porque ele nos imputa a justiça de cristo (Rm 4.3-6,
citando Gn 15.6).
Paulo
diz que somos os que recebemos "o dom da justiça" (Rm 5.17)
B) O
processo de justificação
A
fé em Cristo é o único meio para a justificação (Rm 3: 22,23): e o preço pago
pela justificação foi o sangue de Cristo; Justificação inclui uma declaração
legal da parte de Deus (Lc 7.29). A justificação chega a nós inteiramente pela
graça de Deus, não por causa de algum mérito em nós mesmos Rm 1.18-3.20 quando
alguém crê, essa pessoa está "em Cristo", o que a torna justa; Rm
3:24 (2 Co 5.21), justificação faz com que Deus se torne o justificador
daqueles que ele declara justos. Rm 3:.25,26) pelo dom da justiça (Rm 5.17,19).
2
– JULGAMENTO DA NATUREZA PECAMINOSA
O
julgamento livra o crente do poder do pecado e o poder do pecado está ligado à
velha natureza do homem perdido. Pela fé, a morte de Cristo passa a ser nossa
própria morte de modo que essa velha natureza é julgada e condenada
(justificação, cf. Rm 6.7). O resultado é a certeza de que um dia essa velha
natureza deixará de existir e a realidade de uma nova natureza já no presente.
O julgamento livra o crente do domínio do pecado. O texto de Rm 6.1-14 é claro
ao demonstrar que o resultado da anulação do poder da velha natureza tem como
resultado:
a)
o fim da escravidão do pecado que obrigava a pessoa a cometer pecados e servir
a Satanás; e b) a possibilidade de andar em obediência a Deus, fugindo do
pecado.
COMUNHÃO
FAMILIAR DO CRISTÃO
A
morte de Cristo dá ao crente o privilégio de ter comunhão com a família de Deus
(1 Jo 1.5-10). Contudo, há duas condições para o desfrute dessa comunhão:
a)
Conformar-se ao padrão da luz;
b)
Confessar os pecados.
ADOÇÃO
-
Adoção
é algo distinto da justificação (Jo 1.12; Gl 3.26; 1 Jo 3.1-2)
É
o ato divino que integra os que creem em Cristo à família de Deus (Jo 1.12).
Paulo
fala de dois grupos que foram "adotados" por Deus:
a)
Israel como nação (Rm 9.4 cf. Ef 4.22). Esse não é um aspecto em que a salvação
eterna é pressuposta para cada membro do Israel étnico;
b)
Cristãos como indivíduos (Gl 4.5; Ef 1.5; Rm 8.15,23).
Alguns
resultados da adoção por meio da fé são:
a)
Sermos incluídos em uma família à qual não pertencíamos naturalmente (Ef 1.5
cf. 2.3);
b)
Libertação do antigo sistema de vida (Gl 4.5);
c)
Ter todos os direitos e privilégios de chamar Deus de pai (Mt 6.9, Gl 6.7). e
fazer parte da família de Deus (Rm 8.17; Gl 4.7).
A
Segurança da Salvação
1
- A EVIDÊNCIA BÍBLICA
A
segurança da salvação depende direta e exclusivamente da obra de Deus, de modo
que o homem não pode perder a salvação por algo que faça ou deixe de fazer.
Algumas evidências bíblicas dessa afirmação são :
A.
O crente é introduzido no corpo de Cristo pelo Espírito Santo ( 1 Co 12:13);
B.
O Espírito Santo sela o crente até o dia da redenção (Ef 1:13 e 4:30);
C.
É propósito do Pai para manter os crentes como sua propriedade (Jo 10:28-30 e
13:1) e seu poder mantém os crentes assim (Jd 24);
D.
A obra iniciada por Deus será completada (Rm 8.29-31).
E.
Nada pode separar os crentes de Cristo (Rm 8:37-39).
B.
OS TRÊS ESTÁGIOS DA SANTIFICAÇÃO
1.
A santificação tem um começo definido na regeneração. (Tt 3.5). (1 Jo 3.9),
2.
A santificação aumenta por toda a vida. (Rm 6.11-18)
3.
A santificação se completará na morte (em nossa alma) e quando o Senhor
retornar (em nosso corpo). (Rm 6.12-13; 1 Jo 1.18), (Hb 12.23). (Ap 21.27).
4.
A santificação nunca se completará nesta vida. Mt 5.48 2 Co 7.1 (1 Ts 5.23 (1
Jo 3.6)
C.
DEUS E O HOMEM COOPERAM NA SANTIFICAÇÃO (Fp
2.12-13). .
1.
A papel de Deus na santificação. "Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2.13), (1 Ts 5.23). (Hb
12.5-11). (Hb 13.20-21).
2.
O nosso papel na santificação. (Rm 6.13; cf. v. 19), (Rm 12.1). (Rm 8.13).
D.
A SANTIFICAÇÃO AFETA A PESSOA COMO UM TODO (Cl
3.10). (Fp 1.9). (Rm 12.2). (Cl 1.10).
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