ANTIGO TESTAMENTO VII

O Cânon do Antigo Testamento

O Desenvolvimento do cânon do Antigo Testamento

(Por Alexandre Milhoranza)

A história da canonização da Bíblia é muito fascinante. À medida que Deus ia revelando sua palavra e o Espírito santo movendo seus profetas, nenhum deles tinha em mente como seu “capítulo” iria se encaixar no plano global do Senhor. E cada um destes capítulos nos mostra o grande amor de Deus pela humanidade e o plano maravilhoso da redenção, que só poderia vir de Deus que fez e sustenta todo universo.

A ORIGEM HISTÓRICA DA BÍBLIA

Entenda porque alguns livros não foram aceitos como parte do cânon sagrado

A Escritura Sagrada recebe o título de Bíblia, palavra grega que significa "livros", divido ela reunir um conjunto de livros inspirados, chamados livros canônicos.

"Cânon bíblico", o que é?

Cânon é uma palavra latina que significa "modelo". O termo latino é derivado do grego kanon, de "cana", instrumento de medida usado nos tempos bíblicos no lugar do nosso "metro" hoje. O cânon bíblico, portanto, "é a lista de livros inspirados que formam a Bíblia, os quais dão testemunho autorizado da revelação de Deus, servindo como norma de procedimento cristão, e como critério ou régua, através dos quais se mede e julga correto e justo um pensamento ou doutrina (Gálatas 6:16; II Timóteo 3:16)." - Dicionário de Teologia Fundamental, págs. 122 e 123. Editora Vozes e Santuário, edição 1994.

Os livros inspirados, como expressão da Palavra de Deus, que formam o cânon bíblico original, como regra de fé e doutrina, são 39 da Escritura hebraica do Antigo Testamento, e 27 do Novo Testamento, totalizando os 66 livros canônicos, que como verdades infalíveis e eternas, possuem autoridade final.

LIVROS NÃO INSPIRADOS

As Bíblias que contém sete livros a mais, foram extraídas da "Bíblia grega", ou "Septuaginta", traduzida na Bíblia hebraica para o grego no ano 250 a.C., quando então foram incluídos outros sete livros, que não faziam parte dos livros inspirados da Bíblia hebraica original, que são : Tobias, Judith, I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. - Frei Mauro Strabeli, Bíblia, perguntas que o povo faz, págs. 16 e 17, Edição Paulinas.

Naquela época, a Grécia cominava o mundo e foi o rei Ptolomeu Filadelfo, do Egito, que ordenou a tradução da Septuaginta. Provavelmente os sete livros foram anexados a ela, a pedido dele, na ocasião ou posteriormente.

Porque esses sete livros não devem ser aceitos como inspirados ou canônicos :

Como lembra o Frei Mauro Strabeli, "a Escritura do Velho Testamento, considerada como original, é a Bíblia hebraica, cujos livros foram como ´canônicos´ de início e sem nenhuma discussão". - Ibidem, pág. 16.

Esses livros não foram escritos por profetas, pois era uma época de interrupção na sucessão profética. Por isso, só os 39 livros eram considerados divinos ou inspirados, argumenta o respeitado historiador judeu Flávio Josefo, nascido pouco depois da morte de Cristo. - Resposta a Ápíon, Livro I, 8.

Segundo Josefo, o cânon do Antigo Testamento com 39 livros, foi fechado entre 465 e 425 a.C.. E no ano 90 d.C., o concílio judaico de Jamni analisou os demais sete livros, mas os rejeitou. - Resposta àquelas Perguntas, pág. 53, Editora Candeias.

Além dos sete livros não fazerem parte do cânon bíblico original, eles só foram considerados como inspirados pela Igreja Católica no Concílio de Trento, em 8 de abril de 1546, sendo chamados deuterocanônicos [ou canônicos de segunda época]. - Dicionário de Teologia Fundamental, pág. 124. Editora Vozes, edição de 1994.

A Igreja Católica oficializou-os, objetivando deter o movimento de Reforma Protestante. "Jesus e os apóstolos só usaram os 39 livros hebraicos originais."

Os judeus, aos quais Deus confiou no passado a guarda das Escrituras e Seus oráculos (Romanos 3:2), "só aceitam como inspirados o cânon hebraico de 39 livros. Eles rejeitam os sete livros tidos como deuterocanônicos." - Bíblia do Pontífice de Roma, pág. 6.

Jesus e os apóstolos só usaram os 39 livros hebraicos originais, pois eles citaram 1.378 vezes o Antigo Testamento, mas nenhuma só vez os sete livros. Portanto, o escritor Josefo estava certo ao afirmar: "Só temos 39 livros, os quais temos justa razão para crermos que são divinos". - Resposta a Ápio, livro I, 8.

A Igreja cristã primitiva os rejeitou como inspirados e canônicos, permitindo que fossem lidos só como livros de edificação histórica. - Manual Bíblico, pág. 358.

Os Pais da igreja, tais como Atanásio, Gregório, Hilário, Rufino e Jerônimo, adotaram o cânon dos 39 livros hebraicos. - Bíblia do Pontífice de Roma, pág. 6.

Jerônimo, que traduziu a Bíblia hebraica para o latim, entre 382 a 404 d.C. - a chamada Vulgata Latina - tornou-se um defensor do cânon restrito dos 39 livros hebraicos, e só traduziu o livro não inspirado de Tobias para a Bíblia "Vulgata" por ordem dos bispos. - Dicionário de Teologia Fundamental, pág. 124, Editora Vozes.

Eles ensinam erros doutrinários e históricos conforme a exposição abaixo:

Alguns erros ensinados pelos sete livros não inspirados, que se chocam frontalmente com os 66 livros canônicos da Bíblia.

Livros / Canônicos ou Escritura

1 - Narração de anjo mentindo sobre sua origem. Tobias 5:1-9 / Isaías 63:8; Oséias 4:2

2 - Diz que se deve negar o pão aos ímpios. Eclesiástico 12:4-6 / Provérbios 25:21-22

3 - Uma mulher jejuando toda a sua vida. Judith 8:5-6 / Mateus 4:1-2

4 - Deus dá espada para Simeão matar siquemitas, Judith 9:2 / Gênesis 34:30; 49:5-7

5 - Dar esmola purifica do pecado. Tobias 12:9 e Eclesiástico 3:30 / I Pedro 1:18-19

6 - Queimar fígado de peixe expulsa demônios. Tobias 6:6-8 / Atos 16:18

7 - Nabucodonosor foi rei da Assíria, em Nínive. Judith 1:1 / Daniel 1:1

8 - Honrar o pai traz o perdão dos pecados. Eclesiástico 3:3 / I Pedro 1:18-19

9 - Ensino de magia e superstição. Tobias 2:9 e 10; 6:5-8; 11:7-16 / Tiago 5:14-16

10 - Antíoco morre de três maneiras. I Macabeus 6:16; II Macabeus 1:16; 9:28 / Isaías 63:8; Mateus 5:37

11 - Recomenda a oferta pelos mortos. II Macabeus 12:42-45 / Eclesiástes 9:5-6

12 - Ensino do purgatório ou imortalidade da alma. Sabedoria 3:14 / I João 1:7; Hebreus 9:27

13 - O suicídio é justificado e louvado. II Macabeus 14:41-46 / Êxodo 20:13

Tais erros e contradições revelam que esses sete livros não passam no imbatível teste de "inspiração bíblica", dos livros sagrados e canônicos, inseridos na "Constituição dogmática da fé católica", no Concílio Vaticano I, que assim diz : "Os livros da Bíblia, a Igreja reputa-os sagrados e canônicos, não porque tenham recebido por ela (a Igreja), aprovação ou autoridade : Nem somente porque contém a revelação sem mistura de erros, mas sim porque, tendo sido escritos sob a inspiração do Espírito Santo, tem como autor o próprio Deus, e como tais foram dados a sua Igreja." - Bíblia Traduzida pelo Pontífice Instituto Bíblico de Roma, pág. 6.

Diante dessa declaração, não podemos dizer que esses sete livros são inspirados e canônicos, porque a Igreja Católica os declarou, pois ela própria diz que não é a igreja que os qualifica como inspirados e canônicos. E se dissermos que tais livros são inspirados pelo Espírito Santo, tendo como autor o próprio Deus, estaremos admitindo que Deus Pai e o Espírito Santo são autores de erros e contradições !

A prova final, que esses sete livros não são inspirados, é que seus autores nunca reclamaram inspiração para eles, e, além de Macabeus afirmar que não havia profeta em seu tempo

(I Macabeus 4:46; 9:27; 14:41), ele encerrou seu livro confessando sua incapacidade para expô-lo, ao assim se desculpar: "Se minha narração está imperfeita e medíocre, é que eu não pude fazer melhor" (II Macabeus 2:24; 15:38 e 39).

"Jerônimo, o tradutor da Vulgata, chamou a esses sete livros de apócrifos,que significa ocultos, secretos, escondidos ou não inspirados." - Introdução Geral à Bíblia, pág. 88.

Os sete livros apócrifos são apenas de valor histórico e literário. Portanto, só devemos aceitar como inspirados os 66 livros canônicos, como regras de fé e doutrina. (II Pedro 1:21). Autor: Enio dos Santos - Presidente da Missão Ocidental Sul-Rio-Grandense

Algumas distinções importantes

Os três passos mais importantes no processo de canonização

Há três elementos básicos no processo de canonização: a inspiração de Deus, o reconhecimento pelo povo de Deus e a coleção dos livros inspirados. A inspiração cabia ao próprio Deus, mas os dois passos seguintes, Deus os incumbiria a seu povo.

Inspiração de Deus – Deus deu o primeiro passo na canonização da Bíblia, quando ele mesmo os inspirou. O povo de Deus não teria como reconhecer a inspiração de um livro, se Deus mesmo não tivesse dotado os 39 livros que compõem o Velho Testamento, de autoridade divina.

Reconhecimento por parte do povo de Deus – Quando Deus dotava algum livro de autoridade, seu povo o reconhecia. Este reconhecimento ocorria imediatamente pela comunidade para a qual o livro foi destinado. Os escritos de Moisés foram reconhecidos em seus dias (êx. 24:3), como também os de Josué (Js. 24:26), os de Samuel (1 Sm. 10:25) e os de Jeremias (Dn. 9:2). Este reconhecimento seria confirmado pelos crentes do Novo Testamento e também por Jesus

Coleção e preservação pelo povo de Deus – O povo de Deus colecionava e guardava sua Palavra. Os escritos de Moisés foram colocados na arca (Dt. 31:26). As palavras de Samuel foram colocadas num livro e o pôs perante o Senhor (1 Sm. 10:25). A lei de Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias (2 Rs. 23:24). Daniel tinha uma coleção da lei de Moisés e dos profetas (Dn. 9:2; 6:13). Os crentes do Novo Testamento tinham toda escritura do Velho Testamento (2 Tm. 3:16), tanto a Lei como os Profetas (Mt. 5:17).

A diferença entre os livros canônicos e outros escritos religiosos

Apesar da importância que alguns livros tinham, assim como: Livro dos justos (Js. 10:13) e o Livro das Guerras do Senhor (Nm. 21:14), nem todos os escritos eram considerados canônicos. Os livros apócrifos, escritos após o período do Velho Testamento (c. 400 a.C.), tinham seu valor religioso definido, porém jamais foram delimitadores da fé, doutrina e conduta cristãs, diferentemente dos escritos inspirados e dotados da autoridade divina, pois têm autoridade sobre os crentes.

Nenhum artigo de fé deve basear-se num livro não-canônico, não importando o valor religioso do mesmo.

A verdade transmitida pelos livros inspirados é que constitui o fundamento das verdades da fé.

A diferença entre canonização e categorização dos livros da Bíblia

Tem havido muita confusão quanto à data dos escritos sagrados e sua canonização. A quem defenda que a canonização foi modular. Ou seja, seguindo as datas das seções do Velho Testamento:

Lei (c. 400 a.C.); Profetas (c. 200 a.C.); Escritos (c. 100 a.C.)

Porém, algumas seções, assim como os Escritos foram reagrupados diversas vezes desde que foram redigidos e foram aceitos antes mesmo dessas datas e reagrupamentos, como veremos em breve.

Compilação Progressiva dos livros do Velho Testamento

A evidência da coleção progressiva dos livros proféticos

Desde o início, os escritos proféticos eram reunidos e guardados, tidos como inspirados e autorizados por Deus. As leis de Moisés foram preservadas ao lado da arca da aliança (Dt. 31:24-26) e posteriormente no templo (2Rs. 22:8). Josué acrescentou suas palavras no livro da lei de Deus (Js. 24:26); Samuel informou o povo sobre os deveres do rei e escreveu em um livro e o pôs diante do Senhor (1 Sm. 10:25); Ezequiel nos informa que havia um registro oficial de profetas e seus escritos no templo (Ez. 13:9); Daniel refere-se aos livros que continham a “Lei de Moisés” e os “Profetas” (9:2,6,11)

Esta evidência de coleção progressiva dos escritos dos profetas se confirma pelo uso dos escritos dos profetas antigos feitos pelos profetas que viriam mais tarde. Os livros de Moisés são citados por todo Velho Testamento. Desde Josué (1:7) até Malaquias (4:4); Os livros de Reis citam a vida de Davi conforme narrada nos livros de Samuel; Crônicas faz uma revisão da história de Israel desde Gênesis até Reis, incluindo o elo genealógico mencionado apenas em Rute

(1Cr. 2:12-13); Neemias 9 resume a história de Israel conforme registro de Gênesis a Esdras; Há referências aos Provérbios de Salomão e ao Cântico dos cânticos em 1 Rs. 4:32; O profeta Jonas recita partes de muitos Salmos (Jn 2); Ezequiel menciona Jó e Daniel (Ez. 14:14-20).

Nem todos os livros são citados em livros posteriores, porém há evidências suficientes para provarmos que existia uma coleção progressiva dos escritos considerados divinos e dotados de autoridade e inspiração.

A evidência da continuidade profética

Durante a coleção dos escritos proféticos, houve uma continuidade dos eventos e profecias narradas pelos seus autores. Os cinco primeiros livros da Bíblia foram escritos por Moisés. O próximo livro é o de Josué, porém vemos que o capítulo final de Deuteronômio narra a morte de Moisés. Por não ser um escrito profético, mas sim a narração de um fato da época, entendemos que não pode ter sido Moisés quem escreveu o final do livro de Deuteronômio. Provavelmente teria sido Josué, já que foi o sucessor de Moisés. E em seu livro o primeiro capítulo continua os eventos imediatos acontecidos após a morte de Moisés. (Js. 1:1).

Juízes retoma a narrativa de onde parou o livro de Josué. Porém este registro só se completou nos dias de Samuel, como podemos observar pela frase “Naqueles dias não havia rei em Israel” (Jz. 17:6;18:1;19:1;21:25). Depois disso a continuidade profética se estabeleceu com a criação de uma escola de profetas dirigida por Samuel (1 Sm. 19:20). Desta escola sairiam vários livros que cobririam a história do povo de Israel e Judá no período dos reis e profetas. Vejamos:

A história de Davi foi escrita por Samuel (1 Sm.), por Natã e por Gade (1 Cr. 29:29); A história de Salomão foi escrita por Natã, Aías e Ido (2 Cr. 9:29); Os atos de Roboão foram escritos por Semaías e Ido (2 Cr. 12:15); A história de Abias foi acrescentada pelo profeta Ido (2 Cr. 13:22); A história do reinado de Josafá  foi registrada pelo profeta Jeú (2 Cr. 20:34); A história do reinado de Ezequias foi registrada por Isaías (2 Cr. 32:32); A história do reinando de Manassés foi registrada por profetas anônimos (2 Cr. 33:19); Os demais reis também tiveram suas histórias registradas pelos profetas (2 Cr. 35:27).

Podemos perceber que os livros de Samuel, Reis e Crônicas não são idênticos aos livros mencionados acima. Nos parece que os livros do cânon do Velho Testamento são pequenos textos tirados de narrativas mais longas, como demonstra a frase “e os demais atos” do rei tal estão escritos no livro tal do profeta tal, isso demonstra claramente a sucessão profética iniciada por Samuel.

Notem que não houve menção a Jeremias, mesmo escrevendo antes e durante o exílio, ter escrito uma dessas histórias. Porém, Jeremias era um profeta, historiador e escritor, como claramente afirma em várias ocasiões: Jr. 30:2 – Jr. 36:1-2 – Jr. 45:1-2 – Jr. 51:60-63. Podemos verificar que o último capítulo de 2 Reis corresponde aos capítulos 52, 39, 40 e 41. Estes são indícios de que ele era responsável por ambos os livros. Mais tarde, no exílio, disse ter acesso aos livros de Moisés e dos profetas. Menciona não só Jeremias, mas também cita a predição do cativeiro no capítulo 25 (Dn. 9:2,6,11).

Com base nisso é razoável supor que os resumos dos escritos proféticos tenha tomado a forma dos livros dos Reis. Desta forma, a continuidade profética a partir de Moisés, Josué e Samuel se completaria com as obras de Jeremias.

Durante o exílio, Daniel e Ezequiel continuaram o ministério profético. Ezequiel reconheceu um registro oficial de profetas nos arquivos do templo (Ez. 13:9). Ezequiel se referiu a Daniel como um “notável servo de Deus”(Ez. 14:14-20). Visto que Daniel possuía cópia dos livros de Moisés e dos profetas, dos quais o livro de Jeremias, podemos presumir razoavelmente que a comunidade judaica no exílio babilônico possuía os livros de Gênesis a Daniel.Depois do exílio, Esdras volto da Babilônia levando consigo os livros de Moisés e dos profetas

(Ed. 6:18 – Ne. 9:14,26-30). Nos livros de Crônicas sem dúvida ele registrou seu relato sacerdotal da história de Judá e do templo (Ne. 12:23). Crônicas está ligado a Esdras-Neemias pela repetição do último versículo de um, como o primeiro versículo do outro.

Com Neemias completa-se a cronologia profética. Cada profeta, desde Moisés até Neemias contribuiu para a crescente coleção de livros, que foi preservada pela comunidade dos profetas a partir de Samuel.

Até agora não existem evidências de que outros livros, houvessem alcançado canonização depois dessa época (c. 400 a.C.)

A evidência de que o cânon do Velho Testamento se concluiu com os profetas

Vimos que toda Escritura hebraica havia sido colecionada ao longo dos anos pelos profetas que Deus havia levantado.

Vimos também que houve continuidade nestes escritos. Cada novo profeta se apoiava na autoridade dos escritos do profeta anterior e juntava seus escritos aos escritos anteriores.

Na época de Neemias (c. 400 a.C.), os profetas já haviam produzido todo cânon hebraico, ou seja, os 24 livros que compõem a Bíblia hebraica.

O Novo Testamento cita praticamente todos os livros do cânon hebraico sem fazer menção a nenhum livro posterior a Malaquias.

Jesus parece colocar parâmetros no cânon do Velho Testamento, quando em Mt. 23:35 faz menção ao sangue de Abel, citando o livro de Gênesis, e mencionando o sangue de Zacarias (filho do sacerdote Joiada), citando o livro de 2 Crônicas (24:20-22), último livro do cânon hebraico.

O PERÍODO INTER-BÍBLICO

INTRODUÇÃO

O Antigo e o Novo Testamentos, em algumas Bíblias, são separados por uma folha em branco, cuja finalidade é representar o silêncio do Senhor. Do profeta Malaquias, o último livro do Antigo Testamento, ao evangelho de Mateus, o primeiro do Novo Testamento, o tempo é de quatrocentos anos.

Esse período, conhecido como período interbíblico, ficou caracterizado como a cessação da revelação bíblica. Nessa fase, as vozes dos profetas bíblicos do Antigo Testamento não se ouviam mais, era como se Deus deixasse o homem resolver seus problemas sozinho (principalmente no âmbito espiritual). Nesse tempo, foram evidentes as ondas de crescentes filosofias, imoralidades religiosas, quando os judeus, novamente, tiveram de amargar sucessivas derrotas e hostilidade de seus inimigos.

História de Israel

O berço da civilização primitiva, segundo a Bíblia e hoje comprovado por estudos, foi o Vale da Mesopotâmia, sendo o mais antigo dos povos dos quais recebemos influência os Sumérios. Eles dominavam a matemática, agricultura, inventaram canais de irrigação, carros de guerra, entre muitas outras coisas. Dominavam a cultura. Também existiam nesse Vale os Acadianos, que tinham grande poder bélico.  Então surgiu uma nova civilização, denominada Acádio-sumeriana. Uma parte deles deram origem à Caldéia, cuja capital era Babilônia. E ao sul da Babilônia ficava Ur dos Caldeus, cidade de educação adiantadíssima e berço natal do Patriarca Abraão. Dali, Abraão partiu para Harã, depois à Canaã, desce ao Egito e volta para Canaã.

Outra civilização importante é a Egípcia. Antes dos Faraós, não há nenhum dado sobre a história do Egito. José entrou no Egito na vigência dos Hiksos. Após a expulsão dos Hiksos, os Hebreus foram muito maltratados e só se tornaram livres com Moisés. Os Egípcios eram politeístas. Era uma civilização muito adiantada e desenvolvida.

Sucessos Bíblicos: De Abraão à Moisés, Período da Conquista (da Queda dos muros de Jericó até a morte do filho de Num), Período dos Juízes (de Otniel à Samuel), Reino Unido (de Saul à Salomão), Reino Dividido (do Norte, Israel, e do Sul, Judá), Cativeiro Assírio (os filhos de Israel foram levados durante o reinado de Oséias), Cativeiro Babilônico, Restauração (sob Ciro, os Judeus voltaram à Jerusalém). Jesus nasceu durante o domínio dos Romanos. Com a destruição de Jerusalém no ano 70 a.C., o Estado termina.

Período Interbíblico: Ambiente e Literatura Apócrifa

É um período de 400 anos que se deu entre o Antigo e o Novo Testamento, no qual Deus se calou e não houveram Revelações Bíblicas. Foi um período proposital onde Deus deixou que o homem vivesse por seus próprios esforços e fracassasse.

Os judeus foram transformados nesse período. As tribos desapareceram e os novos judeus, despertados e curados de sua idolatria, venceram os velhos. Ao fim do Antigo Testamento, os judeus eram dominados pelos Persas e no início do Novo Testamento, estão sob domínio Romano e sob influência da filosofia grega. Antes eles falavam hebraico e no NT, passaram a falar o aramaico.

As fontes de informações sobre esse Período são a Bíblia, que pouco informa, Flávio Josefo, grande historiador e os Livros Apócrifos, livros não canônicos rejeitados pelos judeus e Protestantes.

Colocam grande parte dos Apócrifos entre 100 a.C. e 130 a.C e para cada livro são apontados dezenas de locais onde foram escritos. Seu autores também são supostos e não verdadeiros. Eles foram escritos em um período onde a profecia emudeceu.

São vários os Livros Apócrifos. No AT, eles se dividem em três grupos: Históricos, Didáticos e Apocalípticos. A Igreja Romana aceita somente Judite, Tobias, Acréscimos a Ester, Livro de Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Acréscimos a Daniel, 1 e 2 Macabeus. No NT são 22 livros Apócrifos, mas que são rejeitados até pela Igreja Romana. Para os protestantes, servem apenas como auxílio no estudo.

Período Babilônico

Após o Reinado de Salomão, o Reio de Israel se dividiu entre Norte e Sul. O Reio do Norte se afastou de Deus para seguir sua idolatria. Com isso, em 722 a.C. foram dispersados pelos assírios por terras estranhas. Os Assírios ficaram em Samaria, dando em resultado um povo estranho aos judeus. O povo do Sul se manteve fiel a Deus.

Em resultado do desatino dos judeus, veio Nabucodonosor e os levou cativos para a Babilônia e estes ficaram longe de sua terra. Mas eles tinham ainda a liberdade para adorar ao seu Deus e para praticarem seus costumes. Quando foram libertos pelos medo-persas, alguns preferiram ficar, pois estavam estabilizados, com propriedades, industria, comércio, etc. Esses são os judeus da Diáspora. A finalidade desse Exílio foi educar e punir povo de Deus, por causa do pecado e da rebelião dos judeus. Eles foram alertados pelos profetas a esse respeito. Os profetas desse período foram Daniel, Ezequiel e Jeremias. Judá não ficou totalmente deserta nesse período.

Nesse mesmo período, outras nações se desenvolveram. A Assíria estava abatida e sua capital completamente destruída. Média foi o mais notável, dominavam os Persas, depois se fundiram e reserva grandes surpresas para o mundo. Egito, que em 568 a.C. se tornou colônia Persa. Grécia tem uma das histórias mais fascinantes que conhecemos. Roma não teve ligação direta com o Oriente, mantendo-se isolada. Lídia, em seu apogeu, disputava glória com Média. Em 587, Babilônia, embelezada, tinha confusão religiosa, inquietação e Belsazar Regente.

Período Medo-Persa

A Média fica no majestoso Planalto do Irã e a Pérsia a oeste do Golfo Pérsico, ao sul de Média. Ciro guerreou contra Média, Lídia e Babilônia e as conquistou. Deus havia predito alguns feitos de Ciro e a sua ascensão foi cumprimento da vontade de Deus, para libertar o restante de Judá.

Seus sucessores foram Cambises, Dario Histaspis, Xerxes, Artaxerxes Longimanus. No governo de Artaxerxes I o Egito revoltou-se contra Pérsia, houve um tratado de paz pelo qual Chipre retornou à Pérsia, a divisão do Mediterrâneo entre Pérsia e Grécia e a rebelião da Síria, acalmada por Longimanus.

Os principais acontecimentos sob os persas foram: Dedicação do Templo em Jerusalém, a Dispersão dos Judeus, judeus em Babilônia, alguns judeus desceram para o Egito, Esdras e Neemias, que restaurou, construiu e governou. Após isso veio o Declínio Persa. Ai o centro passa do Oriente para o Ocidente.

Este período abrangeu os anos 430—331 a.C. Ao finalizar o Antigo Testamento (400 a.C), a Pérsia havia anexado a Judéia em seu domínio, tornando-a sua província. Os judeus não tiveram problemas com o domínio pérsico por ser este um governo brando e alheio aos interesses de Judá. A conquista da Babilônia deu-se com Ciro no ano 536 a.C, e este fez da Pérsia uma potência mundial. Quando a obra do templo em Judá foi suspensa por ordem do rei, alguns estudiosos julgam tratar-se de Cambises (530-522 a.C), identificado também como Artaxerxes (Ed 4.7,11,23).

A retomada da construção do templo foi ordenada por Dario (522-486 a.C). Foi nesse tempo que Ester tornou-se esposa de Xerxes (Assuero; 486-465 a.C). O rei que autorizou o retorno de Neemias a Jerusalém foi provavelmente Artaxerxes I (Longimanus; 464-426). Este exerceu domínio quando o cânon do Antigo Testamento estava para ser encerrado. Os reis persas do período conhecido como “Silêncio Profético” foram : Xerxes II (Sogdiano; 423 a.C), Dario II (Notus; 404 a.C), Artaxerxes II (Mnemon; 359 a.C), Artaxerxes III (Ocus; 338 a.C), Arses (335 a.C) e Dario III (Condomano; 336 a.C), que foi derrotado por Alexandre, o Grande, em 331 a.C.

Com a queda do Império persa, o império grego entra em eminência.

Deus conseguiu no período do Cativeiro vitórias sobre seu povo: Idolatria destruída (hoje um judeu faz tudo, menos dobrar seus joelhos a um ídolo), a Lei de Moisés respeitada (os judeus perceberam o quanto estavam longe de Deus), Inauguração do Culto Público (em todo lugar que existe um núcleo de judeus, haviam as Sinagogas. Foi preparação para a vinda de Cristo), Reverdecimento da Esperança Messiânica (passaram a esperar o Messias, antes como Libertador e Redentor de Israel e hoje como Restaurador), Pronunciado Nacionalismo (doutrinas, costumes e língua que, após o exílio, passou a ser o aramaico).

Os sucessos principais do mundo Ocidental foram Grécia e Roma.

Período Greco-Macedônio

Esse período começa em 331 e vai até 167 a.C.

A Grécia divide-se em duas partes: ao norte a Hélade, com a capital em Atenas e ao sul o Peloponeso, com a capital em Esparta. A leste as ilhas Cécladas a punham em comunicação com a Ásia, a oeste, em comunicação com a Itália, ao Sul em rota para a África e ao norte ficava a célebre Macedônia. Os gregos tinham centenas de deuses e a religião ocupava lugar central em suas vidas. Primeiro a supremacia era de Atenas, mas por causa da epidemia e da morte de Péricles, perdeu para Esparta. Com as lutas entre Atenas e Esparta, elas ficaram enfraquecidas.

Até então, Macedônia era um apenas pequeno Estado. Filipe foi o primeiro rei que deu brilho a ela. Ele foi sucedido por Alexandre, que foi educado por Aristóteles e se tornou generalíssimo dos gregos. Em 336 a.C, Alexandre Magno, com apenas vinte anos de idade, assume o comando do exército grego e investe contra o Oriente. Alexandre invade a Palestina em 332 a.C. e, um ano antes, já havia dominado o mundo inteiro. Ele era talentoso e preparado.Nos seus dias tudo prosperou e continuou a prosperar. Implantou a língua e a cultura gregas em muitas cidades sob seu domínio, além de fundar cidades gregas por onde passava. Na ciência houve progresso, destacando-se Hipócrates, pai da medicina. Macedônia, incluindo Grécia, era o maior, o mais conceituado centro de cultura de então. O mundo todo foi helenizado. Mas Alexandre não impôs com arma a cultura grega. O povo queria essa cultura. Após a morte de Alexandre, os povos falavam duas línguas, sendo uma delas, a grega. Seu Império ficou reduzido e dividido.

Com a morte de Alexandre, as nações da Síria e do Egito passaram a ser controladas por dois generais de seu exército : Ptolomeu governou no Egito e Selêuco, na Síria. A Palestina permaneceu sob o controle do Egito por cem anos, até 198 a.C. Antes, estava sob o domínio da Síria.

Quando o Egito dominou a Palestina, não havia qualquer imposição quanto à construção de sinagogas por parte do governo. Nessa época, Alexandria era o centro cultural do mundo e influenciou tanto os judeus que eles, a pedido de Ptolomeu, fizeram a tradução da Bíblia hebraica para a língua grega, versão chamada Septuaginta. Os reis do Egito, na época, ficaram conhecidos como “Ptolomeus”.

Antíoco Epifânio (Síria) reconquista a Palestina em 198 a.C, voltando o domínio para a Síria, cujos governadores eram conhecidos como "Seleucidas". Antíoco Epifânio tinha profunda aversão aos judeus e fez um esforço gigantesco para exterminá-los e acabar com sua religião. Arruinou a cidade de Jerusalém no ano 168 a.C e tratou com irreverência o templo judaico, chegando ao ápice de sacrificar uma porca — animal imundo segundo as Escrituras hebraicas — em seu altar. As leis judaicas, como, por exemplo, a circuncisão, foram quase suprimidas. Ele proibiu a adoração no templo, destruiu as cópias das Escrituras existentes na época e decretou morte a todos os que as possuíssem. Foi nesse tempo que ocorreu a revolta dos Macabeus.

Período Macabeu

Esse período, que se estende de 167 a 63 a.C., É também conhecido como hasmoniano. Se caracteriza por lutas, perseguições, sacrifícios e, finalmente por um longo período de independência e paz.

Nesse período o Sumo-Sacerdócio declinou e passou a ser uma força política.

Os egípcios dominavam a Judéia e os sírios não perdiam a esperança de possuírem a Terra Santa. Triunfou na Judéia o Partido Grego.

Antíoco ataca Jerusalém e toma-a por assalto, matando muitas pessoas e leva para o cativeiro milhares de judeus. O Templo foi profanado e despojado. Era uma prova de fogo para os judeus, para que buscassem a Deus.

Após isso houve bárbaras perseguições Sírias. Então houve a Guerra Macabéia. A revolta começou com Matatias, sacerdote em Modim; Um sacerdote amante de sua pátria, demonstrou forte coragem e resolveu enfrentar as atitudes ímpias de Antíoco Epifânio. Para tanto, contou com o apoio de alguns fiéis que abraçaram sua intenção.

Após sua morte em 166 a.C, entre os cinco filhos de Matatias (Judas, Jônatas, Simão, João e Eleazar), a responsabilidade de continuar lutando pelos ideais objetivados por ele depois de sua morte recaiu sobre Judas, por ser um guerreiro e estrategista militar. Judas colecionou vitórias batalhas após batalhas, mesmo estando em grandes desvantagens, se comparando com os exércitos que enfrentou, até reconquistar Jerusalém, em 165 a.C.

Judas (166-161), continuou a luta com 6.000 homens. Quando Antíoco mandou 60.000 homens para subjugá-lo, Judas mandou os temerosos voltarem para casa. Com apenas 3.000 derrotaram os sírios. Em seguida Judas entrou em Jerusalém e reedificou e purificou o templo, em 166 a.C. Há, em João 10.22, uma festa chamada “Dedicação”, cuja origem se deu devido à esta atitude de Judas Macabeu. A festa de Dedicação foi instituída no ano 164.

Significância da opressão síria e revolta dos macabeus:

1. Restaurou a nação da decadência política e religiosa;

2. Criou um espírito nacionalista, uniu a nação e suscitou virilidade.

3. Deu novo impulso ao judaísmo. Percebe-se isto na purificação moral e espiritual; Percebe-se isto numa onda de literatura apocalíptica; Percebe-se isto numa nova e intensa esperança messiânica.

4. Intensificou o desenvolvimento dos dois movimentos que se tornaram os Fariseus e os Saduceus. Os Fariseus surgiram do grupo purista e nacionalista. Os Saduceus surgiram do grupo que se aliou com os helenistas.

5. Deu maior ímpeto ao movimento da dispersão com muitos judeus querendo se ausentar durante as terríveis perseguições de Antíoco.

Houve ainda muita guerra. Jônatas, filho de Macabeus, foi morto por Trifon e Simão, o último sobrevivente dos Macabeus, teve um governo próspero e abençoado, mas foi morto por seu genro Ptolomeu.

Os filhos de Hasmon ganharam a batalha final. A dinastina Hasmoneana começa dom João Hircano, que travou batalhas contra Samaria, contra Edom e depois houve paz, reconstrução e lutas internas. Porém ele inaugurou na Palestina uma era de intolerância e opressão. O sucessor dele foi Aristóbulo, que teve reinado curto, no qual subjulgou a Huréia, algumas regiões ao oriente do Jordão e outras. Morreu em 105 a.C. Após ele veio Alexandre Janeu, outro filo de Hircano. Seu primeiro ato foi mandar matar um de seus irmãos. Morreu e passou a coroa à sua esposa Alexandra, que governou até 78 a.C., e o sumo sacerdócio ao seu filho Hircano II, que recebeu a coroa após a morte de Alexandra, mas teve que entregar à força as coroas ao irmão Aristóbulo II. Este não teve um governo de paz e, após ser levado com sua família cativos para Roma, Hircano II recuperou a coroa. Mas Hircano II era um mero instrumento de Antípater. Esse governo foi marcado por revoluções.

Nesse período foram escritos I e II Macabeus, Judite, Livro de Enoque, Oráculos Sibilinos e o Testamento dos Doze Patriarcas.

Enquanto os Hasmoneanos, Matatias e seus filhos empenhavam-se na libertação do seu país do julgo de Antíoco Epifanes, muitas coisas aconteceram no mundo, como a Terceira Guerra Púnica, as Conquistas Romanas e a divisão do mundo em províncias.

Com Judas, foi estabelecida a linhagem dos sacerdotes-hasmonianos, que governaram a Judéia por cerca de cem anos.

Período romano

Em 63 a.C, a Palestina foi submetida ao domínio de Roma, sob as ordens de Pompeu. Na ocasião, foi nomeado governador da Judéia um descendente de Esaú (edomita) chamado Antípater. Herodes, filho de Antípater e Mariana, foi o sucessor ao governo. Foi justamente este Herodes, o Grande, que reinou na Judéia entre 37 a.C e 4 a.C. Jesus nasceu durante o seu reinado.

Este Herodes, inclusive, procurou agradar os judeus ao construir um templo muito pomposo, no entanto, não deixava de ser cruel, pois a matança dos meninos em Belém fora ordenada por ele (Mt 2.13-23).

A primeira intervenção romana na Ásia foi em 190 a.C., na famosa batalha de Magnésia. Então os Romanos dominaram a Ásia e a dividiram entre seus aliados, os Eumenes e os Ródios. Judas Macabeu pereceu na batalha contra Báquides. Simão Conselheiro cultivou a amizade com romanos.

Primeiro Triunvirato: assim ficou conhecida a união entre Crasso, Pompeu e César em uma aliança oculta. Depois de Júlio César, veio Otávio, seu sobrinho.

Depois, muitas foram as guerras sustentadas por Augusto. Morreu coberto de tristeza, em 14 d.C.

Herodes, o Grande, filho de Antípater, aos 15 anos foi governador da Galiléia e desde cedo mostrou crueldade. Ele subiu ao trono da Judéia e trouxe para Jerusalém muitos mercenários. Mas ele não teve coragem de exercer o sumo-sacerdócio. A sua corte era helenizada e culta. Ele tinha grandes domínios, mas não respeitou a consciência dos judeus. Molestou os filhos de Israel. Seu reino prosperou, mas foi manchado por tragédias familiares. Para encobrir seus crimes, construiu cidades, reconstruiu templos a fim de ganhar a simpatia dos súditos. Morreu em 4 a.C. Foi um homem feroz, cheio de vícios, pagão, inconstante, maleável e perverso. Mas foi usado por Deus ao matar os Hasmoneanos, preparando o caminho para Cristo.

E Jesus nasceu num período de paz na Palestina. Antes de morrer Herodes, também nasceu João Batista.

Somente três apócrifos foram escritos nesse período : Salmos de Salomão, Livro de Jubileus e Segundo Esdras.

Estudos Suplementares

Nesses 400 anos os judeus viveram tempos áureos e também terríveis tempestades. E nesses anos surgiram Seitas Político-Religiosas, sendo as principais :

- Escribas:

O escriba, como o tempos no Novo Testamento, apareceu após o exílio Babilônico. Eles deram origem às Sinagogas. Eles preservaram a Lei, eram mestres da Lei e Doutores da Lei. Alguns pertenciam aos saduceus. Jesus lhes condenou o formalismo. Eles perseguiram a Pedro e a João. Alguns deles creram em Cristo.

- Fariseus:

Viviam separados do povo, por causa da imundice, e gostavam de ser chamados de santos.

Suas principais doutrinas são : Os homens tinham livre arbítrio, a alma é imortal, a ressurreição do corpo, a existência de anjos, todas as coisas são dirigidas pela providência divina, no mundo os justos são galardoados e os maus castigados, os justos gozarão vida eterna e os maus cadeia eterna, além da alma humana existem espíritos bons e maus.

A luta mais terrível de Jesus foi com os fariseus.

- Saduceus:

É a designação da segunda escola filosófica dos judeus, ao lado dos fariseus. Suas doutrinas são quase desconhecidas, não havendo ficado nada de seus escritos. A Bíblia afirma que eles não criam na ressurreição, tendo até tentado enlaçar Jesus com uma pergunta ardilosa sobre esse conceito. Com muita probabilidade, ainda que rechaçando a tradição farisaica, possuíram uma doutrina relativa à interpretação e à aplicação da lei Bíblica.

- Essênios:

Constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve existência desde mais ou menos o ano 150 a.C. até o ano 70 d.C. Em doutrinas, seguiam fielmente o Velho Testamento.

- Herodianos:

O termo Herodiano é relacionado ao rei dos judeus, Herodes, o Grande, e designa todos os personagens históricos que tinham laços consagüíneos com ele. Partidário de Herodes, o grande. Formava uma seita para sustentar que o rei Herodes seria o Messias.

- Zelotes:

Significa literalmente alguém que é ciumento em nome de Deus, ou seja, alguém que demonstra excesso de zelo. Apesar de a palavra designar em nossos dias alguém com excesso de entusiasmo, a sua origem prende-se ao movimento político judaico do século I que procurava incitar o povo da Judéia a rebelar-se contra o Império Romano e expulsar os romanos pela força das armas, que conduziu à Primeira Rebelião Judaica (66-70).

- Publicanos:

Coletores de impostos nas províncias do Império Romano. João Batista, quando foi indagado pelos publicanos sobre como deveriam proceder, recomendou-lhes que não tomassem das pessoas além do que lhes estava ordenado recolher (Lc 3:12-13).

- Samaritanos:

Não é uma seita, mas sim uma classe odiada pelos judeus. A religião dos Samaritanos baseia-se no Pentateuco, tal como o judaísmo. Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a importância religiosa de Jerusalém. Os samaritanos não possuem rabinos e não aceitam o Talmud dos judeus ortodoxos.

As principais instituições judaicas, nos dias de Jesus, eram: O Templo, que era motivo de orgulho para os judeus, as sinagogas, que existiam em qualquer lugar onde havia concentração de judeus e é o local de culto da religião judaica, sendo desprovido de imagens religiosas ou de peças de altar e tendo como o seu objeto central a Arca da Torá, e o sinédrio, que é é o nome dado à assembléia de 23 juízes que a Lei judaica ordena existir em cada cidade.

A Filosofia Judaico-Alexandria era a tentativa de fusão da filosofia de Platão com Moisés. Desenvolveram-se pontos doutrinários interessantes, alguns certos e outros errados e perigosos. Também surgiu a Teologia Rabínica, que incluía a Torá. Desenvolveram-se também nesses 400 anos idéias nacionalistas, sendo as principais o Escribismo, o Saduceismo, o Essenismo e o Apocalipticismo.

Nesses 400 anos Deus preparou o mundo para o advento de Cristo.

Contribuições do Mundo Assírio: Preservação de Judá.

Contribuições do Mundo Babilônico: Os filhos de Deus foram corrigidos, abandonaram a idolatria, trocaram o hebraico pelo aramaico, aprenderam a viver sem o templo, deram-se à arte do comércio, surgiram as sinagogas, as seitas e começa a Diáspora.

Contribuições do Mundo Medo-Persa: Os judeus voltaram para seu país, reconstruíram sua metrópole, seu templo e voltaram à vida livre.

Contribuições do Mundo Grego: Unir os dois mundos (Oriente e Ocidente), disseminar a cultura e a língua gregas pelo mundo, fundar nas grandes cidades centro de cultura helênica e as reações causadas pela divisão de seu império. Língua, Democracia e Filosofia foram importantes. Platão e Sócrates pregavam a existência de um só Deus. A educação era elevadíssima. Os gregos eram vaidosos e ociosos.

Contribuições do Mundo Romano: Sociedade, que era a mais imoral possível, Governo Provinciano, pois Roma era a capital e tinha facilidade de contato com as cidades do Império. Religião, que foi importada da Grécia e o culto aos imperadores. As portas do Comércio se abriram para todo o mundo.

Contribuição dos judeus: As profecias apontavam Judá como berço do nascimento do Messias (Belém). Herodes acabou com os Hasmoneanos. O escribismo foi resistência contra as inovações de saduceus e helenistas. As sinagogas foram criadas. A Setuaginta ajudou aos judeus da Diáspora a ficarem firmes em Deus. O nacionalismo dos judeus também contribuiu para que eles ficassem unidos na esperança.

O mundo em que Jesus nasceu era o melhor de toda sua história, mas estava desiludido e em meio a imoralidade, constantes lutas. Nesse ambiente nasceu Jesus.

REVISÃO DA HISTÓRIA POSTERIOR VETEROTESTAMENTÁRIA

Século - Poder Dominante - Eventos Importantes

A.C. VIII (700 s) - Assíria - Cativeiro do reino nortista de Israel, com destruição da capital, Samaria, em722

A.C. VII (600s) VI (500s) - Babilônia - Cativeiro do reino sulista de Judá, com destruição de Jerusalém em 586

A.C. VI (500s) - Pérsia - Retorno de alguns judeus à Palestina, para reconstruir a nação, o templo e Jerusalém, nos começos de 537

A.C. V (400s) IV (300s) – Grécia-Macedônia - Conquista por Alexandre o Grande e helenização intensa do Oriente Médio

IV (300s) - Morte de Alexandre o Grande, em 323 A.C. e divisão do seu império.

IV (300s) - Egito - Hegemonia dos Ptolomeus sobre a Palestina, 320-198

AC. III (200s) - Primórdios da Setuaginta, com tradução do Pentateuco do hebraico para o grego

II (100s) - Síria - Hegemonia dos Selêucidas sobre a Palestina, 198 - 167

A.C. II (100s) - Desenvolvimento dos partidos helenista e hasidim, dentro do judaísmo

II (100s) - Antíoco Epifânio fracassa em anexar o Egito.

II (100s) - Tentativa violento de Antíoco Epifânio por forçar a completa helenização ou paganização dos judeus, em 168

A.C. II (100s) - Irrompimento da revolta dos Macabeus, em 167 A.C., e obtenção da independência judaica, sob a liderança sucessiva de Matatias, Judas Macabeu, Jônatas e Simão.

I (100s) - Independência judaica - Dinastia Hasmoneana, 142 - 17 A.C.

I (99-1) - Inquietações intestinas I

(99-1) - Desenvolvimento das seitas judaicas Saduceus, Fariseus e Essênios. I

(99-1) - Roma - Subjugação da Palestina pelo general romano Pompeu, em 63 A.C. I

(99-1) - Antipater e seu filho, Herodes o Grande, ascendem ao poder na Palestina,

I (99-1) – Roma - Assassinato de Júlio César

I (99-1) – Roma - Augusto torna-se imperador romano (27 A.C. - 14 D.C.), às expensas de Marco Antônio e Cleópatra

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