quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

HOMILÉTICA II : A ARTE DE PREGAR - RELAÇÃO ENTRE A HERMENÊUTICA - CONCEITO GERAL - A HISTÓRIA DA PREGAÇÃO

"HOMILÉTICA: A ARTE DE PREGAR"

A HOMILÉTICA E SUAS FONTES

A NECESSIDADE E O VALOR DA HOMILÉTICA

Homilética é a arte de pregar ou de falar bem em público. O termo "homilética" tem suas raízes etimológicas em 3 palavras da cultura grega:

1. Homilos, que significa "multidão", "turma", "assembléia do povo" (cf. At 18:17);

2. Homilia, que significa "associação", "companhia" (cf. i Co 15:33);

3. Homileo, que significa "falar", "conversar" (cf. Lc 24:14s.; At 20).

NOTA - O termo ( homilética ) firmou-se e foi mundialmente aceito para referir-se à disciplina teológica que estuda a ciência, a arte e a técnica de analisar , estruturar e entregar a MENSAGEM do evangelho .

NOTA : É uma falta de muitos pregadores que não estão usando a homilética .

A Homilética, como disciplina teológica, pertence à Teologia Pragmática, também chamada de Teologia Prática ou Teologia Pastoral. As disciplinas que mais se aproximam da Homilética são a Hermenêutica e a Exegese.

A hermenêutica é a ciência da interpretação textual , grego hermenêutica : Significa interpretação.

A exegese é a arte de EXPOR uma idéia.

A finalidade da exegese é dispor os elementos, a serem expostos, de maneira clara, lógica, seqüencial, progressiva e estética, de sorte a formar um conjunto convincente.

Entenda: Enquanto a hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente a Palavra de Deus, e a exegese a ciência, arte e técnica de expor as idéias bíblicas, a homilética é a ciência, arte e técnica de comunicar o evangelho.

Entenda a diferença: A hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a exegese expõe um texto bíblico à luz da teologia bíblica; e a homilética comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica. A homilética depende amplamente da hermenêutica e da exegese. Homilética sem hermenêutica bíblica é trombeta de som incerto (I Co 14.8) e homilética sem exegese bíblica é a mera comunicação de uma mensagem humanista e morta. 1 Cor 4:18; I Co 14.8

A IMPORTÂNCIA DA HOMILÉTICA

A igreja viva de nosso Senhor Jesus Cristo origina-se, vive e é perpetuada pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Pregar o evangelho significa despertar, confirmar, estimular, consolidar e aperfeiçoar a fé (Ef 4.11ss.). Por essa razão, a prédica é a característica marcante do cristianismo. "Nenhuma outra religião jamais tornara a reunião freqüente e regular de massas humanas para ouvir instrução religiosa e exortação uma parte integrante do culto divino". Para o seminarista e futuro pregador do evangelho, "a homilética constitui a coroa da preparação ministerial" porque para ela convergem todas as matérias teológicas, a fim de originar, vivificar, caracterizar, renovar e perpetuar o cristianismo autêntico. Rm 10.17; Ef 4.11

A NATUREZA DA HOMILÉTICA

Os termos pregação e pregar vêm do latim praedicare, que significa (proclamar). O Novo Testamento emprega quatro verbos para exemplificar a natureza da pregação. Vejamos:

Kerysso: A palavra grega Kerysso significa proclamar, anunciar, tornar conhecido. Há 61 ocorrências no Novo Testamento concernente a este termo, e está relacionado com o arauto (keryx), "que é comissionado pelo seu soberano... para anunciar em alta voz alguma notícia, para assim torná-la conhecida".

Estas referências bíblicas mostram que a natureza da pregação consiste em quatro características principais:

1. Um arauto fala e age em nome do seu senhor. O arauto é o porta-voz de seu mestre. É isto que dá à sua palavra legitimidade, credibilidade e autenticidade.

2. A proclamação do arauto já é determinada. Ele deve tornar conhecidas a vontade e a palavra de seu senhor. O não-cumprimento desta missão desclassifica-o de sua função e responsabilidade.

3. O teor principal da mensagem do arauto bíblico é o anúncio do reino de Deus (cf. Mt 4:17-23; 9:35; 10:7; 24:14; Lc 8:1; 9:2).

4. O receptor da mensagem do arauto bíblico é o mundo inteiro (cf. Mt 24:14; 26:13; Mc 16:15; Lc 24:47; Cl 1:23; I Tm 3:16).

Evangelizomai: A palavra Euangelizomai significa evangelizar. Quem evangeliza transmite boas novas, uma mensagem de alegria, uma boa noticia. Assim se caracteriza a natureza da prédica evangélica. O pregador do evangelho é o portador de boas novas, de uma mensagem de salvação e alegria.

Martyrein: A palavra grega Martyrein significa testemunhar, testificar, ser testemunha. O testemunho de Jesus Cristo é outra característica autêntica da pregação evangélica. Jesus convidou seus discípulos para serem Suas testemunhas do poder do Espírito Santo (Lc 24:48; At 1:8). Por isso, a testemunha do Novo Testamento testifica para outras pessoas aquilo que apropriou pela fé. A isto Paulo afirma: “E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros”. (II Tm 2:2).

Didaskein: Sermão do monte: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas” (Mt 7:28, 29).

Nas sinagogas: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 9:35); “E, chegando à sua terra, ensinava-os na sinagoga...” (Mt 13:54); “Chegando o sábado, passou a ensinar na sinagoga...” (Mc 6:2).

No templo: “Jesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi?” (Mc 12:35); “Jesus ensinava todos os dias no templo...” (Lc 21:37); “Declarou-lhe Jesus: Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto” (Jo 18:20).

Ao ar livre: “Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas.” (Mc 6.34); “Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões.” (Lc 5:3).

Os apóstolos também reconheceram a importância do ensino para as igrejas recém-fundadas (At 2:42; 5:28). O alvo do ensino apostólico era firmar os cristãos em sua fé, prepará-los para o serviço e aperfeiçoá-los para a vinda do Senhor Jesus Cristo (Ef 4:11). Portanto, a natureza da mensagem evangélica é explicar a história da salvação, transparecer a revelação e o plano de Deus para o mundo, a igreja e o incrédulo (At 2:42; 20:20; I Tm 3:2b, 4:13; II Tm 2:24).

O QUE É PREGAÇÃO?

Pregar significa anunciar, divulgar, proclamar em alta voz uma determinada mensagem. 

Qual é a mensagem que o pregador deve proclamar?

A mensagem da Bíblia. A Bíblia e somente a Bíblia que o pregador deve anunciar.       

A função profética, ou a pregação, é um serviço oferecido a Deus e revelado na prática de anunciar a vontade, o amor e o zelo de Deus pelo seu povo. Dentre as tarefas que caracterizam o ministério pastoral, na perspectiva e realidade brasileira, a função de proclamar a palavra de Deus é prioritária.      

A pregação devia ser considerada a mais nobre tarefa que existe na terra. Aquele que é chamado por Deus para proclamar o Evangelho deveria destacar-se como o homem mais importante na sua comunidade. No púlpito ele poderá fazer muito do seu melhor trabalho para o tempo e para a Eternidade.       

Este maravilhoso Livro apresenta variado material para o abastecimento perene do obreiro: poesia, história, biografia, doutrina, profecia... A Bíblia tem uma palavra adequada para cada ouvinte, em todo o tempo e em qualquer circunstância: é pão para o faminto, água para o sedento, alívio para o amargurado, conforto para o perseguido e luz para o duvidoso.      

O apóstolo Paulo reconheceu o valor das Escrituras Sagradas, quando disse :

"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (II Tm 3:16-17).

Jeremias, o profeta do Antigo Testamento, também reconheceu o valor da Palavra do Senhor, quando ouviu de Deus as seguintes palavras:

"Não é a minha Palavra como fogo, diz o Senhor; e como martelo que esmiúça a pedra ?" (Jr 23:29).

O famoso rei Davi disse:

"Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos" (Sl 19:8).

É muito importante que o pregador examine a sua Bíblia de diferentes modos, evitando assim o enfado ou monotonia e tornando o estudo mais atraente e proveitoso. Deve considerá-la como um todo, procurando vê-la de maneira ampla ou geral, como alguém que, de avião, contempla panoramicamente determinada cidade. A seguir, procure estudar livro por livro, a fim de compreender os ensinos principais, os fatos salientes de cada um deles, inclusive o autor, a data, as circunstâncias históricas, a quem foi dirigida a sua mensagem e com que intento. Depois estude os seus capítulos mais notáveis, os quais apresenta verdades profundas e essenciais. Então procure os textos que se destacam pelo seu valor e profundeza, buscando sempre entender o seu verdadeiro sentido.

A HISTÓRIA DA PREGAÇÃO

Um estudo de pregação no Novo Testamento começa com João Batista, que só foi superado pelo Senhor. A lista dos pregadores inclui Pedro, Paulo e o autor da Epístola aos Hebreus. Estes homens figuram na História principalmente como pregadores do Evangelho. Nosso Senhor gastou muito tempo do seu ministério ativo na “preparação dos doze”, porque Ele queria que a Igreja desde os seus primórdios exaltasse a obra do pregador.      

Durante a Reforma, a obra do pregador salientou-se ainda mais. Martinho Lutero, João Calvino, João Knox e outros líderes da Reforma, afirmaria com certeza, ser a pregação a coisa mais importante de suas vidas. Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, realizou uma obra imensa para o inicio da Igreja Protestante, Calvino foi um excelente comentador e teólogo, mas acima de tudo distinguiram-se como pregadores.      

Na contra-reforma a Igreja Romana começou, de novo, a exaltar a obra do pregador. Desde o tempo de Crisóstomo, nunca a Igreja Cristã ouviu a oratória sagrada com tanto valor como a de Bossuet e Bourdalouce, Massillon e Fénelon.      

Pouco depois na Inglaterra, João Wesley e George Whitefield foram os mentores de um avivamento na Igreja Cristã. Embora Wesley possuísse muitos outros dons, considerava-se acima de tudo, pregador e promovedor do Reino por intermédio de outros pregadores. Igualmente Whitefield se sobressaiu como arauto do Evangelho.

A PREGAÇÃO E SEUS OBJETIVO 

O objetivo de Deus em usar um pregador e a sua Palavra e trazer de volta o homem que está afastado dele por causa dos seus pecados e da desobediência.       

Paulo defende que a pregação tem por objetivo comunicar  aos homens “todo o desígnio de Deus” (At 20:27), em todos os níveis de maturidade e entendimento.     

Cada pregador então deve saber que é apenas um instrumento que Deus usa para que a sua vontade seja conhecida aos seus contemporâneos.

Objetivo Evangelístico

Neste tipo de sermão o pregador compartilha os diversos textos da Palavra de Deus que anunciam a salvação do homem perdido através da pessoa maravilhosa de Cristo Jesus.        Coloque o máximo de esforço na pregação de sermões evangelísticos, pois eles devem ser os melhores sermões que pregamos. Estes sermões não devem ser muito longos.      

Há, igualmente, um vocabulário utilizado pelo pregador e que tem como fonte a Teologia cristã e a Doutrina bíblica. São ricas e plenas de significado as palavras que o constituem e que são empregadas na comunicação do evangelho. Os conceitos mais destacados são : Graça, Fé, Salvação, Justificação, Santificação, Glorificação.

Graça – Graça é o amor de Deus que por força do pecado é imerecido pelo ser humano. É a mais expressiva das palavras do vocabulário da pregação. Efésios 2:8 declara que "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus".

 – A fé é instrumental, básica e essencial, pois sem ela "é impossível agradar a Deus", como ensina Hebreus 6:11. A fé nos conduz à justificação, outro excelente vocábulo da fé cristã.

Salvação – A obra de restauração do ser humano pela graça divina mediante a fé pessoal é chamada de salvação, e compreende três fases : a justificação, a santificação e a glorificação.        A primeira ocorre num momento crítico do kairos, ponto de retorno de caminhada, e se estende na busca da semelhança a Jesus Cristo naquilo que é denominado santificação. A glorificação, ápice da obra salvadora, ocorre tão somente na Glória Eterna.

Paz – O resultado de toda a obra de salvação é trazer qualidade de vida ao convertido. Paz é a conseqüência da justificação       É preciso pregar sermões evangelísticos com espírito de urgência, amor, compaixão e sempre na dependência do Espírito Santo. Lembre-se a conversão é obra do Espírito Santo, mas a pregação e tarefa que todo pregador devem levar a sério. O que o Senhor espera é que o sermão seja proclamado com fidelidade e equilíbrio, em acordo com a sua Santa Palavra. 

II – O Objetivo Doutrinário 

Os sermões doutrinários são úteis para preparar os crentes em relação ao surgimento de heresias e as possíveis entradas delas em nosso meio. Auxiliam os crentes a serem mais interessados e ativos na vida cristã contribuindo assim para o crescimento e o fortalecimento da igreja.

III – O Objetivo Ético

Os sermões com objetivos éticos são aqueles que tratam do relacionamento horizontal, ou do relacionamento entre os seres humanos. Tratam de como viver a vida cristã em relação à sociedade que nos cerca. O cristianismo é uma religião altamente ética. Vivemos numa nação terrivelmente afetada por ausência de uma postura ética correta. Há problemas de valores, de alvos, de princípios.       Eis alguns dos problemas morais e éticos que devem fazer parte do sermonário, a ser exposto nos púlpitos: a corrupção, a gula, a pornografia, as drogas, a honestidade, o preconceito, a inveja, a cobiça, o amor, as inimizades, os pensamentos impuros, a televisão, a pobreza, a tentação, a violência, a língua, a ecologia,  a paz mundial, as guerras, o desemprego, e muitos outros.       É importante que o pregador da Palavra de Deus seja sensível aos problemas sociais e éticos e aplicar a Palavra de Deus de modo que ofereça uma alternativa eficaz, e seja muito bem informado, pois precisamos conhecer muito bem das situações, pois somos formadores de opinião.

O Objetivo Consagratório

É importante dar atenção para a pregação de sermões que despertem o povo para uma maior consagração de suas vidas ao Senhor Jesus e a sua obra, e através destes sermões, ajudar os crentes na descoberta e uso dos dons espirituais além do que também auxiliamos os irmãos a enfrentarem, devidamente capacitados pela palavra, a sua batalha contra o pecado.

O Objetivo Devocional

Neste tipo de objetivo o sermão enfatiza a relação do crente com Deus. Também chamamos esta ênfase de relacionamento vertical. Como pregadores da Palavra de Deus temos a possibilidade de conduzir nossos irmãos e ouvintes à presença do Pai celeste e de estabelecer confrontação com os hábitos devocionais que conduzem o cristão à maturidade.       

Assim podemos explorar nos sermões devocionais os diversos temas ligados à adoração, à comunhão, à oração, ao estudo da Bíblia, à contribuição, ao serviço de amor. Precisamos ensinar o nosso povo a recarregar as baterias espirituais e firmar um compromisso pessoal de devoção ao Senhor.        

Precisamos a exemplo de Samuel manter sempre acesa a chama da devoção (I Sm 7:17) como também ajudar os irmãos nesta área. Um dos grandes riscos do ministério e dos afazeres da vida cotidiana é perdermos o senso e a prática devocional

O PROPÓSITO DA PREGAÇÃO

O propósito da pregação é o de informar, convencer, estimular e motivar os ouvintes a praticar a mensagem. Para isso, o pregador precisa falar bem e de forma atraente, para que o público entenda seu sermão e queira ouvi-lo até o seu final.

O PREGADOR

O pregador do Evangelho é um proclamador dos céus na terra. Existem muitos chamados neste mundo. Há pessoas que são chamadas para ser empresários, executivos, governantes, reis e rainhas, mas o chamado para ser um pregador está além destes chamados. É uma determinação soberana do próprio Deus, escolhendo alguns para tão grande tarefa.       

Ser um pregador não é uma missão qualquer. O pregador da Palavra tem uma tarefa grandiosa, que é proclamar principalmente o amor de Deus aos pecadores. A principal função do pregador é levar ao mundo a mensagem que Deus quer salvar e abençoar, através de Cristo.      

A finalidade essencial deste curso é a de resgatar valores perdidos nos púlpitos brasileiros, pois, um pregador é um apaixonado pelo evangelho, pois, por ele foi transformado e por ele dá a vida. A vida do pregador deve ser o Evangelho de Cristo. Como nos ensina o apóstolo Paulo :

“Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim que noutro tempo era blasfemo, perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade.Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus" (I Tm 1:12-14).

O PREPARO INDIVIDUAL DO PREGADOR

Antes mesmo de preocupar-se com a mensagem, deve o pregador cuidar de si. É princípio inegável que aquilo que ele faz depende do que ele é. Daí as recomendações de Paulo a Timóteo:

"Tem cuidado de ti mesmo (a pessoa) e da doutrina" (o trabalho) (I Tm 3:16);

E mais adiante:

"Procura apresentar-te aprovado perante Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar (o indivíduo) e que maneja bem a palavra da verdade", (a ação) (II Tm 2:15).

Para que o pregador seja bem sucedido em seu trabalho, é indispensável uma preparação completa, a qual abrange três aspectos: físico, intelectual e espiritual.

ENTREGANDO O SERMÃO 

São três os tipos de sermões mais usados:

- Sermão Temático       

- Sermão Textual       

- Sermão Expositivo

DESENVOLVENDO O SERMÃO TEMÁTICO

Sermão Temático é aquele cuja divisão das idéias é extraída do tema. Ou aquele cuja forma ou estrutura resulta das palavras ou idéias contidas no assunto. É o tipo de sermão mais usado por ser o de mais fácil divisão e mais fácil de ser preparado. É muito apropriado para a evangelização, o ensino das doutrinas, o estudo bíblico, discussão de temas éticos, etc.

Exemplificação: Imagine que lendo o texto de João 20:28, no qual encontramos Tomé adorando ao Senhor Jesus, você tenha o desejo de pregar sobre o seguinte tema : “Jesus, Digno de Adoração!”. O texto base do seu sermão será João 20:28, pois é dele que você extraiu o tema. Porém, as DIVISÕES PRINCIPAIS da sua mensagem, serão extraídas de outras passagens das Escrituras.

Título: “Jesus, Digno de Adoração!”      

Texto base do tema: João 20:28.

Algumas verdades sobre Jesus, as quais devemos nos conduzir a adorá-lo:

I – JESUS É DEUS MANIFESTADO NA CARNE... (Mt 1:23)      

II – JESUS É O SALVADOR DOS HOMENS... (I Tm 1:15)      

III – JESUS É O REI ETERNO... (Ap 11:15)

Repare que o texto de João é apenas de onde o pregador extraiu o seu tema, mas o restante da mensagem se baseia em passagens bíblicas relacionadas ao tema, e não diretamente ao texto

Outros exemplos de sermões temáticos.

Título: “Promessas Para Momentos de Adversidade”      

Texto base do tema: Isaías 43:12.

Quando a adversidade chega, é hora de nos lembrarmos de maravilhosas promessas...

I – DEUS ESTÁ PRESENTE... (Sl 46:5; 46:7).    

II – DEUS É A FORTALEZA DOS QUE CONFIAM... (Na 1:7).      

III – DEUS É O CONSOLO PARA OS AFLITOS... (Is 49:13; II Co 1:5)      

IV – DEUS É SOCORRO INFALÍVEL... (Sl 34:4; 34:19).

Perigos e vantagens do Sermão Temático

O maior perigo que reside no uso da pregação temática, é que o pregador desenvolve sua mensagem em cima de um tema que escolheu, e não em cima de um texto bíblico; portanto tem uma maior liberdade de manipular as Escrituras a seu bel prazer. Neste tipo de sermão, todo cuidado é pouco.

– DESENVOLVENDO O SERMÃO TEXTUAL

O sermão textual é aquele cuja divisão (idéias principais) é tirada do texto bíblico, mas as idéias secundárias podem ser buscadas em outros textos bíblicos. Este gênero de trabalho para o púlpito faz fixar a atenção numa parte das Escrituras. É profundamente bíblico e ajuda a levar o ouvinte mais perto do coração da Bíblia.

Para desenvolvermos um sermão textual devemos observar o seguinte processo :

a) Escolher o texto que desejamos pregar;      

b) Descobrir o tema central do texto;      

c) Extrair as DIVISÕES PRINCIPAS do próprio texto      

d) Extrair as SUBDIVISÕES, se houverem, de outros textos bíblicos.

Exemplificação: lendo o texto de Salmos 23:1 podemos ser motivados a pregar no seguinte tema: “O Relacionamento Entre Cristo e a Igreja”. Chegamos a este texto depois de um estudo correto do texto, por meio do qual descobrimos a intenção do autor.. Por isso, é denominado: sermão textual. Ou seja, as divisões centrais seguem o texto.

Título: “O Relacionamento Entre Cristo e a Igreja”

Algumas características de tal relacionamento:

I – TRATA-SE DE UM RELACIONAMENTO CONFIÁVEL: “O SENHOR é meu pastor”.      

II – TRATA-SE DE UM RELACIONAMENTO PESSOAL; “O Senhor é MEU pastor”.      

III – TRATA-SE DE UM RELACIONAMENTO CONSTANTE: “O Senhor É meu pastor”.      

IV – TRATA-SE DE UM RELACIONAMENTO EM AMOR: “O Senhor é meu PASTOR!” 

Neste exemplo o pregador extraiu cada uma de suas divisões principais de uma palavra que aparece no texto. Em cada uma destas palavras, o pregador encontrou uma qualidade especial do relacionamento que existe em Cristo e Sua Igreja.

Vejamos mais alguns exemplos de sermões textuais :

Título: “Credenciais de um Obreiro” (I Co 1:1)

Paulo apresenta algumas de suas credenciais; delas podemos aprender quais devem ser as credenciais de um obreiro...

I – O OBREIRO PRECISA TER UM CHAMADO... “Paulo, chamado...”

(v.1). Ninguém faz a si mesmo um obreiro na casa de Deus.

II – O OBREIRO PRECISA TER UMA MISSÃO... “Paulo, chamado apóstolo”.

O apostolado era a missão de Paulo. Genericamente o termo significa ‘enviado’, ‘mensageiro’. Todo obreiro tem uma missão no Corpo. Ser obreiro não é deter um título eclesiástico.

III – O OBREIRO PRECISA TER UM CORAÇÃO EVANGELIZADOR... “Paulo, chamado apóstolo de Jesus Cristo”.

A mensagem anunciada por Paulo era Cristo, e nada mais.

IV – O OBREIRO TER UM COMPROMISSO COM DEUS... “Paulo, chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus”.

Alguns em Corinto estavam questionando a autoridade de Paulo; mas ele não se cala: seu compromisso é primeiramente com o Senhor !

– DESENVOLVENDO O SERMÃO EXPOSITIVO

O sermão expositivo é aquele que surge de uma passagem bíblica com mais de dois ou três versículos É o que se ocupa principalmente da exegese ou exposição completa de um texto, frases ou palavra das Escrituras. A palavra chave é “exposição”, que dá uma idéia de “explicar”, “por diante de”. O pensamento bíblico ou do escritor bíblico que determina a essência da pregação expositiva.      

A pregação expositiva seria a forma mais autêntica da pregação e segue a prática dos grandes pregadores do passado, como : Santo Agostinho, Lutero, Calvino,etc. A mensagem expositiva faz mais das Escrituras, contribuindo para um maior conhecimento bíblico, criando maior interesse na Bíblia e não nos assuntos. Isto honra as Escrituras e alimente os ouvintes.

Nos quatro Evangelhos quase todos os parágrafos contêm material para um sermão expositivo, que pode não ser difícil de preparar. Especialmente as parábolas se prestam a isso, pois todas elas evidenciam a imaginação inspirada operando como os fatos da vida.”

Exemplos de sermões expositivos:

Tema: A morte de Jesus Cristo.      

Texto: Romanos 5:6-11,      

Título: Uma Morte Que Dá Vida      

Introdução: O lugar deste versículo no ensinamento de Paulo.

Corpo:

1. Alguém morreu.

a) É um fato ordinário pois todos um dia haveremos de morrer.      

b) Mas é alguma coisa extraordinária, quando nós nos lembrarmos :

1) Aquele que morreu era alguém muito particular.      

2) Ele poderia evitar a morte.      

3) Tudo o que pode ser pleiteado através de sua morte.

Corpo:

2. Aqueles por quem Cristo morreu?

a) Os pecadores, os que não têm Deus, os fracos, os inimigos.      

b) O sentido destas palavras: "Ele morreu por eles".

3. O objetivo da morte de Cristo.

a) Negativamente: não para induzir Deus à amar os homens.      

b) Positivamente: a fim de transformar o homem:

1) Justificado      

2) Reconciliado      

3) Salvo da ira de Deus      

4) Salvo por Sua morte.

Conclusão: Nós reconhecemos o significado da cruz? Não representa nada para nós? Oh! Quanto nós deveríamos amá-lo por causa da Sua morte por nós!

Tema: A Cruz de Cristo Texto: Isaías 53:4 -12

Contexto: A cruz era um instrumento usado para humilhar, torturar e matar; feita por duas vigas de madeira em forma de um grande T, algumas vezes em forma de X; onde eram colocados os : marginais, criminosos e malfeitores.

I - Foi Um Lugar de Cura. (v. 4).

Introdução: A cruz de Cristo foi um fato insignificante para uns, ou seja, sem significado, mas para outros foi um ato de muita relevância. E para nós o que foi a cruz de Cristo ?

I - Foi Um Lugar de Cura. (v. 4).

As doenças da alma do seu povo estavam sobre ele, a saber :

Promiscuidade      

Desobediência      

Idolatria

II - Foi um Lugar de Justificação. (vv. 5, 6)

Uma injustiça estava acontecendo com Ele, porém Ele esta fazendo justiça por nós.    

O que é justificação? É o ato pelo qual nos tornamos justos perante Deus, mediante a justiça de Cristo que tomou para si a nossa culpa e recebeu o castigo em nosso lugar (cf. II Co 5:21)

Ilustração: ‘’ o homem que feriu a pátria, mas foi absolvido no tribunal ’’.

III - Foi um lugar de Redenção. (v. 10)

Jesus nos libertou da escravidão do pecado pagando um alto preço, a sua própria vida. Você precisa ser liberto :

Do medo de sua vida não ter mais valor.      

Do medo de ser feliz.      

Do medo de não receber o perdão de Deus.

1- A cruz de Cristo tem significado para você?

Aplicação:

1- A cruz de Cristo tem significado para você?      

2- Qual significado ela têm

Conclusão : Amados, a Cruz de Cristo tem um grande significado para nós, pois foi nela que Jesus Cristo foi cravado, e nela jorrou o sangue que nos lavou, curou, justificou e redimiu. O apóstolo Paulo escrevendo as igrejas da Galácia disse:

‘‘Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.” (Gl 6:14).

A pregação expositiva praticamente obriga o ministro do Evangelho a se manter fiel ao texto. Além disso, a congregação que o ouve tem excelente oportunidade de expandir sua cultura bíblica. Você almeja por uma Igreja mais saudável, mais firme e consagrada ao Evangelho? Deseja uma reforma no seu ministério pessoal? Você sonha com uma Igreja que ama as Escrituras? Então, dedique o máximo a pregação expositiva das Escrituras.

MÉTODOS DE PREPARAÇÃO E ENTREGA DE SERMÕES

Existem três métodos pelos quais os pregadores podem preparar e pregar:

Escrever e ler o sermão:

Traz habilidade ao pregador em escrever, ter um estilo sempre correto, perfeito e atraente, visto que emprega as palavras com bastante cuidado e segurança.       

Conserva melhor a unidade do sermão, evitando assim que o pregador vá para o púlpito nervoso e preocupado com vai falar.       

Pode citar os textos bíblicos com bastante precisão, e gasta menos tempo em dizer o que tem a transmitir.

O pregador deve ter cuidado, pois este método traz alguma desvantagem tais como:

Muito tempo para escrever, fica preso a leitura e pode perder o contato com os ouvintes, não é simpático ao povo e nem todo pregador sabe ler de maneira que impressione.

Escrever, decorar e recitar o sermão

Possui muitas vantagens como exposto no método anterior, tem mais vantagem porque exercita a desenvolver a memória, e deixa o pregador livre para gesticular, parece mais natural.

Cuidado deve ser tomado, pois o pregador pode esquecer uma palavra ou frase, pondo assim em perigo todo o sermão é cair em descrédito.

Preparar um esboço e pregar

O pregador gasta menos tempo em preparar o sermão, habitua-se a desenvolver o pensamento e fica-se livre para gesticular. O pregador fica livre para usar sua imaginação, criatividade e usar ilustrações que se lembrar no momento, também pode expandir seu temperamento emocional.

Escrever, decorar e recitar o sermão

Este é o método mais utilizado na oratória. Cuidados também devem ser tomados, pois o pregador perde o hábito de escrever, pode se empolgar com a mensagem e esquecer o tema e o estilo não é tão apurado e elegante como os escrito.

HOMILÉTICA -RELAÇÃO ENTRE A HERMENÊUTICA, CONCEITO GERAL, A HISTÓRIA DA PREGAÇÃO

Enquanto a hermenêutica é a ciência e a arte de interpretar, a Homilética é a ciência e a técnica de comunicar ou expor a mensagem bíblica. A palavra Homilética vem do grego HOMILIA, que significa persuasão, falar, etc. Assim sendo, muitos definem a Homilética como “A Arte de Pregar”.

As primeiras teorias acerca da Homilética surgiram entre 345 e 405 d.C. nos escritos de Crisóstomo, pregador da igreja primitiva e também por Agostinho.

CONCEITO GERAL

Uma grande realidade no ministério cristão é que a pregação da palavra de Deus não é um privilégio somente concedido a pastores com formação acadêmica, mas, de leigos também. Seria fatal para expansão do Evangelho, que precisa atingir até os quatros cantos da terra, se a ajuda da pregação do leigo fosse negligenciada. Porém, sem desdobrar o aspecto da pregação simples, sem preparo acadêmico, afirmamos que, quanto maior for o preparo do obreiro com ou sem curso teológico, melhor condições terá de se r usado pelo Espírito de Deus para entregar a mensagem do reino dos céus, que visa à transformação do coração do pecador, transformando-o em filho de Deus.

O pregador precisa saber de sua importância indiscutível na grande seara; corrigir detalhes da sua apresentação quando está diante do público; dar maior ênfase à oração, a igreja e a Palavra. O pregador também precisa saber que o aspecto intelectual é algo que não deve ser rejeitado, pois muita contribuição poderá ser fornecida pela história, ciência, filosofia, etc. Àquele que foi incumbida à responsabilidade de transmitir o recado divino, este terá que ter consciência da objetividade do sermão, e não se deixar levar por variações de tantas ideias tais, que não deixam o público seguir uma linha de pensamento.

O pregador tem que saber usar corretamente o texto de onde irá extrair a sua mensagem; ter a criatividade para dar um tema interessante ao assunto que irá expor; saber começar com uma boa introdução e terminar bem, com uma conclusão que venha a desafiar o público a tomar uma posição ao final da pregação.

O pregador deve aprender a fazer o esboço de sua mensagem dentro de uma lógica com relação ao tema e o texto, sabendo distinguir o que é um sermão temático, um sermão textual e um sermão expositivo. Aquele que tem a responsabilidade de pregar deve dar o devido valor ao tesouro que são as ilustrações, e o momento certo de usá-las no púlpito.

A homilética, como arte de pregar, não deve ser algo a se aprender somente por pastores, existe uma grande necessidade do leigo ter conhecimento desta arte, já que é possível também àqueles que não tiveram a oportunidade de estudar numa instituição teológica. Todos aqueles que pregam a Palavra de Deus tem condições de melhorar ainda mais suas mensagens.

OS PROBLEMAS DA HOMILÉTICA

Com certeza, a pregação hoje sofre nas várias igrejas um problema que é notado pelos cristãos:

a) Falta de preparo do pregador. (Pouca espiritualidade e falta de conhecimento da Palavra)

b) Falta de unidade no assunto. (Começar pregando uma coisa e terminar pregando outra)

c) Falta de vivência real do pregador na fé cristã em relação ao que ele prega.

d) Falta de aplicação prática às necessidades da Igreja. (Pregar assuntos que não tem nada a ver com os problemas pelos quais a igreja passa)

RELAÇÃO DIVINO-HUMANA NA HOMILÉTICA

Deus é o autor e inspirador da mensagem; o pregado é o veículo usado para transmitir o recado divino, e o ouvinte é o alvo a ser alcançado. Sendo assim, podemos expressar este relacionamento na seguinte ordem :

ORAÇÃO - > TEXTO - > MEDITAÇÃO - > INTERPRETAÇÃO - > ESBOÇO - > COMUNICAÇÃO

O QUE O PREGADOR DEVE CONSIDERAR SOBRE A MENSAGEM

a) É o Espírito Santo que convence o pecador e não a lógica do pregador.

b) As ilustrações são importantes, mas nunca substituirão a Palavra de Deus.

c) A arte e a técnica não substituem a inspiração divina.

A HISTÓRIA DA PREGAÇÃO

Após o exílio na Babilônia foi que a homilia primitiva começou a desenvolver-se, por ocasião de um novo aspecto na vida judaica: A pregação feita em público com a leitura das Escrituras e explanação da mesma, por volta de 445- 425 a.C. (Ne 13:1-3).

Os gregos entre 500-300 a.C. desenvolveram a arte da palavra com os grandes filósofos: Platão, Sócrates e Aristóteles. Os romanos influenciados pelos gregos aperfeiçoaram a arte da palavra em forma de oratória. Jesus foi o maior exemplo de pregação pública nos dias dos tempos romanos.

ASPECTOS DA PREGAÇÃO DE JESUS

a) Falou por parábolas (Mt 13:34)

b) Explicou as Escrituras (Lc 4:1 6-21)

c) Repreendeu o sistema pecaminoso da época (Jo 8:43-47)

d) Transformou a palavra em ação, com poder (Mc 2:9 -12)

e) Profetizou sobre si mesmo (Jo 2:19)

f) Profetizou sobre os fins dos tempos (Mt 24:4-13)

DETALHES QUE DEVEM SER CORRIGIDOS QUANDO SE ESTÁ NO PÚLPITO

a) Não se deve gesticular demasiadamente o tempo todo;

b) Evitar coçar-se (Faça-o de modo discreto a não chamar a atenção);

c) Não ficar de boca aberta;

d) Os botões da roupa devem estar todos abotoados ( a não ser o blazer com botões no meio, que pode ser usado aberto);

e) Não passar as mãos nos cabelos o tempo todo;

f) Não esfregar as mãos na roupa;

g) Evitar repetições o tempo todo de palavras tais como: “Né”, “Realmente”, “Hã”, “Aleluia”, etc;

h) Parar a mensagem para se dirigir a alguém no auditório fora do aspecto da mensagem;

i) Evitar as “gracinhas” no púlpito;

j) Não falar além do tempo normal (Geralmente 30 minutos, é um tempo ideal em uma reunião normal de 1 hora e meia de duração, para se poder ficar a vontade para usar o restante do tempo com relação ao apelo ou convite às pessoas para virem à frente, orar por elas e finalizar o culto, porém, pode haver exceções com relação ao tempo – não se pode ser taxativo quanto a este aspecto da homilética).

QUANTO AO PREGADOR

É muito importante que o pregador conquiste o público com a sua mensagem, e as pessoas vibrem com a sua experiência e autoridade. Qual o motivo do fracasso de certos pregadores em nossas igrejas? Por que pregam mensagens tão cansativas e desinteressantes? Isto é algo simples de responder: Pregam ao pé da letra que não devemos nos preocupar com o quê havemos de pregar, pois o Espírito Santo será com a nossa boca, e ao chegarem ao púlpito entregam “qualquer coisa” . O pregador tem que ter em mente que o público que se prontifica em ir a igreja ouvir a mensagem de Deus, não merece ouvir coisa cansativa e desinteressante. O pregador é o veículo chave do anúncio da Palavra de Deus, portanto, para ser eficiente no ministério da Palavra, precisa estar envolvido com os seguintes fatores:

A) Consagrado À Oração

O pregador precisa ter uma vida de oração para que possa transmitir o recado divino inspiradamente. O sucesso da pregação depende da intensidade da inspiração e das palavras do pregador. O fracasso de uma mensagem pode, entre muitos motivos, ser atribuído a falta de uma vida de oração por parte do pregador. Se tiver uma vida vazia de oração, sua mensagem também será vazia de vida. O requisito ORAÇÃO é o primeiro dos fatores importantes que o pregador vai precisar para o êxito da sua mensagem.

B) Consagrado À Igreja

Jamais se deve dar oportunidade para usar da palavra àqueles Irmãos que quase nunca vão a Igreja. Se tais irmãos se acham no direito de não ir sempre à igreja, a igreja também tem o direito de não permiti-los ter o privilégio de pregar no templo de Deus. O altar é santo e é necessário que todos os que vão usar da Palavra estejam conscientes disto e tenham grande amor pela Igreja de Deus. Para a segurança emocional do pregador é necessário que ele esteja bem familiarizado com o tipo de ambiente que irá ouvi-lo.

Um pregador consagrado às atividades da igreja tem melhor condição emocional e psicológica para estar diante do público sem transparecer medo, nervosismo, insegurança, etc. Todo pregador consciente de sua função não ignora este importante fator.

C) Consagrado À Palavra

O pregador da Palavra de Deus tem por finalidade anunciar as verdades divinas, e somente o poderá fazê-lo se tiver conhecimento destas verdades. Quanto maior o conhecimento bíblico, mais autoridade terá ao falar das coisas dos céus. O conhecimento profundo da Palavra de Deus é uma segurança indispensável para se construir um excelente sermão. O pregador tem que ter em mente que o público precisa ficar encantado com o conteúdo da mensagem da Bíblia, e para isto, nada melhor do que exposições profundas das Escrituras. Temos que anunciar a Cristo como único salvador do mundo, temos por obrigação de conhecer sua vida, o que fez, o que ainda faz, o que ele quer, quais são suas promessas, e a sua relação com a vida e a morte. A Bíblia tem muitas promessas para o homem, e, conhecer tais fatos é dever obrigatório de todo àquele que se dedica a falar do plano de Deus para a salvação do pecador.

QUANTO AO CONHECIMENTO INTELECTUAL DO PREGADOR

“Quem lê mais tem sempre algo a falar a quem lê menos”, diz um ditado popular. Na igreja encontramos pessoas de diversos níveis de cultura. Algumas com uma grande capacidade intelectual, outras com um conhecimento médio e outras com um nível intelectual pequeno. Portanto, eis a razão pela qual todo prega dor tem que estar à altura do nível intelectual daqueles que irão ouvi-lo. Todo pregado r precisa que seu público lhe dê crédito como orador, e, quando o pregador demonstra ter uma excelente cultura, ele obtém o respeito de seus ouvintes, e suas mensagens sempre serão interessantes. Nunca é demais possuir conhecimento geral daquilo que vai pela ciência, história, filosofia, etc. Um sermão para ser rico em conteúdo depende da intelectualidade do pregador. Um pregador culto terá mais autoridade ao falar em público. Isto não deve ser privilégio somente de alguns pastores, mas, de qualquer pregador interessado em melhorar a qualidade de suas mensagens. Quanto maior o conhecimento do pregador, maior será a bagagem para o Espírito Santo usar. A segurança intelectual do pregador é evidenciada das seguintes fontes de conhecimento:

1. Conhecimento Bíblico

2. Conhecimento Histórico

3. Conhecimento Científico

4. Conhecimento Filosófico

5. Experiências Pessoais

Conhecimento Bíblico

Já vimos anteriormente a importância do conhecimento bíblico quando estudamos a importância do pregador ser consagrado a Palavra.

Conhecimento Histórico

É importante que o pregador saiba em que data fora m escritos os livros bíblicos, e para quem eram destinados, situando-se também nos panoramas históricos, social, econômico e religioso da época dos seus autores. É muito importante que o pregador conheça o desenvolvimento da história através dos séculos e a sua relação com o cristianismo. Mil e uma ilustrações podem ser adquiridas com os fatos relacionados com a igreja e com os grandes cristãos da antiguidade. A história está cheia de curiosidades que poderão ser contadas pelo pregador. Com tais fatos, a mensagem cristã torna-se mais rica em conteúdo, despertando o interesse e a admiração do público. Um fato incontestável é que um público admirado com a pregação tende a ceder mais facilmente aos apelos d o pregador.

Conhecimento Cientifico

Conhecer algo da ciência, comparando sempre com as verdades bíblicas, é algo muito bom, pois muitas das vezes, as descobertas científicas vêm sustentar aquilo que a Bíblia vem afirmando há milênios. Expor algo da ciência também torna uma mensagem bem interessante e atrai muito, a atenção do público. Muitas pessoas têm chegado a conversão através das verdades da Bíblia confrontadas com a ciência. Um bom pregador não ignora este fato.

Conhecimento Filosófico

O público vibra e considera interessante quando o pregador sustenta uma verdade bíblica com uma citação de algum importante Filósofo. Conhecer o pensamento dos muitos pensadores acerca da vida e da morte; do bem e do mal, é algo fascinante. Muitas das vezes os absurdos e as verdades da Filosofia ajudam a ilustrar de forma maravilhosa um sermão.

Experiências Pessoais

A vida cristã é cheia de experiências maravilhosas com Deus. Tais experiências ocorrem tanto conosco, como também com algum outro irmão verdadeiramente servo de Deus. Assim, o testemunho destes fatos faz com que sempre se tenha algo de edificante para uma boa mensagem. O sentimento do público é ativado quando o pregador expõe suas vivências pessoais ou de outrem. É multo importante tocar o instinto emocional dos ouvintes. Quando isto ocorre, a mensagem será sempre lembrada. O pregador deve usar desta arma poderosa para as mensagens principalmente evangelísticas. Entretanto, se a mensagem é doutrinária, e o pregador tem algo de sua vida para ilustrar com relação à fé cristã, deverá fazê-lo com toda a autoridade. Este recurso produz um maior número de conversões ou de conserto de vida cristã ao final da mensagem.

OBS: Mesmo que o pregador tem todo o recurso técnico e intelectual, jamais poderá deixar de lado o fator mais importante de todos: A inspiração do Espírito Santo. Nunca se deve esquecer que, a obra é de Deus, a Palavra é a Palavra de Deus, o interesse em salvar o público é de Deus, portanto, seja qual for o recurso que o pregador irá usar, sua mensagem e seus argumentos são sempre para levar o ouvinte a crer n a Palavra de Deus e em suas maravilhosas promessas.

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