terça-feira, 8 de dezembro de 2020

MISSÕES TRANSCULTURAIS

INTRODUÇÃO A MISSÕES TRANSCULTURAIS

Missões Transculturais.

Missões transculturais; trata-se de um movimento cristão, que atualmente é de alcance mundial.

O lema principal das missões transculturais é este: A missão primária das Igrejas é proclamar o evangelho de Cristo e implantar novas congregações no mundo inteiro.

Perspectiva Cultural.

O que é cultura? O primeiro passo num estudo de cultura, é dominar a sua própria cultura. Todo o mundo tem uma cultura. Ninguém consegue se elevar acima de sua própria cultura ou de outras culturas de modo a ter uma perspectiva verdadeiramente supracultural. Por esta razão o estudo da cultura é uma tarefa difícil.

A primeira coisa que um visitante recém chegado irá perceber é o "comportamento do povo", suas crenças, valores e educação. Deus deu ao homem um mandamento cultural, que impôs certo domínio, sobre o seu ambiente. Quando criou o homem e o seu ambiente, Deus declarou que tudo era "muito bom" (Gn 1. 26 -31). O mandamento evangélico (Mt 28. 18 - 20) requer dos missionários que ensinem aos outros homens a observarem tudo o que Cristo ordenou.

Ao ensinarem sobre Cristo, os missionários afetam a cultura, pois todas as culturas necessitam de transformação. Portanto, como Calvino já havia insistido, os crentes devem trabalhar para tornar cristã a cultura (isto é, colocá-la debaixo de Cristo).

Dentro do conceito da vida não-cristã, os costumes e práticas servem como tendências idólatras e afastam a pessoa de Deus. Quando o missionário chega com o evangelho, a vida cristã recolhe esses costumes e práticas e lhes da um conteúdo inteiramente diferente. Ainda que na forma exterior haja muito que lembre práticas do passado, na verdade, tudo se fez novo. Na essência, o antigo já passou e o novo chegou.

Cristo toma em suas mãos a vida de um povo, renova e reconstrói o que estava distorcido e deteriorado. Ele mexe em cada detalhe, cada palavra, e cada prática, com um novo sentido, lhes dá uma nova direção.

Para muitos, erroneamente, "cultura" refere-se ao comportamento dos ricos e da elite, porém para os nossos propósitos, definiremos cultura como o sistema integrado de padrões de comportamento aprendidos, idéias e maneiras de se relacionar com o mundo. O missionário deve aprender a conviver essas diferenças transculturais, não apenas na forma pelo qual os povos comem, vestem-se, falam e agem, e nos seus valores e crenças, mas também nas presunções fundamentais que fazem sobre o seu mundo, para tentar ganhá-los para Cristo.

O apóstolo Paulo nos deu o maior exemplo transcultural, quando disse: "Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns" (I Co. 9.22). Paulo se fazia romano, para ganhar os romanos, se fazia grego, para ganhar os gregos, e assim sucessivamente.

Perspectiva Bíblica.

O cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem destruir as culturas, sua mensagem, porém, é universal.

No dia do triunfo de Cristo e da Igreja, cada povo ou etnia, se apresentará louvando a Deus, na sua própria língua (Ap. 5. 9) "E cantavam um novo cântico dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus, homens de toda tribo, e língua, e povo e nação".

O respeito pelas outras culturas.

Não é preciso destruir a cultura de um povo, para levá-los a fé cristã, por que o cristianismo é transcultural.

Os missionários devem respeitar as culturas de um povo. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional, e que isto em nada implicaria na salvação dos novos crentes, portanto, não seria necessário observar o ritual da Lei de Moisés. "Pelo que jugo, que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrevo-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado, e do sangue" (At 15. 19-20).

Convêm lembrar que a importação de inovações para as nossas Igrejas pode desrespeitar a nossa herança espiritual. Muitas coisas não servem para a nossa cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como igualmente, essa pode não servir para outras etnias pelas mesmas razões. O missionário enviado para outro país, precisa ser integrado a cultura daquele povo, e compete a Igreja do missionário, fazer com que ele conheça as instruções necessárias sobre os problemas transculturais, respeitando a cultura, a civilização de cada país. O missionário precisa ser instruído a ir cautelosamente, e zelosamente, aplicando a doutrina bíblica.

O respeito às autoridades de cada país é essencial. Um missionário clandestino está exposto a sofrer vergonha e envergonhar o nome da Igreja que o envia.

Um missionário é clandestino de duas maneiras:

- Imigrando por conta própria, desordenadamente e sem respaldo de uma Igreja e de um ministério.

- Sendo enviado por uma Igreja, mas sem a devida documentação imigratória e sem as instruções transculturais.

Portanto, a Igreja de origem do missionário precisa ficar atenta para não se comprometer vergonhosamente, e prejudicar o missionário enviado.

O Exemplo do Apóstolo Paulo.

O apóstolo Paulo era um judeu rico e culto, que sacrificou as tradições de seus antepassados, deixando tudo para a salvação do maior número possível de almas (Fp 3. 5-8), pois considerava a salvação dos homens mais importante do que sua identificação cultural como judeu.

Todos os meios lícitos são válidos para conquistar os pecadores para o Reino de Deus. Paulo conhecia o mundo e sua geração, e soube conquistá-lo para Jesus.

Nestes últimos dias, vemos o Espírito Santo como grande estrategista de missões, despertando e mobilizando a sua Igreja para evangelizar todos os povos não alcançados. Podemos ver até mesmo pastores e líderes que não se importam muito por missões transculturais, ampliando sua visão, no sentido de cumprir, em caráter de urgência, a grande comissão dada por Jesus. Muitos desses pastores e líderes, a exemplo dos discípulos, só tinham uma visão de missões nacionais.

Mas graças a Deus, que pelo seu Espírito está mobilizando todo o mundo cristão, para abraçar todos os povos não alcançados ainda pelo evangelho.

O Desafio da Obra Missionária Atual.

"Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia, pois, a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (Jo 9. 4).

Pessoas dispostas a cumprir, o ide de Jesus.

A evangelização mundial é uma tarefa urgente. Trata-se de um trabalho de prazo limitado, que requer ação rápida, iminente e preciosa, temos que encher o mundo com a Palavra da Fé, antes da "meia noite". Este é um trabalho que não pode ser adiado, sob qualquer pretexto.

Evangelização é o mais importante e requer urgência, mais que qualquer outra missão da Igreja. Cada servo de Deus deve compenetrar-se de sua própria responsabilidade. Hoje, pense no que você pode fazer, no que você pode realizar para contribuir com a obra missionária.

O desafio da obra missionária é urgente, por que as portas estão se fechando. Cada dia mais os obstáculos estão surgindo, tentando impedir a divulgação do evangelho, vejamos o que disse Jesus: "E por aumentar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará" (Mt. 24. 12). Enquanto o pecado aumenta, o amor de muitos vai esfriando, o desinteresse em fazer a obra de Deus tem ganhado espaço no meio do povo de Deus, a exemplo disso, estão os "cultos ao ar livre" que estão desaparecendo, cultos que outrora foram instrumentos de Deus, para que muitas almas se convertessem ao Senhor Jesus Cristo; vejamos ainda a freqüência dos cristãos nas congregações, nos cultos de ensino, de oração, etc.

Um dos desafios da Igreja Atual para não parar de evangelizar, é não deixar o amor de Deus esfriar. Glorificamos a Deus, porque Jesus disse que o amor de muitos esfriaria, mas Ele não disse de todos, isso é sinal que haverá um grupo de cristãos que permanecerá com a chama do amor de Deus acesa em seus corações. Leiamos Ef 5.14 -17. "Qual é a vontade do Senhor?" é a pergunta, a resposta está em II Pe 3. 9. O Senhor não quer que ninguém se perca, mas que todos venham se arrepender

Paulo pediu oração a várias Igrejas para que as portas se mantivessem abertas. A Igreja do Senhor necessita possuir visão espiritual para desenvolver um arrojado programa evangelístico, enquanto é possível.

Muitas vezes nos deparamos com cristãos, criticando as TJs (testemunhas de Jeová), mas eles não desistem, estão sempre de portão em portão, vendendo suas literaturas e pregando aquilo que aprenderam, é bem verdade que ensinam a Palavra de Deus distorcida, entretanto, nunca desistem. Temos também, os Mórmons, que gastam seus sapatos, andando de um lado para o outro, pregando aquilo que entenderam ser o evangelho de Cristo. De alguma forma, estão obedecendo algum "IDE", e nós, qual "IDE" estamos obedecendo? Jesus disse: "Se estes se calarem, até as pedras clamarão" (Lc. 19. 40). Quem são estes? São os que vêem as obras de Deus, seus milagres, tem o conhecimento da verdade, provaram as delicias da salvação, mas nada fazem para que outros se juntem a esse banquete de bênçãos, estão de braços cruzados e vendo o tempo passar, então se esses abençoados (nós), se calarem, as pedras (aqueles que criticamos), irão clamar.

Uma jumenta "missionária" por um dia - A frase parece assustadora, mas quando lemos o texto de Nm 22. 28-33 não é tão assustadora assim, porque um dia, na história bíblica, Deus já usou uma jumenta para salvar uma vida, a do profeta mercenário Balaão.

Mas é lamentável que nos nossos dias alguém de pouco entendimento, quer fazer disso uma pregação, dando ênfase ao fato de que Deus "usa" até mesmo uma jumenta, mas isso não é honroso para nós, pois Deus tem seus vasos escolhidos para falar sua Palavra, e somos nós, pois já somos salvos, pescadores de homens (Mc. 1.17). Deus já usou de vários meios para realizar sua obra, num momento de urgência Deus usou:

Uma jumenta para livrar Balaão da morte (Nu. 22. 28).

Uma menina para salvar um grande general (II Rs. 5.2-3).

Um grande peixe, para transportar o missionário fujão (Jn. 1. 17).

Um tronco de uma árvore, para adoçar as águas (Ex. 15. 25).

Usou o sal para purificar o manancial das águas (II Rs. 2. 19-22).

Deus usa aquilo que estiver a mão, quando e como Ele quer. Hoje, porém, não é honroso pregar que Deus usa uma jumenta, mas que possamos dizer como disse Isaías o profeta: "Eis me aqui, envia-me a mim" (Is. 6. 8).

Pessoas dispostas a orar pela obra Missionária.

"Rogai ao Senhor da seara, que mande obreiros para sua seara" (Lc. 10. 2).

"Rogai", nessa palavra está explícita a necessidade de oração, a obra da evangelização é urgente e nos obriga a orar. Temos de ir aos pés do Senhor, a fim de clamar por obreiros de valor.

Ninguém pode destruir, a obra construída com jejum, lágrimas e oração. Na oração sentimos qual a vontade de Deus para este mundo. Deixar de lado o compromisso da oração, é abandonar um tesouro incomparável que Deus tem posto a nossa disposição.

Devemos orar para recebermos a capacitação de Deus necessária a fim de sairmos para o campo missionário, e sem essa preparação prévia, ou seja, aqueles que saem de qualquer maneira, correram um o risco de fracassarem em sua missão.

Foi a oração que sustentou os obreiros da Igreja primitiva, ela deu força, coragem e direção a eles. "E tendo eles orado, moveu-se o lugar onde eles estavam reunidos e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a Palavra de Deus" (At 4. 31).

A Igreja orou e Pedro foi liberto milagrosamente da prisão (At 12. 5-12). Somente através da oração, os obreiros são sustentados na "luta" ministerial e missionário. O apóstolo Paulo conhecia o poder da oração quando disse à Igreja de Colossos: "Perseverai em oração... orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da Palavra, a fim de falarmos do ministério de Cristo, pelo que estou também preso" (Cl 4. 2-3).

Pessoas dispostas a contribuir para obra Missionária.

"Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiram com todos, segundo cada um tinha necessidade" (At 2. 45).

Muitos cristãos primitivos venderam as suas propriedades e entregaram o valor correspondente aos apóstolos, em beneficio da obra missionária. Como prova disso lemos a passagem bíblica que registra: "Então José, cognominado pelos apóstolos, Barnabé (que traduzido, é filhos da consolação), levita, natural de Cripre, possuidor de uma herdade, vendeu-a e trouxe o preço e depositou aos pés dos apóstolos" (At 4. 36-37).

Oswald Smith, um dos maiores enviadores de missionário do século XX, conhecido por muitos como "Sr. Missões", disse a célebre frase: "A Igreja que não faz missões, breve deixará de ser evangélica". Atualmente, sua Igreja em Toronto, no Canadá, sustenta quase mil missionários em todo mundo, com um orçamento milionário de mais de dois milhões de dólares anuais. O trabalho agora, é liderado pelo seu filho, que o sucedeu, após sua partida para estar com o Senhor das missões.

Não existe outro motivo para a Igreja ainda existir na terra, que não seja missões. É responsabilidade da Igreja local, o ensino e o sustento do missionário no campo.

Foi o próprio Deus, quem estabeleceu que o crente contribuísse, para que o seu povo tenha os recursos suficientes para a expansão do evangelho e manutenção da obra do Senhor.

O Pastor Deiró de Andrade (Pr. de uma Igreja missionária, no Estado de São Paulo), ao apresentar à Igreja as conquistas do campo missionário, tais como: terrenos, prédios e o próprio envio de obreiros para missão, sempre faz a seguinte pergunta: "Os irmão sabem como foi que conseguimos isso?" E em alto e bom som, toda Igreja responde: "Com os nossos dízimos e ofertas".

Entretanto, se você não pode ir, pode contribuir para que o Reino do Mestre Jesus cresça e se fortaleça na face da terra, e para que outros possam ir em seu lugar.

MISSÕES TRANSCULTURAIS


Tipos de Missões

a. Local – está relacionada às localidades adjacentes à igreja local.

b. Nacional – engloba o país inteiro. Envolve também os aspectos culturais. Alguns estados brasileiros têm costumes diferentes (hábitos alimentares, vestuários, palavras regionais, especialmente entre tribos indígenas).

c. Transcultural

Quando falamos de missão transcultural, estamos falando do esforço da Igreja em cruzar qualquer fronteira que separe o missionário de seu público alvo. Para se engajar na missão transcultural, você não tem que, prioritariamente cruzar barreiras político-geográficas. Porém, em nosso caso teremos que necessariamente cruzar barreiras mais conhecidas como a da linguística, dos costumes, das etnias, das religiões, além das sociais, morais e etc.

Missão transcultural e/ou a evangelização transcultural deve ser a mais alta prioridade no evangelismo, hoje. Precisamos alcançar estes 1,5 bilhões de pessoas que estão distantes culturalmente de nós e que nunca ouviram as boas novas de salvação em Cristo Jesus. Tornar a igreja acessível para cada um desses povos e permitir que eles entendam claramente a mensagem e tenham condição de respondê-la positivamente é nossa missão.

O Deus da Bíblia é o Deus da História. Ele tem um propósito para ela. A Bíblia toda é clara quanto a isso e descreve este propósito do inicio ao fim. Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus devemos crer necessariamente que missões transculturais é o programa de Deus, visto que de Gênesis ao Apocalipse ela nos revela o amor de Deus pelas nações da terra. (Gn 12:3b; Is 49:6; Ap 5:9)

Para fazer missão transcultural, necessitamos entender a natureza de uma cultura. Segundo o Aurélio, cultura é “o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade.”

Observemos esta definição dada no século XIX por antropólogos da Alemanha. “Cultura é a herança total do homem não transmitida biologicamente”. Cultura é o sistema total de normas de conduta aprendidas que são comuns aos membros de uma sociedade em particular, e que não são o resultado da natureza biológica do homem.

Em termo mais popular, pode ser definido como a totalidade do modo de vida de um grupo étnico determinado, isto inclui, a forma que este povo vê a realidade cósmica, os valores que lhe são comuns, e as normas de conduta que aceitam como normais em seu meio. Inclui também a forma como considera a existência do mundo e da humanidade, as coisas que lhe custam muito trabalho obter e manter, e a forma em que se trata entre os parentes e os vizinhos.

Toda pessoa tem uma maneira mental de ser, uma forma diferente de ver as coisas e de reagir frente a elas, isto quer dizer, que vai sendo moldado pela cultura em que vive, e isto o afeta desde a sua infância até a sua morte.

O Que É Transculturação

Vamos nos valer outra vez de Aurélio. Eis o que ele diz: Transculturação é o “processo de transformação cultural caracterizado pela influência de elementos de outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes”.

Aqui fica bem claro, de início, que evangelização transcultural não é substituir valores de uma cultura por outros de cultura diferente. O que importa, na evangelização, são os princípios bíblicos. Estes, sim, podem exercer influência a alterar situações contrárias à fé cristã.

O Que É Missão Transcultural

O prefixo trans deriva-se do latim e significa “movimento para além de”, “através de”. Portanto, em linhas gerais, missão transcultural é um movimento que, pelo caráter universal de sua mensagem, não se restringe a uma só cultura, mas tem alcance abrangente, em todos os quadrantes da terra, onde quer que haja uma etnia que ainda não tenha ouvido o evangelho.

Em Mt 28.18-20 descobre-se que “toda” é a palavra chave. Isto implica na afirmação de que o princípio da universalidade está implícito no Evangelho, que deve ser pregado a todos os povos, para, igualmente, resultar na conversão aos milhões de pessoas oriundas de todas as raças.

A ideia de universalidade, globalidade ou totalidade transparece, ainda, quando o número quatro salta diante dos nossos olhos na expressão aparentemente repetitiva de Ap 5.9. “tribo, língua, povo e nação.” Aqui o mundo está dividido em quatro áreas para reforçar a perspectiva do que será o resultado do alcance globalizado da pregação em todo o mundo.

Outro ponto no mesmo texto é que a palavra nação é a mesma usada em Mt 28.19, que se traduz do grego “ethnos” de onde se deriva a expressão portuguesa “etnia”.

Etnia tem a ver com grupo biológico e culturalmente homogêneo. No aspecto antropológico, a definição da palavra “etnia” ultrapassa o nosso conceito formal sobre fronteiras geográficas nas quais se assentam politicamente os países do mundo. Cerca de 12 mil povos distintos estão distribuídos em pouco mais de 250 países.

Em suma, missão transcultural, no dizer de Larry Pate, autor do livro Missiologia, é a proclamação do amor de Deus, que ultrapassa as fronteiras culturais, raciais e linguísticas. “Ele deseja que todos, sejam os pigmeus da África ou os homens de negócios da Ásia, tenham a oportunidade adequada de seguir a Cristo”.

Alguns obstáculos a Missão Transcultural:

A - GEOGRAFIA

Muitos dos que necessitam de evangelização estão longe de nossa casa. O alvo então deve ser duplicado. Deve-se enviar alguém disponível para ir a esse lugar e também devemos nos esforçar para conquistar o nosso país, assim partiremos para o mundo. Precisamos de uma estratégia definida de conquista da nação para Cristo.

O desafio geográfico só é vencido através de pessoas que saiam de seu lugar de origem e se dirijam aos lugares remotos. Contudo, a permanência de alguém de fora em um determinado país vai acarretar custos de transporte, sustento e preparo para o retorno.

Quem sai de sua casa para pregar o evangelho, deixa para trás todo um alicerce de vida que é impossível levar consigo. Por isso, a igreja deve ter atitudes que diminuam ao máximo essa separação.

Um grande desafio para a evangelização é a JANELA 10/40. É a região onde habita 66% da população mundial, e ocupa 33% da área total do planeta, compreende 62 países. Essa região estende-se desde o oeste da África até ao leste da Ásia, e é compara a uma janela retangular, encontrada entre os 10 e 40 graus ao norte da linha do Equador. Todas as terras bíblicas encontram-se nessa janela, aqui predomina os seguidores do Islamismo, induísmo e budismo. A janela 10/40 é conhecida como o cinturão; nelas se encontram as fortalezas de Satanás, pois 37 dos 50 menos alcançados do mundo localizam-se nessa região.

No Brasil, há lugares acessíveis apenas por barcos e após longas horas, ou dias, de uma cidade. Isso implica em abandono de toda sorte de saneamento básico, eletrificação, assistência hospitalar, meios de comunicação, etc... Mas lá há vidas pelas quais, Jesus morreu.

B. FINANÇAS

A maior barreira é converter o bolso do crente. Hoje só se investe naquilo que é palpável. Poucos querem investir em algo que não poderão mensurar, e nem que seja a longo prazo.

A melhor estratégia é sustentar o autóctone (nacional) para que ele evangelize.

Uma igreja consciente de sua missão, estará preocupada em providenciar um sustento digno para o missionário, para que ele não seja envergonhado diante daqueles a quem pretende evangelizar. Além disso, deve-se preparar-se para emergências de saúde, viagens e para o retorno definitivo do missionário (tipo aposentadoria digna, uma casa, etc...)

C. CULTURA

Muitos vão ao campo missionário levando sua bagagem cultural como correta e vão encontrar muitos obstáculos. O livro “Costumes e Culturas” de Bárbara Burns dá alguns exemplos dessa barreira e o livro “Tochas de Júbilo” demonstra que esse desafio não é exclusivo do homem branco.

O grande desafio é identificar o que é pecado e o que é característica cultural. Por ex.: o jeitinho brasileiro é característica cultural ou mentira disfarçada?

D. AMARRAS

Muitas coisas têm amarrado nossas vidas, nos impedindo de obedecer ao chamado de Jesus:

CARNE – que não quer sofrer, quer ter sempre mais benefícios e facilidades, quer ter lazer e descanso, não quer passar fome, quer ter medicamentos a mão e transporte fácil.

MUNDO – que nos atrai e nos enche de desejos ambiciosos, nos fazendo crer que necessitamos de todas as novidades tecnológicas. O mundo nos invade alterando nossa mente para justificar-se diante da omissão missionária, por ex.: alguém irá em meu lugar; Deus me chamou só para orar; eu já sou dizimista; quando meus filhos casarem eu vou; quando me aposentar irei; hoje o evangelho está disponível a todos pela tv; etc... Rm 12:1-2 para eles

DIABO – que não quer ver uma igreja fora das 4 paredes. Precisamos ver que muitas das coisas que têm acontecido que julgamos ser Deus dizendo que não é para irmos, na verdade são armadilhas do diabo para nos impedir de ir (II Tm 2:26; Cl 4:3-5; Rm 1:13; 15:22; I Ts 2:18; Ef 6:11)

Destruindo Os Mitos Da Missão Transcultural Na Igreja Local

Só Igrejas Grandes Ou Ricas Podem Fazer Missão Transcultural

Esta é uma falsa idéia que circula em muitas Igrejas de porte médio ou pequeno, como justificativa para o seu não envolvimento. Segundo este conceito, Igrejas que disponham de poucos recursos jamais poderão comprometer-se com o trabalho missionário e nem mesmo enviar missionários. Mas a prática de países onde a tarefa de fazer Missões já está consolidada revela que os maiores recursos saem exatamente de Igrejas pequenas, que, somadas, conseguem superar muitas vezes os alvos de Igrejas grandes ou ricas. A Igreja de Antioquia não esperou enriquecer-se para enviar os seus primeiros missionários, Barnabé e Paulo (At 13.2).

Só Pessoas De Bastantes Recursos Financeiros Têm Condições De Contribuir Para A Missão Transcultural

A visão bíblica sobre, contribuição é clara: deve ser proporcional à renda de cada um, seja pobre ou rico. Este princípio transparece em diversos textos bíblicos, como, por exemplo, em 1 Co 16.2.

Paulo está tratando, neste texto, de contribuições destinadas aos irmãos de Jerusalém, que enfrentavam circunstancialmente uma crise econômica. Na recomendação do apóstolo está implícita a ideia de proporcionalidade, quando ele afirma: “... ponha de parte o que puder ajuntar, segundo a sua prosperidade”. As contribuições para missão transcultural se regem pelo mesmo princípio. Mesmo que os recursos pessoais sejam menores, cada um poderá estabelecer o valor da contribuição proporcionalmente à sua remuneração mensal.

A história de missões mostra que, na maioria dos casos, não foram os ricos os únicos responsáveis pelo envio de recursos para a evangelização transcultural. Muitos missionários foram e têm sido sustentados pela oferta da viúva pobre, da lavadeira do trabalhador braçal e de outros irmãos de menor poder aquisitivo.

A Igreja Local Deve Primeiro Evangelizar Sua Cidade Para Depois Voltar-Se Para A Evangelização Transcultural.

Este é outro mito muito difundido por desconhecimento da interpretação correta de Atos 1.8. Em alguns casos é, somente, uma justificativa pouca convincente para a indiferença.

A ideia de At 1.8 é de simultaneidade. “Tanto em... como em...” é a expressão que aclara o sentido do texto. Não há aqui nenhuma alusão a um processo gradativo, ou seja, à ideia de se evangelizar primeiro a área local para depois pensar-se em terras de além-mar. A evangelização transcultural tem que ser vista sob enfoque mundial, incluindo-se aí o trabalho local da Igreja. É ação simultânea.

É Preciso Antes Levantar Recursos Suficientes Para Então Investir Em Missão Transcultural. Esta É Também, Uma Premissa Falsa.

A Igreja que esperar ter recursos suficientes nunca vai investir na evangelização transcultural. É uma questão de lógica. Os recursos são rotativos, isto é, entram e saem. Sempre há despesas “prioritárias” para serem cobertas pelo caixa.

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