domingo, 27 de dezembro de 2020

MISSÃO URBANA - OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO DAS IGREJAS URBANAS - ESTRATÉGIAS DE EVANGELIZAÇÃO URBANA


Nós concordamos que a evangelização é um imperativo de Cristo para a sua igreja, contudo, não são poucas às vezes que nos sentimos impotentes, desanimados e vencidos diante de tamanha responsabilidade. De fato, mesmo cônscios de nosso dever, da assistência divina e dos frutos, ainda assim, não deixamos de reconhecer as barreiras que se levantam e nos intimidam ou amedrontam quando pensamos em evangelizar.

Precisamos reconhecer barreiras reais e contrapô-las com os recursos dispostos por Deus ao nosso alcance. Se muitas forem as barreiras, suficiente e superior será o auxílio divino para transpô-las, nos concedendo vitórias e nos fazendo efetivos instrumentos de proclamação das Boas Novas da Salvação em Jesus Cristo.

1. Diabo.

Satanás, com seus anjos maus, procura impedir o crescimento da igreja em qualquer lugar. John T. Mueller exemplifica as artimanhas destes inimigos da igreja de Cristo:

a) continuamente procuram destruí-la por investidas em geral (Mt 16.18);

b) tentam impedir que os ouvintes recebam a Palavra de Deus (Lc 8.12);

c) disseminam doutrina errônea (Mt 13.35; 1 Tm 4. 1s); e

d) incitam perseguições ao reino de Cristo (Ap 12.7 [...] No intuito de arruinar a igreja, o diabo causa transtornos também ao estado político (1 Cr 21.1; 1 Rs 22.21-22), e ao estado doméstico (1 Tm 4.1-3; 1 Co 7.5; Jó 1.11-19).

2. A Relativização de absolutos:

Vivemos dias em que os absolutos são descartados. A verdade tornou-se subjetiva e pessoal, cada um tem sua própria verdade. A liberdade individual e a felicidade pessoal são o alvo buscado e a justificativa de qualquer meio para se alcançar este fim. A nossa cultura perdeu a perspectiva de que existe uma lei moral transcendental que se aplica a todos e que rege o próprio equilíbrio das partes. Diz o insensato no seu coração: não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. (Sl 14.1)

“O Cristianismo é a única história que faz o nosso mundo ter sentido, que age como guia moral, que nos enche com uma esperança confiante dos nossos futuros individuais e o futuro da nossa raça e o deste mundo”, entretanto, a História Cristã perdeu seu significado para o homem moderno.

Entrementes, a relativização de absolutos, ou seja, você decide o que é verdadeiro segundo suas próprias concepções, tem rodeado e até mesmo invadido a igreja. Muitas das nossas convicções e fundamentos sobre os quais lançávamos princípios de vida estão abalados e sob suspeição. As incertezas sobre o teor da mensagem do Evangelho nos fazem recuar. Será que de fato cremos numa verdade? Ela poderá mudar derrubar os muros da incredulidade? Já não nos sentimos tão seguros quanto ao conteúdo de nossa pregação. Como combater a incerteza com incertezas?

“Devemos ter certeza de que nossa fé é de fato a verdade”. Para tanto, o conhecimento e estudo da Palavra de Deus é a fonte que nos prepara para que possamos estar “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. (1 Pe 3.15b), assim, “...procurai, com diligência, cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição...” (2 Pe 1:10a).

3. Ausência de credibilidade da Igreja:

Boa parte da população está decepcionada com erros diversos em igrejas como a exploração financeira, escândalos de líderes religiosos, o legalismo de certas igrejas que impõem aos seus adeptos leis humanas muito rígidas, tirando-lhes a alegria de viver: Outra barreira que enfrentamos na evangelização urbana é o discurso da incoerência. A igreja tem desassociado a pregação do testemunho. A ética cristã tem se tornado extremamente maleável, adequando-se às circunstâncias. Os escândalos estão nos deixam constrangidos – porém, não envergonhados ou arrependidos – a nós já não pertence mais o “corar de vergonha” (Dn 9.7b)

O evangelho está desacreditado porque perdemos o crédito de nosso comportamento perante a sociedade. É certo que não somos perfeitos e ao olharmos para o passado, veremos manchas na História que até hoje são evocadas e simplesmente nos enchemos de desculpas. Devemos assumir os erros que se registraram nos anais da história, atitudes humanas desprovidas de aprovação divina. Mas, ao mesmo tempo em que devemos assumir nossos erros passados, devemos, também, tomar atitudes no presente para coroar o futuro, viver como luz do mundo e sal da terra, a fim de que os homens vejam nossas boas obras e glorifiquem a Deus (Mt 5.13-16).

4. A perda da linguagem comum:

A comunicação é uma importante conexão entre as pessoas e para que ela se efetive o transmissor da mensagem deve se fazer entender pelo seu receptor, ou seja, minhas palavras devem estar adequadas à linguagem do ouvinte. Como costumamos dizer: “agora, estamos falando a mesma língua” - referência ao fato de terem se entendido. Isto, porém, tem se perdido nos dias atuais. “Mais e mais pessoas são biblicamente analfabetas” – incluindo o meio evangélico. Devemos ter a sensibilidade para fazer-nos entender na pregação, na proclamação de uma mensagem universal que é “para todas as nações, tribos, povos e línguas” em qualquer tempo ou lugar.

Devemos nos questionar sobre tais barreiras, reconhece-las tão somente não é suficiente, é preciso preparar-se para enfrenta-las, e temos recursos para isto, como afirma o apóstolo Paulo: “porque as armas de nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas; anulando nós, sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”. (2 Co 10.4,5). Sendo, pois, praticantes da Palavra e não somente ouvintes (Tg 1.22) o nosso testemunho falará mais alto que nossas palavras e esta é uma linguagem que todos compreendem, vida coerente.

5. Reação de Condenação:

Quando nos sentimos acuados reagimos condenando a todos. A parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14) ilustra o cuidado que devemos ter em relação a nos julgarmos melhores do que outros. Se do “lado de fora” sentimos o cheirinho de enxofre nos “pecadores” e agradecemos a Deus por não sermos como eles, um perigoso sinal nos alerta contra a vaidade e arrogância espirituais. Não devemos julgar nossos inimigos, antes, amá-los. Se fosse possível tirar uma fotografia da realidade espiritual da alma humana e guardássemos a nossa, antes da conversão, veríamos que somos tal qual aqueles que desprezamos ou condenamos.

É neste tipo de arrogância que criamos uma sub-cultura cristã (mera presunção) que finalmente vai mudar as coisas, pensamos nós. Nos propomos a preencher os espaços políticos, culturais, sociais para subjugar o “ímpio”, mas para isso vale tudo que estiver ao nosso alcance, seja ético ou não, seja lícito ou não, seja honesto ou verdadeiro ou não. Nos tornamos maiores tiranos do que aqueles que foram “demonizados” por nós.

Devemos, como Cristãos, exercer nossa cidadania e contribuir ativa e conscientemente nossos direitos e deveres como cidadãos. Mas, também como Cristãos, devemos ter a percepção de que pertencemos uma “nacionalidade” que nos exige que vivamos segundo suas prerrogativas, como cidadãos do céu e neste exercício de cidadania a palavra amor e misericórdia estão entre os primeiros deveres.

6. Isolamento:

Uma falsa ideia se opõe a uma evangelização ativa: “não pertencemos ao mundo devemos, simplesmente, nos isolar”. Somos a geração dos condomínios fechados, do shopping center, das grades de segurança, do espaço privado distante e protegido do espaço público. Reagimos, então, da mesma maneira, nos isolando em nossas casamatas (abrigos subterrâneos usados principalmente nas guerras) e criamos um novo conceito de “mosteiro social gospel” com uma placa na entrada: “proibida a entrada de estranhos”.

Não devemos amar ao mundo, é certo, disse o apóstolo João, mas, também somos o sal da terra. Imaginemos se podemos temperar um feijão colocando o saleiro em frente à panela. Devemos por o sal no feijão e suas propriedades suscitarão o efeito desejado. Podemos criar espaços com certas peculiaridades, mas não nos escondermos em guetos evangélicos.

7. Separação:

Uma outra barreira sutil e perigosa é a de nos separarmos das pessoas “de lá de fora” e restringir nosso círculo social aos “irmãos”. A senha poderia ser (e às vezes é), “a paz do Senhor” em caso de resposta satisfatória, então é bem vindo ao nosso meio, de outra forma, “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15.33 – interpretado fora do contexto). Olhemos para aquele que foi acusado de ser amigo de publicanos e pecadores (Lc 7.34), que tocou em leprosos, que perdoou prostitutas, que se aproximou dos excluídos.

Já tentou conversar com alguém que não te olha nos olhos? Que estranha sensação. Como podemos pregar o evangelho que tem características tão evidentes de amor, misericórdia, perdão, reconciliação, adoção, aceitação? Seria muito difícil uma família adotar uma criança órfã sem permiti-la entrar em sua casa. Nós fomos adotados e recebidos na presença do Pai, que não faz acepção de pessoas (por isso nos aceitou), como poderemos testemunhar disto praticando o oposto da mensagem?

8. Paganismo:

O paganismo está de volta á essa geração pós-moderna. As seitas e religiões espiritualistas ganham novos adeptos e seus conceitos não são questionados se verdadeiros ou sensatos, basta que faça a pessoa se sentir espiritual e se lhe é sensata e moral. Interessante notar aqueles que chamam cristãos de fanáticos e incultos, e no ápice de sua própria arrogância veneram e acreditam em superstições, pirâmides, objetos, fetiches, gnomos e duendes. São, na verdade, pessoas carentes de uma espiritualidade verdadeira e de um amor profundo, coisas que só encontrarão no Evangelho que a nós foi confiada a proclamação.

9. A insegurança urbana:

Como já vimos, a violência tem aumentado nas cidades. Estatísticas revelam que em São Paulo no ano de 2001, os sequestros envolvendo pessoas de qualquer camada social aumentaram 600%. Assaltos nas ruas, arrombamento de residências e tráfico de drogas têm levado as pessoas a se trancarem em suas casas e duvidarem de todos.

Pelo poder da Palavra e do Espírito Santo, as pessoas são convertidas e integradas nas congregações. Porém, muitas vezes terão dificuldades para participarem de programações à noite, por falta de segurança.

10. Ativismo:

O ativismo é outra barreira sutil e perigosa. Nos envolvemos em tantas atividades na igreja e ocupamos de maneira tal nosso tempo, que não nos sobra momentos de sociabilidade (muito importante no evangelismo pessoal). Falta-nos tempo para a família, parentes, vizinhos, etc. Algumas vezes, fazemos disso uma desculpa para “fugir” de determinadas atribuições. Mas, em meio à tantas “atividades inadiáveis”, somos exortados a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça (6.33).

11. Medo de testemunhar:

Este medo pode se manifestar, por causa de algumas destas razões:

a) Temor de ser rejeitado - ao falar de Cristo, você se expõe, define sua posição, mostra em que valores você crê. Obviamente, a possibilidade de rejeição existe, e é muito maior do que a possibilidade de ser respeitado em suas convicções cristãs.

b) Temor de ser um fracasso - às vezes, não temos vergonha de testemunhar abertamente, mas tememos receber um "NÃO", ao tentarmos evangelizar alguém. Ou então, fracassarmos por não comunicarmos com clareza o plano da salvação.

c) Temor de se contaminar com os incrédulos - muitas pessoas, quando se converteram, foram erradamente instruídas a não cultivarem amizades com incrédulos. O desejo de santificação é muito positivo, mas algumas pessoas tem partido para radicalismos e exageros.

O crente ser sal e luz, dentro da comunidade doente (Mt 5:13-16). Devemos ter muito cuidado com o conceito de sermos separados do mundo (Jo. 17:11, 14,15). O crente deve conhecer os problemas do seu tempo, para manter conversas inteligentes. Saiba dialogar sobre outros assuntos, além da Bíblia. Paulo, em Ef. 4:17 diz: "não andeis como andam os gentios". Mesmo andando entre os incrédulos, não devemos viver como eles, mas podemos viver entre eles.

12. Não saber como comunicar o evangelho:

Muitas pessoas nunca prepararam seu testemunho escrito. Outras pessoas, nunca estudaram nenhum plano bíblico para evangelização. Pode ocorrer também a falta de capacidade, de como iniciar uma conversa, que viabilize a pregação do Evangelho.

13. Falta de confiança:

Outra barreira é a falta de confiança. De certa forma, ela tem um aspecto positivo, pois nos ensina a humildade e a dependência de Deus. Outro aspecto, porém, precisa ser retirado de nossos pensamentos. Tal obra não é resultante de mero esforço humano, conseqüentemente, Aquele que nos comissionou, também nos capacitará.

O apóstolo Paulo reconheceu-se fraco diante de tal missão. Escrevendo aos colossenses diz:

Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer. Cl. 4:3,4

Se esta oração partiu dos lábios deste intrépido evangelista, não necessitaríamos também orar de maneira semelhante? Conhecer nossos temores e fraquezas é o ponto de partida para todo crescimento, porque esse conhecimento nos leva a orar por nós mesmos e requer de nós reconhecer, perante os outros, que não somos de maneira alguma adequados para as tarefas para as quais Deus nos chamou.

A oração humilde tem que ser nosso ponto de partida. Deus é compreensivo e gracioso e certamente suprirá nossas limitações, nos dispondo a ajuda necessária para “dissipar nosso medo e nos dar ousadia de coração e palavra”.

Quando vos levarem às sinagogas e perante os governadores e as autoridades, não vos preocupeis quanto ao modo por que respondereis, nem quanto às coisas que tiverdes de falar. Porque o Espírito vos ensinará, naquela mesma hora, as cousas que deveis dizer. (Lc 12.11,12)


ESTRATÉGIAS DE EVANGELIZAÇÃO URBANA

Sabemos que a conversão de indivíduos ao Cristianismo, sua busca e transformação operados pela ação do Espírito Santo, se dá apenas mediante a pregação da Palavra e a aplicação interna desta feita pelo Espírito Santo. Todavia devemos ter em mente que os meios que Deus utiliza para que a sua Palavra seja coloca e aplicada no coração dos seus eleitos faz uso de vários meios diferentes. Jerram Barrs sugere o seguinte quanto a este assunto:

À medida que começamos a fazer perguntas àqueles que chegaram à fé, vamos descobrindo quão fiel e pacientemente Deus trabalhou na vida deles para conduzi-los ao ponto de compromisso. Descobrimos também que Deus usa de uma infinita variedade de meios para atrair as pessoas a ele

Deus utiliza as características peculiares de cada um dos seus eleitos para chamá-los à salvação, afinal “como uma pessoa é única, assim também o caminho que Deus usa para atrair cada pessoa a ele é único”. A seguir descreveremos algumas estratégias de evangelização que poderão ser utilizadas nas cidades.

1. Formar Equipes de oração:

O nosso primeiro passo na Evangelização deve ser a humildade diante de Deus em reconhecermos quem somos e quem Deus é, e isso nos leva a reconhecer a nossa dependência do Senhor. Em outras palavras, “Começamos com um apropriado senso de humildade sobre o nosso papel e sobre nossa capacitação para o trabalho diante de nós, e essa humildade deve nos levar à oração.” A Igreja precisa sentir o desejo de orar pelos ainda não convertidos.

Um outro fator peculiarmente interessante é que Deus nos colocou em ‘famílias’ e ele alegremente utiliza esse meio mais natural para a extensão de seu reino. Então, começamos a orar por aqueles com quem vivemos e amamos. Estes, acima de todos, devem ser as pessoas por quem nos importamos mais profundamente e oramos por eles.

Uma outra frase interessante de Jerran Barrsé a que afirma que “Oração sincera, apaixonada, poderosa deve brotar dos nossos corações em favor daqueles a quem amamos, e daqueles cujas vidas são ligadas conosco, na teia da existência diária.”

Sem dúvidas um primeiro bom motivo para orarmos é “... pela obra do Espírito Santo nos corações e mentes daqueles que nos rodeiam. Sabemos que ele pode alcançar o íntimo, trabalhar suas mentes e corações, o que não podemos fazer.” Mas, também devemos orar para que as portas se abram para nós, proclamadores da palavra de Deus. não devemos nos esquecer nunca que “Cristo prometeu reinar sobre as nações e sobre nossa vida pessoal por amor ao evangelho. Então podemos Ter certeza de que ele responde nossas orações quando lhe pedimos para abrir as portas à medida que construímos relacionamentos com pessoas.” Por mais que as vezes pensemos que Deus demora em responder nossas orações, não podemos jamais nos esquecer das palavras de Pedro que afirma que o Senhor não retarda a sua promessa. (Cf. II Pe. 3: 8 – 9). Isso é o que nos consola e fortalece quando desanimamos na missão de pregar o Evangelho ou em alguma outra questão de ansiedade que temos no dia a dia.

É preciso orar por causa da extrema dureza do coração humano (Jr 3.17; 7.24; 11.8; 16.12; 18.12). O pecador tem “coração obstinado” (Is 46.12), “tendão de ferro no pescoço” e “testa de bronze” (Is 48.12). Ele carrega uma bagagem enorme de apatia, ignorância, cegueira, loucura, incredulidade, tradicionalismo, preconceito, soberba e servidão pecaminosa.

É preciso orar porque só Deus é capaz de fazer o mais difícil de todos os transplantes: “Tirarei do peito deles o coração de pedra e lhes darei um coração de carne” e “colocarei no íntimo deles um espírito novo” (Ez 11.19).

2. Testemunho pessoal:

Cada cristão em particular, por ser parte da Igreja de Deus, tem a responsabilidade de se envolver no chamado missionário que Deus deu a Igreja. Duas passagens em particular me que observamos os apóstolos convidando aos crentes para participarem do trabalho de evangelização. (Cl 4:5,6; I Pe 3:15,16)

É preciso viver o que se prega, senão a evangelização torna-se uma hipocrisia. Essa incoerência entre conduta e mensagem gera indignação, desprezo, zombaria, escândalo, incredulidade e rejeição.

Jesus deu muita ênfase à evangelização pelo exemplo, quando declarou francamente : “Vocês são o sal da terra para a humanidade; mas, se o sal perde o gosto, deixa de ser sal e não serve mais para nada; é jogado fora e pisado pelas pessoas que passam” (Mt 5.13, NTLH). No mesmo Sermão do Monte, Ele ensina que “uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida” e “não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa”. Em seguida, Jesus ordena : “Assim também, a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu” (Mt 5.14-16, CNBB e NTLH). Somos agora o que Jesus foi no passado : “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo 9.5). A igualdade da missão de Jesus com a de seus discípulos aparece também na Grande Comissão: “Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei” (Jo 17.18).

Aos coríntios, Paulo assume que, “como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas” (2 Co 2.14, NTLH). Tornamos o evangelho conhecido mais pelo perfume do que pela palavra. Abusando da figura, é possível acrescentar: mais pelo olfato do que pela audição. Foi por isso que São Francisco de Assis disse: “Evangelize sempre; se necessário, use palavras”.

Se o evangelho não alterou o nosso comportamento e continuamos iguais aos não convertidos, não temos como evangelizar, pois “a fé que não se traduz em ações é vã” (Tg 2.20)

3. Receptividade:

Boa receptividade da parte dos membros é muito importante para com os visitantes à igreja. É necessário ter uma equipe treinada de recepcionistas, os quais darão atenção especial antes, durante e depois do culto aos visitantes e membros ausentes que retornam. Discretamente pode ser preenchida uma ficha com dados dos visitantes (nome, endereço, telefone, se aceita visita ou não) e esta ser entregue ao pastor ou à secretaria da igreja para que uma correspondência seja posteriormente enviada. Um cafezinho após o culto oportuniza a confraternização entre todos.

4. Grupos Familiares:

É claro que os cristãos primitivos eram obrigados a fazer uso do lar, porque não lhes era permitido adquirir nenhuma propriedade, até o fim do século II. Não podiam, durante o governo de diversos imperadores, organizar grandes aglomerações públicas por causa das possíveis implicações políticas do ato. Em outras palavras, a Igreja nos três primeiros séculos de nossa era cresceu sem a ajuda de dois dos nossos mais estimados instrumentos: a evangelização de massa e a evangelização na igreja. Ao contrário disso, faziam uso do lar. No livro de Atos lemos acerca de lares usados extensivamente, como os de Jasão e Justo, de Filipe e da mãe de Marcos.

Algumas vezes tratava-se de um culto devocional, outras vezes, de uma tarde de encontro e doutrinação, ou mesmo de um culto de comunhão. Podia ser também um encontro para reunir novos conversos, ou uma reunião com a casa cheia de novos interessados. Reuniões de improviso também aconteciam.

O valor do lar em oposição ao culto mais formal da igreja, ou antes, como complemento dele, é óbvio. O lar possibilita fazer perguntas ao dirigente. Promove o diálogo. Torna possível distinguir as dificuldades. Facilita a comunhão. Pode, com extrema facilidade, desembocar numa ação e num serviço de caráter coletivo em que todos os diferentes membros do corpo desempenhem sua parte a contento.Igrejas iniciadas em casas é um dos modelos mais efetivos e comprovados para fazer crescer o Corpo de Cristo. Há múltiplas referências Bíblicas que apóiam o conceito da “Igreja em sua Casa”: (Atos 17:5; 16:15,32-34; 18:7; 21:8, I Co 16:19; Cl 4:15; Rm 16:5)

5. Equipe de visitação aos lares:

Faz parte do testemunho pessoal. Porém aqui com a ênfase de ser feito periodicamente por um grupo de irmãos. Esta equipe de evangelização da igreja procurará semanalmente ir às casas dos visitantes (com dia e horário combinados) levando material de apoio, Bíblia, livretos, etc.

6. Plantação de igrejas:

O crescimento das igrejas também acontece quando são iniciados pontos de pregação. Quantas igrejas têm expandido seu trabalho abrindo pontos de pregação em bairros onde residem vários membros ou às vezes apenas uma família, usando como local uma área simples, porém adequada.

7. Distribuição de Folhetos:

Ter disponíveis uma boa variedade de folhetos é o primeiro passo no hábito de distribuir folhetos. Oportunidades sem conta são perdidas porque não temos os folhetos na hora certa. Tenha folhetos no seu emprego, em sua casa, perto da porta, e na sua escrivaninha. O fato de você ter bons folhetos consigo a qualquer hora, capacitá-lo-á a aproveitar as muitas oportunidades de entregar a Palavra da Vida a uma criança, a um transeunte, a um companheiro de viagem. “Semeia pela manhã e tua semente, e à tarde não repouse a tua mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela, ou se ambas igualmente serão boas” (Ecl 11.6),

8. A Motivação

Eis aqui um último aspecto que entendo ser de vital importância: A motivação é a chave para a evangelização. Se isso ardesse em nossas almas, não haveria necessidade de tantos congressos sobre evangelização. Michael Green diz que se perguntássemos aos cristãos primitivos, por que eles não perdiam a paixão para evangelizar, responderiam:

- O exemplo de Deus, que tanto se preocupou a ponto de mandar o seu próprio Filho ser missionário em nosso mundo.

- O amor de Cristo, que nos constrange. Ele foi posto na cruz por nós. E nos diz para irmos em frente e passá-lo a outras pessoas. A evangelização é a resposta obediente ao amor de Cristo, que nos tem constrangido.

- O dom do Espírito, que nos é dado especificamente para dar testemunho. A tarefa de evangelização do mundo e a cooperação do Espírito Santo são as duas características indica das por Jesus em relação à época entre a sua ascensão e a sua volta.

Assim, os cristãos primitivos tinham por hábito basear a evangelização, clara e insofismavelmente, na natureza do Deus triúno. No coração dele repousa a missão. Mas havia mais três razões que os impeliam:

1. O privilégio de ser embaixador de Cristo, representante do Rei dos Reis. Nós recebemos esse ministério. Privilégio estupendo, esse!

2. A necessidade dos que não têm Cristo. Isso soa através do Novo Testamento e dos primeiros líderes da Igreja. Quando percebi que as pessoas sem Deus estão perdidas agora e também para todo o sempre, mesmo sendo gente boa, mesmo sendo minha família e meus amigos, foi então que fiz um propósito de gastar a minha vida em contar aos outros as fabulosas Boas Novas que Jesus trouxe ao mundo.

3. Finalmente, há o tremendo prazer da tarefa em si. Ela começa no Novo Testamento e é contagiosa. Os cristãos podiam ser presos, e cantavam louvores. Podiam mandá-los calar-se e eles falavam mais ainda. Se perseguidos, na próxima cidade divulgavam a mensagem. Se levados à morte, pereciam alegres, suplicando bênçãos para os seus algozes. É por essa razão que eu não trocaria essa missão de pregar o Evangelho por nenhuma outra ocupação no mundo. Isso é um privilégio enorme. A necessidade é urgente. Nessa tarefa, o homem se realiza totalmente. Fomos criados para isso.

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