quinta-feira, 4 de junho de 2020

HAMARTIOLOGIA - A ORIGEM DO PECADO

HAMARTIOLOGIA - A ORIGEM DO PECADO

O PECADO

Está escrito que Deus, ao completar a obra da criação, declarou que tudo era "muito bom".

Observando, mesmo ligeiramente, chegamos à convicção de que muitas coisas que agora existem não são boas

— O mal, a impiedade, a opressão, a luta, a guerra, a morte, e o sofrimento.

E naturalmente surge a pergunta: Como entrou o mal no mundo?

— Pergunta que tem deixado perplexos muitos pensadores.

A Bíblia oferece a resposta de Deus; ainda mais, informa-nos o que o pecado realmente é; melhor ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado.

I. O FATO DO PECADO

Não há necessidade de discutir a questão da realidade do pecado; a história e o próprio conhecimento intimo do homem oferecem abundante testemunho do fato. Muitas teorias, porém, apareceram para negar, desculpar, ou diminuir a natureza do pecado.

1. O ATEÍSMO

- Ao negar a Deus, nega também o pecado, porque, estritamente falando, todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não há pecado.

O homem pode ser culpado de pecar em relação a outros; pode pecar contra si mesmo, porém estas coisas constituem pecado unicamente em relação a Deus.

Enfim, todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma violação do direito, e o direito é a lei de Deus.

"Pequei contra o céu e perante ti", exclamou o pródigo.

Portanto, o homem necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.             

2. O DETERMINISMO

- É a teoria que afirma ser o livre arbítrio uma ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas opções são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escaparam ao nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis inexoráveis. Sendo assim — continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo das circunstâncias.

Mas as Escrituras afirmam terminantemente que o homem é livre para escolher entre o bem e o mal — uma liberdade implícita em todos os mandamentos e exortações.

Longe de ser vítima da fatalidade e casualidade, declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino. Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr. Johnson, notável autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro, sabemos que nossa vontade é livre, e isto é tudo que há no assunto!" Cada grama de bom senso excede em peso a uma tonelada de filosofia! Uma conseqüência prática do determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria.

3. O HEDONISMO (da palavra grega que significa "prazer")

- É a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se faz não é: "Isto e correto?" Mas: "Traz prazer?"

Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da juventude".

Eles desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é direito."

É sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "auto-expressão".

Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à saúde".

Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar.

No fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado.

Representa uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás."

E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum."

O bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra.

A admoestação divina àqueles que procuram confundir as distinções morais, é : "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem mal"

4. CIÊNCIA CRISTÃ

- Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um "erro da mente moral".

O homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de correção.

Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são mais do que reais no mundo, parece que esse tal "erro da mente mortal" é tão terrível como aquilo que toda gente conhece por "pecado"!

As Escrituras denunciam o pecado como uma violação positiva da lei de Deus, como uma verdadeira ofensa que merece castigo real num inferno real.

5. A EVOLUÇÃO

- Considera o pecado como herança do animalismo primitivo do homem.

Desse modo em lugar de exortar a gente a deixar o "homem velho", ou o "antigo Adão", os proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que deixassem o "velho macaco" ou o "velho tigre"!

Como já vimos, a teoria da evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido de culpa por seu comportamento.

O Dr. Leander Keyser comenta: "Se a luta egoísta e sangrenta pela existência no reino animal for o método de progresso que trouxe o homem à existência, por que deverá ser um mal que o homem continue nessa rota sangrenta?"

É certo que o homem tem uma natureza física, porém essa parte inferior de seu ser foi criação de Deus, e é plano de Deus que esteja sujeita a uma inteligência divinamente iluminada.

ORIGEM DO MAL

O problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais profundos problemas da filosofia e da Teologia. É um problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do mal é forte e universal, é uma doença sempre presente na vida em todas as manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os homens.

Como podemos então explicar o relacionamento entre Deus e o mal? Alguns afirmam o mal e negam a realidade de Deus (Ateísmo). Outros afirmam a Deus e negam a realidade do mal Panteísmo). Outros, no entanto, procuram afirmar um em oposição eterna com o outro (Dualismo).

Já o Teísmo explica o relacionamento entre Deus e o mal com um Deus infinitamente bom e poderoso que permitiu o mal para produzir um bem maior. Ou seja, esse mundo livre é a melhor maneira de produzir o melhor mundo.

Deus não é o autor do mal. Ele livremente criou o mundo, não porque precisava fazê-lo, mas sim, porque desejava criar. Deus criou criaturas semelhantes a Ele mesmo, que poderiam amá-lo livremente. No entanto, essas criaturas poderiam também odiá-lo. Ele deseja que todos os homens o amem, mas não forçará nenhum deles a amá-lo contra sua vontade.

Deus persuadirá os homens a amá-lo tanto quanto for possível. Ele outorgará àqueles que não querem amá-lo a escolha livre deles eternamente (ou seja, o inferno). Finalmente, o amor de Deus é engrandecido quando retribuímos seu amor (visto que primeiramente nos amou), bem como quando não o retribuímos. Ele demonstra assim quão grandioso Ele é amando até mesmo aqueles que O odeiam.

No final, Deus terá compartilhado Seu amor com todos os homens. Ele terá salvo tantos quanto podia salvar sem violar o livre arbítrio dos homens.

John W. Wenham afirma: “A devoção de um ser livre é de um nível mais elevado... A outorga de liberdade de escolha ao homem envolve a possibilidade (na presciência de Deus envolve certeza) de pecar, com todas suas horríveis consequências.

Todavia, parece que esta liberdade foi um pré-requisito para um conhecimento profundo de Deus. A devoção de um ser livre e racional é de um nível mais elevado e mais bela do que a de um animal, muito embora o amor entre os seres humanos e os animais possa ser notável.

Entretanto, esta liberdade humana envolve a possibilidade de crueldade, imoralidade, ódio, e guerra... todavia, apesar de todas essas coisas, nenhum homem convertido desejaria mudar sua situação para a de um animal ou de uma máquina.


DADOS BÍBLICOS A RESPEITO DA ORIGEM DO PECADO

Na escritura, o mal moral existente no mundo, transparece claramente no pecado, isto é, como transgressão da lei de Deus.

NÃO SE PODE CONSIDERAR DEUS COMO O SEU AUTOR.

O decreto eterno de Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado no mundo, mas não se pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa do pecado no sentido de ser Ele o seu autor responsável. Esta ideia é claramente excluída pela Escritura.

Longe de Deus o praticar ele a perversidade e do Todo-poderoso o cometer injustiça... (Jó 34:10). Ele é o Santo Deus... (Is 6:3). Ele não pode ser tentado pelo mal e ele próprio não tenta a ninguém... (Tg 1:13). Quando criou o homem, criou-o bom e à sua imagem. Ele positivamente odeia o pecado, (Dt 25:16, Sl 5:4, 11:5, Zc 8:17, Lc 16:15) e em Cristo fez provisão para libertar do pecado do homem.           

O PECADO SE ORIGINOU NO MUNDO ANGÉLI CORÍNTIOS

A Bíblia nos ensina que na tentativa de investigar a origem do pecado devemos retornar à queda do homem, na descrição de Gênesis 3 e fixar a atenção em algo que sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador, (Gn 1:31).

Mas ocorreu uma queda no mundo angélico, queda na qual legiões de anjos se apartaram de Deus (Ez 28:15; Ez 23:13 – 17; Is 14:12 – 15). A ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em (Jo 8:44) Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio e em (I Jo 3:8) diz: o Diabo peca desde o princípio.

A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA


Com respeito à origem  do  pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina que ele teve início  com  a transgressão de  Adão  no  paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, poderia tornar-se semelhante a Deus.

Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido. Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que dada a solidariedade da raça humana, teria efeitos não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes.

Como resultado da queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza depravada aos pósteros. Dessa fonte não Santa o pecado fluí numa corrente impura passando para todas as gerações de homens corrompendo tudo e todos com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta de Jó: “Quem da imundície poderá tirar cousa pura? Ninguém” (Jó 14:4). Adão pecou não somente como pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descendentes, e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são possíveis de punição e morte. É primariamente nesse sentido que o Pecado de Adão é o pecado de todos. É o que Paulo ensina em Rm 5:12). “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”

Adão era o representante de toda a raça. Adão pecou, e como representante transmitiu seu pecado a toda raça (Os 6:7). Adão continha nele toda a posteridade da raça, por isso, o seu pecado foi imputado a todos, porque todos estavam em Adão.

Por causa do pecado de Adão a culpa foi imputada imediatamente à raça humana, e por sermos da mesma raça de Adão a natureza pecaminosa é transmitida por “hereditariedade”.

Deus atribui a todos os homens a condição de pecadores, culpados em Adão, exatamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.

Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores; assim também por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.” Rm 5:18,19).

O primeiro homem desobedeceu à vontade de Deus, e trouxe sobre si e sobre todos os seus descendentes as consequências da sua desobediência. Aquele estado de comunhão perfeita entre Deus e o homem foi quebrado, formando uma barreira (pecado) entre a criatura e o criador.

O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a redenção.

1. A TENTAÇÃO: Sua possibilidade, origem e sutileza.


(a) A possibilidade da tentação.

O segundo capítulo de Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca do primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as duas árvores, e o primeiro matrimônio.

Menciona especialmente as duas árvores do destino

— a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida.

Essas duas árvores constituem um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a nossos primeiros pais:

"Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida."

E não é esta realmente a essência do Caminho da Vida encontrada através das Escrituras? (Vide Dt 30:15)

Notemos a árvore proibida. Por que foi colocada ali?

Para prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.

(b) A origem da tentação.

"Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito."

É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ez 23:13-17; Is 14:12-15) Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o diabo" (Ap 12:9).

Geralmente Satanás trabalha por meio de agentes.

Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu Mestre da senda do dever, Jesus olhou além de Pedro, e disse, "Para trás de mim, Satanás" (Mt 16:22,23). Neste caso Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus; no Éden empregou a serpente, uma criatura da qual Eva não desconfiava.

(c) A sutileza da tentação.

A sutileza é mencionada como característica distintiva da serpente. (Vide Mt 10:16)

Com grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem caminho a desejos e atos pecaminosos.

Ela começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina. (Gn 2:16, 17)

E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na aproximação.

Ela torce as palavras de Deus (Vide Gn 3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por estarem assim torcidas; dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição.

Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de Deus.

1) Dúvida sobre a bondade de Deus.

Ela diz, com efeito: "Deus está retendo alguma bênção de ti."

2) Dúvida sobre a retidão de Deus.

"Certamente não morrereis." Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".

3) Dúvida sobre a santidade de Deus.

No versículo 5 a serpente diz, com efeito:

"Deus vos proibiu comer da árvore porque tem inveja de vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse dele, para impedir que chegueis a ser semelhantes a ele."

2. A CULPA

Notemos as evidências de uma consciência culpada:

1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus."

Expressão usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino. (Gn 21:19; 2 Rs 6:17)

As palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los semelhantes a Deus, experimentaram um miserável sentimento de culpa que os fez ter medo de Deus.

Notemos que a nudez física é um quadro de uma consciência nua ou culpada.

Os distúrbios emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições.

Alguns comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um sinal da comunhão com Deus e do domínio do espírito sobre o corpo. Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rm 7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.

2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais."

Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).

3) "E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim."

O instinto do homem culpado é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras atividades.

3. O JUÍZO             

(a) Sobre a serpente.

"Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida."

Essas palavras implicam que a serpente outrora foi uma criatura formosa e honrada.

Depois, porque veio a ser o instrumento para a queda do homem, tomou-se maldita e degradada na escala da criação animal.

Uma vez que a serpente foi simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser punida?

Porque é a vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do mal.

O homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a maldição de Deus ferirá todo pecado e maldade.

Arrastando-se no pó recordaria ao homem o dia em que Deus derribará até ao pó, o poder do diabo.

Isso é um estimulo para o homem: Ele, o tentado, está em pé, erguido, enquanto a serpente está sob a maldição.

Pela graça de Deus o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o mal. (Vide Lc 10:18; Rm 16:20; Ap 12:9; 20:1-3, 10)

(b) Sobre a mulher.

"E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará" (Gn 3:16).

Assim disse certo escritor: A presença do pecado tem sido a causa de muito sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais.

O pecado tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a relação matrimonial. Em muitos países a mulher é praticamente escrava do homem; a posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição.

(c) Sobre o homem. (Versos 17-19)

O trabalho para o homem já tinha sido designado (2:15).

O castigo consiste no afã, nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o trabalho.

A agricultura é especificada em particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais necessários.

De alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem) porém estão destinadas a participar da sua redenção. Este é o pensamento de Rm 8:19-23. Em Is 11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio.

Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que o capricho e o pecado humanos têm dificultado de muitas maneiras o labor e provocado as condições de trabalho mais difíceis e mais duras para o homem.

Notemos a pena de morte. "Porquanto és pó, e em pó te tornarás."

O homem foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse a comer da árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com Deus (e dessa maneira vença a morte espiritual) por meio do arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar ao seu Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo, (1 Co 15:54-57) não obstante, certas pessoas, como Enoque, terão o privilégio de escapar da morte física. (Gn 5:24; 1 Co 15:51)

4. A REDENÇÃO

Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três revelações de Deus, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de Deus com o homem.

O Criador, que trouxe tudo à existência (cap. 1)

O Deus do Pacto que entra em relações pessoais com o homem (cap. 2).

O Redentor, que faz provisão para a restauração do homem (cap. 3).

(a) Prometida. (Vide Gn 3:15)

(1) A serpente procurou fazer aliança com Eva contra Deus, mas Deus pois fim a essa aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente (descendentes) e a sua semente." Em outras palavras, haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua queda.

(2) Qual será o resultado desse conflito?

Primeiro, vitória para a humanidade, por meio do Representante do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça." Cristo, a Semente da mulher, veio ao mundo para esmagar o poder do diabo. (Mt 1:23, 25; Lc 1:31-35,76; Is 7:14; Gl 4:4; Rm 16:20; Cl 2:15; Hb 2:14,15; 1 Jo 3:8; 5:5; Ap 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10)

(3) Porém a vitória não será sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o calcanhar."

No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher; mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Is 53:3,4,12; Dn 9:26; Mt 4:1-10; Lc 22:39-14,53; Jo 12:31- 33; 14:30,31; Hb 2:18; 5:7; Ap 2:10)

(b) Prefigurada. (Verso 21)

Deus matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado.

Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma cobertura expiatória para as almas dos homens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POSTAGEM EM DESTAQUE

MISSIOLOGIA / INTRODUÇÃO

MISSIOLOGIA / INTRODUÇÃO A Missiologia estuda a teologia da missão baseada nos fundamentos bíblicos, abordando elementos de espiritual...

Postagens mais visitadas