quarta-feira, 24 de junho de 2020

CRISTOLOGIA - A NATUREZA DE CRISTO II

CRISTOLOGIA - A NATUREZA DE CRISTO II

5. Cristo (título oficial e missão)

(a) A profecia.

"Cristo" é a forma grega da palavra hebraica "Messias", que literalmente significa, "o ungido". A palavra é sugerida pelo costume de ungir com óleo como símbolo da consagração divina para servir. Apesar de os sacerdotes, e às vezes os "Ungido" era particularmente aplicado aos reis de Israel que reinavam como representantes de Jeová. (2 Sm 1:14) Em alguns casos o símbolo da unção era seguido pela realidade espiritual, de maneira que a pessoa vinha a ser, em sentido vital, o ungido do Senhor, (1 Sm 10:1, 6; 16:13) Saul foi um fracassado, porém Davi, que o sucedeu, foi "um homem segundo o coração de Deus", um rei que considerava suprema em sua vida a vontade de Deus e que se considerava como representante de Deus.

Porém, a grande maioria dos reis se apartou do ideal divino e conduziu o povo à idolatria; e até alguns dos reis mais piedosos não estavam sem culpa nesse particular. Sob esse fundo negro, os profetas expuseram a promessa da vinda de um rei da casa de Davi, um rei ainda maior do que Davi. Sobre ele descansaria o Espírito do Senhor com um poder nunca visto (Is 11:1-3; 61:1). Apesar de Filho de Davi, também seria ele o Filho de Jeová, recebendo nomes divinos (Is 9:6, 7; Jr 23:6). Diferente do de Davi, seu reino seria eterno, e sob seu domínio estariam todas as nações. Esse era o Ungido, ou o Messias, ou o Cristo, e sobre ele concentravam-se as esperanças de Israel.

(b) O Cumprimento.

O testemunho constante do Novo Testamento é que Jesus se declarou o Messias, ou Cristo, prometido no Antigo Testamento.

Assim como o presidente deste pais é primeiramente eleito e depois publicamente toma posse do governo, da mesma maneira, Jesus Cristo foi eternamente eleito para ser o Messias e Cristo, e depois empossado publicamente em seu oficio messiânico no rio Jordão.

Assim como Samuel ungiu primeiro a Saul e depois explicou o significado da unção (1 Sm 10:1), da mesma maneira Deus, o Pai, ungiu a seu Filho com o Espírito de poder e sussurrou no seu ouvido o significado da sua unção: "Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo" (Mc 1:11). Em outras palavras: "Tu és o Filho de Jeová, cuja vinda foi predita pelos profetas, e agora te doto de autoridade e poder para a tua missão, e te envio com minha bênção."

As pessoas entre as quais Jesus teria de ministrar esperavam a vinda do Messias, mas infelizmente suas esperanças eram coloridas por uma aspiração política. Esperavam um "homem forte", que fosse uma combinação de soldado e estadista. Seria Jesus esse tipo de Messias?

O Espírito o conduziu ao deserto para debater a questão com Satanás, que astuciosamente lhe sugeriu que adotasse um programa popular e dessa maneira tomasse o caminho mais fácil e curto para o poder. "Concede-lhes seus anelos materiais", sugeriu o Tentador (vide Mt 4:3,4 e Jo 6:14, 15, 26), "deslumbra-os saltando do pináculo do templo (e logicamente ficarás em boas relações com o sacerdócio), faze-te o campeão do povo e conduze-os à guerra." (Vide Mt 4:8, 9 e Ap 13:2, 4)

Jesus sabia que Satanás estava advogando a política popular, a qual era inspirada por seu próprio espírito egoísta e violento. Que esse curso de ação conduziria ao derramamento de sangue e à violência, não havia dúvida. Não! Jesus seguiria a direção do seu Pai e confiaria somente nas armas espirituais para conquistar os corações dos homens, ainda que a senda conduzisse à falta de compreensão, ao sofrimento, e à morte!

Jesus escolheu a cruz. e escolheu-a porque era parte do programa de Deus para sua vida. Ele nunca se desviou dessa escolha, apesar de ser muitas vezes tentado a abandonar o caminho da cruz. (Vide, por exemplo, Mt 16:22)

Escrupulosamente Jesus conservou-se fora de embaraços na situação política contemporânea. Às vezes proibia aos que ele curava de espalharem sua fama, para que seu ministério não fosse mal interpretado como sendo uma agitação popular contra Roma. (Mt 12:15, 16; Vide Lc 23:5) Nessa ocasião seu êxito tornou-se uma acusação contra ele. Recusou-se deliberadamente a encabeçar um movimento popular (Jo 6:15). Proibia a proclamação pública de seu caráter messiânico, como também o testemunho de sua transfiguração para que não suscitassem esperanças falsas entre o povo. (Mt 16:20; 17:9) Com sabedoria infinita, escapou a uma hábil armadilha que o desacreditaria entre o povo como "traidor da nação", ou, por outro lado, que o envolveria em dificuldades com o governo romano. (Mt 22:15-21)

Em tudo isso o Senhor Jesus cumpriu a profecia de Isaías que o Ungido de Deus seria proclamador da verdade divina, e não um violento agitador, nem um que buscasse seu próprio bem, nem que excitasse a população (Mt 12:16-21), como o faziam alguns dos falsos messias que o precederam e outros que posteriormente surgiram. (Jo 10:8; At 5:36; 21:38) Ele evitou fielmente os métodos carnais e seguiu os espirituais, de maneira que Pilatos, representante de Roma, pôde testificar: " não acho culpa alguma neste homem."

Observamos que Jesus começou seu ministério entre um povo que tinha a verdadeira esperança de um Messias, tendo porém um conceito errôneo de sua Pessoa e obra. Sabendo disso, Jesus não se proclamou no princípio como Messias (Mt 16:20) porque sabia que isso seria um sinal de rebelião contra Roma.

Ele, de preferência, falava do Reino, descrevendo seus ideais e sua natureza espiritual, esperando inspirar no povo uma fome por esse reino espiritual, que por sua vez os conduziria a desejar um Messias espiritual. E seus esforços neste sentido não foram inteiramente infrutíferos, pois João, o apóstolo, nos diz (capítulo 1) que desde o princípio houve um grupo espiritual que o reconhecia como Cristo. Também, de tempos em tempos ele se revelava a indivíduos que estavam preparados espiritualmente. (Jo 4:25, 26; 9:35-37)

Porém, a nação em geral não entendia a conexão entre o seu ministério espiritual e o pensamento do Messias. Admitiam livremente que ele fosse um Mestre capaz, um grande pregador, e ainda um profeta (Mt 16:13, 14); mas certamente, não um que pudesse encabeçar um programa econômico, militar e político — como julgavam coubesse ao Messias fazer.

Mas por que culpar o povo de uma expectação tal ? Em verdade, Deus havia prometido restabelecer um reino terrena. (Zc 14:9-21; Am 9:11-15; Jr 23:6-8) Certamente, mas antes desse evento, deveria operar-se uma purificação moral e uma regeneração espiritual da nação. (Ez 36:25-27; vide Jo 3:1-3) E tanto João Batista, como Jesus, esclareceram que a nação, na condição em que se encontrava, não estava preparada para participar desse reino. Daí a exortação: "Arrependei-vos: porque é chegado o reino dos céus." Mas enquanto as palavras "reino dos céus" comoviam profundamente o povo, as palavras "arrependei-vos" não lhes causaram boa impressão. Tanto os chefes (Mt 21:31, 32) como o povo (Lc 13:1-3; 19:41-44) se recusaram a obedecer às condições do reino e conseqüentemente perderam os privilégios do reino. (Mt 21:43)

Mas Deus onisciente havia previsto o fracasso de Israel (Is 6:9,10; 53:1; Jo 12:37-40), e Deus Todo-poderoso o tinha dirigido para o fomento de um plano até então mantido em segredo. O plano era o seguinte: a rejeição por parte de Israel daria a Deus a oportunidade de tomar um povo escolhido de entre os gentios (Rm 11:11; At 15:13,14; Rm 9:25,26), que, juntamente com os crentes judeus, constituiriam um grupo conhecido como a Igreja. (Ef 3:4-6) Jesus mesmo deu a seus discípulos um vislumbre desse período (a época da igreja) que sucederia entre seus adventos primeiro e segundo, chamando essas revelações "mistérios" porque não foram reveladas aos profetas do Antigo Testamento. (Mt 13:11-17)

Certa ocasião a inabalável fé demonstrada por um centurião gentio contrastada com a falta de fé em muitos israelitas trouxe à sua inspirada visão o espetáculo de gentios de todas as terras entrando no reino que Israel havia rejeitado. (Mt 8:10-12)

A crise prevista no deserto havia chegado, e Jesus se preparou para dar tristes noticias a seus discípulos. Começou com muito tato a fortalecer-lhes a fé com testemunho divinamente inspirado acerca do seu caráter messiânico, testemunho dado pelo apóstolo Pedro. Então fez uma surpreendente predição (Mt 16:18,19), que se pode parafrasear da seguinte maneira: "A congregação de Israel (ou "igreja", At 7:38) rejeitou-me como seu Messias, e seus chefes realmente vão excomungar-me a mim, que sou a verdadeira pedra angular da nação. (Mt 21:42) Mas por isso, não fracassará o plano de Deus porque eu estabelecerei outra congregação ("igreja"), composta de  homens como tu, Pedro (1 Pe 2:4-9), que crerão na minha Deidade e caráter messiânico. Tu serás dirigente e ministro dessa congregação, e teu será o privilégio de abrir-lhe as portas com a chave da verdade do Evangelho, e tu e teus irmãos administrareis os seus negócios." Então Cristo fez um anúncio que os discípulos não compreenderam inteiramente, senão depois de sua ressurreição (Lc 24:25-48); isto é, que a cruz era parte do programa de Deus para o Messias. "Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito às mãos dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia" (Mt 16:21).

No devido tempo a horrenda profecia foi cumprida. Jesus poderia ter escapado à morte, negando a sua Deidade; poderia ter sido absolvido negando que fosse rei; porém, ele persistiu em seu testemunho e morreu numa cruz que levava a inscrição: ESTE É O REI DOS JUDEUS. Mas o Messias sofredor (Is 53:7-9) ressurgiu dentre os mortos (Is 53:10,11), e, como Daniel havia previsto, ascendeu à destra de Deus (Dn 7:14; Mt 28:18), de onde virá para julgar os vivos e os mortos.

Depois desse exame dos ensinos do Antigo e Novo Testamentos, temos elementos para declarar a definição completa do título "Messias"; a saber, aquele a quem Deus autorizou para salvar a Israel e às nações do pecado e da morte, e para governar sobre eles como Senhor de suas vidas e Mestre. Que semelhante afirmação implica deidade é compreendido por pensadores judeus, se bem que para eles isso constitui um escândalo. Claude Montefiore, notável erudito judeu, disse: Se eu pudesse crer que Jesus era Deus (isto é, Divino), então obviamente ele seria meu Mestre. Porque o meu Mestre — o Mestre do judeu moderno, é, e só pode ser Deus.        

6. Filho de Davi (linhagem real).

Esse título é equivalente a "Messias", pois uma qualidade importante do Messias era sua descendência davídica.

(a) A Profecia.

Como recompensa por sua fidelidade, a Davi foi prometida uma dinastia perpétua (2 Sm 7:16), a à sua casa foi dada uma soberania eterna sobre Israel. Esta foi a aliança davídica ou a do trono. Data desse tempo a esperança de que, acontecesse o que acontecesse à nação, no tempo assinalado por Deus apareceria um rei pertencente ao trono e à linhagem de Davi. Em tempos de aflição os profetas relembravam ao povo essa promessa, dizendo-lhe que a redenção de Israel, e das nações, estava ligada com a vinda de um grande Rei da casa de Davi. (Jr 30:9; 23:5; Ez 34:23; Is 55:3,4; Sl 89:34-37)

Notemos particularmente Is 11:1, que pode ser traduzido como segue: "Porque brotará rebento do trono de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará". Em Is 10:33,34, a Assíria, a cruel opressora de Israel, é comparada a um cedro cujo tronco nunca brota renovos, mas apodrece lentamente. Uma vez cortada, essa árvore não tem futuro. E assim é descrita a sorte da Assíria, a qual, há muito, desapareceu do palco da história. A casa de Davi, por outro lado, é comparada a uma árvore que terá novo crescimento do tronco deixado no solo. A profecia de Isaías é como segue: A nação judaica será quase destruída, e a casa de Davi cessará como casa real — será cortada junto à raiz. Entretanto, desse tronco sairá um renovo; das raízes desse tronco sairá um ramo — o Rei-Messias.

(b) O cumprimento.

Judá foi levado ao cativeiro, e desse cativeiro voltou sem rei, sem independência, para ficar subjugado, sucessivamente, pela Pérsia, Grécia, Egito, Síria, e, depois de um breve período de independência, por Roma.

Durante esses séculos de sujeição aos gentios, houve tempo de desalento quando o povo voltava seu pensamento às glorias passadas do reino de Davi e exclamava como o Salmista: "Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades que juraste a Davi pela tua verdade?" (Sl 89:49)

Os judeus nunca perderam a esperança. Reunidos ao redor do fogo da profecia Messiânica, fortaleciam seus corações e esperavam pacientemente pelo Filho de Davi. Não foram desapontados. Séculos depois da casa de Davi haver cessado, um anjo apareceu a uma jovem judia e disse:

"E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome JESUS. Este será grande, e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e reinará eternamente na casa de Jacó, e seu reino não terá fim" (Lc 1:31-33. Vide Is 9:6, 7).

Assim um Libertador se levantou na casa de Davi. Em um tempo quando a casa de Davi parecia estar reduzida a seu estado mais decadente e quando os herdeiros vivos eram um humilde carpinteiro e uma simples donzela, então, por milagrosa ação de Deus, o Ramo brotou do tronco e cresceu tornando-se uma poderosa árvore que tem provido proteção para um sem-número de povos e nações.

O seguinte é a substância da aliança davídica, como é interpretada pelos inspirados profetas: Jeová desceria para salvar o seu povo, no tempo em que haveria na terra um descendente da família de Davi, pelo qual Jeová resgataria e posteriormente governaria o seu povo. Que Jesus era esse filho de Davi manifesta-se pelo anúncio feito ao tempo de seu nascimento, por suas genealogias (Mt 1 e Lc 3), pelo fato de ter ele aceitado esse título quando lhe foi atribuído (Mt 9:27; 20:30,31; 21:1-11), e pelo testemunho dos escritores do Novo Testamento. (At 13:23; Rm 1:3; 2 Tm 2:8; Ap 5:5; 22:16)

Mas o título "Filho de Davi", não era uma descrição completa do Messias, porque acentuava principalmente a sua ascendência humana. Por isso o povo, ignorando as Escrituras que falavam da natureza divina de Cristo, esperava um Messias humano que seria um segundo Davi.

Em certa ocasião Jesus procurou elevar os pensamentos dos chefes sobre esse conceito incompleto. (Mt 22:42-46) "Que pensais vos de Cristo (isto é, do Messias)? Ele perguntou: "de quem é filho?" Os fariseus naturalmente responderam: "é filho de Davi." Então Jesus, citando o Sl 110:1, perguntou: "Se Davi lhe chama Senhor, como é ele seu filho?" Como pode o Senhor de Davi ser filho de Davi? — foi a pergunta que confundiu os fariseus.

A resposta naturalmente é: O Messias é tanto Senhor como filho de Davi. Pelo milagre do nascimento virginal, Jesus nasceu de Deus e também de Maria; ele era desse modo o Filho de Deus e Filho do homem. Como Filho de Deus ele é Senhor de Davi; como filho de Maria ele é filho de Davi.

O Antigo Testamento registra duas grandes verdades messiânicas. Alguns trechos declaram que o Senhor mesmo virá do céu para resgatar o seu povo (Is 40:10; 42:13; Sl 98:9); outros esclarecem que da família de Davi se levantaria um libertador. Essas duas vidas completam-se na aparição da pequena criança em Belém, a cidade de Davi. Foi então que o Filho do Altíssimo nasceu como filho de Davi. (Lc 1:32)

Notemos como em Is 9:6,7, combinam-se a natureza divina e a descendência davídica do Rei vindouro. O título mencionado aqui — "Pai da eternidade" — tem sido mal interpretado por alguns, que dele deduzem não haver Trindade, afirmando erroneamente que Jesus é o Pai e que o Pai é Jesus. Um conhecimento da linguagem do Antigo Testamento evitaria esse erro.

Naqueles dias um regente que governava sábia e justamente, era descrito como um "pai" para seu povo. Por isso, o Senhor, falando por meio de Isaias, diz acerca de um oficial: "E ser como pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá. E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro" (Is 22:21, 22).

Note-se a semelhança com Is 9:6,7 e vide Ap 3:7. Esse título foi aplicado a Davi, conforme se vê na aclamação do povo na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém: "Bendito o reino do nosso pai Davi" (Mt 11:10).

Eles não queriam dizer que Davi fosse seu antecessor, pois nem todos descendiam da sua família; e naturalmente não o chamariam de Pai celestial. Davi é descrito como "pai" porque, como o rei segundo o coração de Deus, foi o verdadeiro fundador do reino israelita (já que Saul foi um malogrado) ampliando suas fronteiras de 9.600 para 96.000 quilômetros quadrados. De igual maneira muitas vezes se refere a George Washington como o "Pai dos Estados Unidos da América". O "pai" Davi era humano, e morreu; seu reino foi terrena, e com o tempo se desintegrou. Mas, de acordo com Is 9:6,7, o descendente de Davi, o Rei-Messias, seria divino, e seu reino seria eterno. Davi foi um "pai" temporário para seu povo; o Messias será um Pai eterno (imortal, divino, imutável), para todo o povo — assim destinado por Deus, o Pai. (Sl 2:6-8; Lc 22:29)

7. Jesus (obra salvadora).

O Antigo Testamento ensina que Deus mesmo é a Fonte da salvação: Ele é o Salvador e Libertador de Israel. "A salvação vem de Deus."

Ele livrou o seu povo da servidão do Egito, e daquele tempo em diante Israel soube, por experiência, que ele era o Salvador. (Sl 106:21; Is 43:3,11; 45:15,22; Jr 14:48)

Mas Deus age por meio de seus instrumentos; portanto, lemos que ele salvou Israel por meio do misterioso "anjo da sua face" (Is 63:9). Às vezes foram usados instrumentos humanos; Moisés foi enviado para libertar Israel da servidão; de tempos em tempos foram levantados juízes para socorrer Israel. "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos" (Gl 4:4,5).

Ao entrar no mundo, ao Redentor foi dado o expressivo nome da sua missão suprema: "E chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1:21).

Os primeiros pregadores do Evangelho não precisaram explicar aos judeus o significado do nome "Salvador"; já tinham aprendido o fato pela sua própria história. (At 3:26; 13:23) Eles entenderam a mensagem, mas recusaram-se a crer.

Crucificado, Cristo cumpriu a missão indicada pelo seu nome, Jesus, pois salvar o povo dos seus pecados implica expiação, e expiação implica morte. Como na sua morte, assim também durante a vida, ele viveu à altura do seu nome. Foi sempre o Salvador. Em toda a Palestina muita gente podia testificar: "Eu estava preso pelo pecado, mas Jesus me libertou." Maria Madalena podia dizer: "Ele me libertou de sete demônios." Aquele que outrora fora paralítico, também podia testificar: "Ele perdoou os meus pecados."


A NATUREZA HUMANA E DIVINA DE CRISTO

A NATUREZA DE CRISTO

O ponto máximo de nossa fé repousa no fato de Jesus ser realmente Deus em carne humana, e não simplesmente um homem extraordinário, apesar de ser a pessoa mais incomum que já existiu.

A NATUREZA HUMANA DE CRISTO

1) Ascendência Humana

2) Feito de Mulher (Gl 4:4).

"Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos." Gl 4:4,5

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NATURAIS:

Vigor Físico (Lc 2:52).

Faculdades Mentais (Lc 2:40).

APARÊNCIA PESSOAL (Jo 4:9).

NATUREZA HUMANA COMPLETA:

Corpo (Mt 26:12). 

Alma (Mt 26:38). 

Espírito (Lc 23:46).

LIMITAÇÕES HUMANAS:

LIMITAÇÕES FÍSICAS:

Fadiga (Jo 4:6; Is 40:28). Sono (Mt 8:24; Sl 121:4,5). Fome (Mt 21:18). Sede (Jo 19:28). Sofrimento e Dor (Lc 22:44). Sujeição à Morte (I Co 15:3)

LIMITAÇÕES INTELECTUAIS:

Precisava Crescer em Conhecimento (Lc 2:52). Precisava Adquirir Conhecimento pela Observação (Mc 11:13). Possuía Conhecimento Limitado (Mc 13:32).

LIMITAÇÕES ESPIRITUAIS:

Dependia das Orações (Mc 1:35). Dependia do Espírito Santo (At 10:38; Mt 12:28).

NOMES HUMANOS:

Jesus (Mt 1:21).

Filho do Homem (Lc 19:10).

O Nazareno (At 2:22).

O Profeta (Mt 21:11).

O Carpinteiro (Mc 6:3).

O Homem (Jo 19:5; I Tm 2:5).

RELAÇÃO HUMANA COM DEUS:

Como Mediador e Sacerdote; Como representante da humanidade Jesus falava com Deus (Mc 15:34).

Kenosis: Auto esvaziamento de Jesus Cristo, uma auto renúncia dos atributos divinos. Jesus pôs de lado a forma de Deus, mas ao fazê-lo não se despiu de Sua natureza divina; não houve auto extinção. Também o Ser divino não se tornou humano; Sua personalidade continuou a mesma, e reteve a consciência de ser Deus (Jo 3:13). O propósito da kenosis foi a redenção. Na kenosis Jesus deixou o uso independente do Seu poder para depender do Espírito Santo.

A NATUREZA DIVINA DE CRISTO

NOMES DIVINOS

Deus (Jo 1:1; Jo 1:18 (ARA); Jo 20:28; Rm 9:5; Tt 2:13; Hb 1:8).

Filho de Deus (Mt 8:29; 16:16; 27:40; Mc 14:61,62; Jo 5:25; 10:36

Alfa e Ômega (Ap 1:8,17; 22:13; Is 44:6).

O Santo (At 3:14; Is 41:14; Os 11:9)

Pai da Eternidade e Maravilhoso (Is 9:6; Jz 13:18).

Deus Forte (Is 9:6; Is 10:21).

Senhor da Glória (I Co 2:8; Tg 1:21; Sl 24:8-10).

Senhor (At 9:17; 16:31; Lc 2:11; Rm 10:9; Fp 2:11).

O termo "Senhor" em grego é Kurios, e significa Chefe superior, Mestre, e como tal era empregado à pessoas humanas, aos imperadores de Roma. Entretanto eles eram considerados deuses, e somente à eles era permitido aplicar este título, no sentido de divindade (At 2:36; II Co 4:5; Ef 4:5; II Pe 2:1; Ap 19:16).

PELO CULTO DIVINO QUE LHE É ATRIBUÍDO

Somente Deus pode ser adorado (Mt 4:10). Jesus aceitou e não impediu Sua adoração (Mt 14:33; Lc 5:8; 24:52).

O Pai deseja que o Filho seja adorado (Hb 1:6; Jo 5:22,23; compare Is 45:21-23 com Fp 2:10,11). A Igreja primitiva o adorou e orava Ele (At 7:59,60; II Co 12:8-10).

PELOS OFÍCIOS DIVINOS QUE LHE FORAM ATRIBUÍDOS

Criador (Jo 1:3; Hb 1:8-10; Cl 1:16).

Preservador (Cl 1:17).

Perdoador de pecados (Mc 2:5,7,11; Lc 7:49).

Jesus é Jeová Encarnado - (Compare Is 40:3,4 com Jo 1:23; Is 8:13,14 com I Pe 2:7,8 e At 4:11; I Pe 2:6 com Is 28:16 e Sl 118:22; Nm 21:6,7 com I Co 10:9 (ARA = Senhor; ARC = Cristo; no grego = Criston); Sl 102:22-27 com Hb 1:10-12; Is 60:19 com Lc 2:32; Zc 3:1,2).

Pela associação de Jesus, o Filho, com o nome de Deus Pai - (II Co 13:14; I Co 12:4-6; I Ts 3:11; Rm 1:7; Tg 1:1; II Pe 1:1; Ap 7:10; Cl 2:2; Jo 17:3; Mt 28:19).

ATRIBUTOS DIVINOS

ATRIBUTOS DE NATUREZA

Onisciência (Jo 1:47-51; 4:16-19,29; 6:64; 16:30; 8:55; Jo 10:15; 21:6,17; Mt 11:27; 12:25; 17:27; Cl 2:3).

Onipresença (Jo 3:13; 14:23 Mt 18:20; 28:20; Ef 1:23).

Onipotência (Mt 8:26,27; 28:28; Hb 1:3; Ap 1:8).

Eternidade (Jo 8:58; 17:5,24; Cl 1:17; Hb 1:8; 13:8; Ap 1:8; Is 9:6; Mq 5:2).

Vida (Jo 10:17,18; 11:25; 14:6).

Imutabilidade (Hb 1:11; 13:8; Sl 102:26,27).

Auto Existência (Jo 1:1,2).

Espiritualidade (II Co 3:17,18).

ATRIBUTOS MORAIS

SANTIDADE (At 3:14; 4:27; Jo 8:12; Lc 1:35; Hb 7:26; I Jo 1:5; Ap 3:7; 15:4; Dn 9:24).

BONDADE (Jo 10:11,14; I Pe 2:3; II Co 10:1)

VERDADE (Mt 22:16; Jo 1:14; 14:6; Ap 19:11; 3:7; I Jo 5:20).

TÍTULOS DADOS IGUALMENTE A DEUS PAI E A JESUS CRISTO

DEUS:

Deus Pai (Dt 4:39; II Sm 7:22; I Rs 8:60; II Rs 19:15; I Cr 17:20; Sl 86:10; Is 45:6;46:9; Mc 12:32)

Jesus Cristo (Compare Is 40:3 com Jo 1:23 e 3:28; Sl 45:6,7 com Hb 1:8,9; Jo 1:1; Rm 9:5; Tt 2:13; I Jo 5:20).

ÚNICO DEUS VERDADEIRO:

Deus Pai (Jo 17:3)

Jesus Cristo (I Jo 5:20).

DEUS FORTE:

Deus Pai (Ne 9:32)

Jesus Cristo (Is 9:6).

DEUS SALVADOR:

Deus Pai (Is 45:15,21; Lc 1:47: Tt 3:4)

Jesus Cristo (II Pe 1:1; Tt 2:13; Jd 25)

JEOVÁ:

Deus Pai (Êx 3:15)

Jesus Cristo (Compare Is 40:3 com Mt 3:3 e Jo 1:23).

JEOVÁ DOS EXÉRCITOS:

Deus Pai (I Cr 17:24; Sl 84:3; Is 51:15; Jr 32:18; 46:18)

Jesus Cristo (Compare Sl 24:10 e Is 6:1-5 com Jo 12:41; Is 54:5).

SENHOR:

Deus Pai (Mt 11:25; 21:9; 22:37; Mc 11:9; 12:29; Rm 10:12; Ap 11:15),

Jesus Cristo (Lc 2:11; Jo 20:28; At 10:36; I Co 2:8; 8:6; 12:3,5; Fp 2:11; Ef 4:5).

ÚNICO SENHOR:

Deus Pai (Mc 12:29; Dt 6:4)

Jesus Cristo (I Co 8:6; Ef 4:5).

JEOVÁ E SALVADOR, SENHOR E SALVADOR:

Deus Pai (Is 43:11; 60:16; Os 13:4)

Jesus Cristo (II Pe 1:11; 2:20; 3:18).

SALVADOR:

Deus Pai (Is 43:3,11; 60:16; I Tm 1:1; 2:3; Tt 1:3; 2:10; 3:4; Jd 25)

Jesus Cristo (Lc 1:69; 2:11; At 5:31; Ef 5:23; Fp 3:20; II Tm 1:10; Tt 1:4; 3:6).

ÚNICO SALVADOR:

Deus Pai (Is 43:11; Os13:4)

Jesus Cristo (At 4:12; I Tm 2:5,6).

SALVADOR DE TODOS OS HOMENS E DO MUNDO :

Deus Pai (I Tm 4:10)

Jesus Cristo (I Jo 4:14).

O SANTO DE ISRAEL:

Deus Pai (Sl 71:22; 89:18; Is 1:4; Is 45:11)

Jesus Cristo (Is 41:14; 43:3; 47:4; 54:5).

REI DOS REIS, SENHOR DOS SENHORES:

Deus Pai (Dt 10:17; I Tm 6:15,16)

Jesus Cristo (Ap 17:14; 19:16).

EU SOU:

Deus Pai (Êx 3:14)

Jesus Cristo (Jo 8:58).

O PRIMEIRO E O ÚLTIMO:

Deus Pai (Is 41:4; 44:6; 48:12)

Jesus Cristo (Ap 1:11,17; 2:8; 22:13).

O ESPOSO DE ISRAEL E DA IGREJA:

Deus Pai (Is 54:5; 62:5; Jr 3:14; Os 2:16)

Jesus Cristo (Jo 3:9; II Co 11:2; Ap 19:7; 21:9).

O PASTOR:

Deus Pai (Sl 23:1)

Jesus Cristo (Jo 10:11,14; Hb 13:20).

OBRAS ATRIBUÍDAS IGUALMENTE A DEUS E A JESUS CRISTO

CRIOU O MUNDO E TODAS AS COISAS:

Deus Pai (Ne 9:6; Sl 146:6; Is 44:24; Jr 27:5; At 14:15; 17:24)

Jesus Cristo (Sl 33:6; Jo 1:3,10; I Co 8:6; Ef 3:9; Cl 1:16; Hb 1:2,10).

SUSTENTA E PRESERVA TODAS AS COISAS:

Deus Pai (Sl 104:5-9; Jr 5:22; 31:35)

Jesus Cristo (Cl 1:17; Hb 1:3; Jd 1)

RESSUSCITOU CRISTO:

Deus Pai (At 2:24; Ef 1:20)

Jesus Cristo (Jo 2:19; 10:18).

RESSUSCITOU MORTOS:

Deus Pai (Rm 4:17; I Co 6:14; II Co 1:9;4:14)

Jesus Cristo (Jo 5:21,28,29; 6:39,40,44,54; 11:25; Fp 3:20,21).

É O AUTOR DA REGENERAÇÃO:

Deus Pai (I Jo 5:18)

Jesus Cristo (I Jo 2:29).

A UNI-PERSONALIDADE DE JESUS CRISTO

Ficou provado que Jesus Cristo possui duas naturezas, a divina e a humana. No entanto, embora tenha duas naturezas, Ele não possui duas personalidades ou Pessoas, sendo uma Pessoa divina e outra humana, mas uma só e apenas uma. Jesus Cristo é uma só Pessoa em duas naturezas distintas, porém unidas.

Mas, infelizmente, ao longo do tempo surgiram falsas teorias sobra a união hipostática de Jesus. Essas falsas teorias geram diversos movimentos heréticos, dentre os quais podemos citar:

DOCETISMO - Crença de que se a matéria é má, logo Cristo não podia ter um corpo humano. O homem Jesus, era na verdade, uma sombra ou um fantasma, com a aparência de um corpo material, ou Cristo tomou o corpo humano de Jesus apenas por pouco tempo, entre o batismo do homem Jesus, e o começo de seu sofrimento na cruz.

O docetismo leva esse nome por causa do verbo grego dokéo que significa "parecer, passar por". Sua tese central é que Jesus só parecia ser homem.

EBIONISMO - Nega a preexistência, divindade e encarnação de Cristo. Jesus seria apenas o homem escolhido que viveu mais elevada mente, e, ao ser batizado, recebeu o Espírito Santo e conscientizou-se de que era o Messias.

NESTORIUS - Afirma haver duas pessoas distintas no Cristo. Jesus seria somente um homem, “super-habitado- cheio” do Espírito Santo.

CERENTIANISMO - Afirma que Cristo ganhou a divindade na imersão e perdeu-a antes de morrer.

APOLINARISMO - Afirma que Cristo teve corpo real (animal), mas não tinha espírito nem mente humana. O Logos veio preencher o lugar deles tornando Jesus dividido em homem (imperfeito) “folheado” da divindade. Portanto, Jesus não possuía uma vontade humana.

Por conseguinte, não podia pecar, pois sua pessoa era totalmente controlada por sua alma divina. Consequentemente, a doutrina apolinarista foi condenada no Concílio de Constantinopla em 381.

JEOVISMO - Jesus é o Deus Jeová Encarnado, Cl 1:19; 2:9, 100 % Homem (I Tm 2:5) e 100 % Divino (Ap 1:8).

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