HOMILÉTICA - OBJETIVIDADE DO SERMÃO, TÍTULO, TEXTO, INTRODUÇÃO, TEMA E
SENTENÇAS
Uma
boa mensagem é objetiva desde o começo até o fim, ou seja, um bom sermão
obedece a um tema desde a introdução até a conclusão. Podemos esboçar esta
objetividade com a seguinte ilustração: Certa senhora possui um passarinho de
estimação e um gato travesso está preste a pegá-lo. Seu filho vê a cena lhe
transmite o fato com as seguintes palavras: “Mamãe, um gato pulou em cima da
janela e vai pegar o passarinho na gaiola!” Vejamos a eficiência da expressão
do menino:
1.
Atraiu a atenção da mãe para aquilo que estava falando.
2.
Levou a mãe a tomar uma atitude (No caso, em defesa do pássaro).
3.
Falou pouco, mas falou objetivamente.
Ser
objetivo, atrair a atenção dos ouvintes e levá-los a tomar uma posição com
relação ao propósito da mensagem, é essencial a todo bom pregador. Um sermão
objetivo, bem dividido e bem preparado, ajuda tanto ao pregador quanto ao
público. As melhores mensagens nunca são esquecidas. Tem pessoas que lembram de
mensagens que foram pregadas há vários anos atrás. Estas mensagens de alguma
forma ou de outra, lhes atraíram a atenção.
Todo
pregador que se preza não sobe no púlpito sem um pedaço de papel com suas
anotações para serem lembradas no momento certo. Neste papel deve constar toda
a divisão do sermão, ao qual chamamos de esboço. Geralmente, um esboço de
mensagem consta do seguinte:
TÍTULO
(Texto)
PROPOSIÇÃO
Sentença Interrogativa
Sentença De Transição
I.
PRIMEIRO SUBTÍTULO
1.
Primeira subdivisão
2.
Segunda subdivisão
Sentença
De Transição
II.
SEGUNDO SUBTÍTULO
1.
Primeira subdivisão
2.
Segunda subdivisão
Sentença
De Transição
III.
TERCEIRO SUBTÍTULO
1.
Primeira subdivisão
2.
Segunda subdivisão
CONCLUSÃO
OBS:
A quantidade de SUBTÍTULOS vai depender exclusivamente da mensagem do pregador,
pois uma mensagem pode ter tanto um subtítulo, quanto vários (dois, três,
quatro, etc).
TÍTULO
O
pregador não deve se preocupar com o título no início do preparo de seu sermão,
pois geralmente o título, assim como a introdução, é um dos últimos itens a ser
preparado.
CARACTERÍSTICAS
DO TÍTULO
1.
O título deve ser interessante e atraente a fim de despertar a atenção dos
ouvintes. Para ser interessante ele deve relacionar-se as situações específicas
e às necessidades das pessoas que ouvem o sermão.
2.
O título deve ter relação com o tema do sermão o u com o texto bíblico.
3.
O título deve ser decente e digno. Devem ser evitados títulos rudes que ofendem
e causam apatia.
4.
O título deve ser preferencialmente breve.
5.
O título pode ser uma citação breve de um texto bíblico.
Uma
vez com o texto na mão, é evidente que se terá de falar sobre um determinado
assunto, e, se já sabemos sobre o quê vamos falar, então é necessário que se dê
um título ao assunto proposto. O público precisa saber sobre o quê vai ouvir. O
fato de se dar um título a mensagem, ajuda ao pregador a não se perder na
pregação, pois, vira e volta, ele pode citar o título e voltar ao assunto que
começou, mantendo as sim também os ouvintes com o pensamento fixo em sobre o
quê está voltada à mensagem. O título faz o público obedecer logo de início a
linha de pensamento do pregador, e facilita a compreensão para se entender
aonde o pregador quer chegar.
O
título pode ser extraído das próprias palavras d o texto ou simplesmente ser
inspirado nele. Exemplo: em João 11:15 há um título sugestivo nas próprias
palavras do texto: “PARA QUE POSSAIS CRER”. A mensagem aqui poderia ser
abordada com os seguintes tópicos:
TÍTULO:
PARA QUE POSSAIS CRER (Jo 11:15)
I)
Devido o testemunho de Jesus
II)
Devido o testemunho do cumprimento das Escrituras
III)
Devido o testemunho da igreja em todos os tempos
Em
Mt 28:7 encontramos a expressão “IDE, POIS DEPRESSA”, que sugere um ótimo tema.
A mensagem aqui poderia apresentar o aspecto de que devemos anunciar o
Evangelho porque o mundo, para ser salvo, depende de ouvir a verdade, e
enquanto não ouve, vai sucumbindo em pecados, não estando preparado para o dia
do juízo. Observamos então que o tema pode ser tirado das próprias palavras do
texto , porém, podemos também criar um tema para o texto com as nossas próprias
palavras e criatividade.
Exemplo:
Na passagem de Mateus 27:20-26, lemos que o povo tinha que se decidir pela
libertação de Jesus Cristo ou Barrabás, e acabou optando pela libertação do
criminoso. Em vez de extrairmos o tema das palavras contidas no texto,
poderíamos criar o seguinte título para um sermão bem interessante: “A ESCOLHA
DAS TRE VAS”. Traríamos ao público uma profunda mensagem sobre a escolha errada
que muitos ainda estão fazendo.
TEXTO
É
normal vermos pregadores lerem um texto com uma infinidade de versículos (um
texto deste tamanho), e pregar sobre tantos assuntos diferentes, que após
variar tanto o rumo do assunto em que começou a mensagem, que nem ele e nem o
público sabem, no final das contas, aonde se quis chegar com o texto e com a
pregação. Uma pregação cheia de variações de assuntos não deixa o público
captar uma linha de pensamento dentro da mensagem. O erro acima é o de querer
um texto grande com suas variedades de assuntos. Outro tipo de erro comum é
aquele cometido por certo pregador que leu os trinta e seis versículos do
capítulo três do Evangelho de João, e em seguida disse: “Agora, meus irmãos,
vamos falar sobre João 3:16". O quê ocasionou tal pregador? Simplesmente
gastou ou perdeu tempo. Cansou o público e não aproveitou quase nada do que
leu. O quê seria correto fazer? Ora, se o quê ele iria pregar estava contido em
João 3:16, então deve ria ter ignorado os outros trinta e cinco versículos.
Naturalmente, existem mensagens que estão contidas em textos com vários
versículos, tais como as parábolas ou outras passagens semelhantes. O pregador
deve então ler somente o necessário aonde irá basear sua mensagem, obviamente,
conhecendo o contexto da passagem (as partes antes e depois dos versículos que
escolheu para pregar).
INTRODUÇÃO
A
introdução, também chamada de exórdio, deve também ser elaborada por último,
como acontece com o título. Deve ficar claro que a introdução não é o mesmo que
as preliminares que os pregadores costumam proclamar. As preliminares consistem
de observações gerais que não se relacionam com o sermão. Geralmente é uma
apresentação do pregador ou um testemunho para que este seja conhecido do povo.
A
introdução é o processo pelo qual o pregador procura conduzir a mente dos
ouvintes para o tema de sua mensagem. Na introdução o pregador procura prender
a atenção dos ouvintes acerca do tema que pretende proclamar.
CARACTERÍSTICAS
DA INTRODUÇÃO
1.
Deve despertar o interesse dos ouvintes.
2.
Deve Ser Breve.
Esta
parte é bem simples, mas também exige arte e técnica por parte do pregador. A
introdução se resume em falar em poucas palavras sobre o que irá tratar a
mensagem. O pregador precisa logo de início ganhar a atenção do público, e para
isso, nada melhor do que começar a mensagem com uma boa introdução. A
introdução poderá ser feita de duas maneiras básicas:
a)
Pode-se começar um sermão com uma ilustração extraída da história, da ciência,
da experiência pessoal do pregador ou de qualquer outra fonte.
b)
Pode-se começar um sermão com um resumo dos tópicos, quando não se tem uma
ilustração apropriada como introdução.
Um
começo bem interessante na mensagem faz o prega dor ser eficaz logo de início.
Porém, o que chamamos, de interessante na introdução do sermão, é uma
ilustração que tenha estreita relação com o tema. Quando se usa uma ilustração
para começar uma mensagem, esta ilustração terá que enfatizar o tema sobre o
qual irá girar a mensagem.
Exemplos
De Introdução Com Ilustrações:
1)
Certo pregador começou assim sua mensagem : “O Imperador Teodósio, por ocasião
de uma anistia política, determinou que muitos presos fossem libertados. Tendo
assim, aberto os cárceres, disse: ‘E agora, provera Deus que eu pudesse abrir
todos os túmulos e dar vida aos mortos’. Irmãos, aquilo que era impossível para
o Imperador Teodósio não o é, para Jesus, que disse que a terra e o mar dariam
seus mortos no último dia. Todos pelo Seu poder serão ressuscitados, uns para
condenação eterna, e outros para a vida eterna. Este é nosso tema hoje: A
ressurreição em Cristo Jesus.
2)
Um pregador fez esta introdução à sua mensagem: “Certo homem era encarregado de
todas as noites acender determinado farol para que os navegantes que por ali
passassem pudessem ver os grandes recifes, e assim se desviar deles. Uma bela
noite encontrava-se embriagado e dormiu se esquecendo da importância que era
manter aquele farol aceso durante as noites. O resultado trágico foi visto pela
manhã: Os vários corpos que boiavam mortos devido ao choque entre o pequeno
navio que por ali passava na noite anterior e os grandes recifes existentes
ali. Este fato ocorrera devido a luz do farol não ter brilhado naquela noite.
Um poeta cristão, sobrevivente daquele naufrágio, escreveu as linhas do
conhecido hino: “Resplandeçam vossas luzes através do escuro mar” – Irmãos,
somos encarregados de brilhar para o mundo, pois nas trevas do pecado muitas
almas estão perecendo. Jesus disse: “Vós sois a luz do mundo”, e este é o nosso
tema hoje.”
PROPOSIÇÃO
OU TEMA
Proposição
é uma declaração positiva do assunto a ser proclamado. É a afirmação de uma
verdade bíblica, eterna que tem aplicação universal.
A
proposição também é chamada de “tese”, “tema”, “ideia homilética”.
Deve-se
atentar para o fato de que assunto e tema não são a mesma coisa. O assunto é
algo mais genérico, enquanto que o tema é mais específico. Um assunto, por
exemplo, poderia ser a “Esperança”, e vários temas poderiam ser derivados deste
assunto: “A Esperança do Crente”, “A Esperança do Mundo”, etc...
Uma
proposição, para ser completa deve possuir um “sujeito” e um “complemento”.
Para
descobrir o sujeito e o complemento da passagem bíblica, convém aplicar as
Interrogativas “quem”, “o que”, “por que”, “como”, “quando” e “onde”.
O
texto de Gálatas 3:13 nos servirá de exemplo: “Cristo nos resgatou da maldição
da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado no madeiro”. Fazendo a pergunta “sobre o que fala este
texto?”, descobriremos o sujeito da sentença, ou seja, “a maldição da Lei”. O
complemento é tudo aquilo que a passagem relata acerca da maldição da Lei, isto
é, que ela foi realizada quando Cristo a tomou sobre si, sendo pendurado no
madeiro. Uma vez tendo descoberto o sujeito e o complemento, podemos formular a
ideia exegética do texto: “Nossa redenção da maldição da Lei foi realizada por
Cristo, o qual recebeu a maldição por nós”.
A
proposição deve preferencialmente estar na afirmativa. A frase “Devemos honrar
a Cristo obedecendo aos Seus mandamentos” é melhor do que “Não devemos desonrar
a Cristo desobedecendo aos seus mandamentos”.
A
proposição difere da ideia exegética. A ideia exegética é a afirmativa de uma
única sentença; é a verdade principal da passagem, enquanto que a proposição é
a verdade espiritual ou princípio eterno, transmitido por toda a passagem
Tomemos
como exemplo a passagem de Marcos 16:1-4: “Ora, passado o sábado, Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E,
no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol. E
diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? Mas,
levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava
revolvida”. A ideia exegética desta passagem é: “...as mulheres, a caminho do túmulo
para ungir a Jesus, preocupavam se com um problema grande demais para elas,
porém já resolvido antes e delas terem de enfrentá-lo”. Esta ideia exegética
nos leva à seguinte tese: “Deus é maior do que qualquer problema que tenhamos
de enfrentar”.
Note
que a ideia exegética é uma verdade fundamental da sentença, mas a tese
extraída da ideia exegética é uma verdade eterna e universal, aplicável a tudo
e a todos.
A
proposição deve ser formulada no tempo presente; não deve incluir referências
geográficas ou históricas; não deve fazer uso de nomes próprios, exceto os
nomes divinos. Uma tese com algumas dessas características ficariam muito
embaraçosas: “Assim como o Senhor chamou a Abrão de Ur dos Caldeus para ir para
uma terra que desconhecida, da mesma forma Ele chama alguns de nós para irmos
pregar aos estrangeiros”.
SENTENÇA INTERROGATIVA E SENTENÇA DE
TRANSIÇÃO
A
proposição deve ser ligada ao sermão através de uma pergunta, e esta por sua
vez através de uma sentença de transição. Para ligar a proposição ao sermão,
usa-se qualquer um dos cinco advérbios interrogativos: “por que”, “com o”, “o
que”, “quando” e “onde”. Vejamos alguns exemplos: Na proposição “A Vida Cristã
é uma Vida Vitoriosa” podemos incluir a seguinte interrogativa: “Quais são os
motivos que n os levam a considerar que a Vida Cristã é uma Vida Vitoriosa?”
(ou Como se faz da Vida Cristã uma Vida Vitoriosa?). Este tema poderia nos
levar a uma resposta baseada em Romanos: “Por que todas as coisas cooperam para
o bem daqueles que amam a Deus” ou “Por que em todas essas coisas somos mais do
que vencedores”.
A
sentença de transição faz a transição entre a interrogativa e o corpo do
sermão. A transição para a interrogativa acima, por exemplo, poderia ser:
“Vejamos cinco motivos pelos quais podemos afirmar que a Vida Cristã é uma Vida
Vitoriosa”. A palavra “motivo” é a palavra-chave da transição, pois toda
transição deve possuir uma palavra-chave que caracterize os pontos principais
do sermão. Vários são os motivos que classificam a vida cristã como sendo uma
vida vitoriosa, e em cada divisão do sermão deve expressar claramente esses
motivos. As sentenças de Transição que ligam as divisões do sermão devem repetir
a palavra-chave. Por exemplo: “Vejamos qual é o primeiro motivo pelo qual
devemos afirmar que a vida cristã é uma Vida Vitoriosa”. A estrutura homilética
seria a seguinte:
PROPOSIÇÃO:
A Vida Cristã É Uma Vida Vitoriosa
INTERROGATIVA:
Quais são os motivos que nos levam a considerar que a Vida Cristã é uma Vida
Vitoriosa?
TRANSIÇÃO:
O texto nos apresenta cinco motivos pelo qual devemos afirmar que a vida cristã
é uma Vida Vitoriosa. Vejamos o primeiro motivo:
I.
PRIMEIRA DIVISÃO: “Por que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que
amam a Deus...”
TRANSIÇÃO:
Vejamos o segundo motivo...
II.
SEGUNDA DIVISÃO: “Por que em todas essas coisas somos mais do que vencedores”.
LISTA
DE PALAVRAS-CHAVES
Alvos, argumentos, aspectos, atitudes, causas, efeitos, evidências, fatores, fatos, fontes, lições, manifestações, marcas, meios, métodos, motivos, necessidades, objetivos, ocasiões, passos, provas, verdades, virtudes, etc. (note que as palavras-chaves estão no plural).
HOMILÉTICA - CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DO SERMÃO
1.
DISCUSSÃO
A
discussão é o desenvolvimento das ideias contidas nas divisões do sermão. A
fonte principal para a discussão deve ser a Bíblia, mas não é errado o pregador
recorrer a outras fontes, desde que sejam confiáveis. Essas fontes podem ser
citações de revistas ou jornais, poesias, letras de hinos ou provérbios da
sapiência popular. Fontes históricas também são de grande valia para a
discussão, conforme a natureza do sermão.
2.
ILUSTRAÇÃO
É
o processo de explicar algo desconhecido pelo conhecido. É a exposição de um
exemplo que torna claro os ensinamentos do sermão.
A
ilustração pode ser uma parábola, uma alegoria, um testemunho ou uma história
(ou uma estória). Deve ser enfatizado que a ilustração não é a parte mais
importante do sermão, mas sim a explanação do texto. A parte mais importante é
a interpretação do texto, pois o alvo do sermão é torná-lo conhecido do
público, e a ilustração se presta a essa tarefa.
3.
APLICAÇÃO
A
aplicação é o processo mediante o qual o pregador aplica a verdade espiritual
do sermão à vida dos seus ouvintes, a fim de persuadi-los a uma reação
favorável à mensagem. Em outras palavras a aplicação é e persuasão das palavras
do pregador; é a palavra dirigida ao coração. Na pregação o pregador fala a
mente das pessoas, a fim de que meditem nas palavras que estão ouvindo, mas na
aplicação o pregador fala ao coração, a fim de que pratiquem as palavras
ouvidas. A aplicação é a meditação posta e m prática.
4.
APELO
O
apelo é o processo de requerer do auditório uma resposta positiva acerca do que
foi explanado. O apelo é uma invocação feita aos ouvintes para que recebam os
ensinamentos expostos na pregação.
Deve
ser enfatizado que a própria pregação já em si um apelo. O verdadeiro apelo é
feito pelo Espírito Santo. Ele chama e invoca os homens para que ouçam a Sua
Palavra, e quando estes se voltam para Ela, demonstram sua fé nas palavras que
ouviram. As Escrituras afirmam que a fé vem pelo ouvir da Palavra de Deus,
portanto a exposição da Palavra é o apelo que o Espírito Santo dirige aos
homens para que ouçam, creiam e a recebam a Palavra em seu coração. Isto não
impede, entretanto que se façam a pelos à plateia de forma visual, por meio de
um levantar de braço ou solicitando ao ouvinte que vá à frente da congregação.
Deve-se, no entanto, entender que esses fatos não se constituem na
concretização do apelo, e, portanto, deve este tipo de apelo, ser usado com
moderação.
IMPORTANTE: O sermão expositivo é considerado, pelos
pregadores mais proeminentes, o melhor tipo de sermão. Ele possui uma série de
vantagens sobre os outros tipos. Uma dessas vantagens é que, justamente por se
basear em uma porção extensa das Escrituras, é possível obter diversas
aplicações de um mesmo texto.
Vejamos
como exemplo o texto de Mateus 14:14-21
EXEMPLO
1
Este
exemplo enfoca “os atributos de Jesus”
TÍTULO:
NOSSO SENHOR SINGULAR
I.
A COMPAIXÃO DE JESUS
a)
Demonstrada em seu interesse pela multidão (V. 1 4); b) Demonstrada em seu
serviço à multidão (V. 14).
II.
A TERNURA DE JESUS
a)
Demonstrada em sua resposta graciosa aos discípulos (Vs. 15, 16); b)
Demonstrada em seu trato paciente com os discípulos (Vs. 17, 18).
III.
O PODER DE JESUS
a)
Manifesto na alimentação da multidão (Vs. 19-21); b) Exercido mediante o
serviço dos discípulos (Vs. 14-21);
EXEMPLO
2
Este
exemplo enfoca a mesma passagem tendo “Cristo como o Supridor de nossas
necessidades”
TÍTULO:
VEJA DEUS OPERAR
I.
CRISTO SE INTERESSA POR NOSSAS NECESSIDADES
a)
Tem compaixão de nós em nossas necessidades (Vs. 14-16); b) Ele nos considera
em nossas necessidades quando outros não se importam conosco (Vs. 15, 16).
II.
CRISTO, AO SUPRIR NOSSAS NECESSIDADES, NÃO SER ESTRINGE PELAS CIRCUNSTÂNCIAS
a)
Ele não se restringe por nossa falta de recursos (Vs. 17, 18); b) Ele não se
restringe por qualquer outra falta (V . 19).
III.
CRISTO SUPRE NOSSAS NECESSIDADES
a)
Supre nossas necessidades com abundância (V. 20);
b)
Provê muito mais do que o suficiente (Vs. 20, 21).
EXEMPLO
3
Este
exemplo enfoca a mesma passagem sob o ponto de vista de “nossos problemas”
TÍTULO:
RESOLVENDO NOSSOS PROBLEMAS
I.
ÀS VEZES NOS CONFRONTAM OS PROBLEMAS
a)
Problemas de grandes proporções (Vs. 14, 15); b) De natureza imediata (V. 15);
c) De solução humana impossível (V. 15).
II.
CRISTO É ABUNDANTEMENTE CAPAZ DE SOLUCIONAR NOS SOS PROBLEMAS
a) Sob a condição de que lhe entreguemos nossos recursos limitados (Vs. 16-18); b) Sob a condição de que lhe obedeçamos sem questionar (Vs. 19-22).
HOMILÉTICA - A Importância Do Conhecimento
Tanto
a preparação quanto a exposição são enriquecidas com o grau de conhecimento do
pregador. Os conhecimentos não são a principal razão de um sermão, mas são o
esqueleto que lhe dá forma... O pregador não precisa deixar de ser espiritual
pelo fato de enriquecer seus sermões com conhecimentos gerais. Se o sermão
estiver cheio da graça de Deus, então os conhecimentos nele inseridos
resultarão em bençãos. A homilética apresenta as regras técnicas, e ensina como
o pregador pode tirar proveito dos
conhecimentos, ordenando os pensamentos e dosando-os com a graça divina.
Todo
pregador deve adotar um sistema de estudo, para seu maior aproveitamento no
ministério da Palavra..."1
"O
que se vai dizer é resultado do que sabemos, sentimos, pensamos, cremos e
desejamos transmitir...”
Cultura
é aquilo que a "gente sabe, resultado de nossa vivência, da sedimentação
do que somos, sabemos, das influências que sofremos e de tudo que realmente nos
estruturou. Ser um homem culto em nossos dias, isto é, capaz de pensamento
original e ter digerido as informações do mundo em que vivemos, é uma equação
diferente da que se apresentava no passado. Pouco a pouco a
"explicação" do mundo foi, cada vez mais, passando para a área
científica..."2 Por isso o importante é manter os "pés no chão".
Para
falar de um tema qualquer é preciso dominar o assunto, a ponto de torná-lo de
uma simplicidade quase alarmante e dar a impressão ao auditório de que o
estamos desvendando juntos, realizando uma agradável excursão intelectual ou
humana, participando os dois, nós e o ouvinte, do que vai surgir. O que vale mais
é a gente ser a gente mesmo."3
Assim,
a primeira e grande obrigação do pregador é a LEITURA, constante, sistemática
dos assuntos que ele aborda em suas prédicas e de cultura geral.
O
QUE FAZER QUANDO CONVIDADO PARA PREGAR EM:
A) CONGRESSOS
E CONFRATERNIZAÇÕES
Neste
caso os assuntos são apresentados pelos organizadores do evento. Para o
pregador, o desafio está em desenvolvê-lo. Tenha intimidade com Deus para
transmitir exatamente o que Ele quer falar.
Quase
toda pesquisa serve como base para sermões. Todavia, é verdade incontestável
que, quanto mais instrução tem uma pessoa, tanto mais condições terá para
preparar e apresentar sermões.
Embora
exista um tema, normalmente este é geral, podendo o pregador ser mais
específico.
Exemplo
: TEMA DO CONGRESSO : “A videira verdadeira” João 15: 1 a 8
Você
pode falar sobre : “Como o cristão pode Ter uma vida frutífera”, “Por que o
cristão deve Ter uma vida frutífera ?” ou até mesmo, “Os frutos da videira na
vida do cristão”, utilizando outros textos e inserindo um subtema.
B) DATAS
COMEMORATIVAS/ CULTOS ESPECIAIS
Situações
onde o assunto é uma explicação do momento. São cultos realizados em virtude de
acontecimentos específicos na igreja local.
Dentre
os cultos especiais podemos destacar:
•
Casamento; • Natal; • Aniversariantes; • Dízimos; • Batismo; • Consagração; •
Aniversário da Igreja; • Posse; • Cultos dos departamentos (Juventude, irmãs,
crianças, etc.); • Nascimento e apresentação de bebês; • Funeral; • Doutrinário;
• Evangelístico.
Atenção!
Conheça e domine os textos bíblicos para explorar estes assuntos mais
facilmente.
“Para
pregar, o pregador leigo deve combinar ou casar o assunto do sermão com um
texto da palavra de Deus”.
Ler
os sermões limita o contato dos olhos do pregador com o auditório. Como
afirmava Phillips Brooks, “a pregação é a verdade através da personalidade”.
Ora, os olhos transmitem a personalidade. Assim, qualquer coisa que interfira
com o contato dos olhos do pregador, impede que a personalidade seja bem
sucedida, e interfere com a pregação.
A
maioria dos homiléticos concorda em que a maneira ideal de pregar um sermão é
fazer primeiro um manuscrito, e depois preparar um esboço - quer o pregador use
esse esboço no púlpito ou o decore.
Muitos
pregadores levam um manuscrito ao púlpito, mas leem apenas partes dele,
pregando o restante dele de improviso. Por exemplo, as ilustrações e o apelo
não se prestam bem para a elocução manuscrita e provavelmente devam ser
pregados de improviso...
Nenhum
método isolado serve para todos. E, obviamente, tanto a pregação manuscrita
como a improvisada possui vantagens e desvantagens significativas... Descubra o
que fica melhor para você...".
ASSUNTO
X TEMA
Assunto
é o objetivo que você deseja alcançar por inspiração de Deus e o tema é como
você vai dizer para o público qual é o seu objetivo.
TEXTO
BÍBLICO
O
texto bíblico é a passagem bíblica que serve de base para o sermão.
Esse
texto deverá fornecer a idéia ou verdade central do sermão. Nunca se deve tomar
um texto somente por pretexto, e logo se esquecer dele.
Segundo
Jerry Stanley Key, Existem Algumas Vantagens No Uso De Um Texto Bíblico :
1
- O texto dá ao sermão a autoridade da palavra de Deus.
2
- O texto constitui a base e alma do sermão;
3
- Através da pregação por texto o pregador ensina a palavra de Deus;
4
- O uso do texto ajuda os ouvintes a reter a idéia principal do sermão;
5
- O texto limita e unifica o sermão;
6
- Permite uma maior variedade nas mensagens;
7
- O texto é um meio para a atuação do Espírito Santo.
É
imprescindível a escolha de um texto que se relacione com o tema do sermão
porém adequado. Vejamos o tipo de textos que devemos evitar: Textos longo
Cansam os ouvintes. ( Salmo 119 ) Textos obscuro Causam polêmicas no auditório.
( I Cor. 11:10 ) Textos difíceis Os ouvintes não entendem. (Ef. 1:3
Predestinação ) Textos duvidosos " E Deus não ouve pecadores" ( João
9/;31 )
EXEGESE
Exegese
é o trabalho de exposição de um texto bíblico.
Visto
que a Bíblia é um documento histórico e a igreja, a exegese é importante tanto
para compreender a mensagem bíblica como para determinar seu significado na
atualidade. Questões de data, significados linguísticos, autoria, antecedentes
e circunstâncias são essenciais à tarefa de preparar sermões bíblicos. Quanto
mais conhecermos as condições político-religiosas e socio-econômicas sob as
quais foi escrito certo documento, tanto melhor poderemos compreender a
mensagem do autor e aplicá-la de acordo com isso.
DEZ
PASSOS PARA UMA BOA EXEGESE
1
- Leia o texto em voz alta, comparando com versões diferentes para maior
compreensão
2
- Reproduza o texto com suas próprias palavras. (Fale sozinho)
3
- Observe o texto imediato e remoto.
4
- Verifique a linguagem do texto ( história, milagre, ensino, parábola,
profecia, etc.)
5
- Pesquise o significado exato das principais palavras;
6
- Faça anotações;
7
- Pesquise o contexto ( época, país, costumes, tradição, etc.)
8
- Pergunte sempre onde? Quem? O que? Por que?
9
- Organize o texto em seções principal e secundárias;
10 - Resuma com a seguinte frase: “O assunto mais importante deste texto é...”