ECLESIOLOGIA - AS BASES ESPIRITUAIS DO CULTO CRISTÃO
Psicólogos
e sociólogos debatem a procura da razão porque o homem adora.
A
antropologia e a arqueologia descobrem em todas as civilizações a presença da
religião e do culto. Supõem ser isto resultado do medo, do instinto gregário,
do desconhecimento do futuro etc. Numa coisa todos concordam: o homem é um ser
adorador, tem espírito religioso, adora.
Mas,
quando afirmamos isto, outra batalha se forma: qual a adoração verdadeira?
Existe um lugar, uma fonte, um modo de adorar verdadeiros? Existe adoração
falsa?
Era
nestas interrogações que a alma da mulher samaritana se debatia. Ela estava
presa ao pecado do adultério, presa à confusão religiosa.
Na
sua época, a babel religiosa, existia.
Ela
confessa: “Nossos pais adoravam neste monte (Samaria), vós (Judeus) dizeis que
em Jerusalém é que se deve adorar”. Ela poderia dizer mais: “nós aceitamos
somente o Pentateuco como livro sagrado e vós dizeis que os salmos e os
profetas também o são”.
Afinal,
o que se deve seguir?
Qual
a verdadeira religião?
Não
poucos de nós passamos pelas mesmas angústias d aquela mulher. Mas, graças a
Deus que ela encontrou-se com o Senhor Jesus. E a conversa que teve com o nosso
mestre vem respondendo, há dois milênios, estas interrogações espirituais.
Em
sua conversa com a mulher, Jesus apresentou:
AS BASES ESPIRITUAIS DO CULTO CRISTÃO.
NÃO
TEM UM LUGAR ADORATIVO
Podemos
afirmar que hoje, ligar a verdadeira adoração a algum lugar da terra é
superstição. Jesus disse: “A hora vem quando nem neste monte, nem em
Jerusalém, adorareis o Pai”. A verdadeira adoração é de um Deus Espírito, e
nesta condição limitar a divindade é ir de encontro à Sua eterna e infinita
natureza.
Deus
não tem um túmulo sagrado, nem uma Aparecida do Norte, nem uma Roma, nem uma
Fátima, nem uma Jerusalém. Ele não se prende à rua tal, número tal; não tem
lugar, gruta, nem cidade. Nem seu poder, nem sua pessoa se limitam a um pedaço
de pau, nem a um ídolo de ouro, prata ou barro. Não é propriedade particular da
igreja tal e nem é monopólio de organização nenhuma. Deus é Espírito e Ele por
Jesus Cristo e pelo Santo Espírito, se coloca no interior do homem e aí é
adorado, servido, e trabalha esteja este homem no ventre de um peixe, no fundo
do mar, pisando no solo da lua, ou presente num templo.
A
superstição busca lugar, ídolos, símbolos, amuletos, coisas ungidas, centros
peregrinos ativos, gurus, missionários, bispos e reverendos. Mas o louvor
cristão busca adorar em Espírito e em verdade.
NÃO
É REFLEXO DO CERIMONIALISMO
Deus
É Espírito E Quer Adoração Em Espírito.
O
louvor cristão é espiritual. O cerimonialismo visa à “sensação”. Procura
“impressionar”. O homem adora a liturgia, o brilho, a festa e as emoções. O
cerimonialismo se estabelece num culto rígido de gestos ensaiados ou num culto
carismático de danças, palmas e sensações. Mas Jesus afirma que o louvor
cristão não se prende a aparatos religiosos. Quando Ele esteve presente na
festa da dedicação, no instante da cerimônia do derramamento de água pelos
sacerdotes, Ele se pôs de pé em lugar de destaque e proclamou: “Quem tem sede,
venha a mim e beba” (Jo 7:37). Só nEle encontramos a satisfação que o
cerimonialismo jamais poderá oferecer.
O
louvor verdadeiro não é produto fabricado por gestos sacerdotais ou pastorais,
nem nas palavras mecanizadas de orações repetitivas; nem é resultado de frases
e gestos exorcizantes ou expressões corporais. É a aproximação da alma na sua
simplicidade e que, por meio de Jesus Cristo, pelo Espírito Santo, se chega a
Deus e, bebendo da água da vida, encontra satisfação, jamais achada nos “gestos
ensaiados ou espontâneos” dos homens.
NÃO
VEM DE DEDUÇÕES LÓGICAS
Os
samaritanos não aceitavam a plenitude bíblica. Só criam no Pentateuco. Eis aqui
o erro deles. Tinham abandonado a Bíblia. A confusão entrara em suas mentes.
Jesus mostrou que o louvor é revelado pelo Pai. A adoração verdadeira não é
fruto da criatividade, não carece de sanções doutorais, nem precisa de endosso
humano. Não tem que ser fruto de conclusão lógica.
TEM
QUE SER CRISTOCÊNTRICO
A
adoração é um ato divino humano. É o encontro do eterno com o passageiro. Do
infinito com o finito. Do Espiritual com o carnal, de Deus com o homem.
No
culto, no louvor, Deus e o homem se encontram. Por isso deve haver um mediador
Deus-Homem. Um homem verdadeiro e um Deus verdadeiro devem mediar o louvor.
Este perfeito homem, perfeito Deus, é Jesus Cristo. A mulher sabia que, “quando
viesse o Messias”, tudo seria solucionado.
Jesus
se apresentou como sendo o que estava por vir. Ele mesmo disse: “Ninguém vem
ao Pai senão, por mim” (Jo 14.6).
É
impossível o louvor sem a mediação de Jesus Cristo. Tentar adorar a Deus sem
estar em comunhão com Jesus é condenação assegurada.
TEM
QUE SER UNIVERSAL
A
Bíblia diz que os discípulos voltaram e se admiraram que Jesus estivesse
conversando com uma mulher, e ainda “samaritana”.
Religiões
racistas e preconceituosas não podem ter o louvor verdadeiro. Deus não tem
etnias privilegiadas. Agora, sob a dispensação do Evangelho da graça, todos os
povos, línguas, tribos e nações são admitidos ao culto verdadeiro.
Devemos
fugir de religiões segregarias e acepcionalistas; elas ignoram a graça de um
Deus de amor, pois, em Cristo “não há homem, mulher, bárbaro, cita, sábio ou
inculto”, somos em Cristo, todos admitidos ao seu culto.
Não
cremos em religiões fascistas, bairristas, onde se defende a guetificação
cultural, regional, ignorando o caráter universal do culto cristão. No louvor
cristão, todos os povos da terra são, por meio de Jesus, recebidos pelo Pai,
que não faz acepção de pessoas.
TEM
QUE SER TRANSFORMADOR
A
mulher, após o encontro com Jesus Cristo, teve sua vida mudada. Abandonou a
prostituição e se tornou uma missionária. O vero louvor eleva o caráter de quem
adora. Fala à mente, ao coração, à vontade e ao espírito.
Não
existe no louvor cristão aquela história de que o “culto terminou”. Há um
prosseguir adorativo na vida missionária, transformada e transformadora. O
louvor cristão se faz presente dia-a-dia na obediência, em casa; no respeito,
na igreja; na lealdade, no trabalho; na fidelidade, no amor; no cuidado, em
tudo. O louvor é ato vitalício. Quando os homens vêm ao louvor — se realmente
adoram — não voltam os mesmos! O louvor cristão fortalece o caráter,
restabelece a fé, santifica o espírito.
OS
ADORADORES SÃO PROCURADOS POR DEUS
Jesus
disse à mulher samaritana que Deus busca seus adoradores! Vivemos sob a
influência do Marketing da propaganda. Sabemos que boa divulgação resulta em
bom (número) auditório. Encher os templos constitui, hoje, prova de bons
ministros. Apelações, shows, estrelas... e a igreja está uma bênção!
Cheia...
cheia... Mas Jesus disse que é o Pai quem procura seus adoradores, são escolhas
divinas: “Não fostes vós quem me escolhestes a mim, pelo contrário eu vos
escolhi”. A verdadeira adoração é a prestada por aqueles que o Espírito Santo
reúne na pureza da busca sincera, do louvor verdadeiro.
A
BASE BÍBLICA DO CULTO CRISTÃO
A
confissão de fé adotada pela igreja, afirma que o objetivo principal da vida
humana é a glorificação de Deus e o alegrar-se n’Ele. Isto faz do Culto “o ato
mais importante, mais relevante, mais glorioso na vida do homem” (Karl Ba rth).
Contudo, quantos crentes sabem distinguir entre a verdadeira e a falsa
adoração? Será que você tem cultuado de um modo que agrada a Deus? A base da
sua adoração é o ensino bíblico ou a experiência humana?
O
VOCABULÁRIO BÍBLICO
Para
alcançarmos uma visão correta sobre o culto cristão, devemos examinar alguns
termos usados pelos escritores bíblicos:
1. “Latreía”
Seu
significado principal é “serviço” ou “culto”. Denota o serviço prestado a Deus,
pelo povo inteiro e pelo indivíduo, tanto externamente no ritual, como
internamente no coração. Em outras palavras é o serviço que se oferece à
divindade através do Culto formal, ritualístico e através do oferecimento
integral da vida (Êx 3:12; 10:3; 7-8; Dt 6:13; Mt 4:10; Lc 1:74; 2:3 7; Rm
12:1).
2. “Leitourgía”
Composto
de duas palavras gregas, “povo” ( Iaós ) e “trabalho” ( érgon), significa
“serviço do povo”. No Velho Testamento, aplicava-se ao serviço oferecido a Deus
pelo Sacerdote, quando apresentava o holocausto sobre o altar de sacrifícios
(Js 22:27; 1 Cr 23:24,28). No Novo Testamento, aplica-se essencialmente ao
serviço que Cristo oferece a Deus, pois ele é o nosso “Liturgos” (Hb 8:2,6).
Em suma, “Liturgia” é o ser viço que o pastor e toda a igreja oferecem a Deus à
semelhança do serviço realizado por Jesus (Rm 15:16; Fp 2:17; At 13:2).
3. “Proskunein”
Originalmente,
significava “beijar”. No Velho Testa mento significa “curvar-se”, tanto para
homenagear homens importantes e autoridades (Gn 27:29, 1 Sm 25:23), como para
“adorar” a Deus (Gn 24:52; 2 Cr 7:3; 29:29; SI 95:6). No Novo Testamento,
denota exclusivamente a adoração que se dirige a Deus (At 10:25-26; Ap 19:1 0;
22:8-9). Em seu emprego absoluto, significa “participar do Culto Público”,
“fazer orações”, “entoar hinos” e “adorar” (Jo 12:20; At 8:27; 24:11; Ap
4:8-11; 5:8-10; 19:1-7). Esta adoração compreende o ato externo e a atitude
interna correspondente.
4. Outros
Termos
Os
vocábulos“Eusebia” (piedade) e “Thresfeia” (religião), aparecem no Novo
Testamento para expressar a conduta do adorador (2 Tm 3:12; Jo 9:9-35; At 26:5;
Tg 1:26). Quem adora mostra a sua devoção através de uma vida piedosa.
EMBASAMENTO
TEOLÓGICO
A
adoração cristã se fundamenta na Nova Aliança (Hb 8). Está franqueada ao crente
a comunhão com Deus, pelo novo e vivo caminho aberto por Jesus Cristo (Hb 10:19-22).
Portanto, ofereçamos sempre por Ele (Jesus Cristo) a Deus “sacrifício de
louvor” (Hb 13:15a).
Em
todo Novo Testamento temos informações importantes sobre o culto:
1. Mediador
Do Culto
O
Culto Cristão é mediado por Jesus Cristo, o sumo sacerdote que se identifica
com os adoradores (Hb 2:12, 13; 16-18; Jo 17:24; Mt 18:20).
2. Sacerdote
Cristo
fez de seus seguidores sacerdotes de Deus, isto é, pessoas cujo culto, Deus
aceita (Ap 1:5,6; 5:8-10; 1 Pe 2:9).
3. Reverência
O
Culto Cristão não deve ser profanado, mas ofereci do com reverência e temor (Hb
10:28-31; 12:28-29).
4. Natureza
Do Culto
O
Culto Cristão, não é meramente um evento sociocultural (Hb 4:16; 1 Jo 1:5-10).
OS
PRÉ-REQUISITOS DO CULTO
“O
cumprimento de um ritual não basta para que haja culto. É indispensável a
aceitação, por Deus do culto oferecido. Deus estabelece condições para aceitar
a adoração de homens. A ignorância dessas condições, ou sua violação,
transforma o ritual em exercício unilateral enervante com sérias consequências
para os participantes” (Boanerges Ribeiro).
Vejamos
os pré-requisitos do culto sem os quais não alcançamos comunhão com Deus, ao
contrário provocamos a Sua ira:
1.
Fé (Hb 10:38; 11:6)
2.
Envolvimento total da vida (Rm 12:1-2; Mc 12:30; Lc 10:27)
3.
Deve ser dirigido a Deus (Mt 4:10; 6:6; Hb 13:15)
4.
Modelado pelo ensino bíblico (Mt 15:9; Hb 4:12-13; Hb 12:28)
5.
Mediado por Cristo (Hb 9:12, 24-28; 10:19)
A
NECESSIDADE E ESSÊNCIA DO CULTO
O
“tédio religioso” sempre foi um dos maiores inimigos do Cristão, no que se
refere à sua vida espiritual. O tédio é um estado mental resultante do esforço
para manter interesse por uma coisa pelo qual não temos o mínimo interesse. Por
exemplo: participar de uma escola dominical, quando o nosso desejo era estar na
praia. Este fato tem levado a igreja, em nossos dias, a oferecer certos
atrativos ao povo, no que tange ao culto. “Em muitos lugares raramente é
possível ir a uma reunião cuja única atração seja Deus. Só se pode concluir que
os filhos de Deus estão entediados dEle, pois é preciso mimá-los com pirulitos
e balinhas na forma de filmes religiosos, jogos e refrescos” (A. W. Tozer) .
Por esta razão, propomo-nos discutir a necessidade e a essência do culto.
A
NECESSIDADE DO CULTO
O
culto é necessário pelas seguintes razões:
1. Finalidade
Do Homem
No
culto, o homem acha a razão da sua existência. Ele foi criado para a adoração.
“O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”.
Fora da posição de adorador de Deus, o homem não encontra o sentido para vida
(leia 1 Co 10:3 1; Rm 11:36).
2. Obediência
O
culto foi instituído e ordenado por Jesus Cristo. Como diz Karl Barth: “Na
adoração, não somos chamados a expressar nossas necessidades ou possibilidades,
mas sim a obedecer”. Quando a igreja se reúne para louvar, orar, pregar a
Palavra e celebrar os sacramentos, ela simplesmente obedece (Mc 16:15 -16; At
1:8; 1 Co 11:24, 25; At 20:7).
3. O
Espírito Santo
O
culto é suscitado e expresso pelo Espírito Santo. A salvação provoca adoração
(At 10:46). O perdão restaura a capacidade de adorar, anteriormente perdida por
causa do pecado. Veja alguns exemplos: (Lc 5:25; 13:13; 17:15; 18:43; 1 Co 12:3
e 2 Co 1:22).
4. Utilidade
O
culto é útil. Ele tem utilidade didática, sociológica e psicológica. No ato do
culto aprendemos a ser cristãos. Ele é a escola por excelência do cristão. No
culto há também coesão, integração e comunhão pessoal (1 Co 10:17; At 2:42-47).
Por fim, o culto traz paz, descanso e cura para a alma dos fiéis.
A
ESSÊNCIA DO CULTO
Em
meio às múltiplas maneiras de cultuar, há um elemento imprescindível à
adoração: o AMOR. A essência da adoração é o amor. É totalmente impossível
adorar a Deus sem amá-lo. E Deus nunca se satisfez com menos que “TUDO”. “Ama
rás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua
força” (Dt 6:5; Mt 22:37). “Sem o incentivo do amor por Deus, o culto não passa
de palha, pura casca, isento de qualquer valor. Pode até se tornar em culto a
satanás” (Russel Shedd). Afirmamos, entretanto, que o culto verdadeiro requer
amor de todo o coração, amor integral da mente e todo o nosso esforço.
1. Amor
De Todo Coração
Para
o Hebreu, o “Coração” é considerado a sede da mente e da vontade, bem como das
emoções. O termo “Alma” refere-se à fonte da vida e vitalidade (Gn 2:7,19), ou
mesmo o próprio “ser”. Estes dois termos indicam que o homem deve amar e adorar
a Deus sem qualquer reserva em sua devoção. É no coração humano que Deus se
revela (At 16:14; 2 Co 4:4,6). É, portanto com o coração que devemos expressar
nosso amor por Ele.
2. Amor
Integral Da Mente
A
adoração envolve também o exercício da mente. “Dianóia”, em grego, significa a
capacidade de pensar e refletir religiosamente (1 Jo 5:20; Ef 4:18; Mt 24:15).
Este entendimento é dádiva divina (Lc 24:25; Ef 1:17,18).Portanto, a adoração
deve ocupar a mente, de maneira a envolver a meditação e consciência do homem.
Em Romanos 12:2, Paulo estabelece que o culto cristão deve ser racional (
“LOGIKEN LATREÍA” ). Amar a Deus com entendimento é um desafio para o crente
(Mc 12:30).
3. Amor
Que Exige Todo Nosso Esforço
Na adoração cristã, Deus exige ser amado com toda a força do adorador (Mc 12:30; Lc 10:27 e Dt 6:5). O termo “Força” (Ischuos) se refere à força e poder de criaturas vivas (Hb 11:34); exige-se que o cristão gaste todas as suas energias físicas em atos de amor por Deus (Rm 12:1; 2 Co 2:15,16). O amor a Deus expressa-se no serviço prestado por meio do coração (1 Co 13:3). Portanto, amar a Deus com “Toda a força” representa gastar a vida e energia unicamente com expressões de lealdade e afeição a Deus.
ECLESIOLOGIA
- OS ELEMENTOS DO CULTO
Os
elementos do culto são os meios usados pelo adorador para expressar o culto.
São as “formas e funções por meio das quais a recepção e a ação litúrgica se
efetivam e, mediante sua cooperação orgânica, suscitam e expressam o evento
cultual” (O. Haendler).
Os
principais elementos de culto são: a Bíblia, a o ração, a música, os
sacramentos e as ofertas.
O
Catecismo de Heidelberg, redigido por Zacarias Ursino e Gaspar Oliviano,
publicado em 1563 e usado pelas Igrejas Reformadas, diz que o cristão deve
“frequentar assiduamente à igreja, para ouvir e aprender a Palavra de Deus,
participar dos sacramentos, invocar publicamente ao Senhor e contribuir para as
necessidades”.
Reflitamos,
portanto, sobre os elementos do culto e a sua utilização hoje.
A
BÍBLIA SAGRADA
A
Bíblia é a Palavra de Deus. Ela é o elemento mais importante do culto cristão,
pois “todo ato cristão de adoração é sustido pela Palavra de Deus. Sem ela o
culto esvaziar-se-ia de sua substância e perderia o traço que o separa de um
culto não cristão” (J. V. Allmen). As verdades bíblicas devem modelar o ato de
culto, bem como as ideias e o comportamento do adorador (1 Sm 15:22-23; Mt
15:9).
A
Bíblia aparece no culto sob diversas formas. As principais são a leitura
(individual, conjunta e alternada), a pregação, o canto (congregacional, coral,
conjuntos e solos) e as saudações e bênçãos pastorais (1 Tm 4:13; 1 Ts 5:27 ;
Ap 1:3; 1 Co 11:23-29; Lc 4:16-30; 2 Co 13:13).
A
ORAÇÃO
Orar
é cumprir uma ordem do Senhor (Lc 18:1 e 1 Ts 5:17). A oração é indispensável
ao cristão, que deve praticá-la individualmente e coletivamente (Mt 6:5-8 e At
12:12). A oração é “o privilégio supremo dos cristãos, concedido por Deus ao
elevá-los à categoria de filhos. A oração só é possível dentro da família de
Deus: é o exercer os direitos de filhos no contexto dessa família (Rm 8:15 e Gl
4:6). Os filhos são herdeiros, participantes responsáveis, por conseguinte, de
toda a economia da família. Na família do Pai os filhos têm o direito de tomar
a palavra. A oração é, portanto, a autorização que Deus dá a que os filhos
digam o que têm a dizer com referência aos assuntos que a eles dizem respeito”
(citado por V. Allmen).
A
Bíblia nos ensina que a oração faz parte do culto particular e público. As
orações nas reuniões da igreja devem ser uma constante hoje, como foi no
passado (At 1:14; 4:24; 12:5; 21:5; Lc 1:10; Mt 18:19). As mesmas devem ser
dirigidas a Deus (Mt 4:10), por meio e em nome de Jesus Cristo (Ef 2:18; Hb
10:19), acompanhadas de humildade e ação de graças (Gn 18:27; Fp 4:6; Cl 4:2).
Podem ser feitas em silêncio e audivelmente, nas posturas diversas (Mc 11:25;
At 20:36; Mt 26:39).
A
MÚSICA
A
música também se destaca como um elemento indispensável ao culto. A igreja
sempre usou hinos e cânticos na expressão do seu culto (Rm 15:9 ; 1 Co 14:15;
Ef 5:19; Cl 3:16; Tg 5:13; Ap 5:9; 14:3; Mt 26:30).
O
professor Bill Ichter, autoridade em música, descreve algumas características
da música que deve ser usada na igreja:
1.
Quanto À Expressão
Deve
expressar uma verdade bíblica.
2.
Quanto À Doutrina
Deve
expressar doutrinas corretas.
3.
Quanto À Devoção
Deve
ser caracteristicamente devocional.
4.
Quanto À Forma
Deve
possuir boa forma literária.
5.
Quanto Ao Estilo
Deve
ter um bom estilo musical.
6.
Quanto À Ocasião
Deve
ser apropriada à ocasião em que estiver sendo usada.
7.
Quanto Ao Uso
Deve
ser adaptada ao uso da congregação.
8.
Quanto Ao Alcance
Deve
ser apropriada e ao alcance da capacidade dos cantores.
O
apóstolo Paulo nos revela que músicas nas igrejas devem ser: “salmos, hinos e
cânticos espirituais”, entoados para o louvor a Deus e a edificação mútua dos
irmãos (Cl 3:16).
OS
SACRAMENTOS
“Os
sacramentos são santos sinais e selos da Graça, imediatamente instituídos por
Deus, para representar Cristo e os seus benefícios e confirmar o nosso
interesse nEle, bem como para fazer uma diferença visível entre os que
pertencem à igreja e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de
Deus em Cristo, segundo a sua palavra” (C. Fé, cap. XXVII, 1). Esta definição
nos mostra que o sacramento é “um sinal externo de uma graça interna”.
Há
somente dois sacramentos instituídos por Jesus: o Batismo e a Santa Ceia (Mt
28:19 e 26:26-30). Ambos devem ser celebrados publicamente administrados
somente pelos pastores ordenados (Hb 5:4).
OFERTÓRIO
Atualmente,
no Brasil, os evangélicos são questionados quanto à contribuição financeira
para as igrejas. Há uma razão óbvia: a proliferação de igrejas que
comercializam bênçãos.
Muitos
perguntam: “É verdade que na sua igreja todo s devem dar 10% do salário ao
Pastor?”
Isso
nos leva a explicar, que o ato de ofertar ou contribuir faz parte do culto. O
ofertar sempre foi um elemento integrante da adoração a Deus e uma expressão de
fidelidade (Dt 12:4-7; Ml 3:10; Mc 12:41-44; 2 Cr 8:12-18; Hb 13:16).
“Ninguém
se iluda: o reino de Deus não se edifica com dinheiro, mas com pessoas. Após o
novo nascimento, contudo, não devemos deixar de dar o dízimo. Não é a igreja
que precisa de dinheiro, como às vezes dizemos. Nós é que precisam os trazer
dinheiro à igreja: nosso progresso espiritual depende disso – 2 Co 9:5,10” ( B.
Ribeiro).
Em
suma, ofertar é cultuar e cultuar é ofertar.
O
LUGAR E O TEMPO DO CULTO
Alfred
Thomas afirmou: “Bancos vazios no templo do senhor significam corações vazios,
lares vazios da verdadeira religião, com a irreverência do domingo, e a
consequente ruína espiritual”.
Isto
é correto e reflete uma dura verdade: o não reconhecimento do senhorio de Jesus
Cristo no tempo e no espaço. “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o
princípio e o fim” (Ap 22:13). “... tudo foi criado por meio dele e para ele”
(Cl 1:16b). Jesus é o Senhor de tudo.
“Sem
domingo, nenhuma adoração; sem adoração, nenhuma religião; sem religião,
nenhuma moral; sem moral, então, o quê?” (Craword Johnson).
Vejamos
o que nos ensina a Bíblia, sobre a santificação do espaço e do tempo.
O
LUGAR DO CULTO
Os
lugares de culto são lugares santos, separados p ara um fim específico, a
saber, o de tornar-se palco da presença de Cristo, o lugar do encontro entre o
Senhor e o Seu povo. Geralmente, por decisão da Igreja, um lugar é planejado,
construído e separado para o serviço divino. O sucessor de Zuínglio, H.
Bullinger comentando o assunto diz: “dedica-se a Deus e aos usos sagrados, ou
em outras palavras, os separa do uso comum para destiná-los e votá-los, segundo
a vontade de Deus, a um uso singular e sagrado”.
A
Confissão Helvética Posterior, falando sobre os lugares de culto, diz: “Ora,
como cremos que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas, também
sabemos que os lugares dedicados a Deus e ao Seu serviço não são profanos, mas
sagrados, por causa da Palavra de Deus e do uso de coisas santas a que são
destinados ; e os que frequentam tais lugares devem comportar-se com todo
decoro e reverência, lembrando que estão num lugar santo, na presença de Deus e
dos seus santos anjos”.
Obviamente,
é necessário evitar toda superstição. Não devemos transformar o lugar de culto
num “espaço tabu” e, nem tampouco, achar que se possa fazer seja lá o que for
no lugar de culto. A dedicação de espaço para o culto é inevitável enquanto nos
acharmos neste mundo. Não somente temos testemunhos nesse sentido no Velho
Testamento (Dt 12:5,11; 15:20; 1 Rs 5:5), mas também indícios de que a Igreja
usou espaços separados, desde o momento em que se lhe tornou possível a
construção de lugares de culto.
1.
O Novo Testamento
Sob
a Nova Aliança, o Senhor não escolheu um lugar específico para a manifestação
da sua presença (Jo 4:20-24).
2.
O Templo No Novo Testamento
A
partir do Pentecostes, a IGREJA, o “povo de Deus” , torna-se o templo (1 Co
3:16; Ef 2:20-22; 1 Pe 2:4-10). Não somente a Igreja na sua dimensão
comunitária, mas cada membro individualmente é um templo, dedicado a proclamar,
a refletir e a louvar o seu Senhor (1 Co 6:19s).
3.
O Lugar Do Culto
O
lugar do culto cristão é a Igreja reunida, em nome do Senhor Jesus (Mt 18.20).
“A Teologia do Velho Testamento já mostra que o lugar por excelência da
presença de Deus e, consequentemente, o lugar de culto, é o povo que invoca o
seu nome. E com o seu povo que ele habita, onde quer que se encontre esse povo.
E se é verdade que existem lugares sagrados, não é para insinuar que Deus se
localize exclusivamente em tais lugares, mas, sim, mostrar que Deus intervém no
mundo e reivindica para si a soberania sobre a terra toda. É também para
demonstrar que Deus convoca o seu povo para encontrar-se com ele dentro dos
limites deste mundo” (Von Allmen).
O
CULTO E O TEMPO
“A
adoração, quando expressa em ritual, exige tempo. Sob a antiga Aliança Deus fez
provisão para períodos de tempos diários, semanais, anuais e mesmo de gerações,
para o cumprimento da obrigação de culto em Israel. O sacrifício diário (Nm
28:1-8), o descanso do sábado ou do sétimo dia, os primeiros dias do mês e as
cinco festas anuais do período pré-exílico foram divinamente determinados”
(Russel Shedd).
A
guarda semanal do sábado é um exemplo fundamental do tempo separado para Deus
(Êx 20:11; 31:13). Neste mandamento, Deus lembra o homem da sua
responsabilidade em adorá-lo, observando tempos e lugares santos.
Sob
a nova Aliança, o cristão vê no tempo a concretização da sua salvação (Gl
4:4-5). Os tempos judaicos (festas, sábado, etc.) não passavam de sombras das
coisas que haviam de vir. Jesus Cristo é a realidade (Cl 2:17). Jesus
constitui-se o verdadeiro “sábado” (Mc 2:23-28 e Mt 11:28-30). Para a igreja
primitiva, o descanso “consiste em consagrar a Deus, não um dia, mas, sim,
todos os dias, e em abster-se, não do trabalho corporal, mas sim do pecado”
(Von Allmen).
O
fato de Cristo haver cumprido em si o sábado, levou a igreja a escolher um novo
dia para o culto: o “dia do Senhor” ou “o primeiro dia da semana” (At 20:7; Mt
28:1; Mc 16:1; Lc 24:1; Jo 20:1; Ap 1:10). Sem dúvida este dia é o domingo.
Entretanto,
Qual O Significado Do Domingo?
1.
Um Memorial
É
um memorial da ressurreição de Cristo.
2.
Um Símbolo
É
o símbolo de um novo começo.
3.
Comunhão Cristã
É
um dia litúrgico.
Socialmente,
você pode descansar em qualquer outro dia da semana, dependendo sempre da sociedade
em que você está inserido. Contudo, o domingo é o dia da comunhão cristã, da
Nova Aliança.
O
culto celebrado no domingo relembra o evento fundamental à existência da Igreja
— a ressurreição de Cristo.
Em
suma, a adoração pelo Espírito acaba com o conceito de tempos designados para o
culto.
Contudo, a Igreja como povo deve manifestar-se por meio do ato de reunir-se. Não é possível Igreja sem culto.
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