ESSÊNCIA, NATUREZA DE DEUS
Quando falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que é essencial ao Seu Ser como Deus, isto é, substância e atributos.
SUBSTÂNCIA DE DEUS
Há duas substâncias: matéria e espírito.
Deus é uma substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem mistura com a matéria (Jo 4:24).
ATRIBUTOS DE DEUS
Sua substância é Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades dessa substância. Atributos é a manifestação do Ser de Deus.
Deus não pode ser totalmente compreendido pela mente humana. Portanto, a teologia o faz de forma limitada, canalizando as qualidades de Deus, ou seus atributos. Baseia-se no que ele revelou a seu respeito nas Escrituras. Tais descrições apontam igualmente para o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Compreender a Deus em sua plenitude seria tão difícil como encerrar o Oceano Atlântico numa xícara; mas ele se tem revelado a si mesmo o suficiente para esgotar a nossa capacidade. A classificação seguinte talvez nos facilite a compreensão:
CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS: NATURAIS E MORAIS
São assim chamados os que envolvem sua essência (ex.: eternidade, imutabilidade) e seus atributos morais (ex.: santidade, justiça).
Os atributos de Deus também são chamados Também de "intransitivos e transitivos", "incomunicáveis e comunicáveis", "absolutos e relativos", "negativos e positivos" ou "imanentes e emanentes".
ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS E COMUNICÁVEIS
Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus. Apenas Ele tem essas qualidades e elas não podem ser transmitidas (comunicadas) a nenhum ser criado. Deus não compartilha tais atributos com o homem. Por sua vez, os atributos comunicáveis foram impressos na humanidade na criação.
ATRIBUTOS NATURAIS
SIMPLICIDADE
Significa que Deus não é um ser composto nem tem partes distintas. Está relacionada à essência de Deus e não é contrária à doutrina da Trindade. Apesar de ser triúno, Deus não é composto de muitas partes ou substâncias.
Um aspecto da simplicidade de Deus é "Deus é espírito" (Jo 4.24). Em contraste, os seres humanos são tanto espírito como matéria. Na encarnação, Jesus se tornou carne, mas o Deus-homem sempre foi espírito. Isso nos garante que Deus sempre será Espírito e nos capacita a adorá-lo em espírito, isto é, não de maneiras materiais.
VIDA
Deus tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo 10:10; Sl 94:9,10; II Cr 16:9; At 14:15; I Ts 1:9).
Quando a Bíblia fala do olho, do ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de antropomorfismo. Deus é vida (Jo 5:26; 14:26) e o princípio de vida (At 17:25,28).
ESPIRITUALIDADE
Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais (Jo 4:24; Dt 4:15-19,23; Hb 12:9; Is 40:25; Lc 24:39; Cl 1:15; I Tm .1:17; II Co 3:17).
PERSONALIDADE
Existência dotada de auto-consciência e auto-determinação (Êx 3:14; Is 46:11).
a) Volição ou vontade = querer (Is 46:10; Ap 4:11).
b) Razão ou intelecto = pensar (Is 14:24; Sl 92:5; Is 55:8).
c) Emoção ou sensibilidade = sentir (Gn 6:6, I Rs 11:9,
Dt 6:15; Pv 6:16; Tg 4:5).
UNIDADE
Significa que só existe um Deus e que ele é indivisível.
Essa qualidade foi especialmente enfatizada no AT (Dt 6.4). O NT, mesmo trazendo uma clara revelação da Trindade, afirma a unidade de Deus (Ef 4.6; 1Co 8.6; 1 Tm 2.5).
Isso quer dizer que as pessoas da Trindade não são essências separadas.
TRI-UNIDADE: UNIDADE DE SER
Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua natureza constitucional.
A palavra hebraica que significa um no sentido absoluto é yacheed (Gn 22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa palavra não é empregada para expressar a unidade da divindade.
A unidade da divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo 10:30).
Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito. (Jo 17:11,21-23, I Jo 5:7).
TRINDADE DE PERSONALIDADE
Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A palavra hebraica que significa um no sentido de único é (echad) que se refere a uma unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a unidade da divindade. Esta palavra é usada em Dt 6:4; Gn 2:24 e Zc 14:9 Veja também (Dt 4:35;32:39; I Cr 29:1; Is 43:10;44:6;45:5; I Rs 8:60; Mc 10:9;12:29; I Co 8:5,6; I Tm .2:5; Tg 2:19; Jo 17:3; Gl 3:20; Ef 4:6).
ELOHIM - Este nome está no plural e não concorda com o verbo no singular quando designativo de Deus (Gn 1:26;3:22; 11:6,7;20:13;48:15; Is 6:8)
HÁ DISTINÇÃO DE PESSOAS NA DIVINDADE - Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se referindo à outra (Gn 19:24; Os 1:7; Zc 3:1,2; II Tm .1:18; Sl 110:1; Hb 1:9).
AUTO EXISTÊNCIA
Um grande teólogo por nome Eusébio Sofrônio Jerônimo disse: Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua própria substância. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de existência, pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por Si mesmo; Ele nunca teve início.
Ele é o Eterno EU SOU (Êx 3:14), portanto Deus é absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu Ser. Deus é a razão de sua própria existência (Jo 5:26; At 17:24-28; I Tm 6:15,16).
INFINIDADE OU PERFEIÇÃO
É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt 5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o mundo finito em sua relação tempo-espaço.
Significa que Deus não tem limites ou limitações. Não é limitado nem pelo tempo, nem pelo espaço. As Escrituras descrevem essa qualidade divina (1 Rs 8.27; At 17.24-28). Infinitude não é o mesmo que onipresença. A infinitude aponta mais para a transcendência de Deus (já que não está limitado pelo espaço) e a onisciência aponta para a imanência de Deus (já que está presente em todos os lugares).
ETERNIDADE
A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno (Sl 90:2; 102:12,24-27; Sl 93:2; Ap 1:8; Dt 33:27; Hb 1:12). A eternidade de Deus não significa apenas duração prolongada, para frente e para traz, mas sim que Deus transcende a todas as limitações temporais (II Pe 3:8) existentes em sucessões de tempo.
Deus preenche o tempo. Nossa vida se divide em passado, presente e futuro. Mas não há essa divisão na vida de Deus. Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima de todos os limites temporais e de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade de sua existência num único presente indivisível (Is 57:15).
O atributo da eternidade significa que Deus não tem começo nem fim. Sua existência é eterna, tanto no passado como no futuro, sem interrupções ou limitações causadas por uma sucessão de eventos. A auto-existência de Deus está intimamente ligada com sua eternidade, pois, por não ter começo, ele não foi criado por outro, existindo por si só. A Bíblia fala da eternidade de Deus (Sl 90.2; Gn 21.33).
Uma das implicações da eternidade de Deus é que ela nos dá muito conforto, visto que ele nunca deixará de existir e que seu controle sustentador e providencial de todas as coisas e eventos está assegurado.
IMENSIDÃO
A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou imensidade. Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó 36:5,26; Jó.37:22,23; Jr 22:18; Sl 145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende (ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente em todos os pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é panteísmo).
A imensidão de Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão ilimitada no espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente no espaço (intra-mundano ou imanente = dentro do mundo – Sl 139:7-12; Jr 23:23,24) e fora do espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano = além do mundo; emanente = fora do mundo - I Rs 8:27; Is 57:15).
TEONTOLOGIA - OS
ATRIBUTOS DE DEUS – PARTE II
ONIPRESENÇA
Significa que Deus está presente em todos os lugares. O texto mais usado para falar sobre a onipresença de Deus é (Sl 139.7-10). Onipresença não é o mesmo que panteísmo, que iguala o universo a Deus. Há distinção entre Deus e a criação, apesar de a sua presença estar em toda parte. Ele não se torna difuso ou transposto pelo universo. Aprendemos com a onipresença que ninguém pode fugir de Deus e que ele está presente em todas as circunstâncias da nossa vida.
É quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no espaço enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é imanente em todas as Suas criaturas e em toda a criação.
A imanência não deve ser confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo que ensina que Deus está presente no mundo apenas com seu poder (per portentiam) e não com a essência e natureza de ser Ser (per essentiam et naturam) e que age sobre o mundo à distância.
Deus ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o espaço e não está ausente em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa parte que noutra (Sl 139:11,12).
Deus ocupa o espaço variavelmente porque Ele não habita na terra do mesmo modo que habita no céu, nem nos animais como habita nos homens, nem nos ímpios como habita nos piedosos, nem na Igreja como habita em Cristo (Is 66:1; At 17:27,28; Compare Ef 1:23 com Cl 2:9).
IMUTABILIDADE
Significa que Deus não muda. Não quer dizer que ele esteja imóvel ou inativo, mas que não se altera,cresce ou se desenvolve. A Bíblia ensina sobre a imutabilidade de Deus (Ml 3.6; Tg 1.17). Um problema levantado dentro desse assunto é: Deus se arrepende? (Gn 6.6). Na verdade, tal linguagem não corresponde ao que, como homens, vivenciamos no arrependimento.
Tanto a imutabilidade como a sabedoria e onisciência de Deus tornam vazias as ideias de que ele muda seus planos eternos ou que se arrepende de algo que fez. Nesse caso, o arrependimento é mais uma linguagem antropomórfica (ver Gn 6.6 no que fala do coração de Deus).
Há também o problema de vermos Deus tratando fatos iguais de maneiras diferentes durante a história. Isso também não quer dizer que Deus mude, mas que ele executa seu plano para com o homem durante a história conforme seus eternos propósitos.
A imutabilidade de Deus também nos conforta e encoraja, pois sabemos que suas promessas não falharão (Ml 3.16; 2 Tm 2.13). Deus também mantém sempre a mesma atitude contra o pecado.
É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua natureza, em seus atributos e em seu conselho.
A "BASE" PARA A IMUTABILIDADE DE DEUS: É Sua simplicidade, eternidade, auto-existência e perfeição.
1- Simplicidade porque sendo Deus uma substância simples, indivisível, sem mistura, não está sujeito a variação (Tg 1:17).
2- Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e circunstâncias do tempo, por isso Ele não muda (Sl 102:26,27; Hb 1:12 e 13:8).
3- Auto-existência porque uma vez que Deus não é causado, mas existe em Si mesmo, então Ele tem que existir da forma como existe, portanto sempre o mesmo (Êx 3:14).
4- E perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável como a rocha (Dt 32:4).
IMUTABILIDADE NÃO SIGNIFICA IMOBILIDADE: Nosso Deus é um Deus de ação e muito dinâmico (Is 43:13).
IMUTABILIDADE IMPLICA EM NÃO ARREPENDIMENTO: Alguns versículos falam de Deus como se Ele se arrependesse (Êx 32:14, II Sm 24:16, Jr 18:8; Jl 2:13), trata-se de antropomorfismo (Nm 23:19; Rm 11:29; I Sm 15:29; Sl 110:4).
IMUTABILIDADE DE DEUS EM SUA NATUREZA: Deus é perfeito em sua natureza por isso não muda nem para melhor nem para pior (Malaquias 3:6).
IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEUS ATRIBUTOS: Deus é imutável em suas promessas (I Rs 8:56; II Co 1:20); em sua misericórdia (Sl 103:17; Is 54:10); em sua justiça (Ez 8:18); em seu amor (Gn 18:25,26).
ONISCIÊNCIA
Deus sabe todas as coisas de modo pleno sem esforço algum. Não há coisas ou assuntos que ele não conheça melhor que outros. Ele conhece tudo igualmente bem. Deus nunca tem dúvidas, nem busca respostas (a não ser quando, de modo didático, inquire os homens para o próprio bem deles). As Escrituras enaltecem o conhecimento ilimitado de Deus (Sl 139.16; 147.4). O fato de sabermos sobre a onisciência de Deus deve nos trazer segurança, conforto e sobriedade (Hb 4.13).
Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples.
O conhecimento de Deus tem suas características:
É ARQUÉTIPO: Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria ideia anterior à sua existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não é obtido de fora, como o nosso (Rm 11:33,34).
É INATO E IMEDIATO: Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó 37:16)
É SIMULTÂNEO: Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e não de forma fragmentada uma após outra (Is 40:28).
É COMPLETO: Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Sl 147:5).
CONHECIMENTO NECESSÁRIO: Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É chamado necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina.
Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque não é da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Hc 1:13) Deus não pode nem quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma ação de Sua vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto divino (observa II Cor 5:21 onde o termo grego "ginosko" é usado).
CONHECIMENTO LIVRE: É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que existiram no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também chamado "visionis", isto é, conhecimento de vista.
PRESCIÊNCIA: Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode conhecer previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as coisas, e as decretou com suas causas e condições na exata ordem em que ocorrem, portanto sua presciência de coisas contingentes (I Sm 23:12; II Rs 13:19; Jr 38:17-20; Ez 3:6 e Mt 11:21) apoia-se em seu decreto.
Deus não originou o mal, mas o conheceu nas ações livres do homem (conhecimento necessário), o decretou e pré conheceu os homens. Portanto a ordem é: conhecimento necessário, decreto, presciência.
A presciência de Deus é muito mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no Novo Testamento é empregado como na LXX que inclui Sua escolha efetiva (Nm 16:5; Jz 9:6; Am 3:2).
Veja Rm 8:29; I Pe 1:2; Gl 4:9. Como se processou o conhecimento necessário de Deus nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as decretasse?
A liberdade humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que pende numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias considerações intelectuais e caráter
(lubentiarationalis = auto-determinação racional). Liberdade não é arbitrariedade e em toda ação racional há um porquê, uma razão que decide a ação.
Portanto o homem verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível, mas o homem seguro.
A liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente Onisciente sabem quais são (Jo 2:24,25).
Em resumo, a presciência é um conhecimento livre (scientia libera) e, logicamente procede do decreto, "... segundo o decreto sua vontade" (Ef 1:11).
SABEDORIA
A sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de meios e fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios possíveis para a consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados possível com os melhores meios possíveis
Uma definição ainda melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a perfeição de Deus pela qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos seus fins de um modo que o glorifica o máximo (Rm 11:33-36; Ef 1:11,12; Cl 1:16).
Encontramos a sabedoria de Deus na criação (Sl 19:1-7; Sl 104), na redenção ( I Co 2:7; Ef 3:10).
A sabedoria é personificada na Pessoa do Senhor Jesus (Pv 8 e I Co 1:30; Jó.9:4; veja também Jó 12:13,16).
ONIPOTÊNCIA
Deus pode fazer qualquer coisa compatível com sua própria natureza. Mesmo podendo tudo, o que ele escolhe fazer ou não tem motivos que só ele conhece. A Bíblia está repleta de textos que falam sobre a onipotência de Deus (Gn 17.1; Ex 6.3; 2 Co 6.18; Ap 1.8).
A onipotência de Deus tem limites, a saber:
- Limitações naturais (Tt 1.2; Tg 1.13, 2 Tm 2.13).]
- Limitações autoimpostas (Gn 9.11; At 12.2).
- Limitações por definição (ex.: 2+2=6 ou um triângulo de 4 pontas).
Essas limitações não tornam Deus imperfeito. Sua perfeição tem a coerência como fator integrante. A perfeição de Deus não permite que ele se torne imperfeito no uso da sua onipotência. O mais importante é que Deus não pode fazer coisas erradas. Em relação ao cristão, o poder de Deus é principalmente relevante quanto ao Evangelho (Rm 1.16), à segurança (1Pe 1.5) e à ressurreição (1Co 6.14).
É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer coisa que Ele queira.
A onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta do que uma reta. Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno d’Ele.
O poder de Deus é distinguido de duas maneiras:
1- Potentia Dei absoluta = absoluto poder de Deus
2- Potentia Dei ordinata = poder ordenado de Deus.
HODGE E SHEDD - Definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina, exercida sem a intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.
CHANOCK - Define o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele não fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou marcou para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas um e o mesmo poder.
O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo o que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como a perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode realizar tudo quanto está presente em Sua vontade ou conselho.
E' óbvio, porém, que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou realizar (Gn 18:14; Jr 32:27; Zc 8:6; Mt 3:9; Mt 26:53).
Entretanto há muitas coisas que Deus não pode realizar: Ele não pode mentir, pecar, mudar ou negar-se a Si mesmo (Nm 23:19; I Sm 15:29; II Tm 2:13; Hb 6:18; Tg 1:13,17; Hb 1:13; Tt 1:3), isto porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas contraditórias entre Si (Jó 11:7).
Deus faz somente aquilo que quer fazer (Sl 115:3; Sl 135:6).
EL-SHADDAI - A onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por Todo-Poderoso (Gn 17:1; Êx 6:3; Jó.37:23 etc.)
EM TODAS AS COISAS: A onipotência de Deus abrange todas as coisas (I Cr 29:12), o domínio sobre a natureza (Sl 107:25-29; Na 1:5,6; Sl 33:6-9; Is 40:26; Mt 8:27; Jr 32:17; Rm 1:20), o domínio sobre a experiência humana (Sl 91:1; Dn 4:19-37; Êx 7:1-5; Tg 4:12-15; Pv .21:1; Jó 9:12; Mt 19:26; Lc 1:37), o domínio sobre as regiões celestiais (Dn 4:35; Hb 1:13,14; Jó 1:12; Jó 2:6)
NA CRIAÇÃO, NA PROVIDÊNCIA E NA REDENÇÃO: Deus manifestou o seu poder na criação (Rm 4:17; Is 44:24), nas obras da providência (I Cr 29:11,12) e na redenção (Rm 1:16; I Co 1:24).
SOBERANIA OU SUPREMACIA
Significa, em primeiro lugar, que Deus é o ser supremo do universo e, em segundo lugar, que ele é o poder supremo do universo.
Deus exerce o poder total sobre todas as coisas, mesmo que possa escolher deixar que tudo aconteça seguindo leis naturais que ele mesmo estabeleceu.
A Bíblia revela que Deus tem um plano abrangente (Ef 1.11), que tudo está sob o controle dele (Sl 135.6), mesmo o mal, ainda que o Senhor não se envolva com ele (Pv 16.4) e que seu principal objetivo é o louvor da sua glória (Ef 1.14).
Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gn 14:19; Ne 9:6; Êx 18:11; Dt 10:14,17; I Cr 29:11; II Cr 20:6; Jr 27:5; At 17:24-26; Jd 4; Sl 22:28; 47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap 19:6).
VONTADE OU AUTO-DETERMINAÇÃO
A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente simples, dirige-se à Si mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às Suas criaturas por amor do Seu nome (Is 48:9,11,14; Ez 20:9,14,22,44; Ez 36:21-23).
A vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas diferentes palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule, thelema).
VONTADE PRECEPTIVA - Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas criaturas racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência (At 13:22; I Jo 2:17; Dt 8:20).
VONTADE DECRETÓRIA - Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer pretenda realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio da livre ação de suas criaturas (At 2:23; Is 46:9-11).
A vontade decretória é sempre obedecida.
A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao propósito em realizar algo.
VONTADE DE EUDOKIA - Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo de ver alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito de fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo que será realizado com certeza, tal como acontece com a vontade decretória (Sl 115:3; Is 44:28; Is 55:11).
VONTADE DE EURESTIA - Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la
cumprida por Suas criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a Deus apraz que
Suas criaturas façam, mas que pode ser desobedecido, tal como acontece com a
vontade preceptiva (Is 65:12).
A Vontade de Eudokia não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o elemento de deleite (Mt 11:26). A vontade de Eudokia e a vontade de Eurestia relacionam-se ao prazer em realizar algo.
VONTADE DE BENEPLACITUM - Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho secreto e oculto de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se na Vontade do Signum ou Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a vontade de signum encontra-se em Dt 29:29.
A VONTADE SECRETA - É mencionada em Sl 115:3; Dn 4:17,25,32,35; Rm 9:18,19; Rm 11:33,34; Ef 1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt 7:21; Mt 12:50; Jo 4:34; Jo 7:17; Rm 12:2. Esta vontade está mui perto de nós (Dt 30:14; Rm 10:8).
A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que Ele quer efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo portanto, absolutamente fixa e irrevogável.
LIBERDADE
A perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera = vontade livre.
Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão, mas age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si próprio e quer a Sua natureza santa.
Deus necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições.
Deus independe das suas criaturas e da sua criação. Não há qualquer criatura que impeça Deus ou que o obrigue a algo. Isaías expõe a liberdade e a independência de Deus com uma pergunta retórica (Is 40.13,14). Jesus mostrou que Deus exerce sua liberdade ao executar livremente sua vontade (Mt 11.26). Isso significa que Deus é livre para tudo? Na verdade, ele é limitado apenas pela sua própria natureza.
Assim, a santidade dele o impede de pecar e a eternidade dele o impede de morrer. A perfeição de Deus não é afetada por esse tipo de limitação e sim mantida.
A liberdade de Deus nos mostra que ele não tem quaisquer obrigações para conosco a menos que ele mesmo queira se comprometer. Desse modo, não temos qualquer direito de fazer cobranças a Deus.
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