domingo, 23 de agosto de 2020

HERESIOLOGIA - A Importância da Teologia na Apologética - Seitas e Heresias - Uma breve análise


Já há algum tempo, o renomado apologista Jan Karel Van Baalen, em sua importante obra, O caos das seitas, nos alertou acerca de um problema que a igreja evangélica no mundo vem enfrentando. Notadamente, Van Baalen ressalta o desconhecimento das doutrinas bíblicas fundamentais por parte dos cristãos em contraposição ao empenho incansável dos adeptos das seitas no estudo metódico de suas doutrinas e também das doutrinas daqueles a quem pretendem convencer. Todo aquele que já teve a experiência de dialogar com um sectário pôde perceber que ele domina os fundamentos de sua crença, e também a doutrina dos divergentes. Raramente esse quadro é pintado de outra forma.

Confirmando os apontamentos de Van Baalen, verificamos que muitos membros de nossas igrejas se esquivam da abordagem aos adeptos de seitas pela admitida incompetência de dialogar com eles, a fim de ganhá-los para Cristo. Paulo, entretanto, observou a importância do estudo bíblico quando recomendou:

“Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes”(Tt 1.9; grifo do autor).

A expressão “a fiel palavra, que é conforme a doutrina” pode ser interpretada como um fruto gerado pelo conhecimento teológico. E a expressão “convencer os contradizentes”, pode ser interpretada como um ato de evangelizar pessoas que professam uma fé distinta do genuíno cristianismo.

Será que somos hábeis em conduzir um sectário a Jesus por meio da Bíblia? Qual é a importância da teologia na apologética? Vejamos:

A relação entre a teologia e a apologética

A apologética cristã é uma disciplina da teologia cuja finalidade é defender os princípios bíblicos por ela (teologia) expressos. Assim, a apologética visa combater os desvios doutrinários identificados nas diversas disciplinas teológicas, especialmente nas doutrinas essenciais, como a natureza divina (Pai, Filho e Espírito Santo) e a encarnação, morte e ressurreição de Cristo, entre outras.

Observando esta relação, podemos concluir que a apologética atua em função da teologia. É porque os princípios doutrinários existem e são distorcidos que a apologética é necessária. Logo, todos os elementos da apologética dependem e convergem para a teologia. Com isso em mente, entendemos que a apologética será conduzida de acordo com a teologia que quer defender. Portanto, se alguém possuir algumas doutrinas distorcidas como base, sua apologética seguirá a mesma tendência. Diante destes pressupostos, vejamos algumas categorias da apologética e como essas categorias se relacionam com as doutrinas teológicas:

Apologética clássica

Este tipo de abordagem trabalha com o principal pressuposto teológico, isto é, a existência de Deus. É essa linha apologética que vai explorar os argumentos comprobatórios da existência divina. Os principais argumentos são:

a.) Cosmológico: uma vez que cada coisa existente no Universo, deve ter uma causa, deve haver um Deus, que é a última causa de tudo.

b.) Teológico: existe um objetivo, um propósito para a criação do Universo e do ser humano.

c.) Ontológico: Deus é maior do que todos os seres concebidos porque existe na mente do homem um conhecimento básico da existência de Deus.

Os teólogos que se destacaram como apologistas clássicos foram: Agostinho, Anselmo de Cantuária e Tomás de Aquino.

Apologética evidente

Como já podemos inferir do próprio nome, esta linha apologética procura defender as doutrinas teológicas ressaltando as evidências que as envolvem, tais como: a infalibilidade da Bíblia, a veracidade da divindade de Cristo e sua ressurreição, entre outras. Um teólogo que representa bem esta classe de apologistas em nossos dias é Josh McDowell, autor do livro (um best seller) Evidências que exigem um veredicto.

Apologética histórica

Esta classe de apologética enfatiza as evidências históricas. Seus representantes acreditam que a existência de Deus pode ser provada com base apenas na evidência histórica, porém, isso não significa que não lancem mão de outros artifícios. Geralmente, o fundamento deste tipo de abordagem são os documentos do Novo Testamento e a confiabilidade de suas testemunhas.

Podemos encontrar teólogos expoentes da apologética histórica nos primórdios da igreja, como Justino Mártir e Tertuliano.

Apologética experimental

Este tipo de apologética, geralmente, é apresentada por fiéis que arrogam para si experiências religiosas pessoais e, às vezes, exclusivas. Assim, alguns apologistas rejeitam este tipo de abordagem por seu caráter excessivamente místico e alegam que tais experiências são comprobatórias apenas para os que nelas crêem ou delas compartilham. Em suma, a apologética experimental se apóia na experiência cristã como evidência do cristianismo e está relacionada à teologia do leigo; ou seja, à teologia que não é acadêmica, mas popular.

Um ponto negativo desta abordagem é que ela se apresenta de forma um tanto quanto subjetiva. Ou seja, é difícil de sentenciá-la como verdade ou fraude. O seu ponto positivo, porém, é que a nossa crença precisa, de fato, ser vivida, experimentada, do contrário não passará de teoria.

Apologética pressuposicional

Esta abordagem é chamada assim porque parte de uma pressuposição para construir sua defesa. O “pressuposicionalismo” pode ser assim classificado:

a.) Revelacional: todo o entendimento da verdade parte da pressuposição da revelação de Deus e da legitimidade da Bíblia em expor esta revelação.

b.) Racional: a pressuposição básica gira em torno da coerência do argumento. Se o cristianismo arroga para si a posição de única verdade, então isso implica em dizer e provar que todos os demais sistemas são falsos.

c.) Prático: a pressuposição aqui é a de que somente as verdades cristãs podem ser vividas.

Os teólogos que se destacaram como apologistas “pressuposicionalistas” foram: Cornelius Van Till e John Carnell.

A teologia como um baluarte contra o erro

Como podemos confirmar, independente do tipo de apologética que esteja sendo exercido, o fato é que todas se relacionam com os fundamentos da teologia.

Sabemos que a grande ocorrência da apostasia em nosso meio envolve seitas pseudocristãs, ou seja, aquelas que mais se assemelham com o cristianismo. Isto se deve ao emprego distorcido dos fundamentos teológicos facilmente aceitos entre os crentes incautos. É como se fosse um disfarce do cristianismo, uma maquiagem para a verdade cristã.

Quando um crente encontra-se desabilitado para defender sua fé, ele fatalmente está propenso ao engano. Disse Charles Hodge: “Que ninguém creia que o erro doutrinário seja um mal de pouca importância. Nenhum caminho para a perdição jamais se encheu de tanta gente como o da falsa doutrina”. A tragédia espiritual de inúmeros crentes é que eles não atentam para isso!

O apologista Walter Martin também alertou que é conhecendo a verdadeira nota que conseguimos identificar a falsa. É possível ser um teólogo e não ser apologista, embora isso não seja plausível. Entretanto, é impossível ser um apologista sem ser um teólogo! O conhecimento das doutrinas fundamentais da Bíblia é o maior baluarte contra o erro. Todo o engodo está na deturpação das Escrituras, na distorção da doutrina. Uma teologia voltada para a apologia certamente evitaria os modismos que têm causado escândalo entre os evangélicos em nosso país. Vejamos o que o apóstolo Paulo orientou a Timóteo:

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Tm 4.16; grifo do autor).

A Tito, ele declarou:

“Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade” (Tt 2.7; grifo do autor).

O nosso desejo e oração é para que, assim como Paulo, os líderes de nossas igrejas também se dediquem em orientar e conscientizar seus colaboradores sobre a importância da teologia na defesa da fé de seus membros. Somente assim, e com o auxílio do Espírito Santo, conseguiremos manter singelas as verdades eternas da Palavra de Deus.

Seitas e Heresias - Uma breve análise

Um breve apanhado histórico  

Todos os homens possuem uma religião. Tal fato sempre intrigou os exploradores. Tribos remotas e lugares distantes tinham seus:

1) Objetos sagrados;

2) Locais e construções sagrados;

3) Rituais mágicos e sagrados;

4) Seres supremos: deuses, forças da natureza;

5) Homens sagrados: xamãs, sacerdotes, sacerdotisas;

6) Conjuntos de oráculos, mitos, lendas, revelações.

É notável entre todas as religiões mais antigas, encontradas em sociedades mais remotas, alguns traços comuns como:

1) A atribuição a Deus da paternidade da vida ancestral;

2) Sua habitação num lugar além dos demais mortais, de preferência no Céu;

3) Onisciência, onipresença e onipotência, ainda que em níveis rudimentares;

4) Moralidade, bondade e eternidade;

5) Vida após a morte;

6) Semeadura e colheita.

Por outro lado, pesquisadores como o francês Andrew Lang, detectaram o fato de que em culturas as mais distantes, como os aborígenes australianos, há de forma disseminada a ideia de um Deus superior aos demais, embora o nome possa ser o mais diversificado. Donde concluímos que o monoteísmo primitivo foi a religião que disseminou-se pelo mundo num primeiro momento. Com o passar dos anos, as crenças se multiplicaram e tomaram o aspecto conhecido hoje. Seitas e Heresias Uma breve análise Andrew Lang 1844-1912

As religiões podem ser classificadas em:

1) Antigas ou modernas. Ex: Cultos egípcios x Islamismo

2) Monoteístas x Politeístas. Ex: Budismo x Judaísmo

3) Ecléticas x Sincréticas. Ex: Cientologia x Candomblé

4) Nacionais x Supranacionais: Xintoísmo x Cristianismo

5) Animistas x Teístas : Wicca e Religiões da Natureza x Cristianismo

Por que estudar sobre seitas? Razões principais:

1. Para conhecimento pessoal e enriquecimento intelectual (I Ts 5:21)

2. Para não sermos alvos fáceis (Cl 2:8)

3. Para defesa perante seus argumentos (I Pe 3:15)

4. Para podermos pregar de maneira eficiente àqueles que não professam a nossa fé

Como identificar uma seita? As quatro peneiras:

1. O sistema doutrinário despreza a Bíblia?

2. Há livros paralelos utilizados no mesmo nível de autoridade da Bíblia?

3. A palavra dos líderes está acima da Bíblia?

4. Duvidam da autenticidade da Bíblia?

5. Enfatizam partes da Bíblia em detrimento de outros?

6. Creem na inspiração plenária da Bíblia?

"Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça" (II Tm 3:16)

As quatro peneiras:

1. Como a Bíblia é interpretada?

2. As regras hermenêuticas básicas são seguidas?

1. A Bíblia interpreta a si mesma e possui unidade

2. Cremos em sua autoridade interpretativa através do Espírito Santo

3. A Escrituras se sobrepõem à experiência pessoal

3. A Bíblia é utilizada como regra de fé (ortodoxia) e prática (ortopraxia)?

4. Os intérpretes conseguem distinguir: texto, contexto e pretexto?

As quatro peneiras

1) Há um Deus diferente do Senhor?

2) Personificam Deus em forças da natureza, pessoas ou objetos?

3) Cultuam ou atribuem poder a antepassados, espíritos ou demônios, ou objetos e coisas inanimadas? Creem na intercessão de pessoas para o perdão ou salvação das almas?

4) Há um Salvador diferente de Jesus?

5) Creem na Trindade?

6) Creem na vida eterna? Que temos uma parte imaterial que não morre jamais?

7) Creem no pecado e na condenação eterna?

As quatro peneiras

1) É sincrética, ou seja, mistura as doutrinas de várias religiões ou segue seus cultos?

2) É mitológica ou mitomaníaca?

3) Prega estados alterados da consciência, seja através da meditação, terapias alternativas, uso de drogas ou semelhantes?

4) Atribui papel preponderante aos anjos no culto?

5) Utiliza artifícios ou atitudes típicas de cultos ocultistas, esotéricos, místicos ou espiritistas?

6) Enfatiza as boas obras em detrimento da fé? Ou creem na salvação pelas obras?

7) Enfatiza a meditação como prática cotidiana?

Como estar preparado para a apologia?                       

Atitudes de um verdadeiro apologeta:

1) Ame o ouvinte discordante

2) Leia e estude a Palavra de Deus

3) Entenda e pesquise seus argumentos

4) Só fale quando você puder argumentar, mas se não puder, argumente assim mesmo

5) Esteja pronto para as batalhas espirituais

6) Cuidado com o contato com o veneno, você pode ser infectado

Quais as principais seitas que exigem atenção? 

Catolicismo

1) Personificado pelo Papa Francisco

2) Possuem uma versão adulterada da Bíblia, à qual adicionaram seis livros

3) São fortemente idólatras

4) Devemos conhecer soteriologia, cristologia e eclesiologia

5) A refutação à idolatria deve ter forte fundamento bíblico

Espiritismo

1) Fundado por Allan Kardec

2) Escreveu um livro chamado o Livro dos Espíritos, que se tornou a base para a disseminação da doutrina espírita

3) São muito fortes no conhecimento de sua doutrina e tem sempre uma explicação lógica para todos os fenômenos da vida

4) Devemos conhecer sobre soteriologia, antropologia bíblica e atuação maligna através das Escrituras

Testemunhas de Jeová

1) Fundado por Charles Taz Russel

2) Utiliza uma tradução adulterada da Bíblia, chamada Tradução do Novo Mundo. Possuem um dos melhores parques gráficos do mundo

3) São muito fortes no conhecimento de sua doutrina e fazem cultos especiais de debates

4) São especialistas em “pescaria em aquário”, ou seja, arrebanhar membros entre os crentes

5) Devemos conhecer sobre soteriologia, escatologia e usar a própria história da seita

Mormonismo

1) Fundado por Joseph Smith

2) Utiliza o Livro de Mórmon, que possui várias partes da Bíblia. É um livro de relato de visões de anjos, etc

3) São persuasivos e buscam arrebanhar membros entre os crentes

4) Devemos conhecer sobre cristologia, bibliologia e outras para argumentar com seus adeptos

Adventistas do Sétimo Dia

1) Disseminada por Ellen G White

2) Argumentam sobre a necessidade de guardar o sábado

3) Defendem muito bem seus argumentos, levando muitos crentes a acreditar em suas teses

4) Devemos conhecer sobre soteriologia, escatologia, refutando sua confiança nos escritos de Ellen G White, em detrimento da Bíblia. Previu, por exemplo, a volta de Jesus para 1844, e que seria à meia noite

Islamismo

1) Fundada por Maomé

2) É a religião que mais cresce no mundo, inclusive na Europa e Brasil

3) Possuem um livro próprio chamado Alcorão

4) São violentos e compreender que aqueles que não os seguem são infiéis que, em algumas interpretações mais radicais, devem morrer

5) Devemos conhecer soteriologia, bibliologia, teologia para poder argumentar com eles

Teologia da Prosperidade

1) Disseminada por Kenneth Hagin

2) Argumentam que todo crente deve ser abençoado, que a pobreza é maldição

3) Devemos estar preparados pois tal heresia se enraizou na maioria das igrejas neo-pentecostais: Universal do Reino de Deus, Igreja Mundial do Poder de Deus, Renascer em Cristo e, infelizmente, tem enraizado entre outras igrejas inclusive, em algumas Assembleias de Deus

4) Devemos conhecer como Deus abençoa seus servos, eclesiologia e soteriologia

Modismos teológicos

1) Confissão Positiva

2) Culto aos anjos

3) Sincretismo religioso

4) Ecumenismo

5) Marxismo/Esquerdismo

6) Teologia relacional/Teísmo aberto

7) Liberalismo teológico

8) Secularismo

Bibliografia 

1. Leite Filho, Tácito da Gama, Origem e desenvolvimento da religião, JUERP, 1993

2. http://www.gotquestions.org/Portugues/definicao-seita.html, acessado em Agosto/2015

3. http://www.cacp.org.br/como-identificar-uma-seita/ , acessado em Agosto/2015

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